Conversa de Mangá: Bleach 420 – Deicide 22

Bleach: Capítulo 420 foi disponibilizado dia 16 de Setembro: “Deicide 22”.

Se você não sabe o que é o projeto Conversa de Mangá, clique aqui. Depois do “continue”, a gente conversa mais:

Aviso: Continue apenas se você já leu o capítulo 420 de Bleach. Atualmente acompanho o mangá pelo site Mangá Stream, e a qualidade da scan é absurdamente fantástica! Basta não ter medo de inglês. Mas, em todo caso, a StrawHat Scans tem a tradução em Português. 😉

Bleach 420

Deicide 22

Vou começar esta semana com Bleach, porque quem leu e acompanha Naruto já deve ter percebido a complexidade do capítulo e apesar de já ter lido três vezes, ainda não consegui formular todas as idéias que preciso para escrever sobre o capítulo. E Bleach esta semana não está de maneira alguma ruim. São rumos polêmicos e uma jogada audaciosa o que Tite Kubo está fazendo. Não é algo totalmente original no gênero shonen, mas ainda assim é algo que não vejo acontecer já faz um bom tempo. ´Será que essa fórmula ainda funciona com o público atual. Serei mais claro mais abaixo.

Primeiro, gostei acima de tudo do dinamismo do capítulo. Desta vez Kubo foi mais do que ele estava fazendo semanalmente, quando começou o flashback com o Zangellow pensei, “putz, maldito, a história para pausar e ficar uns 3 capítulos mostrando algo que já devia ter sido mostrado”. Felizmente não foi o que aconteceu e o só foram queimadas algumas páginas do capítulo semanal para explicar o que diabos aconteceu com a luta do Ichigo.

Alias existe muito debate tanto no Japão quanto pelo resto do mundo de que os mangás não fazem mais o sucesso que faziam a 10, 20 anos atrás. Que está cada dia mais difícil criar uma história que dure tantos anos e que renda piscinas de dinheiro. Bleach desta semana mostra, sem querer, o porque isso anda acontecendo. De certa forma, os mangás hoje em dia sofrem de falta de originalidade, não na história, mas nos elementos que compõem a mesma. Clichês e elementos comuns do gênero são utilizados em todo santo mangá. Não dá para ler qualquer coisa sem ter aquele Deja Vu de que “epa, eu já vi algo assim acontecer em outro mangá”, e depois de anos de mercado e leitores, é claro que perde a graça. Não é a toa que nos EUA o mercado de quadrinhos de heróis vivem mudando e criando situações mais e mais absurdas e bizarras, para tirar a mesmisse do mercado, dar idéias e novos elementos aos quadrinhos.

Voltando para Bleach, Ichigo entender que lugar contra o Zangellow não era a solução, não dá para derrotar, de uma forma filosófica, a si mesmo, e abraçou o seu inimigo interior. Onde diabos isso aconteceu ESTA ANO? Em Naruto, lá na cena da cachoeira. Não estou dizendo que Tite plajeou a idéia, estou dizendo exatamente o que eu disse acima, os mangás dependem demais das mesmas convicções, talvez seja por isso que goste tanto de One Piece, sinceramente nunca vi um mangá tão diferente como é o jeito que o Eiichiro Oda cria tanto a história quanto o universo da série. Voltando novamente ao Bleach, Ichigo não venceu Zangellow, mas aceitou seu poder, entendeu o que precisava e sua espada e hollow explicaram para ele o que ele precisava saber. Ótimo, e bom que Tite realmente segurou o jogo desse momento da história por um momento, o que demonstra planejamento, o que me soa como algo ótimo.

Enquanto isso, Aizen está realmente irreconhecível. Não sei se era proposital do autor, mas alguém conseguiu ficar pensando, “esse mosntro do capítulo é realmente Aizen?”. Não sei, talvez a transformação não tenha sido tão boa assim, pois tirou na minha opinião, um pouco da característica do personagem. Não veremos Aizen sendo derrotado, veremos essa coisa que ele virou sendo derrotado. O Aizen deste capítulo ficou me parecendo uma daquelas criaturas de Resident Evil, assustadora, mas longe daquele ser frio e calculista de antes. Mais uma vez, talvez tenha sido proposital do autor do mangá, mas eu realmente queria ver a cara e feição do “outro” Aizen e não desta criatura.

E, guardei o melhor pro final, o que todos devem estar esperando eu mencionar: O último Getsuga Tenshou é uma… transformação! Putz, primeiramente, o visual é show, bem no estilo e qualidade do Kubo ao longo destas anos de Bleach, mesmo que ele se parece pra caceta com um personagem de Final Fantasy VI (aquele que ganhou um game solo no PS2 e eu esqueci o nome, de capa vermelha e tal). E esse Ichigo 2.0 não deixa de ser outro clichê do gênero, que apontei no primeiro parágrafo. Não consegui deixar de pensar em Dragon Ball Z, quando Akira Toriyama ficava criando aquelas transformações e “upgrades” fisicas nos personagens, como o Goku, Freeza e Cell e etc. Em Bleach os vilões já tinham esse conceito de mudar suas formas, os Hollows, e até fazia sentido dentro da trama, e agora Ichigo faz exatamente o que Goku fazia, ao virar super saiyajin, mas Goku era mais discreto, mudava apenas a cor do cabelo. Nesse ponto, fiquei me recordando o Yu Yu Hakusho, quando o Yusuke Urameshi cria um visual assim, lá na última saga da obra do Yoshiriro Togashi, só no caso era cabeção e tatuagens demoníacas pelo corpo. Ichigo agora entra no rol de personagens mutantes do mundo dos mangás. Agora todo jogo de luta terá Ichigo simples e Ichigo Zangetsu.

Veja bem, não estou dizendo que isso é ruim, que não curti, ou não gostie, pelo contrário, achei o visual o máximo, apesar de que se você parar para pensar, em nada se parece com a proposta e clima do mangá, é um nível de arte e situação totalmente nova. Fora um pouco do padrão da série sim, mas ainda assim, não deixa de ser uma ótima situação climax de um shonen.

E conversando com a galera da equipe que lê Bleach, concordo de uma certa forma que Kubo fez bem ao explicar que se Ichigo usar essa forma, ele perderia seus poderes de shinigami. O que por sinal, ninguém vai acreditar, a menos que o mangá acabe depois da luta, o que também não acredito que seja o caso. Ichigo não ficará overpower pra sempre, seu poder vai dar uma decaida, mas aí eu pergunto, não veremos mais essa forma 2.0 do protagonista? E vocês não iriam ficar com raiva se isso acontecesse? Akira em Dragon Ball depois que criou os Super Saiyajins teve que criar outros vilões ainda mais fortes e insanos, isso deixou realmente a trupe secundária, como o Yancha e Kuririn lá no chinelo, sem condições de lutas justas. Esse é o destino que reserva Bleach daqui para frente? Complicado, não?

Enfim, gostei do capítulo, gostei da direção artística que o Kubo deu, e achei os rumos integrantes. Mas ainda não sei se o resultado de tanta mudança será boa para o mangá. Dragon Ball Z durou mais um pouco depois das mega transformações, mas isso foi na década de 80/90. Bleach pode se segurar se seguir o mesmo caminho? E um detalhe, eu realmente queria ter visto o Ichigo suar um pouco para derrotar Aizen, não pareceu ou está parecendo tudo fácil demais? Isso tira um pouco a graça, não? E agora eu fui incoerente, pois outro velho clichê de shonen é o protagonista apanhar que nem um condenado e no fim, quando está para jogar a toalha, ela se levanta, dá um berro como se fosse seu último suspiro e derrota o o vilão. Clichê, mas fala sério, não é o máximo quando isso acontece? Eu acho…

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