Capa Dura | Disney Cinema, 390 páginas e 8 incríveis HQS!

Levou anos (talvez décadas?) para a Editora Abril se convencer de que o leitor brasileiro de quadrinhos Disney sempre esteve disposto a pagar por quadrinhos de luxo. A chegada de coleções de luxo e das apostas de outras editoras, como a Panini, nesse tipo de publicação parecem que fizeram a Abril mudar de ideia e se arriscar no formato, para a alegria dos fãs brasileiros!

O resultado? De 2014 para cá já temos sete encadernados em capa dura, com o todo o luxo que os fãs e colecionadores sempre mereceram e que apenas sonhávamos em terno aqui no Brasil algum dia. E há mais dois para serem lançados daqui alguns dias (Dinastia & Zé Carioca), além de planos para mais deles em 2016, com a forte possibilidade de Pateta Repórter – em breve uma resenha será publica aqui no site – ser um dos possíveis novos encadernados em capa dura.

E antes que você pergunte, estes encadernados não conversam entre si especificamente. Não são histórias cronológicas, ou encadernados números. Cada um possui sua própria proposta e seu próprio tema. O que eles tem em comum é apenas uma coisa: publicar apenas o melhor das melhores das histórias produzidas pelos estúdios Disney, por seus maiores artistas pelo mundo afora. E aqui é onde entra Disney Cinema, um de dois encadernados, lançados em todo o Brasil, no final de outubro, custando 50 reais. Qual o outro encadernado lançado? Contos de Natal por Carl Barks, mas se segure aí, pois daqui alguns dias ele também estará aqui no site em uma resenha e toneladas de fotos.

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Vê o quadrinho acima? Coisa linda, não? É isso que você encontra em Disney Cinema. No total são 8 histórias, todas com a proposta de falar sobre cinema, seja uma adaptação de um conto, seja homenageando um diretor famoso, seja falando sobre a própria Disney em si. E são HQs excelentes, que ainda que tenham sido publicadas aqui no Brasil há nem tanto tempo assim, elas mereciam estar saindo neste novo formato, maior, em papel de altíssima qualidade e uma impecável impressão. São HQs especiais, que você pode pegar e mostrar para qualquer pessoa e ela certamente irá se surpreender, pois de certo sempre achou que quadrinhos Disney eram apenas contos simples e infantis. Ledo engano!

Algumas destas histórias não deixam nada a desejar, por exemplo, ao que a Panini e a Maurício de Sousa Produções vem fazendo a linha de Graphic Novels da Turma da Mônica, porém ao invés de reinventarem e darem uma nova visão aos personagens da casa, os artistas (em particular os Italianos) estão colocando estes clássicos personagens em universos fantásticos e maduros, além de investir em uma arte visual única e peculiar, algo que o cinema também vive experimentando em sua linguagem própria. A página de Moby Dick com o Tio Patinhas, com desenhos do Paolo Mottura é um digno exemplo.

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E essa página acima? É a adaptação de Drácula de Bram Stoker que o italiano Fabio Celoni produziu em 2012. Você nunca esperou ver o Pateta como Van Helsing, admita! E ele está incrível nessa adaptação surreal do famoso conto. Na galeria acima você pode conferir outras fotos dessa quadrinização.

É uma pena que não se reproduziu também neste encadernado a excelente entrevista que foi publicada aqui no Brasil na ocasião em que a história veio na mensal do Pateta, na qual o Celoni explica o quão difícil foi adaptar certas partes da clássica obra a um público que não se restringisse apenas aos adultos. Eu não quero contar nada, você precisa ler por conta própria, mas a ideia do que ele decidiu fazer com Lucilla é simplesmente genial!

Porém a coleção não se resume apenas a obras com esse visual mais moderno – e radical para alguns – apesar de que eu não me importaria de ver um futuro capa dura apenas com histórias nesse estilo visual, na qual Paolo Mottura e Fabio Celoni estão sempre produzindo e  publicando há alguns anos na Itália. Veja só essa outra HQ:

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Adaptação de Casablanca! Um dos maiores clássicos do cinema, com os desenhos de um dos maiores artistas Disney que está em atividade até os dias de hoje: Giorgio Cavazzano! A HQ é toda especial, sem cores propositalmente para dar esse ar de um antigo conto, tal como no filme que dá origem à HQ. O quadrinhos chegou a sair em 2014 em um especial temático de cinema, mas em formatinho e naquele papel de qualidade ruim que é a única coisa que permite que quadrinhos sejam baratos no Brasil. Valeu então a reimpressão agora nestes especial e na qualidade que aqui se encontra.

E que tal voltar a 1928? Relembrar de O Vapor Willie, o clássico desenho que alçou o Mickey ao sucesso e creditado até hoje com um dos primeiros desenhos a juntar imagem e som. Na HQ abaixo, há uma releitura dessa aventura, produzida pelo Corrado Mastantuono na qual Bafo e Mickey se reúnem após anos da aventura original para resgatar o pequeno barquinho da clássica animação!

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Essa HQ é belíssima, e a relação do Mickey e o Bafo aqui é exponencialmente bem atrelada, na qual a história apresenta que eles são muito mais do que apenas herói e vilão. Eu acho emocionante o final dessa história.

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Só que pra mim a obra prima dessa edição nem são as belíssimas HQs de Graphic Novel do Mottura e do Celoni. Sim, elas são fantásticas, porém quando a história é incrível, não se faz necessário uma arte surreal, apenas os belíssimos desenhos de Giorgio Cavazzano já entregam uma magia inacreditável, que um leitor não habituado com Disney nem sequer imagina que exista.

A Lenda do Pianista do Mar é um monólogo teatral italiano de 1994, chamado Novecento, que foi adaptado em um elogiado filme em 1998, na qual não tenho certeza se assisti (a história não me é estranha). É sobre o conto de um extraordinário pianista que está sempre em um navio e que nunca saiu em terra firme. Pateta interpreta esse incrível personagem, Danny 1900, e mais uma vez você tem a prova de qual incrível é o Pateta em grandes personagens, sejam eles históricos ou cinematográficos! Pra mim essa é a melhor HQ deste encadernado.

Nesse ponto, já falei sobre 5 das 8 histórias do encadernado. Restam 3, uma feita na época na qual a Disney terminou um curta na qual Walt Disney e Salvador Dalí na qual a Disney Itália resolveu prestar uma bonita homenagem a dois grandes gênios e duas outras obras italianas que homenageiam Frederico Fellini, um grande e premiado diretor italiano que provavelmente a geração jovem de hoje em dia nem sequer saiba quem é (eu quase não sei, admito).

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São histórias especiais sim, não devo as desmerecer. Só acho que para um público mais jovem aqui do Brasil, havia outras HQs e materiais bem mais interessantes. Eu gosto muito de histórias especiais, porém normais, na qual se brinca com o mundo do cinema, clássicos personagens ou com a cerimônia do Oscar. De cabeça posso citar histórias como Candidato ao Oscar (1994), A Noite das Estrelas (1985) e E o Oscar vai para… (1995), todas do próprio Cavazzano. Esta última de 95 por sinal saiu no Brasil apenas em 1999 e nunca foi republicada. Era uma boa chance de resgatá-la e já deixa-la em um formato excepcional. Alias há outra do Cavazzano de 1993 chamada A Fábrica dos Sonhos que tem uma memorável capa de Mickey aqui no Brasil (esta aqui).

Claro que em um exercício de memória, existem toneladas de HQs inesquecíveis pra mim com esse tema de quadrinhos Disney e Cinema. As vezes elas se misturam com literatura é claro, mas isso acaba sendo inevitável. Na coleção Clássicos da Literatura Disney, ocorreu muito disso, na qual muitas HQs se mesclavam com suas adaptações do cinema, ainda que originalmente elas vissem da literatura. Menciono isso porque adoraria ter visto O Mundo Perdido de 1995 (também do Cavazzano, caraca, só dá ele) neste capa dura.

Posso até mesmo ir mais longe. Adoraria ter visto uma das mais memoráveis aventuras do Indiana Pateta em um capa dura: O Vale dos Sete Sóis (1992, do Massimo De Vita). A HQ não é inspirada em nenhum filme, mas o Indiana Pateta é uma inspiração direta de Indiana Jones, um dos grandes personagens do mundo do cinema. Encaixaria também, não?

Talvez isso apenas reforce que um único Disney Cinema não é o suficiente. Há material de sobra para um segundo volume de Disney Cinema. Sonhar não custa nada, certo? Lembre-se que você pode sugerir isso para a Editora Abril, basta mandar um e-mail para disney.abril@atleitor.com.br ou deixar um recado lá na Abril Jovem no Facebook.

Há apenas uma única crítica que preciso fazer à Editora Abril. Eu sei que é chato, mas se faz necessário, para que se tenha mais cuidado nos próximos encadernados. A foto abaixo diz mais do que descrever em palavras:

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Por que? Por que? Repito… POR QUE? A falta de padronização do tamanho de encadernados não é um acontecimento exclusivo da Editora Abril ou desta situação. Eu simplesmente odeio quando a Panini fica inventando encadernados de tudo quanto é tamanho diferente. Eu não sei o que aconteceu, se foi falta de cuidado da gráfica, se foi algo para manter o mesmo preço dos encadernados anteriores ou se simplesmente foi um erro que passou e ninguém viu antes de tudo ter sido impresso.

Não é algo que desmereça o produto a ponto de dizer que não vale a pena a sua aquisição, mas não vou mentir e dizer que não bateu uma pontinha de tristeza quando coloquei os novos encadernados na estante e de repente os percebo que são um dedinho menor que os anteriores. Soltei um inevitável “Ahhhh que vacilo…

Imagino que os próximos que estão saindo em novembro terão o mesmo tamanho que este Disney Cinema e Contos de Natal. Isso já é um alívio, pois ao menos são quatros enfileirados no mesmo tamanho, frente aos outros 5 anteriores um pouco maior. Mas que a coleção se mantenha nestas proporções agora. Que não se resolva encolher ou aumentar mais. Que a Editora Abril fique mais atenta a isso nos próximos encadernados. Particularmente eu gostaria que eles agora ficassem no tamanho de Disney Cinema. Que não mais retornem ao tamanho dos primeiros.

Mas reforço que tirando esse pequeno detalhe, a qualidade dos novos encadernados se mantém impecável. Mesmo papel, mesma costura, mesma qualidade de capa.

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E encerro essa resenha por aqui. Viu esse capa dura vermelho, lindão? A resenha dele será publicada aqui no site ainda essa semana! Espero que você tenha gostado dessa postagem e que retorne para a próxima! Deixe seu comentário e procura Disney Cinema na banca de sua cidade. Não achou? Bem, vou dar uma dica preciosa. Ele está disponível para venda online aqui, e Contos de Natal aqui. Mas se for pegar online, faça o quanto antes, porque estes encadernados não costumam ficar a venda por muitos meses online após seu lançamento. Acabou, já era!

Fica a indicação e a dica! 😉

HQ Moby Dick (Tio Patinhas)
HQ Casablanca (Mickey)
HQ O Resgate do Vapor Willie (Mickey & Bafo)
HQ Drácula de Bram Ratoker (Mickey & Pateta)
HQ A Estrada da Vida (Mickey)
HQ A Volta à Doce Vida (Mickey)
HQ A Lenda do Pianista do Mar (Pateta)
HQ A Viagem Surreal pelo Destino (Mickey, Pateta & Donald)
Acabamento do encadernado
Textos e materiais extras (é muito pouco, pena)
Faltou galerias de artes e capas (e as HQs possuem algumas incríveis)
Faltou cuidado ao manter o mesmo tamanho físico dos encadernados anteriores
O preço é ótimo, para a qualidade e tamanho da edição!

Disney e Cinema, tudo a ver! Uma seleção inesquecível de histórias!

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Um Comentário

  1. Ainda não achei o Cinema para comprar (só o Natal do Barks). A compra é certa, algumas histórias presentes são espetaculares (Casablanca, o Reagate do Vapor Willie e a homenagem ao Dalí são das melhores coisas que li nos últimos anos), mas o que me chamou atenção na resenha foram as HQs ausentes citadas. Fábrica de Sonhos é de arrepiar! E me lembrei também do PATÉRCULES, da Série Ouro Disney.

    (Hm, imagina um capa dura com a Série Ouro Disney completa…)

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