Planeta dos Macacos: A Origem – Eu fui! [Cinema]

Planeta dos Macacos: A Origem é um reboot da franquia nos cinemas dirigido por Rupert Wyatt e distribuído por 20th Century Fox.

E de tudo que foi feito, fiquei extremamente desapontado, cena à cena, mas sempre com alguma esperança de que algo aconteceria para melhorar a produção cinematográfica. E melhorou?

Entre 1968 e 1973, os cinco filmes do Planeta dos Macacos conquistaram os críticos, receberam elogios, prêmios e apreciações de grande destaque e também foram considerados clássicos.

Um reboot é bem merecido tendo em conta a própria tecnologia atual que permite macacos inteligentes infinitamente mais reais. Então, continuo me perguntando após dias desde que saí daquela sala do cinema: o que deu errado? Continue lendo que vamos analisar e tentar descobrir.

Antes de mais, Rise of the Planet of the Apes havia transmitido uma firme confiança de que o filme seria relativamente incrível e quem já teve a oportunidade de assistir o trailer, sabe do que estou escrevendo. Porém, foram 105 minutos bem instáveis, desperdiçados muitas vezes e com falta de incentivo.

O filme de 2011 aborda a história de uma ângulo diferente. É baseado de fato no livro La Planète des singes de 1963 do escritor francês Pierre Boulle – convém fazer essa introdução teórica – embora seja fortemente alternativo. O reboot começa parecendo uma produção muito simples, típico filme de fim de tarde, meio enjoado, mantém o ambiente e só mais tarde apresenta cenas suficientemente interessantes e dignas.

Não sei qual era a intenção de Rupert Wyatt durante a produção. Se o plano era apresentar uma história com cenas fortes e impressionantes, algum fator desviou o resultado do objetivo. Verdade seja dita, o melhor motivo pelo qual posso sugerir o filme se prende quase exclusivamente aos efeitos especiais de construção e expressão facial dos macacos – nisso acertaram em cheio!

Assim que acabou o filme, decidi não fazer uma análise muito extensa, afinal pouco resta a dizer. Esteve entre o mediano e o fraco, teve os seus bons momentos. A introdução do Alzheimer reduziu a distância entre a geração original da história e a nossa – deve ter sido a ponte que permitiu o filme ser um pouco mais contemporâneo. Mas por outro lado, a cura do Alzheimer não era tão necessária, nem tão relevante.

Na versão original de anos atrás, astronautas aterram num planeta após viajar à velocidade muito próxima da velocidade da luz. E encontram um planeta dominado por chimpanzés que mais tarde descobrem ser as ruínas da civilização humana. Na obra escrita, a história é ainda melhor. O fim explica o início e entre esses extremos há uma ficção bastante inteligente. Porém, não vou perder tempo explicando a obra, ela tem fortes semelhanças com o filme de 1968.

O que falhou no reboot de 2011? Estabeleceram uma atmosfera muito artificial e fria, o calor humano e as emoções não pareceram tão reais quanto era pretendido. Não consegui identificar se o problema foi do elenco ou da direção, então inferi que a culpa foi um pouco de cada parte. As sequências seguiram uma organização acelerada e cortada. Enquanto César crescia, algumas cenas eram agradáveis de assistir, principalmente aquelas em que César se expressava e demonstrava inteligência. Aliás, há uma boa dose de expressões faciais inesquecíveis – volto a destacar.

O apego emocional que aparenta ter sido uma importante ideia, se tornou uma realidade incapaz de atingir o público pelo que a reação foi simplesmente moderada. Sim, estou escrevendo sobre a penalização de César. A partir desse momento de virada, as cenas começam a oferecer mais qualidade e a resposta da audiência sofre alguma alteração – sem dúvida, melhoria. Harry Potter sendo recente, Tom Felton pareceu meio fora de contexto no filme. Era outro personagem mas agia com muita semelhança ao Draco Malfoy – e dessa vez morreu ao invés de ganhar um abraço e fugir.

Esquecendo que os personagens são primatas, podemos dizer que o filme recria um ambiente de prisão e de injustiça social da condição “humana”. Isso, claro, não desprezando o trabalho (árduo?) que tiveram para identificar os primatas como seres humanos, uma metáfora de ficção científica. Em seguida, a fuga de César, a crescente liderança e agressividade dele, a inteligência aplicada pelo composto e a formação do grupo de revolta; tudo deixou a história fluir mas sem genialidade. E essa falta de genialidade é um dos fatores principais que distanciaram esse reboot do original.

A melhor parte de todas demorou para acontecer, opinião pessoal. Nada superou a tomada do poder dos primatas através da destruição e do domínio estratégico. Entretanto, a fórmula escolhida para justificar a tomada do poder foi relativamente cliché. Certamente, muitos devem ter identificado a evocação da superação de obstáculos como um tema central. Após tortura, o primata inteligente se revela um líder, cresce sozinho. Se torna mais forte.

Entretanto,  a história de superação é só isso, uma história de superação. E por fim, o reencontro de César e Will produziu um efeito inesperado no desfecho – a fala de César funcionou bem, foi marcante. Infelizmente, isso não compensou pelas outras falhas do filme.

Concordo em dizer que Rise of the Planet of the Apes não divulgou muita esperança para uma nova série de filmes/sequências. Se discordam, argumentem nos comentários.

Claro, eles podem refazer a história original no último filme, deixando esse primeiro um pouco esquecido e o transformando numa analepse que venha a nos deixar familiarizados com o início do extermínio da civilização humana e o domínio dos primatas (embora não tenham justificado o fim da civilização humana com aquela pequena revolta de primatas porque os primatas acabam por se refugiarem naquele parque natural, longe de mais conflitos, se acalmam lá). Veremos no futuro.

Apesar de não ter gostado do reboot, tenho lido e ouvido muitos a elogiarem a produção. Acredito que seja uma questão de opinião. E se não tivesse reunido alguma expectativa, o filme teria sido um pouco melhor. Ainda assim, o maior defeito foi terem desperdiçados o potêncial logo no início do reboot.

Ficha Técnica

Título Original: Rise of the Planet of the Apes
Realizador/Diretor:
Rupert Wyatt

Produtor:
Peter Chernin, Dylan Clark, Rick Jaffa, Amanda Silver
Baseado em:
La Planète des Singes de Pierre B.
Gênero:
Ficção Científica
Elenco:
James Franco, Freida Pinto, John Lithgow, Brian Cox, Tom Felton, Andy Serkis

Estreia nacional:
26/08/2011
Duração:
105 minutos

 

[Atualização] Quando fui ao cinema, tinha a perfeita noção de qual era a proposta do filme. Seria um recomeço, a mesma história contada mais uma vez. E eu acho genial a história mas fiquei inteiramente insatisfeito com a produção. Não gostei da atuação dos atores, os efeitos especiais deixaram transparecer um pouco de artificialidade e não senti nenhuma ansiedade ou empolgação (fascínio incluído). E uma opinião é uma opinião.

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