O descaso nacional de Vidas ao Vento e a reversão parcial dessa situação!

Vidas ao Vento

Vidas ao Vento, ou Kaze Tachinu no original japonês, foi o último filme de Hayao Miyazaki. Após a produção desse longa animado, esse grande gênio da produção para o cinema de animações japonesas disse que se aposentaria. E isso realmente aconteceu. Só que já rolam notícias por aí de que Miyazaki poderia sair temporariamente dessa aposentadoria para produzir um curta animado, ou seja, no mundo do cinema, nem sempre as coisas são para sempre.

Retornando para Vidas ao Vento, a animação foi lançada no Japão em 2013 e apesar de ser tranquilo encontrá-la aí pela internet, até hoje ainda não assisti a obra. Não porque não queira assistir, mas porque há realmente muito pouco material do Miyazaki que até hoje não assisti e ainda quero guardar essa última obra para um momento posterior, quando a saudade por algo novo realmente bater forte. Afinal, suas produções estão em alta no mercado de Home Vídeo daqui, graças tão esperado lançamento em blu-rays de alguns de seus clássicos.

Porém, em contrapartida, estou um tanto quanto revoltado com a forma como a Califórnia Filmes andou trabalhando com os direitos de distribuição nacional de Vidas ao Vento. Primeiro que nos cinemas a animação foi exibida em um circuito extremamente fechado, em poucas salas. Segundo que a distribuidora nem ao menos se deu o trabalho de dublar o longa para ser exibido nestas salas de cinema, o que já acho extremamente errado, independente se os fãs e o público geral de animês prefiram áudio original, ainda mais num filme de classificação 12 anos. Terceiro que aí do nada se resolve que Vidas ao Vento seria lançado no mercado de Home Vídeo somente em DVD. Só tristeza atrás de tristeza nas decisões. Será mesmo que Vidas ao Vento não merecia mais do que isso? Animação que concorreu ao Oscar esse ano, uma produção de um estúdio com respeito mundial, em que nos Estados Unidos as animações são vendidas e distribuídas pela própria Disney que já reconheceu que Miyazaki e a Ghibli são excepcionais em suas obras. Só mesmo o Brasil pra isso chegar por uma distribuidora relativamente pequena e a mesma ainda ficar pisando e judiando da obra. Falta total de tato da Califórnia Filmes.

A PlayArte que também é uma distribuidora de porte semelhante, e foi quem distribuiu o filme anterior do Miyazaki no Brasil, Ponyo, não chegou nem perto dessa farofada que a Califórnia está fazendo. Ponyo recebeu uma excelente dublagem, foi para os cinemas com essa dublagem em circuito aberto e depois saiu em blu-ray com uma qualidade excepcional! E foi um preço bacana, me lembro de ter pago 29 reais no blu-ray. Antes então que Vidas ao Vento tivesse vindo pra cá pela PlayArte. Lamentável essa situação.

Felizmente parece que a voz do consumidor vem ganhando força nos últimos anos aqui no Brasil, talvez parte disso seja mérito de sites e comunidades especializadas, como o pessoal do Blog do Jotacê e no caso das animações do Studio Ghibli, do pessoal do site Studio Ghibli Brasil. Tanto que um dos vacilos da Califórnia Filmes está sendo corrigido e está feito a promessa de que irão sim, lançar Vidas ao Vento no Brasil em blu-ray. Quando? Não se sabe. Dublado? Infelizmente não.

É preciso repassar essa informação adiante, porque essa semana é o lançamento oficial do DVD da animação em nosso mercado. E talvez exista muitos que só iriam comprar o DVD por não ter a opção de adquirir o blu-ray, justamente para não ficar sem a animação na coleção e se veriam obrigados a pegar a versão em DVD mesmo. E como é comum ficarmos reféns de produtos que não saem aqui no país com toda a qualidade que o mesmo merece.

Apesar do lançamento do blu-ray de Vidas ao Vento ser oficialmente confirmado, sem uma data específica de lançamento, estamos mais uma vez a mercê de uma promessa. Que alias pode muito bem ter sido feita apenas para que os fãs raivosos não atrapalhem a venda da semana inicial do lançamento do DVD. É preciso ficar de olho nestes fatores, além do quanto esse BD vai nos custar. Fora que é preciso ver também que já se sabe que não vai rolar dublagem. Ainda vale a aquisição sem dublagem? Nesse caso acredito que sim. É um detalhe chato? Certamente, ainda mais sabendo que futuramente a animação vai passar num canal como HBO e o mesmo vai dublar e aí vai ficar essa situação estranha da animação em Home Vídeo estar apenas legendada e na TV tem a dublagem.

Sei que irei adquirir o Blu-ray de Vidas ao Vento, não quero nem saber de versão em DVD, porém quero saber quando isso vai custar, porque também não estou naquela situação de fã que paga qualquer valor. Não mesmo.

Enfim, é uma boa notícia, ao mesmo tempo em que também não é. Melhorou um pouco, mas será que serviu de lição para a Califórnia Filmes aprender a respeitar um pouco mais esse tipo de obra? Ou da próxima vez, se houver uma próxima, vai continuar acontecendo estes mesmos vacilos? Foda, não?


Enquanto isso, o encolhimento do Studio Ghibli no Japão…

Studio Ghibli

Aproveitando o tema, quero apenas comentar rapidinho uma notícia velha, já de algumas semanas atrás, que tomou conta da internet, primeiro de uma forma catastrófica e depois amenizaram geral a coisa: a respeito do fechamento do Studio Ghibli no Japão.

Para quem perdeu o ocorrido, basicamente meio mundo veio num final de semana, por meio de uma entrevista mal traduzida, noticiar que o Studio Ghibli estaria fechando as portas no Japão. Mas aí chegou a segunda-feira e os tradutores que estavam de folga nesse final de semana de tristeza chegaram e disseram “calma gente, não é bem isso não!”.

É verdade que a Ghibli não está tão bem assim. Normal se você pensar que Hayao Miyazaki era o cara que levava o estúdio nas costas. Tem outros autores bons por lá? Claro que tem, mas nenhum é um Miyazaki. Só que ele se aposentou e certamente o estúdio perde com isso. É natural que por conta disso as coisas fiquem complicadas e endurecidas para a Ghibli, ao menos até um novo Miyazaki surgir e sabe-se lá quando isso acontecerá.

No final das contas, o que foi notícia no Japão é justamente essa pausa temporária em novas e gigantes produções, ao menos até a empresa se encontrar em meio essa nova ordem e estrutura sem um dos grandes gênios da casa. Porque não dá mais para gastar milhões em algo que não se sabe se irá se pagar, sabendo que não haverá mais Miyazaki para custear qualquer prejuízo que outra obra gerar sem querer. É aquele momento de encolhimento e cautela. E faz todo o sentido! De qualquer forma, o estúdio continua trabalhando com as licenças de suas obras, tanto no Japão, em linhas de brinquedos e roupas por exemplo, enquanto também faz o trabalho internacional de popularização das obras, licenciando pra fora do país.

O Studio Ghibli não acabou, não vai fechar as portas, mas com a saída de Hayao Miyazaki, com certeza chegou um momento crucial, de criar uma nova identidade, de manter seu legado e principalmente de conseguir manter o nível de qualidade que sempre teve. Não é tarefa fácil. Num exemplo, é como se Shigeru Miyamoto, criador do Super Mario, resolvesse se aposentar e deixar a Nintendo. Qualquer empresa que carrega um profissional de tamanho peso sofre um baque terrível quando o mesmo resolve sair ou se aposentar. E foi isso que aconteceu com o Studio Ghibli.

Enfim, como disse, é notícia velha, mas que gerou conflitos de informações pela internet e na ocasião acabei optando por não postar nada no blog, porém como esse post é propício, achei pertinente mencioná-lo agora. Fora que fazia a maior cara que queria arranjar um jeito de postar esse belíssimo mosaico que abre esse adendo. Rá!

É isso!

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