Homem-Aranha nº 100 [Abril/2010] [MdQ]

Primeiramente, gostaria de explicar que as histórias em quadrinhos também podem ser chamadas de arte sequencial,  e o objetivo dessa nova coluna do Portallos é justamente tratar de histórias em quadrinhos. Vamos apresentar e falar sobre revistas ou livros que trazem essa fantástica criação, que desde o saudoso Yellow Kid encanta a humanidade.  Podemos apresentar histórias americanas, brasileiras, européias, etc. Ainda não existe um formato fixo dessa coluna, e talvez nunca haverá, pois assim como um bom quadrinho apresenta uma diagramação de quadros que mudam de acordo com a cena a ser mostrada, nós aqui também podemos mudar o formtato da coluna de acordo com a HQ que será abordada no post. Opiniões serão bem vindas!

E para começar bem, vamos começar falando sobre uma revista do Espetacular Homem-Aranha, cuja centésima edição de sua revista publicada pela Panini acaba de chegar nas bancas brasileiras (isso é, dependo da distribuição setorizada, claro). Atualmente, o Aranha está numa fase muito boa, é sucesso entre a crítica e o público,  resgatando o espírito clássico do Aranha, ao mesmo tempo que novidades surgem constantemente, tanto em elenco de apoio quanto em vilões surpreendentes, que alternam entre aparições com os bandidos clássicos que tanto adoramos. Se você não leu a edição, cuidado com os spoilers! Dado o aviso…

Bem, a revista possui em sua capa uma ilustração do competente Adi Granov, o cara que criou o conceito da armadura moderna do Homem de Ferro com muito sucesso. Esse desenho originalmente foi publicado como capa da revista Amazing Spider-Man Family 1.

A primeira história de Homem Aranha 100 é “Marcado para morrer”, publicada em Amazing Spider-Man 589 (2009), com roteiro de Fred Van Lente e desenhos de Paulo Siqueira. A história mostra o retorno do vilão Mancha. Não conhece? Não se preocupe, logo no comecinho tem um texto fazendo a devida apresentação desse vilão da antigas. A história é fraquinha, servindo mais para reintroduzir o Mancha na fase atual do Aranha, que por sinal, faz juz ao nome de espetacular. O filho do Mancha está no hospital, baleado, e o Mancha vai atrás de uns bandidos russos em busca de vingança. Os russos, que estão alojados em um navio ancorado em um cais de Manhattan, e tentam subornar a Tya May, pois a institituição de caridade que ela trabalha mudou-se para um local junto ao cais. Tia May recusa o suborninho, pois sabe que eles estão chantageando os comerciantes locais. Peter chega bem nessa hora, e a tia May não dá mole e expulsa os bandidos. O líder deles diz mais tarde que ela lembra a vó dele, que era durona e durante o cerco de Leningrado encarou tanques alemães. Essa parte foi bem divertida, não é toa que a Tia May ganhou uma revista só dela! Peter veste o traje e trata de seguir os criminosos, buscando provas que possam tirá-los das ruas. Ele vai até o navio e descobre que eles fazem desvio de armamentos do exército russo. De repente, o Mancha aparece para dar cabo dos bandidos, e logo o Aranha parte para cima do Mancha, noucateando o vilão. O Aranha vai falar com os russos, e tenta imitar a voz do Batman (a interpretada pelo Christian Bale) ao intimidar os bandidos, mas logo desiste, afinal, como alguém consegue ficar falando assim, né? Só que o Mancha não se deu por vencido e volta ao combate, e começa uma luta interessante, pois o Aranha usa e abusa de sua agilidade, mas o Mancha cria mini portais e fica aparecendo e desparecendo. Tem uma hora que o Aranha vai dar um soco, o Mancha abre um portal, o Aranha caba socando o portal, e então o Mancha abre mais um portal, agora na cara do Aranha. Resultado óbvio, o Aranha leva um soco de si mesmo! É hilário . Nessas condições, seria muito difícil o Aranha vencer, mas no fim o próprio Mancha acaba com a luta e entrega um pacote contendo provas sobre os crimes dos russos. O Aranha leva um dos bandidos e as provas para a polícia e tudo acaba bem, com o Mancha tendo realizado sua vingança contra os bandidos que feriram seu filho. A história não é lá essas coisas,  a história não traz nada de novo pro Aranha, e a arte é meio baseada no traço de Todd McFarlane. No geral, ao ler tive a sensação de voltar no tempo e reler uma revista dos anos 80. Podemos dizer que nada importante aconteceu na vida do Aranha, mas é bom esse descanso depois da alta adrenalina que as edições anteriores trouxeram.

A segunda história, “Coisas legais”,  é mais interessante, mostrando um momento do passado de Norman e Harry Osborn, publicada em Amazing Spider-Man extra (2009), com roteiro de Joe Kelly e arte de Dale Eaglesnam. Norman dá uma bicicleta para Harry e o ensina a andar. Depois Harry, satisfeito por ter ganho algo muito legal, segundo suas palavras,  acaba encontrando uns conhecidos da escola, que acabam roubando a sua bicicleta. Nota-se o quão frágil Harry já era desde essa época, ficando sem reação diante o acontecimento. Harry volta pra casa, e Norman nota que algo de errado aconteceu com o garoto, e logo faz Harry contar a verdade. Norman pega Harry pelo braço, coloca no carro e saem pela cidade procurando pelos garotos. Nesse momento, a história dá uma guinada. Até então, Norman estava agindo como qualquer pai tentando defender e ensinar ao filho como reagir, mas quando saí do carro com um taco de baseball na mão, eu sabia que estava vendo a loucura se apossando dele. Norman pega o garoto que estava em cima da bicicleta e o arranca dela pela camisa, jogando o garoto no chão.  Eu achei que ia acontecer o pior, mas Norman simplesmente destrói a bicicleta usando o taco e pisando em cima da bicicleta, que fica inutilizada, bem diante dos olhares espantados dos garotos e deu proprio filho! Esse Norman, vou te falr, nunca foi são mesmo, eita cara esquisito e malvado! Norman depois de aplacar sua fúria pega Norman e calmamente diz ao filho “quem sabe na próxima vez você se lembre do que acontece com suas coisas legais se não tomar conta delas”. A história termina com os dois indo tomar sorvete. Eu adorei essa história, é curtinha mas exemplifica bem o tipo de relação entre pai e filho da família Osborn. Deu até mais pena do Harry, que tinha tudo, menos um pai amoroso e de valores correto. Não é a toa que hoje Harry luta para se desvencilhar dos traumas sofridos, ele deve ter uma bagagem de sofrimento familiar muito grande.  A história flui muito bem, e arte é realista, o que aumenta o impacto das cenas. Essa eu recomendo.

A terceira história possui roteiro de Phil Jimenez e arte de Phil Jimenez, olha só! O cara manda bem e com poucas páginas mostra bastante coisa, com um ritmo cadenciado, cenas bonitas e arte bem detalhada. Assim como a história anterior, essa é mais curta também, Publicada em Amazing Spider-Man 3 (2009), “Assuntos pendentes”, começa apresentando a filha de Kraven, a Ana, descobrindo por intermédio de Rattus que o homem que havia caçado pensando ser o Homem-Aranha era na verdade o policial que divide o apartamento com Peter. Ela tinha acabado com a vida do policial, forjando provas falssas de que ele estava ligado a crimes e ainda ela zerou a conta bancária dele. Kraven criou “muito bem” sua sucessora, caramba! Ana tinha levado Vin, o policial aos esgotos para vingar-se dele, porém Peter havia enganado Ana disfarçando-se de Demolidor, e numa sacada genial, e tinha deixado ela lutando com Rattus nos esgotos. Assim, Peter salvou seu colega e ainda manteve sua identidade secreta a salvo. Porém Peter temendo que a Ana pudesse ter escapado de Rattus, volta ao local da luta. É amigos, o sendo se responsabilidade de Peter não deixou ele sossegado, ficou preocupado que a Ana pudesse ir atrás novamente de Vin. E quando ele finalmente chega no local, dá de cara com a Ana, que ao invés de lutar simplesmente explode uma bomba! Essa menina é tão doida quanto o pai, mas felizmente Peter sobrevive, mas não sabe que Ana também escapou da explosão. Tudo foi um plano para que ela possa agir nas sombras novamente. Isso ainda vai dar o que falar, Ana não possui a força de Kraven, mas vai usar sua inteligência para compensar isso. Estou curioso para ver no que vai dar nisso.

A seguir, temos novamente mais uma curta aventura. O nome da história é “Laços de Família”, e no comando dela temos dois veteranos em matéria de Homem-Aranha, o roteirista Tom de Falco, o desenhista Ron Frenz, e o polêmico ame-ou-odeie Sal Buscema finalizando a arte de Frenz. A história foi publicada pela primeira vez em Amazing Spider-Man Family 1. O detalhe é que ela se comporta como uma prequel da revista da Garota-Aranha, mostrando o “início” dessa realidade alternativa, onde May ainda é só um bebê e Peter ainda luta normalmente contra os vilões. Bem, nessa aventura os Parker marcam um encontro com os Connors que estão de passagem por Nova Iorque. Os Parker chegam ao apartamento dos Connors, e descobrem que o Dr. Connors foi até o laboratório da universidade produzir um remédio para seu filho que está doente (e vestindo um pijama do Homem-Aranha, rá!). Connors acredita que a água da Flórida, onde a familia vive está contaminada. Porém seu remédio pode afetar os animais que vivem no esgoto, e aí o Lagarto ressurge e toma controle do seu corpo. Peter e Mary Jane vão atrás para ajudar o doutor, mas encontra o local destruído, e percebem o que aconteceu. Mary Jane, solta o famoso estimulante-aranha, a frase “pega ele, gatão!” e nosso intrépido herói logo lança suas teias em busca do Lagarto. Curioso como essa história realmente ter um ar antigo, mais ainda do que na história que abre essa revista. Para os leitores das antigas, é um deleite. Lógico que no fim Peter faz Connors recuperar sua personalidade humana, mostrando que o soro que Connor produziu não pode ser jogado na água, pois afetaria humanos e animais. Depois, o Dr. Connors pede ajuda a Peter para desenvolver a cura benigna para seu filho, o que vai render um bom dinheiro ao endividado Peter.

A história seguinda é a mais curta da edição, “Discurso Inesquecíivel”, roteiro de Matt Fraction e desenhos de Andy MacDonald. Foi publicada no site da Marvel e depois impressa na compilação Spider-Man Election Day (2009). Na história vemos o Homem-Aranha e o Capitão América impedindo um assalto a banco feito pelos robôs Professor Lincolnstein e seus Emancipadores Financeiros, esse robô maluco do Lincolnstein quer pegar todas notas de cinco dólares e colocar seu rosto nelas. Pelo menos, ele não quer conquistar o mundo, ufa! Depois de darem cabo nos robôs, o Capitão diz que o Professor Lincolnstein nem imita a voz de Lincoln direito. O Aranha pergunta como ele sabe reconhecer a voz de Lincoln. O Sentninela da Liberdade conta que certa vez estava enfrentando o Caveira Vermelha pela pose do Cubo Cósmico, e o Cubo teletransportou o Capitão para o exato momento em que Lincoln estava fazendo seu célebre discurso. História descartável, com desenhos horrendos, para nós brasileiros, nada empolga. Deviam colocar um discurso do Lula, adaptando a história. Já pensou, se fosse o robô do Lula e ele quisesse colocar sua cara nas notas de dois reais?

Finalmente, a história que fecha a revista, fecha com chave de ouro. A Panini infelizmente não colocou os créditos, mas ela foi publicada no especial Spider-Man & The Human Torch in… La Bahia de Los Muertos 01. Bom, o tio Google me contou que essa edição foi publicada em duas versões, uma em inglês e outra em espanhol, ambas em 2009. O roteiro é Tom Beland e a arte é de Juan Doe. Na história, uma das duplas mais divertidas dos quadrinhos, o Aranha e o Tocha, irão resolver o mistério de um monstro que está aterrorizando a praia de Vieques, que fica em algum lugar da América do Sul, talvez. Na verdade, o Quarteto Fantástico já esteve no local em outra ocasião, e por isso as autoridades locais chamam o Quarteto novamente. Só que Reeed, Sue e o Coisa estão numa expedição na Zona Negativa, e o Tocha ficou por aqui, e aproveita o tempo livre para comer pizza e jogar Rock Hero com o Aranha. A dupla recebe o chamado e vai até o local, mas não conseguem deter o monstro, acabam descobrindo que o Mestre da Alquimia, o Diablo, mora no local. O vilão aceita ajudar a dupla em prol da segurança de sua praia favorita, e dá a eles uma poção que supostamente eliminaria o monstro. Só que secretamente a poção teletransportou o monstro para um laboratório seu. Caras malvados são sempre malvados assim, não tem jeito! Enfim, uma aventura cheia de gags entre o Aranha e o Tocha, e uma arte que lembra uma mistura do traço da animação dos Incríveis com a da última animação do Aranha, coisa fina. Uma história cheia de aventura e divertida, simplesmente imperdível!

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