[Música] Hurts – Happiness: Synthpop de primeira no álbum de estréia dessa dupla britânica!

Hurts - Happiness

Se tem algo que eu acho super-complicado de se recomendar é música. Comentar de filmes e jogos é algo fácil, tirando uma ou outra novidade, eles sempre acabam seguindo um estilo padrão. Quer um jogo de tiro bom? Call Of Duty! Quer um filme de máfia bom? Os Bons Companheiros! Agora tente fazer isso com música, é quase impossível. Porque com a música se tem uma percepção diferente, uma pequena variação no “padrão de estilo” altera completamente o produto final. Por exemplo, aproveitando uma conversa que tive com o Fábio nos bastidores, eu gosto pra caramba do David Bowie. Mas ele é o chamado Camaleão da música, já transitou por tantos estilos que ele acaba não seguindo um padrão. Então posso gostar dele da época de Ziggy Stardust (aliás, todos deveriam ser obrigados a gostar dele nessa fase) mas não gostar da fase dele de Diamond Dogs. É algo complicado de se entender e de recomendar.

Por isso eu até cheguei a desistir da parte de Música daqui do Portallos, porque eu não saberia recomendar um cd ou um artista… Mas eis que chegou o Pedro e, na maior cara-de-pau, saiu conversando sobre música com vocês leitores de uma maneira que eu nunca consegui antes. O que me deixou com uma invejinha dele e uma vontade absurda de voltar a falar de música por aqui. Então tentarei retornar sempre pra esta sessão do site.

Pra (re)começar, hoje irei comentar uma banda nova que surgiu ainda este ano: Hurts. Para saber mais sobre os caras, continue lendo…

Hurts começou a ganhar espaço na mídia após eles aparecerem na coluna “New Band Of The Day” na versão online do jornal britânico The Guardian. Eles ficaram ainda mais famosos após ficarem em quarto lugar na enquete da emissora BBC sobre qual seria o som de 2010. Logo em seguida veio o produtor musical Arthur Baker (que já trabalhou com o New Order) e lançou um remix da música “Wonderful Life” e aí sim a banda deslanchou. Formada por Theo Hutchcraft (meu xará!) nos vocais e Adam Anderson nos demais instrumentos, a banda é quase uma homenagem à música pop dos anos 80, com seus sintetizadores e batidas eletrônicas.

Mas está enganado quem acha que a banda faz músicas alegres e dançantes. Happiness, o cd de estréia da dupla é um cd parado, com poucas músicas animadas mas com várias músicas simples, melancólicas e com letras profundas. Chega até a ser estranho ouvir a sombria “Wonderful Life” e algumas faixas depois ouvir a animada “Better Than Love”. Mas não é nada que comprometa a qualidade geral do cd. Aliás, os caras já estão com tanta moral no mercado que já de cara, conseguiram gravar uma música com a veterana Kylie Minogue, a belíssima “Devotion”. Eles também irão abrir os shows da banda Scissor Sisters na turnê britânica no final deste ano.

Happiness, o cd de estréia da banda, foi lançado em Setembro deste ano e possui 11 músicas mais uma hidden track. Vou fazer uma pequena análise faixa-a-faixa dele aqui, começando com:

1 – Silver Lining

Pra mim, uma das melhores músicas do cd. Apesar da melodia pesada e da letra extremamente romântica (E eu não te deixarei afogar, mesmo se as águas se puxarem eu continuarei lutando…) achei estranha a escolha de colocá-la como a faixa de abertura do cd. Mas até consigo entender o porque da escolha, ela possui um clima bem sombrio que predomina durante todo o álbum.

2 – Wonderful Life

A música mais famosa da banda e que a colocou no mapa. “Wonderful Life” parece ter saído diretamente dos anos 80, com sua batida eletrônica e sua letra que trata de um tema polêmico, o suicídio (Não se deixe ir, nunca desista, é uma vida tão maravilhosa). Foi com essa música que eu conheci – e me apaixonei – pelo som da banda. Uma música fantástica! O remix do Arthur Baker, tira totalmente o tom sombrio dela, mas não deixa de ser uma boa música também.

3 – Blood, Tears & Gold

Outra das minhas favoritas e um dos melhores vocais do Theo Hutchcraft neste álbum. Tem um refrão simples e contagiante. Tem tudo pra ser o próximo single da banda, ainda mais com a letra tratando de desilusão amorosa e o fim de um relacionamento (O amor esfria, sangue, lágrimas e ouro não vão melhorá-lo em nada).

4 – Sunday

Mais uma balada e outra desilusão amorosa (Noites sem amor, elas parecem tão longas. Eu sei que eu vou te abraçar um dia, mas até você voltar onde você pertence é apenas mais um domingo solitário). Mas essa tem um ritmo mais cativante e, se não fosse o refrão sendo repetido várias vezes, poderia ser uma das melhores do álbum. Gosto bastante da letra dela, bem melancólica.

5 – Stay

Outra balada e outra desilusão amorosa! Não é de se estranhar que a banda seja uma homenagem as bandas de synth-pop dos anos 80, desilusões amorosas também eram temáticas recorrentes nas músicas dessa época. Outro belo trabalho do Theo com o vocal, é uma música bem emocionante (Você diz adeus na chuva e eu fico em pedaços enquanto você vai embora.) e tem uma batida bem legal.

6 – Illuminated

Outra balada da banda, mas essa é ainda mais calma do que o normal. Não possui uma batida eletrônica tão forte e a música parece se apoiar mais no vocal do que no ritmo. Uma música meio estranha e fica pior com a letra mais reflexiva (Repentinamente meus olhos estão abertos e tudo entra em foco. Nós estamos todos iluminados, luzes estão brilhando em nossas faces cegando-nos) do que o normal da banda.

7 – Evelyn

Uma música remanescente da ex-banda da dupla, Daggers. Uma música bem poderosa, com um belo vocal e um ritmo contagiante. Não gostava muito dela nas primeiras vezes que ouvi o disco, mas agora (de tanto ouvir) é uma das minhas favoritas também.

8 – Better Than Love

O ponto alto do álbum. É impossível ouvir essa música sem bater os pés no ritmo ou sair dançando de repente! Tem uma batida contagiante do início até o fim da música. Simplismente deliciosa! Não estranharei se um dia ouvir essa música tocando em alguma rádio ou até em alguma boate.

9 – Devotion

Com participação da fantástica Kylie Minogue é outra música que destoa do restante do álbum. É uma ótima música, mas ela parece não se encaixar direito dentro da proposta desse cd. Uma pena que a Kylie tenha participado apenas desta música, adoraria ouvi-la cantando uma música mais expressiva, achei um desperdício de talento.

10 – Unspoken

Com esta faixa já podemos perceber que o álbum está chegando ao fim. Já perceberam que em todo cd de música as baladas mais chatinhas vão ficando pro final? Unspoken, assim como Illuminated, parece se apoiar mais no vocal do que em qualquer outra coisa. Mas é uma bela música exatamente por isso, a voz do Theo Hutchcraft é uma sinfonia para os ouvidos.

11 – Water

Aí uma música típica de encerramento de cd. Completamente insossa, com letras chatas e um vocal mais chato ainda. Até tomei um susto quando ouvi essa faixa pela primeira vez, não parece em nada com o estilo da banda. Se não fosse o vocal do Theo eu acharia que tinham errado na prensagem do cd e incluíram uma música de outra banda. Ela ainda possui uma faixa bônus chamada Verona, que é tão chata quanto.

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