Dark Souls: O Suspiro de Andolus | Morte amaldiçoada! (Impressões)

Lançado originalmente em 2016, Dark Souls: O Suspiro de Andolus, chegou ao Brasil ano passado pela Editora Pixel e, desde então, encontra-se à venda nas principais livrarias e lojas online (como a Amazon). A publicação é baseada no universo da famosa franquia de videogame do estúdio japonês FromSoftware, distribuído globalmente nos consoles pela Bandai Namco.

A graphic novel foi publicada nos Estados Unidos pela Titan Comics, que atualmente tem sido responsável por muitos títulos baseados em séries de videogames. Só para citar algumas de suas recentes publicações, dá para mencionar as de Assassin’s Creed Origins, Bloodborne, Sea of Thieves, Quake Champions e Dishonored. Todas estas ainda inéditas no Brasil.

Aqui no Brasil as editoras de quadrinhos tem testado muitas coisas – ora com sucesso, ora com expectativas não alcançadas, mas faz parte esse processo de tentativas, acertos e erros. Sendo assim, quadrinhos baseado em videogames é um destes segmentos que recebido atenções nos últimos anos. A julgar pela fato de que as editora continuam publicados novas obras desse gênero é imaginar que algo funciona nestas obras. Para sorte dos fãs e colecionadores destas produções.

Claro que o que tem contribuído bastante para essa mudança tem sido o formato de venda de tais publicações. Onde cada vez mais estas edições tem espaços de vendas em livrarias e lojas online. Uma evolução importante em decorrência da falência dos modelos da venda em bancas de jornal. Algo aliás que gostaria muito de discutir em outro momento oportuno.

E por isso ainda é totalmente válido comentar e escrever a respeito de uma edição lançada ano passado. Especialmente se for pensar que no próximo mês, mais precisamente em 25 de maio, será lançado Dark Souls Remastered, o jogo que dá o pontapé inicial da franquia, para os atuais consoles da geração.

O despertar de uma guerreira amaldiçoada

A graphic novel, O Suspiro de Andolus, que conta com roteiro de George Mann e arte de Alan Quah, narra a aventura de uma guerreira, chamada Fira, renascida pela maldição que muitos humanos vivem no mundo de Dark Souls. Morta, mas ainda em pé no mundo dos vivos, Fira precisa encontrar seu propósito, enquanto ainda retém parte das memórias de quem foi quando ainda viva.

Explicar as regras do universo de Dark Souls não é fácil. Nem mesmo os games o fazem de forma explícita, deixando muita coisa de livre interpretação para os jogadores. Fala da Era do Fogo contra a Era da Escuridão. De uma doença que assola a Terra, onde humanos uma vez mortos estão agora novamente vivos, mas não literalmente vivos. Do poder do fogo, da primeira chama, de dragões místicos e do poder de por o fim a esta era e assim convocar uma Era das Trevas. Difícil, não?

Um mundo assolado por mortos que não conseguem a paz eterna, que andam por aí já sem mais suas memórias de quem foram ou o que deveriam estar fazendo. Perdidos e assombrados por tal danação. Fira despertou e ainda sabe quem é, e um adivinho, um profeta talvez, chamado Aldrich, a encontra e lhe diz conhecer meios de acabar com a maldição que assola o mundo. Fira deve encontrar e matar o dragão Andolus.

Na HQ Andolus está ligado a Primeira Chama, responsável pela região por onde se passa a história, chamada Ishra. Mate o dragão e quebre a maldição, diz o Adivinho. E assim Fira parte em uma jornada contra o tempo, se perdendo em suas memórias e descobrindo que o medo da morte não é nada perto do medo de esquecer de si mesmo.

Distante dos games

Eu consigo imaginar que essa é uma graphic novel que facilmente consegue gerar controvérsias. É uma boa história de fantasia, com uma arte fenomenal, e até mesmo repleta de momentos de combate contra seres realmente assustadores. Porém, é questionável o quanto de Dark Souls existe em suas páginas.

Ou talvez o quanto se esperaria que a HQ fosse explicar contextos que os games não explicam ou abordam indiretamente. Expandir e enriquecer tal universo. O que, infelizmente, O Suspiro de Andolus, não parece fazer.

E veja bem, admito que não sou nenhum especialista em Dark Souls, tendo jogado apenas o terceiro game da série. O caso é que a trama é sobre Fira, e não sobre o que está acontecendo ao seu redor.

Deixando isso de lado, se puder é claro, o que se encontra aqui é uma boa história. Quero dizer, nos games o jogador é o protagonista. Sem nome, sem passado, sem nada. Fira tem um passado, tem o porquê do leitor se importar. Há um senso de urgência em sua jornada. Ela corre contra a perda de quem ele é em detrimento da maldição de não poder descansar em paz.

Morrer aqui não é um problema. E ela morre, assim como o jogador morre nos games. Só que a trama trabalha com as consequências de morrer muitas vezes e do risco disso. No jogo você apenas perde almas e equipamentos e precisa refazer seus passos, é um recurso de mecânicas de jogabilidade, aqui é algo diferente. E funciona.

Claro que há o revés de que muitos elementos do game são deixados de lado aqui. Fira não coleta almas, bebe poções, ou fica trocando de equipamento. Ausência compreensiva, porém certamente sentida pelo fã da franquia. Há uma simplificação do mundo de Dark Souls, sem dúvida alguma.

Altos e baixos

Depende. Quem procura uma HQ que explique Dark Souls, não achará isso aqui. É uma graphic novel de fantasia com uma leve roupagem de Dark Souls. Divertida, sim, mas não totalmente preocupada em seguir a risco os games da FromSoftware.

Não é um prequel, ou um spin-off. É uma história original sem vínculo com qualquer outra história desse universo. O que me parece empobrecer um pouco sua proposta.

Releve isso e certamente irá se entreter com a trama. Faço elogios ao final da história. Há um revés que não vi chegando para este ato final. Existem também ao longo da história muitos inimigos enormes e legais de serem vistos. Particularmente, sempre me animo com aranhas gigantes. Entretanto o game certamente possuem inimigos mais assustadores.

Crítico os diálogos. Estes não são tão inspirados assim. Há muitas frases de feitos e diálogos clichês. Não que sejam sejam ruins, porém poderiam ser bem melhores. Ao menos muitas batalhas compensam esse defeito. E novamente, é legal seguir um guerreiro amaldiçoado no mundo de Dark Souls com uma história a ser contada.

A arte, como já mencionada, é fantástica. Em alguns casos parecem quadros mesmo, há páginas duplas e também diferentes ângulos. Um trabalho digno de elogios. A edição da Pixel também capricha na qualidade gráfica. Boa impressão, papel de qualidade.

De extras, uma galeria de capas, a biografia dos autores, mapa da região onde se passa a história e ficha dos personagens. Senti falta de uma entrevista com os autores, mas certamente esse é um conteúdo que não deve estar nem mesmo no original norte americano, caso contrário seria reproduzido aqui.

Vale ou não vale?

Dark Souls: O Suspiro de Andolus é uma daqueles edições bonitas para se ter na coleção, ainda que a HQ em si não seja super incrível. É uma edição boa para aqueles que gostam de ver quadrinhos baseados em videogames.

Trata-se de conteúdo legal para fãs de Dark Souls, mas somente se não forem ler com altas expectativas. Até porque parece um trabalho impossível superar a imersão que os games da franquia passam ao serem jogados. É muito raro uma graphic novel baseada em um videogame conseguir tal feito. Nem consigo dar um exemplo de uma que faça isso.

Leve este encadernado apenas como uma aventura. Uma boa aventura. Fira é uma personagem legal, o mundo ao seu redor é crível e sua jornada é emocionante. A trama do encadernado é conclusiva, ainda que deixe possibilidades abertas. Gosto disso.

HQ desvinculada dos games, história própria
Inspirado nos jogos, mas de forma limitada
Arte fantástica da graphic novel
Boa trama, mas nada épico
Só elogios a qualidade gráfica do encadernado

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