Coração de Aço | Leitura Concluída! (Opinião)

Não parece tanto tempo assim, mas foi em janeiro desse ano que escrevi a indicação de Coração de Aço aqui no site. Lá dei a premissa do livro e minhas primeiras impressões, dizendo o quanto estava impressionado e adorando a forma como o livro se apresenta e inicia sua trama. — E para não ser necessário repassar por tudo isso novamente convido a todos que perderam a clicar neste link. Meses se passaram e tal como faço com todos os livros que leio em sistema de revezamento, até enfim terminar um por um, finalmente eis que cheguei ao fim de Coração de Aço.

Verdade seja dita, furei a fila de alguns outros que estão na prateleira para terminá-lo ao final de outubro, sabendo que este mês de novembro estaria sendo lançado o segundo livra da série: Tormenta de Fogo.

Achei que não conseguiria terminar a tempo, mas eis que me surpreendi sendo sugado pelo livro e maratonando sua última parte inteira em um único final de semana, sem sequer conseguir tirar os olhos de suas páginas enquanto não descobrisse o que aconteceria com todos estes personagens tão incríveis. E cá estou para dar minhas derradeiras impressões.

Opinando sem spoiler

Antes do alerta de spoilers, acredito que posso adiantar e dizer que gostei do livro. Não tanto quanto inicialmente achei que iria gostar. Tive alguns problemas com alguns pontos da trama do meio para o final que não tiram os méritos e valor da criatividade da história, mas achei que a enfraquece um pouquinho.

E assim, não estou jogando a culpa na capacidade do autor e sim a própria temática de super poderes. É difícil, talvez impossível, fugir de certos clichês ou usar saídas de certas situações que realmente surpreenda o espectador. Normalmente se consegue imaginar os caminhos pelo qual pontos da trama acaba levando a história.

Lembro de dizer lá no texto anterior que Coração de Aço provavelmente seria um dos meus livros prediletos descobertos em 2016, e ainda mantenho isso. Entretanto já não acho que o livro se mantém na altura e genialidade de Guerra do Velho, que em minhas impressões finais dei nota 10. Coração de Aço ficará como um título nota 8. O livro começa incrivelmente inteligente e sagaz, mas conforme a trama vai crescendo e precisando de alguns desfechos há uma perda no fator do inesperado. Chega ao ponto que no fim parte de alguns segredos da história já haviam sido conjecturados pelo protagonista lá no começo da obra. Não conseguiu me surpreender como queria que ter sido.

Ainda indico totalmente a obra. Coração de Aço é um livro muito diferente, empolgante e tem uma leitura muito gostosa, do tipo em que você se pega lendo e não consegue mais parar enquanto certa situação não conseguir ser concluída. E Brandon Sanderson faz ótimos ganchos entre capítulos na qual você acaba querendo xingá-lo, pois torna-se impossível não querer continuar lendo.

A pontinha de decepção que tive ao final do livro não diminui em nada a minha vontade de iniciar Tormenta de Fogo assim que publicar estas impressões finais do primeiro livro. Apesar da execução final ter deixado a desejar, o universo que Branderson criou é incrivelmente fabuloso. Quero mais, pode apostar!

Comentando a respeito do final…

E agora sim o merecido alerta de tomar spoiler se continuar o texto abaixo. Continue se terminou de ler o livro, caso contrário pare por aqui e vá ler (ou comprar) Coração de Aço. Já!

Bem, vamos lá. Uma das coisas que me incomodou lá no meio da trama e me preocupou em como o autor utilizaria tal ferramenta foram os tensores, que é um recurso que não estava tão presente no começo do livro.

A partir de um ponto os tensores passam a ter muito valor narrativo. É um acessório de conveniência. Tudo acaba sendo resolvido por conta deles. E até que estava tudo bem, até o ponto em que comecei a suspeitar que eles seriam mais do que aparentavam ser. E no fim isso se provou real.

O fato é que havia gostado muito, mas muito mesmo, da ideia inicial do livro, de que os Executores seriam um grupo de humanos comuns tentando combater e lidar com os super humanos conhecidos como Épicos.

Só que no fim todos os aparatos e o segredo que do grupo meio que me fez perde esse brilho inicial que estava tendo pela iniciativa rebelde. Acabei ficando meio chateado com isso.

Até porque David continua sendo um personagem incrível! Ele faz tudo que faz no livro sendo apenas um humano. É genial diversas partes onde ele tem que improvisar uma saída para um problema. Ainda que me incomode muito a forma como ele lida com o Sombra da Noite nas diversas passagens do livro.

Lembro que comentei no texto anterior como havia gostado do fato dos Épicos serem realmente ameaçadores e não vilões clichês e bocós como são alguns nos quadrinhos. Pois é, e Sombra da Noite é um Épico que me fez soar o alerta de bocó a todo o momento. Em particular na primeira cena em que ele aparece, quando o grupo está comprando armas. Todo mundo agachadinho no canto escuro, atrás de caixas e o cara que tem domínio sobre sombras e escuridão não consegue perceber que tem gente escondida no maldito canto escuro?! Não, não!

Não é algo tão ruim quanto posso estar fazendo soar, mas foi um momento muito específico que me tirou da imersão do livro e justamente em um momento em que não queria que isso tivesse acontecido. E depois disso, nas demais aparições do Sombra da Noite, sempre me via em mente o fator bocó. Fugir de uma lanterninha e ainda voltou a perder alguém nas sombras. Mereceu o desfecho que teve no final das contas.

Felizmente no geral Sombra da Noite foi o único épico que conseguiu causar essa impressão. Todos os outros épicos se comportaram como esperava, inclusive o segredo em relação ao Tormenta de Fogo me veio em mente quase que simultaneamente ao David, e achei muito legal como o autor conseguiu dar o clique entre leitor e personagem de uma forma que aparenta ser única, como se estivesse em sintonia aos pensamentos de David.

O personagem Coração de Aço também me agradou ao fim de tudo. Porém também não consegui pensar de deixar em pequenas críticas a seu respeito. Primeiro que gostaria de o ter visto falar mais, aparecer mais vezes. Ficou sendo o oponente supremo do livro, mas sem presença literal. É difícil um roteiro conseguir esse tipo de elemento, porém esperava mesmo ver um pouco mais dele no fim. Quem será que ele foi antes de ganhar seus poderes? Sem contar que achei muito galhofa a ideia do vilão dar notícias falsas sobre o quanto ele era malvado. Realmente precisava fazer isso? Não bastava ser apenas… mais malvado?

Tudo bem que a trama dá uma justificativa consistente para Coração de Aço fazer o que fez. A parada da paranoia e tal. Porém fiquei imaginando aquele baita ser em uma rede, com preguiça de destruir algo e dizendo “ah, manda alguém dizer que fiz e ponto”. Custava ir e fazer?

O segredo de sua fraqueza por sinal foi algo muito bem pensado. Eu não consegui chegar a tal conclusão. Mas achei cafona a forma como o autor encontrou para fazer o David vencê-lo. Não que houvessem muitas outras alternativas, sei lá. Não poderia ter ele mesmo superado o medo ao descobrir o segredo? Ou o Prof.? Seria piegas demais se isso acontecesse?

Ah e lembra que mencionei a conveniência dos aparatos dos Executores alguns parágrafos acima? Então nesse sentido o Prof. também me incomodou no fim. Eu queria muito que ele apenas fosse muito habilidoso com os tensores. Só isso. Tal como David estava quase sendo. Sem falar que a cena final em que Coração de Aço o pega e faz de gato e sapato, desejei que o status do Prof. não tivesse se alterado. Mais uma daquelas de poderes convenientes em momentos convenientes.

Acabei me pegando pensando sobre Guerra do Velho nestes momentos finais de Coração de Aço ambos livros da atual literatura de ficção para jovens adultos – e em como na obra do John Scalzi o mesmo cria um monte de personagens que o leitor acaba se apegando e de repente: está todo mundo morto! E você dá valor aqueles momentos com estes personagens, ao universo que o autor está ali criando e a epopeia que está sendo escrita. Aqui, em Coração de Aço, o peso da morte é muito, mas muito fraco, para não dizer quase que inexistente.

Em diversos momentos me peguei pensando em como, no final do livro, a obra ficou ressonando em minha cabeça como um Harry Potter, especialmente em relação aos primeiros livros do bruxo de Hogwarts. Ambos possuem universo incrível só que nada ainda realmente de explodir a cabeça vai acontecer. Dá para sentir que a trama vai segurar estes momentos grandiosos para outros livros. Coração de Aço acaba sendo um livro mais jovem do que, não querendo comparar mas já comparando, o próprio Guerra do Velho é ao mesmo tempo que também não é.

Vale ou não vale?

Mesmo com estes pequenos incômodos, ainda recomendo Coração de Aço. Simplesmente porque me diverti muito com o livro. Há muitos momentos incríveis dentro da história, mesmo que algumas amarras sejam facras. Foi um livro pipoca pra mim, mas muito acima da média do gênero.

Como disse, é criativo e original. E todo o início é genial. É somente na última parte que rolam os tropeços comentados acima. E talvez sejam tropeços que somente eu tenha me incomodado (por isso é importante que você dê também a sua opinião).

E são problemas de cena e pontos muito específicos, o que não desmerece o universo proposto pela obra, que ainda é algo fantástico e que daria um ótimo seriado na televisão com a mais absoluta certas. Sei que há um projeto de filme, mas que está meio enrolado para sair do papel. E um filme é legal, mas eu queria o conceito desse universo expandido em um seriado, com novos personagens, novas histórias.

Um último ponto, e agora positivo, o segundo grande segredo do livro, o de porque somente vilões existem nesse contexto criado é genial. Eu achei uma sacada perfeita para justificar o do porque Épicos serem todos vilões. O que cria um problema que não dá para ser resolvido facilmente. E não cria brecha para tornar mais fácil a vida dos Executores nos próximos livros.

Vale ler Coração de Aço? Com certeza!

Onde comprar? Recomendo olhar o preço em três sites que sempre tem os melhores preços para livros: Amazon BR, Submarino e Saraiva! — Fica a dica. — E agora é correr para Tormenta de Fogo!

 

Universo instigante e interessante - 9
Ótima trama para tema de pessoas com super poderes - 8
Boa narrativa, leitura fluida e viciante - 8.5
Excelente protagonista - 9
Inúmeros momentos de tensão e ação que prende o leitor - 8
Esbarra em clichês e pontos fracos do gênero super poderes - 7

8.3

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Um Comentário

  1. Olha, não sei se você já leu The Boys do Garth Ennis, mas enquanto lia algumas das suas impressões, eu só consegui pensar nessa HQ – Que por sinal é fantástica!!

    Eu realmente estava bem curioso quanto a esse livro, mas confesso que os pontos que o desagradou também me incomoda riam. Lidar com essa temática de super heróis sem cair em cliches bobos é uma tarefa difícil, hehehe

    Talvez um dia eu compre os dois livros em uma promoção!!

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