Duke Nukem Forever: Amá-lo? Odiá-lo? Quem sabe os dois ao mesmo tempo? [Impressões] [PS3/X360/PC]

Foram mais de 14 anos até que o cara mais durão, machista e cheio e testosterona que se tem notícia no mundo dos games voltasse a dar o ar de sua graça. A cada mudança na produção, a cada novo detalhe revelado, a cada trailer nos lembrando os velhos tempos, o hype aumentava descontroladamente. Mas e então? Valeu a pena esperar firmemente por todos esses anos para voltarmos a explodir cabeças de aliens enquanto bebemos cerveja? Cliquem no continue para conversarmos mais sobre isso.

Ah, bons tempos em que o Nintendo 64 no meu quarto me apresentava um dos primórdios do shooter com um game que não era nada bonito para os padrões gráficos de hoje, mas que tinha um charme e tanto e pulsava vida a cada detalhe do cenário destruído, pedaços de alienígenas voando ou comentários ácidos de Duke. O único, o escolhido, o salvador da Terra na luta contra os aliens. Mas… e de lá pra cá, o que mudou?

Do puro anonimato à última esperança da nação!

Pois é, em Duke Nukem Forever, Duke já está nadando em dinheiro, é escoltado por soldados do governo, tem duas ninfetinhas dando mole na sala de estar e mais uma horda de calcinhas ambulantes querendo agarrá-lo do lado de fora da sua mansão. Mas isso não é tudo, agora ele é herói da nação e admirado por todos ao seu redor. E como rapaz extremamente requisitado que ele é agora, Duke se prepara para participar de um talk show sobre sua vida, porém a paz do seu mundo ideal dura pouco e antes que ele pudesse contar histórias sobre como é divertido decepar monstrengos, os alienígenas voltam mais uma vez à Terra para escravizar os homens e aproveitar o que temos de melhor no nosso planeta: as mulheres.

Mas vocês acham mesmo que Duke Nukem é homem de deixar a nossa maior riqueza ser levada pelos extraterrestres sem luta? É claro que não, e já que armas não resolvem, o jeito é entregarmos novamente todas as nossas esperanças nas mãos desse único homem. A propósito, será que o Duke vai dominar o mundo depois disso? Medo.

Duke e a era da alta definição!

Quando Duke Nukem Forever foi anunciado estávamos longe dos gráficos que temos hoje, mas com o decorrer do tempo a coisa foi melhorando, principalmente pelo fato da 3D Realms sempre dar um jeitinho de trocar a engine do game com o passar dos anos. Só que a coisa virou uma bola de neve e o resto é a história que todos já conhecemos e que trouxe o gama até os dias hoje pelas mãos da Gearbox Software, que mesmo pegando o projeto em estágio bem avançado de sua produção também adiou o lançamento do mesmo por diversas vezes alegando sempre que o tratamento gráfico do jogo continuava em fase de polimento no intuito de entregar o melhor aos fãs.

E o resultado final? Bem, eu não sei como ficou a versão dos PC’s, mas particularmente não vi muita beleza na versão dos consoles. Se logo na abertura você se empolga com as CGI’s de Duke fazendo uma nostálgica apresentação, na hora que o gameplay começa você se desaponta amargamente e fica se perguntando o que diabos a Gearbox andou polindo tanto, pois a qualidade gráfica do produto final não confere com tudo o que foi prometido.

No quesito cenário por exemplo ainda é possível relevar a situação, mas infelizmente o mesmo não pode ser feito quando olhamos atentamente a textura e o contorno gráfico dos personagens secundários ou mesmo os inimigos. Com exceção de algumas mulheres seminuas se debruçando na tela e nos poupando de ver sua cara ou uns peitinhos aqui e acolá, ter que olhar para a rosto de cada figura que aparece no jogo (principalmente as fãs histéricas tentando transmitir alguma emoção através da pobreza de expressões faciais) é de uma tristeza sem tamanho e podem dizer que eu estou exagerando, mas foi impossível não comparar a qualidade gráfica com jogos de PlayStation 2.

Ou seja, das duas uma: ou a versão de PC é melhor visualmente falando e sofreu um port porcalhão para os consoles ou simplesmente a Gearbox deveria ter ficado mais uns 2 anos polindo o game pra vermos se ele saia mais bonitinho numa tela HD. Mas enfim, esperamos por 14 anos, certo? Deve haver algo de bom em meio a gráficos nem tão deslumbrantes assim, certo? Deixa eu ver… que tal a jogabilidade?

Loadings cansativos, alguém sentiu saudade deles?

Jogos que te fazem perder minutos de jogatina preciosa com telas de incessante carregamento são definitivamente algo com o qual uma produtora deva se preocupar, não? Não para Gearbox, pois a cada capítulo de uma fase em que você está, o game pára para carregar enquanto lhe dá dicas inúteis sobre coisas que você vai aprender cedo ou ou tarde durante os percauços do gameplay. Um problemão né? Nem tanto, pois nada disso seria ruim se as insistentes telas de carregamento se resumissem apenas a isso, coisa que não acontece. E por que? Porque esperar que o jogo carregue o próximo nível não é nada se comparado a dor de ter que aguardar a mesma tela de carregamento sumir a cada vez que você morre.

Eu realmente não sei ao certo, pois não tive paciência para contar, mas acredito que não seja exagero dizer que a cada morte de Duke você perde pelo menos 40 segundos frente a tela que ao menos mostra sempre uma imagem diferente com base no local onde o jogador se encontra. Claro que 40 segundos não são nada, mas se você somar o total do tempo perdido contando todas as vezes em que você leva chumbo na lente dos óculos, certamente você vai constatar que perdeu 1 hora jogando e 30 minutos esperando o game recarregar cada evento. Nem mesmo instalando o game no HD no intuito de poupar o leitor dá resultado.

Mas somente esperar tempo demais para voltar a ação não é o bastante, o pacote de pequenos defeitos grandiosamente irritantes de Duke Nukem ainda inclue quedas feias na taxa de framerate quando muitos elementos, tanto terrestres quanto voadores resolvem se confundir com a paisagem do local e o show de luzes em meio aos tiroteios. No fim das contas, mais uma vez a impressão que fica é a de Duke Nukem Forever deveria ter esperado mais uns 2 anos no armário antes de ver a luz do sol nascer.

Armas não matam, Duke mata!

Muito bem, agora vamos esquecer os gráficos que deixam a desejar e os loadings irritantes para falarmos do que ficou bom em Duke Nukem Forever. A jogabilidade traz de volta tudo ou quase tudo o que cansamos de ver nos game mais antigos. O personagem continua entrando sem muita dificuldade em lugares onde só um anão caberia deitado. Também temos acessórios inusitados que vão de pequenos a médios objetos, alguns sendo destrutiveis enquanto outros oferecem possibilidades de interação com os mesmos, já que muito do que você vai encontrar pode ser lançado contra os inimigos ou ser usado para inflar ainda mais o ego do protagonista.

Apreciar sua própria beleza num espelho, brincar de PAF PAF como já dizia o velho mestre Kame ou simplesmente desmoralizar seus inimigos com estilo já é mais do que suficiente para que sua barra de ego seja incrementada. Mas você também pode tentar esperar o Duke mijar todo o liquido presente em seu corpo ou atirar granadas revestidas de cocô nos arruaceiros que deve obter o mesmo resultado.

Já as verdadeiras armas de Duke são os seus inseparáveis armamentos malucos, geralmente fornecidos pelos aliens derrubados a cada embate. Evidente que também temos armas mais humanas, por assim dizer, mas quando você está cercado de inimigos inconvenientes, o ideal é atirar raios em vez de balas e não perder muito tempo no mesmo lugar. Mesmo a dificuldade média oferece alguns momentos de aperto onde você deve criar estratégias, por menores que sejam para poder derrubar toda a trupe alienígena.

Fora as armas, Duke ainda conta com um óculos especial para ver no escuro e sacanear os inimigos em ambientes com péssima iluminação. Já para aguentar a jornada e estar em forma para o que der e vier, temos cerveja e esteróides a vontade para aumentar a força física e diminuir ainda mais a sanidade do personagem. Aliás, esqueçam a recomendação do seu médico e os casos horríveis de gente morrendo por fazer uso disso na TV. Olhando Duke usá-los sem a menor cerimônia, você descobre que eles são muito úteis quando o jogador se dá conta de que gastou toda a sua munição e de que ainda restam 5 carniceiros bombados pra você treinar os punhos ao melhor estilo Rock Balboa.

Quer ser como Duke Nukem? Já aviso que não é fácil!

Sim meus senhores, não é fácil aguardar pelos 14 anos de desenvolvimento do eu show e ainda assim chegar devendo em alguns quesitos técnicos na hora de apresentar o espetáculo, mas fora isso, Duke ainda precisa rebolar durante as mais diversas situações que tentam cortar um pouco o clima de shooter do game. Você pode passar por uma sala cheia de inimigos irritantes e quase morrer tentando dar cabo de todos eles, mas como recompensa uma máquina de pinball super personalizada estará a sua espera para que você esfrie os ânimos.

Não é o suficiente? Tudo bem, experiências mais malucas como raios nocivos a grandalhões encolhendo você e te convidando a uma corrida pelo carpete da casa, um elevador em queda esperando um super homem salvar a mocinha que está lá dentro ou a simples visão do inferno que é encarar um alien gigante de três seios ainda mais gigantes podem animar um pouco a mesmice de ficar atirando nos inimigos ou irritar um pouco todos aqueles que só compraram o game por conta disso. O fato é que a ambientação é bem variada dentro das possibilidades que o game oferece e isso coloca o protagonista em diversas situações nada comuns e muitas vezes desvantajosas frente aos oponentes, mas também bem agradáveis quando você encontra fêmeas tão sem noção quanto o próprio Duke Nukem.

Finalizando

Duke Nukem continua sendo um game divertido, não posso afirmar se ele faz jus a tudo o que foi no passado ou se ficou devendo algo em relação a suas edições anteriores, a minha esperiência com o game se limita a poucas lembranças no Nintendo 64. No que diz respeito a história, trocadilhos e palavrões ao vento, comoções de aliens nada fáceis de se derrubar e toda personalidade do protagonista dando vida aos lugares mais inóspitos que podem existir, simplesmente não há do que reclamar.

O que deixa Duke Nukem Forever difícil  de engolir é saber que todo o trabalho de polimento do qual a Gearbox tanto falou simplesmente não existe nos consoles. Não estou sendo nenhum fã xiita querendo gráficos de PC num XBOX 360, mas que poderia ter sido melhor, ah sim, poderia sim. Mas o que exatamente aconteceu? Só Deus, os produtores e talvez o Diabo saibam. E quanto aos inesquecíveis loadings? Sem mais comentários, se você achar que a volta do rei vale o investimento, vá fundo. Não é um sentimento de profundo aborrecimento o que você vai sentir, será apenas a sensação de algo inacabado, já que 14 anos parecem ter sido pouco para entregar um game completo e livre de problemas comuns da geração passada. Paciência.

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