O que é certo e errado? Como pensar e agir? Senkou no Night Raid, um conto de guerra. [Animê] [Opinião]

Anime no Chikara, “O Poder do Anime”, projeto de 2009 parceria da TV Tokyo e do estúdio Aniplex para criar animações originais, que não fossem baseadas em nenhuma outra mídia como mangás, jogos ou light novels. O primeiro resultado, So Ra No Wo To, eu ainda não vi, mas há poucos dias assisti a Occult Academy, o terceiro, e gostei muito.

Senkou no Night Raid é o segundo projeto, do qual fui atrás depois de ver que OA era realmente bom, e mesmo sendo completamente diferente deste, o animê é excelente de sua própria forma. Político e reflexivo, não é escasso em momentos de ação também, que inclusive me lembraram de Darker Than Black e seus contratantes, o que é ótimo.

Em apenas 13 episódios, a mesma duração de OA, somos apresentados a quatro pessoas que parecem empenhadas em cumprir o que lhes é solicitado, mas que possuem, cada uma, seus próprios objetivos pessoais. A época é o período posterior à Primeira Guerra Mundial, à Primeira Guerra Sino-Japonesa e à Guerra Russo-Japonesa, alguns poucos anos sem conflitos na Ásia antes da Segunda Guerra Mundial. O local é a China, Xangai e Manchúria com destaque, e os detalhes desse animê você confere depois do continue!

Aoi, Yukina, Kazura e Natsume são quatro jovens adultos reunidos em um grupo relacionado ao governo japonês, a Agência Sakurai, mas que trabalha nas sombras e tem, de certa forma, autonomia. Mas claro que não foi sem motivo que foram “recrutados”, cada um deles possui uma habilidade especial, um “poder”, e é nessa parte que acho Senkou bastante similar a Darker Than Black, até mesmo porque nenhuma das habilidades é perfeita ou ilimitada, tendo restrições e/ou efeitos colaterais, como o pagamento que os contratantes têm que fazer após usarem seus poderes em DTB.

Não vou entrar em detalhes a respeito disso porque está aí boa parte da graça em descobrir mais sobre cada um. Senkou não segue nenhuma fórmula de sucesso em sua narrativa, e muitas vezes parei pra pensar onde o animê estava indo. Por ter só 13 episódios, definir a personalidade dos personagens é algo bem difícil, considerando que não há muito tempo para flashbacks e nem para sagas particulares que os desenvolvam individualmente. E nisso, felizmente, o animê acerta em cheio, mostrando só o que precisamos saber e só na hora que precisamos saber. E funciona muito bem.

Os quatro, apesar de agirem juntos, não têm qualquer ligação e nem são parte de uma equipe propriamente dita, como um time em Naruto ou uma tripulação em One Piece, simplesmente se ajudam com suas habilidades para fazer o que o Sakurai passa a eles. Até boa parte do animê paira a questão da motivação pessoal de cada um, que é revelada sempre com muita sutileza e sugestividade, até meio difícil de perceber às vezes. Os três primeiros episódios são um ótimo início, mas ali pelo quarto ou quinto comecei a achar que tinha alguma coisa errada, pois o foco tinha se perdido totalmente e o fio da narrativa parecia dissipado, mostrando alguns acontecimentos bem banais e/ou isolados, constrastando, então, com o ritmo inicial e com a gravidade da situação em que os personagens se encontravam.

Mas aí logo em seguida entramos de fato na trama final, com as coisas sendo reveladas e surpresas aparecendo, numa continuidade de acontecimentos que vai até o clímax e segue para o encerramento. As questões políticas apresentadas, com o Japão aparecendo como opressor de outros países asiáticos e toda a questão de separar Ocidente e Oriente são bastante interessantes, e não achei em nenhum momento forçadas as situações. Fez bem ao animê a reviravolta final e a redenção de Takachiho daquela forma, ainda mais considerando que nunca se tem uma impressão forte de “Ahá! Então esse aí é o vilão!” ou de qual lado está certo ou errado, o que cria uma atmosfera bem mais realista.

Não é um animê focado em pancadaria como qualquer shounen e também não é cômico, duas características que cabem em Occult Academy, mesmo sem defini-lo. Senkou é sério e interessante, mas nunca de forma extremada. Darker Than Black e Death Note (menos) talvez sejam os que mais se aproximam em termos de “clima”, mas ele tem também qualquer coisa filosófica que me lembra Ghost Hound ou Shigofumi. Não é, porém, totalmente dramático ou melancólico (embora eu tenha me emocionado em algumas partes), e seria bem fácil transformá-lo em algo assim, mas como eu disse, não seguiram nenhuma fórmula ao fazer esse animê, então qualquer rumo que imaginemos que irá tomar, não acontece exatamente daquele jeito.

Pela bela construção de personalidades, mesmo sem uma real exposição delas, e também pelo realismo de paradoxos e dúvidas humanas, considero Senkou como um ótimo conto. Não é como um romance, que marca por seus diversos acontecimentos, parece mesmo com uma narrativa mais curta, que passa alguma coisa e conta a vida de alguém por um determinado espaço de tempo, sem a preocupação perfeccionista de mostrar todos os detalhes. O final talvez tenha sido triste, talvez tenha dado esperanças, talvez ambos. Foi, porém e de qualquer forma, muito bom, e deixou um gostinho de “valeu a pena”. Posso dizer que não é para todos, mas recomendo com muito gosto.

Quem se interessou pode baixar o pack do Zettai lá no Anime Central, aproveitando que está como Golden Torrent! Além dos 13 episódios, na versão em Blu-ray do animê saiu também um “Episódio 00”, que conta como os quatro se conheceram antes de todos os eventos em Xangai. O episódio 7 também não está no pack, mas não se assustem, é assim mesmo. Este só foi exibido pela internet e conta um evento anterior à história do animê, que não é necessário assistir na ordem para ser entendido. É bem um “extra”, que eu só não sei por que colocaram na numeração normal. O Zettai já avisou que assim que possível vão lançar ambos o 7 e o 00 lá no tracker, então mais cedo ou mais tarde, veremos.

Fiquem abaixo com a abertura, que apesar de não mostrar nada do animê em si, é muito inspirada, e com um curto PV só para verem um pouquinho dos (lindos) traços em movimento. Ah, e pra quem quiser, upei a música de abertura, Yakusoku da banda MUCC, e a de encerramento, Mirai e… da Himeka. Link e link. Enjoy. 🙂

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