Guerra do Velho | Três trechos para saciar a curiosidade! (Indicação)

Comecei a ler Guerra do Velho há poucos dias, e ainda estou perdido em algum lugar na órbita da Terra lá pelo terceiro capítulo, pois precisei pausar a leitura porque quis vir logo aqui no site escrever antes de descobrir mais sobre essa ótima história de ficção científica! Assim evito que escreva demais ou dê algum spoiler sem querer sobre momentos avançados do livro — por enquanto, pois ainda voltarei para falar dele em outras ocasiões.

Para esta ocasião, escolhi três trechos do livro que definem muito bem o tom inicial dessa história, que se passa em um futuro distante, na qual a humanidade, ou parte dela, já saiu para explorar outros planetas e está em guerra com outros alienígenas, que também querem tais planetas.

O grande barato desse começo é que o livro é narrado sobre o ponto de vista de John Perry, um norte americano com 75 anos de vida que está se alistando no exército espacial! — “Não, espera….75 anos? Hã?” Rá! Pois é, pode parecer estranho essa ideia de um soldado espacial da 3ª idade, mas isso vai ter explicação. Calma!

De fato o livro sabe criar um clima onde as coisas são aos poucos explicadas, criando aquela boa expectativa e prendendo o leitor. Sobre a perspectiva de um habitante do planeta Terra, muito pouco se sabe sobre essa organização chamada FCD, Forças Coloniais de Defesa, lutando uma guerra espacial por colônias em outros planetas. Sabe-se que qualquer um vivendo nos Estados Unidos pode se alistar, mas só depois de você atingir 75 anos. Existe uma tecnologia, que ninguém sabe exatamente como é neste início, que lhe permite ir para o espaço e se transformar em um soldado.

Acabei escolhendo três momentos iniciais dos dois primeiros capítulos, sem grandes spoilers, para apresentar o livro por aqui. São trechos que se destacaram pra mim, pela boa narrativa e pela reflexão criada sobre três temas. O primeiro deles é a despedida:

Guerra do Velho - Trecho 1

Falar sobre morte nunca é fácil, e o começo do livro já começa em um clima fúnebre, pois John precisa deixar uma vida na Terra, precisa se despedir e, um dos momentos mais interessantes desse início é a reflexão que ele faz sobre o cemitério, porque ir visitar uma pessoa lá é mais fácil do que ficar se lembrando dela em tudo quanto é lugar.

Isso também acaba puxando o segundo trecho, sobre envelhecer, que não deixa de ser um dos maiores medos da humanidade: nossa mortalidade e o quanto deterioramos com o passar das décadas, ainda que você esteja em um conto de ficção científica em algo futuro distante:

Guerra do Velho - Trecho 2

Há um outro trecho do livro dentro dessa questão que não utilizei aqui, mas é um pensamento que (acho que) todo mundo deve ter tido na adolescência (quando nos achamos imortais): “se a minha avó hoje consegue viver até os 80 ou 90, quando eu estiver nessa idade, a ciência e a tecnologia estará tão avançado que conseguirei viver o dobro!”

Bem, eu ao menos já me peguei pensando o quanto gostaria que algo assim fosse realidade. Mas as décadas estão passando e as pessoas continuam penando para passar os 90 anos, com muita sorte chegam ao 100. Ou seja, o livro então apresenta uma proposta: ou você vive até os 75 anos e arrisca a sorte de mais alguns anos aqui no Terra, ou se alista no exército espacial, vá viver uma aventura espacial sabe-se lá por quanto tempo, aproveitando-se de uma tecnologia de rejuvenescimento que ninguém sabe ao certo como funciona ou o que fará com você. É fácil escolher, não?

O interessante ao se iniciar essa história com personagens com 75 anos de idade é a possibilidade de trabalhar de uma forma bem mais complexa do que quando estes romances trazem jovens ainda em formação de caráter e personalidade. Todos estão velhos, já viveram uma vida inteira e com isso tem a maturidade para lidar com situações. É uma proposta bem interessante!

Mas como sei que essa tal União Colonial e sua força militar realmente pode fazer algo como rejuvenescer idosos? Bem, primeiro que não estariam recrutando idosos de 75 anos de idade se não pudessem fazer algo que os transformassem em combatentes, certo? E segundo porque essa força tem muitos mais mistérios do que o livro entrega nesse começo. O que me leva ao terceiro trecho escolhido, sobre o Pé-de-feijão, uma plataforma-elevador que liga a superfície da Terra à uma estação espacial em órbita do planeta!

Guerra do Velho - Trecho 3

Legal, não? Aliás, essa parte do livro, com John, Harry e Jesse subindo até a estação especial lembra muito o primeiro livro de Harry Potter. A viagem inicial pelo trem e a chegada do castelo, porém aqui não há magia, apenas ficção científica. O Pé-de-feijão é um elevador espacial que desafia as leis da física do planeta, mas está ali, provando que não é apenas nossa física terrestre que reina sobre todas as regras da galáxia. Não tem Castelo de Hogwarts aqui, mas a estação espacial causa o mesmo tipo de vislumbre ao trio (e ao leitor), em tecnologias que ninguém na Terra entende muito bem como são possíveis que existam!

Bacana que John Perry se apresenta como um protagonista simpático. Mesmo com o começo da história naquele clima de despedida, de visita ao túmulo da espaço, John é um personagem espirituoso. Há uma cena no começo do livro, com a moça que faz parte do programa de alistamento que gera uma situação de diálogo bem engraçada, com John tentando fazer piadinhas enquanto não há humor do outro lado.

Durante a viagem também se estabelece outros pontos. Há Harry Wilson, um ex-professor de física que fica maluco tudo que não é possível compreender! Ele se impressiona com tudo, e o leitor ganha com isso, pois tudo acaba ficando ainda mais fantástico perto de Harry, enquanto ele tenta entender o que diabos são estas tecnologias que ninguém entende! Vê-lo explicar sobre naves e gravidade artificial é muito maneiro, já que o autor compara o que existe de verdade com a ficção do livro. Ficção esta que se torna crível para a fantasia proposta.

Enfim, irei parar por aqui. Claro que irei continuar lendo e trarei mais trechos futuramente aqui no site. Irei procurar trechos pontuais, sem spoilers importantes, apenas alguns legais que continuem atiçando a curiosidade e me permitindo continuar comentando mais sobre o livro aqui no site.

Para encerrar, vale dizer que Guerra do Velho é um romance escrito por John Scalzi, que chegou a ganhar um prêmio lá nos Estados Unidos pelo livro. E olha que é seu primeiro romance! A Editora Aleph acabou de lançá-lo aqui no Brasil em uma belíssima edição. Já falei como as capas da editora são um espetáculo, certo? Aqui não é diferente (veja a capa da versão US). O livro é de 2005, e possui aproximadamente 360 páginas.

E a versão da Aleph está lindona, optei para este momento não trazer muitas fotos, tal como fiz com o livro A Espetacular e Incrível Vida de Douglas Adams e do Guia do Mochileiro das Galáxias, porém pretendo trazer outras fotos em um momento futuro (não quis tirar o destaque dos trechos em si).

Aliás, este é só o primeiro livro de uma saga! Há mais cinco livros: The Ghost Brigades (2006), The Last Colony (2007),  Zoe’s Tale (2008),  The Human Division (2013) e  The End of All Things (2015). Como Guerra do Velho acabou de ser lançado pela Aleph aqui no Brasil, as sequências devem, futuramente, vir para cá também.

Guerra do Velho Lombada

Onde comprar Guerra do Velho? Eu sempre fico de olho nos grandes sites de varejo online. Na Saraiva, no momento da publicação desse post, o livro está com um ótimo preço, custando apenas 25 reais. Há também a versão digital do livro lá. Porém se você estiver lendo isso em um futuro onde esse preço não mais seja real, vale olhar em outras lojas como Submarino, Livraria Cultura ou Ponto Frio.

Encerro a postagem com a sinopse oficial do livrologo abaixo – e com este link, da própria Editora Aleph, para um trecho em pdf com as primeiras 27 páginas iniciais de Guerra do Velho. Quem ficou curioso, mas não convencido completamente, vale a pena baixar esse trecho inicial, só digo isso!

A humanidade finalmente chegou à era das viagens interestelares. A má notícia é que há poucos planetas habitáveis disponíveis – e muitos alienígenas lutando por eles. Para proteger a Terra e também conquistar novos territórios, a raça humana conta com tecnologias inovadoras e com a habilidade e a disposição das FCD – Forças Coloniais de Defesa. Mas, para se alistar, é necessário ter mais de 75 anos. John Perry vai aceitar esse desafio, e ele tem apenas uma vaga ideia do que pode esperar.

É isso!

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4 Comentários

  1. Caracas, super instigante! Adoraria lê-lo, se não fosse a absurdamente gigantesca pilha de livros XD>
    A ÚNICA coisa que parece ser chata é aquele humor típico estadunidense (acho que to me cansando dele) e não pareceu que eles agem como pessoas de 75 anos. Mas até aí to espelhando em meus avôs, então…
    Mas achei sensacional!

    1. Estava pensando um pouco sobre isso ao terminar o capítulo 3 agora a tarde ver mais novos personagens. Os velhinhos são espirituosos mesmo, não necessariamente lembram idosos! Porém a minha avó participa de um grupo da terceira idade e ela reunida com as amigas são bem humoradas.

      Imagino que ter 75 anos e viver uma aventura espacial, cheia de mistérios e de coisas incríveis lhe deixe mesmo mais animado, não? Hahaha.

      Quanto ao humor norte americano, eu devo estar tão embebido disso que já nem sei o que você que dizer com ele se tornar cansativo. Eu realmente gosto do humor mais sarcástico, mais debochado de lá. Mas sinceramente, teria dificuldades para dizer o que é humor americano e humor brasileiro por exemplo. Se me fez rir, acaba sendo humor e ponto.

      Mas adoraria ver você dizendo que lhe cansa do humor norte americano Avu! :p

  2. Comprado, gostei do trecho de leitura que vc postou, achei poético e filosófico.. Vlw pela dica, não comento muito no blog mas sou leitor de muitos anos, layouts e ex colaboradores..

    Abs

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