Sket Dance: Trouble Travel arc – A mais problemática das viagens!

capítulos 228-232

Sket Dance em seu ápice!

Trouble Travel foi um dos maiores eventos de Sket Dance. Há mais ou menos um ano, quando as scans saíram, houve um grande alvoroço entre os fãs para discutir o arco e seus efeitos no futuro do mangá. Com um roteiro repleto de tensão que deixou os leitores roendo as unhas por semanas, Shinohara Kenta provou novamente ser um dos mangakás mais talentosos e promissores da Jump, capaz de fazer drama e suspense tão bem quanto comédia. Agora que o arco foi traduzido, o brilhantismo do mesmo ficou ainda mais evidente.

Para se ter ideia da importância de Trouble Travel no universo de Sket Dance, Kenta estava tão confiante na qualidade da estória que a colocou para competir justamente com o melhor arco que Gintama já tivera até então: o avassalador Ikkoku Keisei. Bate até o feeling Bakuman de disputa entre mangakás, com o adicional de Sorachi ter sido o mestre do Shinohara, o que torna tudo ainda mais emocionante. Eu até teorizo que esses dois de vez em quando combinem de fazer capítulos que concorram diretamente um com o outro, só pela diversão de competir.

Falando de Trouble Travel mais detidamente: depois de ter os planos para a Golden Week frustrados, o Sket-dan faz uma viagem para Osaka, a terra natal de Himeko, a convite de Sumi-chan, amiga de infância da moça. O começo do arco é bem leve, com muitas piadas e até insinuações românticas. Se ainda restava alguma dúvida de se Bossun e Himeko estavam destinados a ser o casal de Sket Dance, Trouble Travel deixa o fato evidente. Não que eles tenham se tornado cannon, mas a relação deles ganhou tamanho desenvolvimento e foco nesse arco que é inconcebível que BossuHime não se concretize até o fim do mangá.

A parte dramática da estória começa quando Himeko descobre que Sumi-chan está sendo chantageada por Tsune, um membro da Yakuza que fora seu namorado, e decide ajudar sua amiga sem ela saber. Há um link com Ogress quando a heroína se lembra de quando ela tentou ajudar A-chan e acabou se tornando uma delinquente, sem falar que o próprio Tsune mais tarde se compara à loira, dizendo que ela era tão lixo quanto ele. O principal foco de Trouble Travel é justamente Himeko, que continuamente é confrontada com seu passado e suas escolhas, o que permite aos leitores perceberem toda a evolução da personagem no decorrer da estória. Hime foi salva por Bossun e depois o ajudou a salvar Switch, e com o Sket-dan já formado ela pôde continuar a salvar as mais diferentes pessoas de diversos modos, ao mesmo tempo em que gradualmente superava a escuridão em seu passado. Shinohara não deve nada a seu mestre na arte de fazer personagens femininas complexas, fortes e admiráveis.

Himeko, ao confrontar Tsune para deixar Sumi-chan em paz, é surpreendida por mais quatro bandidos que a atacam, amarram e sequestram, planejando vendê-la. A antiga Onihime não é tratada pelo autor como uma donzela em perigo clássica, no entanto. Shinohara deixa claro que Himeko infligiu um dano significativo aos homens antes de ser rendida (afinal, ela é a força bruta do Sket-dan, segundo os rapazes do clube) e que não teria tido problemas em resolver a situação por conta própria se não fosse pela covardia de Tsune, tanto que Bossun e Switch, a princípio, não ficaram preocupados com a ideia de ela ter ido se encontrar com um marginal, por terem plena convicção de que Himeko teria tudo sob controle. A situação só muda quando eles descobrem sobre a Yakuza, o que faz Bossun quase ter um ataque de nervos devido à preocupação pela moça, precisando ser acalmado por Switch. Quando eles conseguem enfim encontrar Himeko, os rapazes são rapidamente nocauteados. Bossun, no entanto, acorda primeiro e consegue se libertar das amarras. Com um estilingue reforçado, ele se livra dos capangas do bandido um a um. Tsune, no entanto, é derrubado por um soco do protagonista.

Aqui é necessário comentar sobre o soco. Como já foi frisado, Himeko é a pessoa que faz uso de força física no grupo e ela só foi capturada por ter enfrentado cinco de uma vez (e sem o bastão). Bossun enfrenta somente Tsune no mano a mano, e depois de já o ter acertado com o estilingue, então não é como se o Bossun fosse mais forte do que a Himeko. Apesar disso, o soco dele teve um grande impacto visual, potencializado pelo fato de não ser comum ver Yusuuke efetivamente partindo para cima de alguém (só me lembro de tê-lo visto dando um soco antes desse arco em Solitude, justamente no professor que havia ofendido a Himeko). Por ser algo tão fora do comum para o personagem, o significado daquele soco é muito mais forte do que o de outros shonens. Bossun, mesmo não sendo o típico herói poderoso da Jump, não perdoaria alguém que ameaçasse as pessoas preciosas para ele.

A conversa dele com Himeko, depois de Bossun a soltar, é cheia de emoção e sutilezas. Ela o abraça e chora, e ele fica surpreso e sem saber o que fazer. Yusuuke não consegue abraçá-la por uma razão que não compreende ainda, mas quer demonstrar que estará sempre ao lado dela. Hime o agradece e recorda de todas as ocasiões em que Bossun a ajudara, e o rapaz diz que são sempre ele e Switch que dependem dela e que por isso, de vez em quando, ela podia deixá-lo cuidar da situação. Himeko reflete sobre as palavras e as ações do líder do Sket-dan e avalia os próprios sentimentos; ela fecha os olhos, respira fundo e se prepara para dizer algo que mudaria os rumos do mangá definitivamente… se Switch não tivesse aparecido na hora e atrapalhado! Ainda não foi dessa vez que Bossun e Himeko expuseram esse sentimento especial, além da amizade e da lealdade, que nutrem um pelo outro, mas os fãs são pacientes. Quando a hora chegar, sabemos que Shinohara fará um excelente trabalho.

Na despedida na estação de trem, Himeko confessa para Sumi que ela havia sido uma delinquente. A antiga Onihime tinha sido humilhada por Tsune por causa de seu passado, e isso a machucara ainda mais. Sumi afirma que aquilo não tinha importância e que Hime não havia mudado, e ainda diz, baseando-se no conhecimento que tem da amiga, que ela devia ter se desviado do caminho certo para ajudar alguém, o que era verdade. Sumi estava grata por Himeko ter encontrado tantas pessoas que se importassem com ela e sorri feliz ao vê-la cercada por amigos. O mesmo sorriso que os leitores tiveram ao final desse excelente arco. A riqueza dos personagens de Sket Dance e a profundidade de seus laços é tocante. Não é como em muitos mangás de batalha em que se fazem tantos discursos sobre amizade que eles acabam perdendo o efeito e soando como simples clichês. Sket Dance trabalha seus diálogos com excelência e o que não é dito é percebido pelas ações dos personagens, o que torna toda a emoção que esse mangá transmite extremamente real. Que Shinohara-sensei continue a nos brindar com sua genialidade e sensibilidade por muito tempo.

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