Transformers Devastation | Os dedos mágicos da Platinum Games!

Passei a última semana testando e jogando por horas Transformers Devastation. O game saiu agora no início de outubro para Xbox One & 360, PlayStation 4 & 3, além de também estar disponível no PC, feito sobre encomenda da Activision pelas mãos da Platinum Games, que é um estúdio que todo mundo adora – se você não adora, deveria.

Reformulando e dando a “pegada” Platinum!

Admito que já faz um bom tempo que não pego em um game da franquia Transformers. Devastation é o primeiro desta nova geração, mas no Xbox 360 e PlayStation 3 a série recebeu diversos games, graças ao sucesso que a franquia teve com os filmes nos cinemas iniciados em 2007 pelo Michael Bay.

Pelo que me lembro dos games, inicialmente eles eram bem divertidos e com um tempo a fórmula meio que se esgotou, tornando-os meio cansativos. Os games que joguei tinha áreas de mundo aberto, itens escondidos e as batalhas funcionavam como shooters em terceira pessoa, além de grandes áreas e missões de corrida, já que os personagens podiam virar veículos. Na época era divertido, mas como disse, com o tempo meio que cansou.

Agora coube a Platinum Games reinventar um pouco o game design e mecânicas para um novo game do Transformers para uma nova geração de consoles e o resultado a meu ver foi satisfatório. A abordagem parece fugir bastante dos outros games da série que se pareciam ter um pouco do estilo visual dos filmes hollywoodianos. Devastation é um título que você identifica o DNA da Platinum Games. De shooter em terceira pessoa o game se tornou um hack & slash, focado em combate e precisões de combos e contra-ataques no momento exato. Algo que a Platinum sabe fazer muito bem!

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A opção dos gráficos em cel shading também vieram bem a calhar em um título que está saindo em duas gerações de consoles. Não há a necessidade daqueles gráficos realistas dos filmes e o game design lembra muito mais as origens clássicas dos Transformers, em especial a clássica animação dos anos 80, e isso deixa bem agradável ao estilo de game que a Platinum propõem.

Quanto a história, nesse ponto como não sou um grande conhecedor da série, não houve nada que me chamou realmente a atenção. uma nova energia surgiu na Terra e com isso Megatron vê uma oportunidade de transformar o planeta em uma nova Cybertron, e aí cabe ao Optimus Prime e os Autobots impedir que isso aconteça. Típico plot habitual de vilões e mocinhos. Não é nada demais, apenas funciona de uma maneira simples para a função do título, que é diversão por meio da jogabilidade.

A velha diversão Hack & Slash

É verdade que parte dos problemas do estilo hack & slash são que as vezes o gênero pode ser simplório demais, resumindo apenas a esmagar botões, enquanto no outro revés ele pode ser tornar muito complexo a ponto de tornar irritante a jogatina (Devil May Cry 4 me irrita, por exemplo). Não é fácil criar um meio termo, mas a Platinum já provou mandar bem no gênero, basta lembrar que eles são os criadores de Bayonetta, ainda que muito desse estilo do estúdio venha de muito antes disso, lá dos tempos de Clover Studio e de Viewtiful Joe, que também era focado em combates, mas não era essencialmente um hack & slash, porém possuía com combos, contra-ataques e funções de desaceleração do tempo nas lutas.

Transformers Devastation segue essa direção, de combate em arenas, contra múltiplos inimigos, onde o jogador usa armas (como espadas) para criar combos, desviar de ataques e se o fizer no tempo certo, ganhar alguns segundos de câmera lenta para contra atacar, tornando ainda mais efetivo os ataques. O mais legal é o misto entre combate como um robô gigante e alternar estes ataques com outros golpes onde você vira um veículo e dá um pulo maluco contra o inimigo.

Talvez alguns digam que as mecânicas de combo são bem simplórias, já que em geral misturam ataques fracos e ataques fortes, entre 4 a 5 golpes, e depois te permite emendar um ataque automático onde você vira um carro. Porém com o tempo as coisas vão se complicando um pouco, com inimigos com escudos que só são destruídos ao pegar velocidade em forma de veículo e contra atacar em alta velocidade contra estes, ou inimigos que cortam seu combo ou lhe atacam a distância da mesma forma que você faz para quebrar os escudos do adversário. No fim, Tranformers não é realmente um hack & slack hardcore, porém ele está longe de ser apenas simples ou enfadonho, sendo que de fato ele me parece ser feito justamente para apenas ser divertido. Lembra quando os games apenas precisavam ser divertidos? Este é o caso de Transfomers Devastation.

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O título não tem qualquer aspiração megalomaníaca e nem tenta reinventar a roda. Ele apenas combina um monte de coisas legais de forma eficiente, e tenta não complicar nada. Ainda que em todo caso ele possa ser desafiador nos chefes, onde a energia deles é sempre maior que a sua, e estes quebram facilmente seus combos e os ataques quando lhe atingem são devastadores. Meu primeiro confronto contra o Megatron foi meio que vergonhoso. Morri algumas vezes até pegar o padrão de seus ataques ao invés de sair como um maluco apenas atacando ele. Tem aquele estilo antigo de saber esperar o momento certo de atacar e sair de perto em determinados ataques dos chefões de fase.

Indo além do hack & slash

Transformers Devastation não consiste apenas em combates hack & slash. Não é um game de mundo aberto por completo, mas as áreas são bem abertas e permitem múltiplos caminhos e há desafios e colecionáveis por toda a parte. Você eventualmente acaba indo e vindo por alguns locais, mas nada que lhe irrite – ao menos eu tenho o hábito de me irritar, mas não foi o caso aqui. Ao menos na primeira zona do game, que se passa em uma cidade em destruição (a população foi evacuada, por isso não há humanos passeando ou sendo esmagados no game). Quando o jogo entra na segunda área, uma nave enorme, ao menos no começo o caminho se torna mais linear, porém ainda com opções de exploração em alguns trechos.

Os desafios, ativados por alguns mecanismos, muitas vezes consistem em acertar alvos em movimento, colher orbes ou chegar de um ponto a outro. O jogador não é obrigado a fazer nada disso, mas os desafios não são nada que lhe faça arrancar os cabelos e em boa parte deles as recompensas são boas. Os colecionáveis abrem galerias de artes e também logbooks, com grandes textos (em texto ou áudio) e explicações sobre o universo e personagens da série Transformers.

Outra coisa que o game possui e achei bem legal é a parte de customização das armas, técnicas entre outras coisas que só podem ser feitas dentro da Ark, que é uma espécie de QG dos Autobots. Lá permite o jogador aprimorar suas espadas e armas, fundindo várias colhidas durante o jogo, aumentando o level delas (sim, tudo tem level e status, personagens, espadas e armas de tiro), inclusive algumas tem slots de skills (habilidades) que aprimoram seu uso em batalha. O game também tem uma espécie de dinheiro que você obtém destruindo cenários, inimigos e cumprindo desafios, e isso lhe permite comprar novos movimentos (não são muitos e não os achei tão úteis assim, mas tem a opção) e também de criar chips de vantagens, como recuperar energia de forma mais eficiente, criar um radar de itens escondidos, descer lentamente após um salto, ter ataques mais potentes, etc.

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Ou seja, tudo isso para tornar os personagens jogáveis bem maleáveis. Lembrando que o game dá a opção de jogar com cinco Autobots, cada um com um peso diferente de jogabilidade – e você escolhe qual personagem quiser. No fim, se tem a sensação de que você está colhendo dinheiro e itens e que eles terão utilidades quando encontrar um ponto de Ark, e lá você passa um tempo fundindo coisas, criando novos itens, e verificando o que é mais forte e o que você pode descartar.

Além desse modo de customizações, o gameplay do game também se esforça para criar outros momentos além dos de combates. Há área onde o jogador precisa ultrapassar em sua forma de veículo, quebrando escudos, ou caçando inimigos em alta velocidade, enquanto desvia de obstáculos no caminho. Não é apenas ir andando do ponto A ao ponto B, você sempre está fazendo algo entre os combates.

Há áreas também onde você precisa atirar em Decepticons que estão no alto de grandes edifícios atirando em você ou sobrevoando como jatos pelo cenário. Aí nesse caso o jogo lhe dá um leque interessante de armas de fogo. Eu particularmente achei incrível a sniper e as metralhadoras de mão duplas, entretando a variedade vai além destas armas, como lança-chamas e armas de mísseis teleguiados. Todas com munição limitada que é para ser usado com cuidado (apesar de que é fácil conseguir mais munição). Até mesmo as armas brancas possuem estilos diferentes, como martelos, machados, espadas duplas e enormes espadas individuais. Todas com status e atributos próprios, ou seja, não são apenas skins cosméticas. Algumas tem até mesmo atributos elementais, como podendo deixar os oponentes em chamas ou congelá-los.

Na segunda área do game, quando os insetóides surgem algumas mecânicas de combate também precisa mudar, pois como eles voam e ficam atirando uma gosma pelo cenário, é preciso se mexer mais, se desviar mais e até mesmo atirar um pouco a distância para abater aqueles mais distantes, já que estes também aparecem em maior número do que os Decepticons na cidade do primeiro ato do game.

No geral o jogo consiste em combater, caçar itens e avançar pelos obstáculos que o game impõe ao jogador. Isso cria um bom ritmo e não é cansativo como possa soar. Há muitos chefes de fases, cada mundo é dividido em missões, e a cada 3 ou 4 missões, você topa com um chefe ou sub-chefe, mais forte do que os inimigos habituais.

Ah, no segundo mundo teve um chefe besouro-robô que me tirou do sério, pois tive que usar um item de restaurar 50% da energia, pois não conseguia derrotá-lo de maneira alguma. Tudo bem que estava meio com sono, pois estava jogando de madrugada, mas ainda assim o cenário ficava se movimentando, o inimigo explodia, arremessava gosma e ainda atacava partindo pra cima. Foi realmente um ótimo desafio.

Alias também rolou um mini game excelente no segundo ato do game, na qual a tela trava, o personagem pega uma torre de metralhadora e parado em apenas um ponto se faz necessário atirar em dezenas de inimigos que estão vindo em direção a tela. Foi meio que uma surpresa, pois não estava esperando esse tipo de situação no momento!

Diversão descompromissada

No fim, ao menos até onde joguei, Transformers Devastation me parece um título muito mais compromissado em ser divertido do que em qualquer outra coisa. Ele não está preocupado em lhe entregar uma história incrível ou ser o melhor hack & slash já feito. Ele quer apenas lhe divertir e dar aquele DNA que a Platinum sempre insere em seus títulos.

O título pode aparentar ser simplório em alguns momentos, mas não acho que seja. O sistema de combate é simples, mas eficiente, e os diferentes inimigos e a escalada de dificuldade do game conforme você avança na história são em um bom tom e ritmo. Não é um título que você joga do início ao fim e uma só sentada, mas é um daqueles que você chega em casa depois de um dia estressante e fica ali nele por três ou quatro missões e se sente satisfeito. E volta para outro dia continuar avançando. Ah e o game tem autosave a todo momento, então não precisa se preocupar muito em parar em um ponto qualquer e depois ter que voltar demais.

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Minha única lamentação é ser um título que tem tamanha fama e aparentemente não teve qualquer trabalho para ser lançado oficialmente no Brasil. Ele está disponível nas lojas digitais dos consoles, mas não através da venda física do game em lugar algum. Fora que 229 reais (preço dos consoles One e PS4) é muito para um titulo sendo lançado na temporada de blockbusters dos grandes games. Na Steam ele está mais pé no chão, 99 reais. Fora que como aparentemente ninguém se preocupou com o lançamento por aqui, o título não está localizado em português. Não que isso faça muita diferença, mas eu curto bastante as vozes oficiais dos personagens de Transformers aqui no Brasil. Senti bastante falta disso. Então, preço e localização são minhas maiores críticas.

Curioso dizer que o título não tem modos cooperativos ou competitivos. Trata-se de um puro single player, tão raro nos dias de hoje. Entretanto isso em nenhum momento me soa como um aspecto negativo. Não é um fator que me incomodou.

Transformers Devastation me parece uma ótima revitalizada em uma franquia que precisava para sair daquela fórmula já batida dos games anteriores. A ideia de injetar um pouco o DNA da Platinum Games foi genial e é uma série de game que casou bem com o estúdio. Não digo que é o suficiente para um Transformers Devastation 2, pois aí neste caso, precisaria daquele elemento megalomaníaco que sequências geralmente precisam para superar um ótimo primeiro game. Porém, eu adoraria ver a Platinum Games reformulando um game como Spider-Man, que é outra franquia da Activision que deu uma esfriada já faz um tempo e parece que não consegue sair da fórmula na qual se enfiou.

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Vale jogar Transformers Devastation? Acredito que sim. Se você for fã da série ou da Platinum Games, precisa eventualmente dar uma olhada. Nem que pegue emprestado de alguém, ou compre o jogo em uma eventual promoção. Infelizmente o preço dele aqui no Brasil, agora em seu lançamento, é um pouco além do que o jogo poderia custar. O que é um parâmetro curioso, pois se ajusta mais ao nosso mercado do que ao norte americano.

Para quem procura um título sem muito compromisso, apenas para sentar e se divertir, Transformers Devastation me parece um ótimo game, dentro do que se espera de um hack & slash e um pouco além, é claro!

Trata-se de uma reinvenção de uma franquia desgatada
Não é uma IP da Platinum, mas é perceptível a essência do estúdio no game
Combate por combos e contra-ataques com bom ritmo
Muitos colecionáveis e sistema de level de itens, armas e personagens
Excelente confrontos com chefões de fase!
Possibilidade de jogar com 5 personagens diferentes
Peca na falta de localização, game apenas em inglês
Visual em belíssimo cel shading! Remete ao clássico desenho dos anos 80!

Com o DNA da Platinum Games, Transformers Devastation é genuinamente divertido!

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