Mulher Maravilha | Sem ganchos, origem e na vibe de Battlefield 1! (Crítica)

Crítica sem spoilers.

Estou um pouco enferrujado no que diz respeito a ir ao cinema. Falta tempo, acho os valores dos ingressos absurdos (caso você não pague meia entrada), há mais sessões 3D do que sem, o que significa ingressos mais caros – fora que e acho um saco esse formato – sem mencionar a falta de sessões legendadas, ficando estas sessões a poucos e inconvenientes horários para mim. Cinema tem ficado chato nestes últimos anos, mas pode ser que eu esteja envelhecendo também. Não ter flexibilidade de horário de antigamente e não pagar meia entrada é de fato algo que afasta o público adulto dos cinemas.

Sendo assim, perdi algumas das estreias deste ano, como Guardiões da Galáxia Vol. 2, porém não consegui deixar de ir ver o filme da Mulher Maravilha, que era um dos mais aguardados do ano pra mim. Sou mais fã da DC Comics do que da Marvel, fazer o quê. E apesar dos tropeços de Batman vs Superman: A Origem da Justiça e Esquadrão Suicida, ainda tenho fé de que melhores coisas virão no horizonte da DC nos cinemas. E Mulher Maravilha é prova factível disso.

Filmes de super heróis agora meio que se tornaram um gênero desse tipo de mídia, talvez um sub gênero vai, e havia um certo tempo que não se criava um bom filme de origem. Digo isso porque os atuais filmes de super heróis já andam parecendo seriados de televisão. Um filme puxa o outro, pontas e ganchos existem em todos os lados, e poucas são as produções que conseguem entregar uma trama independente de outros filmes ou até mesmo de futuras produções. Bem… Mulher Maravilha consegue fugir justamente de tudo isso.

A história apresenta a origem da personagem. Sua infância, parte de sua vida na ilha de Themyscira (a ilha das Amazonas) e o seu primeiro contato com o homem e o mundo exterior, em uma história que tem como pano de fundo a Primeira Guerra Mundial. E não, nada disso é um spoiler, pois está nos vários trailers lançados antes do filme estrear nos cinemas.

Claro que Mulher Maravilha leva a vantagem dos detalhes de sua origem não serem tão populares ou terem sido contado tantas e tantas vezes como a de outros personagens como Batman ou Superman. Isso certamente dá aquele toque de algo novo ao filme. Não é algo manjado, na qual o espectador vai conseguir adivinhar o que acontecerá a cada 5 minutos de filme. É até o contrário, o roteiro guarda boas surpresas no que diz respeito aos momentos em que Diana está conhecendo esse mundo na qual ela nunca teve contato. É um tanto diferente da personagem que vimos em Batman vs Superman.

O palco da Primeira Guerra Mundial também foi uma decisão genial, talvez ainda mais aos jovens antenados com games ou o público norte americano que vibrou no último ano com o game Battlefield 1, que vendeu absurdamente bem e justamente retratou este período na qual se passar o filme da Mulher Maravilha. Partes do filme me deixaram com vontade de sair da sala de cinema e correr para casa jogar Battlefield 1. O momento para se retratar esse momento histórico nos cinemas não poderia ter sido em melhor hora.

Tanto que a cena da Diana nas trincheiras, na terra de ninguém, é pra mim uma das melhores e mais emocionantes cenas de todo o filme. Não que o embate final não seja ótimo, mas não consegue superar esse grande momento, que é justamente quando o espectador vê (pra valer) a Mulher Maravilha  em ação pela primeira vez, em uma duradoura cena de ação que se estende o suficiente para que ao final você queira ficar em pé e aplaudir o espetáculo.

Claro que antes disso temos outras cenas de ação, mas apenas com a personagem Diana, sem de fato elas estar na personificação da Mulher Maravilha. Tem uma diferença grande de impacto quando isso ocorre na metade do filme, quando ela deixa de ser apenas a Diana e se torna o ícone que todos conhecem.

Vi algumas críticas no que diz respeito ao último ato, em relação a batalha final da personagem, justamente por ser bem carregado em CG (computação gráfica) e ter todo aquele ar meio Dragon Ball de ser. Não sei, eu realmente não fiquei incomodado com nada disso. Para quem vem dos quadrinhos, o mundo da DC é isso mesmo, sempre muito mais espalhafatoso, mais exagerado do que normalmente são as batalhas no mundo Marvel.

Tem esse sempre essa coisa de que na Marvel são pessoas normais se tornando super heróis, enquanto na DC são Deuses andando entre os homens. Esse tipo de inspiração requer uma escala maior de embates. Não é uma novidade para os fãs da DC, assim como não é exatamente algo ruim.

É como disse: eu gostei. Fiquei surpreso com a revelação final, gostei de vários momentos dessa última batalha. Há um exagero aqui e ali? Sim, existe. Mas é DC, é um novo tom para esse gênero de filme, tentando encontrar uma escala maior do que robôs bocós ou batalhas em aeroportos abandonados. E não tive problema algum com isso.

Mulher Maravilha é, até o momento, o melhor filme dessa nova fase da DC nos cinemas. Tem uma cinematografia incrível, sabe dosar momentos de sutil humor com excelentes momentos de ação (ainda que abuse um pouco da técnica do movimento em câmera lenta nestas cenas), trabalha bem sua principal personagem, acertando a sua história de origem e não tem tanto fanservice em torno do resto do universo da DC quanto se esperaria depois de ter visto isso em Batman vs Superman e Esquadrão Suicida.

Não é um filme longo e tampouco acelerado. Dura o tempo que precisa durar. Tem um equilíbrio entre as cenas de ação e combate e as cenas de construção de roteiro. Os atos são bem divididos e os coadjuvantes ajudam a tornar a protagonista a estrela da casa. Vai ser muito difícil daqui em diante imaginar uma Mulher Maravilha que não seja interpretada pela belíssima Gal Gadot, da mesma forma que não tem como imaginar um Tony Stark que não seja Robert Downey Jr.

Quem até hoje não assistiu nenhum filme dessa nova fase da DC não precisa se preocupar, pode ir ver sem medo Mulher Maravilha. É realmente um filme independente dos demais filmes do Universo DC nos cinemas. Nem sequer há uma chamada para o filme da Liga da Justiça, que já chega agora em novembro.

Nesse sentido o filme da Mulher Maravilha também me lembrou um pouco o primeiro filme do Capitão América nessa atual fase da Marvel dos cinemas. De todos, esse primeiro filme do Capitão é o mais fechado em si, sem depender demais do que viria a ser a franquia Vingadores, que depois afetou as continuações de seus filmes solos.

Acho que colocar um super herói bacana em um filme de época parece ser uma boa fórmula. Porém se tiver que escolher (não precisaria), diria que gostei bem mais do filme da Mulher Maravilha do que o primeiro Capitão América. E apesar dessa semelhança (ambos são filmes de guerra), acho que Mulher Maravilha conseguiu uma identidade própria.

É um filme que vai te deixar animado por novas e maiores histórias com Diana de Themyscira. A personagem retorna em Liga da Justiça, mas espero que o sucesso desse filme solo seja o suficiente para uma sequência de seu filme solo, talvez em mais alguma nova história do passado da Diana. Com toda a mitologia grega que existe em torno da personagem, imagino que haja arcos e vilões bem legais nos quadrinhos que dariam uma ótima trama para uma sequência. Isso me faria ir aos cinemas conferir Mulher Maravilha 2. Com certeza!

Ótimo filme de origem, sem ser maçante
Cenas de combate e ação são empolgantes
Há leve exagero no uso de CGs e câmera lenta
Gal Gadot é uma excelente Mulher Maravilha
Elenco de apoio funciona bem
Genial a trama se passar durante a Primeira Guerra Mundial

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