Pandora Hearts – Vol. 01 | No coração da fantasia e suas misturas! (Impressões)

Sabe aquele mangá que você nunca ouviu falar? Pandora Hearts é exatamente esse tipo de mangá pra mim. E não duvido que isso soe como uma afronta para muitos, pois vi uma galera considerável comemorando quando a Panini anunciou que este mangá seria finalmente lançado no Brasil.

Pandora Hearts é um mangá de fantasia que ficou em circulação no Japão entre 2006 até 2015, sendo finalizado com 24 volumes. É o maior e mais famoso trabalho da autora Jun Mochizuki, que atualmente trabalha em um mangá de steampunk com vampiros (mas não vem ao caso no momento). O título foi publicado em uma revista chamada Monthly GFantasy que, veja só, pertence a Square Enix, sim aquele estúdio famoso na qual eu nem precisaria dizer que é responsável por grandes RPGs japoneses como Final Fantasy e Kingdom Hearts (você deveria saber disso).

O fato da revista estar debaixo do guarda chuva da Square Enix diz muito sobre esta publicação voltada a mangás de fantasia, e o próprio Pandora Hearts lembra bastante essa linha filosófica da Square Enix, com personagens jovens, mundos complexos de fantasia, cheio de terminologias, criaturas extraordinárias e aquela sensação de estar lendo uma história de RPG. Ao menos pra mim foi esta a impressão passada pela leitura do primeiro volume desta série.

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Além de todos estes elementos de RPG da linha Square Enix, Pandora Hearts faz muitas homenagens e referências a fábulas famosas, tais como Alice no País das Maravilhas e O Mágico de Oz, especialmente porque a dupla de protagonistas de fato se chamam Oz e Alice, ainda que as referências não fiquem apenas nos nomes.

Quer mais um pouco nessa mistura? Houve elementos que também me lembraram de D.Gray-man na parte de seres que se transformam em demônios do nada e suas aparências assustadoras. A própria a arte destes seres também me lembraram do traço e arte da autora de D.Gray-man, a mangaká Katsura Hoshino.

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Essa caixinha de pandor… de surpresas cria um mangá bem diferente dos que habitualmente chegam aqui no Brasil. Ao menos acho difícil imaginar um outro mangá em circulação atualmente em nossas bancas que se foque tanto em elementos fantásticos e que não esteja nem aí se ele se assemelha ou não com uma realidade mais palpável ao leitor. É um mangá que neste primeiro volume apresenta uma história que joga com suas próprias regras e tem seu próprio ritmo. Novamente, é um mangá que me lembrou muito um RPG japonês. Aos órfãos do mangá de Kingdom Hearts, que está em hiatos por aqui, Pandora Hearts parece um excelente título para dar uma espiada.

No começo, não exija pressa

Assim que comecei a ler este volume a primeira coisa que me veio em mente foi uma certa ausência, por parte da autora, de querer pegar na mão e explicar esse mundo aos leitores. Eu só fui realmente entender qual era a proposta do mangá, de sua história e do que pode vir a ser da série como um todo quando o primeiro volume estava prestes a terminar. Tome então como fato de que esta primeira edição é uma gigantesca introdução ao mundo de Pandora Hearts. As coisas demoram mais do que o normal para fazer sentido.

Não pretendo ficar aqui explicando termos e terminologias das regras do universo deste mangá. Isso é algo que até fica mais divertido aprender conhecendo por conta própria, mas para poder construir esta resenha, preciso explicar um pouco do que se trata o mangá. E não tem como fazer isso sem dar alguns spoilers gerais em torno desta primeira edição. E, assim, mesmo que eu te conte aqui, aposto que isso não vai tirar a graça desse primeiro volume quando você o for ler, ok? No máximo vai ter dar uma linha geral da proposta do mangá em si.

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Há esse personagem, chamado Oz Vessalius, um garoto que está completando 15 anos e com isso precisa passar por uma cerimônia. Antes disso acontecer, tal como toda boa história de fantasia, Oz sonha, ou tem uma visão, ou seja lá o que for, de uma garota, chamada Alice, que parece o conhecer. Isso naquele melhor clima de terror japonês, sabe? O que significa que ela vai tentar matá-lo.

Durante a cerimônia, algo é ativado, uma profecia já dizia sobre isso, um relógio que não deveria funcionar passa a funcionar e Oz é julgado ali na hora de um crime que ele nem sequer sabe do que se trata. É preso e jogado em uma outra dimensão.

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Já deu para ver como é tudo bem maluco, certo? Essa prisão lembra um pouco aquele clima de falta de lógica do mundo do País das Maravilhas, com um detalhe que ela é repleta de seres demoníacos que querem devorar Oz. Trata-se de uma prisão dimensional. Nisso Oz se reencontra com Alice, ou B-Rabbit, ou um demônio que apenas se parece uma garota.

Alice quer sair da prisão, chamada Abyss, mas só tem força e poder para isso se ela fizer um contrato com um humano, e é aí que entra Oz. Diante de uma situação na qual ele não tem muita escolha, e tendo simpatizado com Alice, Oz assume esse contrato, e ambos fogem dessa prisão.

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E agora ambos tem algumas metas: descobrir o que diabos aconteceu na cerimônia, qual o segredo que envolve Oz e sua família, e porque ele foi condenado por um crime que nem sequer sabe do que se trata, enquanto Alice perdeu suas memórias e precisa viajar com Oz pois acredita que seu passado está atrelado ao seu destino, tal como a profecia dizia que ele seria o causador de tudo.

Por fim, como cereja do bolo, ambos aceitam entrar para uma organização, chamada Pandora, que também desejam descobrir mais sobre o ocorrido e outras atividades estranhas do universo do mangá, e percebem que B-Rabbit tem poder para abrir caminho, e para isso é preciso da ajuda de Alice e Oz nesta jornada que se abre.

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Ufa, contei o básico, mas não entreguei boa parte dos detalhes e da graça de ler sobre tudo o que acabei narrando acima. Vai por mim, o que descrevi é mais como um mapa com direções, e não exatamente toda a narrativa deste primeiro volume. Eu só contei que o personagem vai de um ponto A para B.

O que funciona em Pandora Hearts?

Tendo essa salada mista na cabeça, que é confusa porque é um mangá de fantasia e você precisa aceitar que há coisas nesse gênero que não se fica explicando, que são o que são, chegou o momento de apontar as impressões que tive com a edição.

Primeiro que o traço da Mochizuki são bem legais. Casam com a proposta do gênero em si, ainda que as feições humanas não sejam tão genuínas quanto os das criaturas e seres estranhos. Mas sabe que parte disso culpo esse estilo de cabelo de protagonista de jogo de RPG, todo pontudo e espetado. Entretanto, ainda assim o traço é afiado, ainda mais pensando que são desenhos de uma década atrás, de 2006! Não tive problemas com a ação e o movimento dos quadros. Dá para entender tudo que a autora quer mostrar e passar.

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Vale elogiar o toque inicial de humor que Pandora Hearts possui. Parte me lembrou daquele humor leve e ingênuo que Fullmetal Alchemist tinha quando não estava denso ou sério demais em sua pesada história.

E nada daquele elemento sexual que as vezes os mangás cruzam linhas sem precisar. Nada de exageros nas protuberâncias femininas ou exibição de roupas intimas. É um mangá jovem para jovens, sem o apelo ou conotação sexual. É a mais pura fantasia do tipo fábulas mesmo. Isso é bacana, pois não acaba misturando gêneros. A autora não precisa apelar para chamar a atenção. Não precisou disso para conseguir criar uma fábula legal.

A princípio parece haver bons personagens. Oz na primeira parte da edição tem um amigo que achei que o acompanharia durante toda a sua aventura e de repente algo acontece e… não revelarei. Digo que fiquei mal por isso, e espero que mais para frente o mangá volta a mexer nesse ponto da amizade de Oz, até mesmo o misterioso pai, que chutando um palpite, parecer ser aquele um velho clichê de mangás: o pai que nunca vê o filho e que na verdade sabia do grande segredo desde o começo, mas nunca o revelou. Veremos se acerto essa futuramente.

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A trupe do grupo de Pandora parece ser divertido. Gostei da brincadeira do começo, do Oz todo galante para a menina que no fim fazia parte da organização Pandora. E o tal Break também é um ótimo personagem, todo metido, mas sem parecer nojento a ponto do leitor ficar incomodado com sua personalidade. Lembra o Ishida nos bons tempos de Bleach, o que é um ponto positivo a meu ver.

Mas o que mais parece dar certo é essa química entre Oz e Alice, na parceria que ambos fazem e especialmente nos diálogos de quando ambos estão presos dentro da prisão. E repare o quanto o Oz lá da primeira página parece crescer em um único volume quando ele chega ao final do volume. É impressionante a construção do personagem em apenas 4 capítulos desta primeira edição.

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Para encerrar, vale os elogios a edição da Panini. Uma folha colorida, o freetalk na contra capa e uma arte ao fim da edição são os mimos do volume, que é impresso na versão mais econômica, em papel jornal, mas sem a necessidade do tamanho pocket. Resultado é um mangá relativamente mais em conta do que outros títulos da linha com maior luxo. Cada edição custará 13 reais. E o lançamento é recente, chegou as bancas na segunda quinzena de maio.

Vale lembrar que Pandora Hearts possui uma adaptação em animê, exibida no Japão em 2009, contendo apenas 25 episódios. Algumas OVAS, nove para ser exato, foram produzidas após o final do animê, em 2010. Considerando, entretanto, que o mangá só acabou em 2015, obviamente as versões animadas não possuem o final original do mangá. Infelizmente nem Netflix e nem Crunchyroll, no catálogo nacional, dispõem do título para que a gente possa assistir.

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Não vou mentir e dizer que esse é o maior e o melhor título de toda a linha atual da Panini. De fato não é. Tem muita coisa de maior peso em publicação pela editora atualmente, mas lembra o que disse lá no começo? Acho impressionante a vinda desse mangá para o Brasil, especialmente pelo gênero e o foco do título. Parece ótimo para os fãs de fantasia. Para esse público, acho que a compra de Pandora Hearts deve ser importantíssimo, especialmente se houver o desejo de mais mangás dessa linha vindo para as bancas nacionais. Pandora Hearts tem uma missão importante nesse sentido e, a meu ver, me pareceu uma boa escolha para fazer esse teste entre os fãs brasileiros de mangás.

Fica então a indicação!

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Forte pegada no gênero Fantasia
Primeiro volume inteiro é uma introdução a série
Ótimo traço, ainda que as vezes pareça genérico
Oz e Alice possuem uma boa química
Edição Panini joga seguro, papel jornal e preço padrão
Explicações demoram a vir, é preciso paciência

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2 Comentários

  1. Ver você resenhando assim lembra exatamente o que eu senti quando li Pandora Hearts (traduzido por fãs ainda). Nunca fui tão iludida, sério. Eu amei o primeiro volume e minhas expectativas eram altíssimas, mas nunca esperei o que tava por vir. O desenvolvimento e o amadurecimento dos personagens superou qualquer expectativa que eu tinha e a história se tornou mais misteriosa do que eu imaginava. O plot twist é tão incrível e complexo que eu tive que ler umas três vezes pra entender e parar de chorar também. Foi cada tiro que eu sinto até hoje o impacto de certos capítulos. Juro que tentei segurar as lágrimas no final, mas foi tudo muito lindo e ao mesmo tempo triste pra mim, a autora não tem dó de matar personagens ou dar destinos cruelmente reais para eles. Agora só me resta ouvir Lacie’s song e sofrer (como se já não bastasse meu sofrimento com HxH) Realmente espero que PH ganhe a sonoridade que merece, porque é uma história que todo mundo deveria conhecer e amar.

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