Mangá | Oyasumi Punpun (Indicação sem spoilers)

O melhor mangá de todos os tempos. Você o conhece?

Há muito tempo, mesmo antes de entrar para a equipe do Portallos, eu venho tentando escrever alguma coisa sobre o mangá Oyasumi Punpun (em tradução literal, “Boa noite Punpun”), de Inio Asano. Sem obter muito sucesso, já rascunhei várias coisas que no final foram perdidas, seja pela falta de tempo em continuar ou  pela dificuldade em expressar com palavras o quanto essa obra é impactante.

Tempos atrás, ao ler o Volume 09, vi que, indiretamente, o próprio autor me ajudou a descrever o que seria “Oyasumi Punpun”. Graças a isso, finalmente consegui fazer algo para compartilhar com vocês. É uma pequena divagação sobre a história como um todo, que, em minha opinião (e de muitos outros, tenho certeza), é simplesmente a melhor já retratada em um mangá. Texto livre de spoilers.

De início apresento as palavras que me impulsionaram definitivamente a escrever esse post, vejam (da direita para a esquerda) o que é Oyasumi Punpun:

Tradução feita pelo pessoal da Shin Sekai Scans

Não vou entrar em detalhes sobre o contexto em que essas palavras foram ditas, mas é perfeitamente possível assimilá-las ao mangá de Punpun. O autor trabalha muito com metáforas (algumas vezes ele até exagera, diga-se de passagem), e para mim maior delas é a aparência do protagonista. Durante todo o mangá, Punpun e sua família são apresentados dessa forma:

Na história eles são humanos, porém, não possuem a aparência de uma pessoa normal, parecem até uma espécie de pássaro desenhado por uma criança na alfabetização. Desconheço se em algum momento o autor chegou a revelar o motivo pelo seus protagonistas têm essa forma. Tenho para mim que sua intenção principal é demonstrar ao leitor que “Punpun” não precisa de um rosto, nem de um corpo. Ele pode ser qualquer pessoa, você, eu, todos nós.

Se for analisar de forma racional, que importância a aparência de um protagonista têm para a história em si? Ela a deixa mais bonita? Dá mais impacto? Acho que não… durante milênios foram escritos livros sem uma única figura, e isso nunca prejudicou a imaginação de ninguém, muito menos a qualidade dos mesmos.

Asano criou um mangá que conta a história de vida de Punpun Punyama. Ela se inicia com ele ainda criança, e avança cronologicamente a medida que tudo se desenvolve. Ao longo dos 11 volumes que já foram publicados no Japão, Punpun passou pela infância, adolescência e chegou à fase adulta. Os dilemas de cada fase da vida foram muito bem expostos pelo autor, e é impossível não se identificar com algumas passagens. São coisas do cotidiano de qualquer pessoa, simples e naturais, mas nostálgicas e dificilmente guardadas pelo cérebro. São momentos que muito provavelmente você já viveu, agiu de forma semelhante à Punpun, porém, sequer parou pra pensar no impacto que aquilo lhe renderia no futuro.

Nos próximos dias farei uma postagem analisando de forma mais completa o Volume 01 do mangá, por isso não vou dar detalhes da história agora. Nesse momento, o que eu realmente gostaria é que vocês lessem o volume 01, para assim, estabelecer sua própria opinião sobre a obra. Aos poucos pretendo ir comentando os demais volumes também, pois, de tanto pensar, concluí que a forma ideal de discutir o melhor mangá de todos os tempos é ouvir o que ele representa pra cada leitor. Pelo que já conversei com outras pessoas que também acompanham a vida de Punpun, percebi que cada um a vê sob uma ótica diferente, e talvez este seja o real motivo de ser tão difícil encontrar resenhas sobre o mangá na internet.

Antes de encerrar e deixar o link para o primeiro volume, é importante alertar algumas coisas sobre o mangá que podem incomodar (ou não), alguns leitores. Inio Asano desenha muito bem, muito mesmo, por isso, suas obras possuem um nível de realismo impressionante. Se você está acostumado a ler histórias caricatas com personagens que parecem verdadeiros desenhos, acredito que você sentirá um baque ao iniciar a leitura de Punpun. Outra coisa que deve ser dita, é que a realidade exposta na obra não fica somente por conta do traço. Cenas do cotidiano são retratadas nos mínimos detalhes, inclusive algumas mais fortes que envolvem nudez, violência, esquizofrenia e outras coisas do tipo. Eu não diria que é um mangá +18, mas também não é a obra mais indicada para se ler com alguém “desacostumado” do lado.

As chances de ver o mangá desembarcando na republica das bananas é praticamente nula… Seria um sonho ter a obra impressa e traduzida para nossa língua com um bom trabalho de edição e tudo mais, porém, infelizmente, considerando o tipo de história que é abordado (um pouco depressiva, diga-se de passagem), e o fato de ser um mangá comprido, com previsão de encerramento para o 14º volume, é muito difícil acreditar que um dia ele possa ser publicado aqui. Eu não digo que é impossível, pois Solanin, que também foi escrito por Inio Asano, já ganhou uma publicação no Brasil, e pra ser mais específico, uma publicação de extrema qualidade, que, caso já não conheçam, recomendo muito a compra dos volumes 01 e 02.

Pois bem, a única forma de ler o volume 01 (e todos os demais) de Oyasumi Punpun é através de download. Para isso, recomendo o pessoal da já citada Shin Sekai Scans, pois, que eu saiba, eles são os únicos a traduzirem a obra pro nosso idioma. Na próxima postagem discutiremos especificamente o volume 01, por isso se esforcem para ler, tenho certeza que será uma leitura agradável para todos, até mesmo quem não é familiarizado com mangás. Daqui uns dias a gente se fala.

Créditos das imagens utilizadas no post aos usuários Kataoi e Sscindyss do Deviantart.

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13 Comentários

  1. Leio mangá há mais de 15 anos e Oyasumi Punpun foi o único que me fez chorar enquanto lia. Sou obrigado a concordar que este de fato é o melhor mangá de todos os tempos.

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