Leitura de quadrinhos em atraso – Semana 2

The New 52, Blackest Night, Brand New Day, Neon Genesis Evangelion e outros atrasos

Essa semana li um pouco menos que a semana passada. Faltou tempo e energia. Andei ocupado com a criação do fórum Calisota (explicações aqui). Então foi uma semana de corre e corre pra mim, que acabei me tornando um dos administradores de lá. Mas ainda sobrou um tempinho para conferir algumas HQs.

Continuo minha minha odisséia pelo primeiro mês de The New 52 da DC. Essa semana só deu para ler 4 títulos, e todos do segundo escalão: Omac, Super Choque, Stormwatch e Monstro do Pântano. Comecei a leitura de Amazing Spider-Man, exatamente de onde parei alguns anos atrás: Brand New Day. Justamente quando a Marvel decidiu chutar o saco dos fãs e rebootar uma par de eventos do universo de Peter Parker. Outra saga que não pude terminar no passado e decidir recomeçar a ler esta semana é A Noite Mais Densa.

E sobrou um tempinho para conferir a mensal de dezembro do Tio Patinhas, assim como as três novas HQs nacionais que a Editora Abril lançou no começo do ano: Uffo, Garoto Vivo e Gemini 8. Na linha de mangás, apenas um volume foi devorado: a primeira edição de Neon Genesis Evengelion.

Um pouquinho de cada revista após o continue.

The New 52 – DC

Engraçado que estas quatro revistas não tive aquela sensação de uma HQ que esteja começando do zero. Poucas explicações, personagens desconhecidos sem bio para que leitores novatos realmente os entendam. Tudo bem diferente e incomum de revistas como Liga da Justiça, Action Comics e Detective Comics, comentados na semana passada. Títulos que ainda divertem, mas ainda não ficam claros de porque devem existir dentro do conceito de reboot da DC. A impressão que fica é que mais parecem criados para somar números para que se chegasse a 52 títulos diferentes por mês.

O.M.A.C. #1

A DC realmente gostou a ideia dos Omacs, apesar de ainda continuar não entendendo como pode a ideia do Irmão-Olho continuar sendo reciclado, evento após evento da casa. Pelo que puxo pela minha memória, o Irmão-Olho é uma criação do Batman que acabou saindo do controle do morcego. Infectou um monte de gente, criando os Omacs, quase destruiu a Terra e no fim o satélite foi destruído, ou quase isso. Mas isso ficou no passado, num período anterior ao reboot.

Me pergunto se seria esta HQ #1 um novo recomeço ou uma readaptação seqüencial do que aconteceu no passado. Ainda não deu para entender muito o que essa nova revista veio para apresentar.

A história dessa primeira edição tem um clima parecido com uma HQ básica do Hulk. O Omac agora tem um novo visual, esse da capa, e é todo bombadão e estoradão. Ele acaba invadindo uma instalação do Cadmus, atrás de alguma coisa que não ficou muito claro, só para no final revelar o Irmão-Olho e também que o usuário do Omac desconhece que é um… Omac. Bizarro.

Super Choque / Static Shock #1

Aí está um personagem que nem imagino de onde surgiu. Ele veio do desenho animado criado alguns anos atrás? Eu assisti muito pouco da série animada, mas nunca me interessou muito. O que me surpreendeu, porque na HQ eu gostei demais do Super Choque. Gostei dessa primeira edição.

Ela não é exatamente uma HQ de origem, mas há uma leve preocupação em apresentar o personagem, explicar um pouco sobre seus poderes e até mesmo deixar claro a personalidade do herói. Me lembrou um pouco daqueles dias de Peter Parker onde ele pensava mais como um cientista e menos como um ferradão na vida. A história começa com ele perseguindo uma esfera estranha de energia. Ele resolve a questão com raciocínio e ciência. O personagem já me ganhou nessa premissa.

Tudo para descobrir que no fim, o Super Choque acabou atrapalhando os planos de alguns bandidos. Que vão passar a caçar o jovem herói.  Há também um momento da HQ onde ele se preocupa com sua reputação pública, diante das câmeras, quando precisa sair de um local onde um inocente acabara de ser morto (ele saiu atrás do sniper).

A edição termina com um gancho bacana. Agora é correr atrás da próxima, mas eu diria que está é sim uma das revistas da nova fase da DC que deu certo e que parece que vou curtir acompanhar. Um refrescante título, com um personagem que não conheço muito, mas que parece simpático. Sem muita reciclagem, apenas bons conceitos de como criar uma história bacana de super-heróis jovens.

Stormwatch #1

Mais uma série envolvendo ligas de super-heróis. Só pela primeira edição consigo dizer se é um título que vem pra ficar ou com o passar do tempo se tornará xarope. Dos personagens que conheço, só o Caçador de Marte mesmo. E pior que dá última vez que vi J’onn J’onzz, ele tinha saído do túmulo em A Noite Mais Densa, já que em Crise Final alguns vilões de meio calibre assassinaram o marciano. Nem sei o que rolou depois, e ainda vou chegar lá, então não precisa me explicar nos comentários. O caso é que aparentemente J’onn não está mais morto. Reboot também tem dessas coisas, né?

Enfim, a HQ se destaca pelos belos desenhos de uma página inteira e pelo alto teor sci-fi do conteúdo. Temos um time rastreando alguns eventos cósmicos por aí, não parece para prestar atenção, já que é tudo meio superficial ainda aos olhos do leitor novato e também temos J’onn e mais dois personagens atrás do personagem chamado Apollo, querendo recrutar o cara para essa liga, que como diz no título da revista, se chama Stormwatch.

Aliás, pelo que deu pra olhar no Google, Stormwatch  surgiu como um título do selo Wildstorm e de um tempo pra cá que foi integrado dentro do universo da DC. Como gosto de alertar, eu não sou um leitor fanático e nem tenho experiência em quadrinhos de sSuper-heróis. Minha memória é até pessima pra ficar lembrando de eventos que acontecem na cronologia desse tipo de HQ, e quase sempre, minha opinião aqui é realmente de um leitor novato e casual. Por isso, não tenho base para comparar este título novo, com o trabalho que já vinha sendo feito na série no passado.

A princípio eu gostei, mas para uma primeira edição, achei ela bem confuso em apresentar os pilares fundamentais do título. Precisaria dar uma base melhor ao leitor.

Monstro do Pântano / Swamp Thing #1

Outra das boas surpresas dessa nova fase da DC. Admito que nunca li qualquer HQ dessa franquia, que existe a muito tempo. Não sei a origem do Monstro, como ele surgiu, que é o Dr. Holland. Não sei nada mesmo. Nem o que é semelhante ou não com qualquer coisa feita antes do reboot editorial da casa. Só sei que esta primeira edição de Monstro do Pântano me fez ter vontade de continuar lendo o título. E isso é muito importante, a vontade de continuar acompanhando.

O início da HQ é interessante, o personagem principal me deixou curioso para saber mais sobre seu passado. Parece que a HQ não começa do início, aparentemente há eventos que antecedem ela e que mexeram com o personagem principal. Faltou explicar melhor isso, mas a HQ não simplesmente ignora a origem, mas parece está reintroduzindo o conceito da série ao poucos, enquanto tenta trazer uma nova ameaça para criar conflito com o protagonista.

Gostei da participação do Superman, que está mais “adulto” do que sua versão juvenil de Action Comics, o que demonstra que a DC realmente vai acertar a cronologia dele futuramente. O uniforme do Super realmente está meio diferente, mais moderno e menos brega. Uma das coisas que a DC vem tentando ao longo dos anos porque em live-action, o uniforme do Superman sempre fica uma porcaria.

Cheguei a achar que este seria um daqueles títulos toscos e sem graça e felizmente estava muito enganada. A segunda edição deve explicar melhor sobre a origem do monstro, já que ele surge no último quadro da primeira edição e também mais daquela criatura esquisita que atacou os humanos lá pelo meio da história.

Brand New Day – Marvel

Lembro que na época que Brand New Day, ou Novíssimo Dia, foi anunciado fiquei bem insatisfeito com o rumo das histórias do Homem-Aranha. Harry Osborn de volta a vida, Casamento extinto magicamente, toda aquela farofada recente do Peter se revelando ao mundo que era o Homem-Aranha, tudo que era legal e havia acontecido nos últimos anos foi para o ralo do esquecimento coletivo.

A Marvel dizia que isso era inevitável, que certos super-heróis precisam recomeçar a novos leitores de tempos em tempos. Em outras palavras tudo que eu conseguia entender era que eles fizeram tanta merda na revista nos últimos anos, que só mesmo apagando tudo para salvar a qualidade das histórias.

É verdade que antes do reboot, os arcos e sagas do Homem-Aranha estavam numa montanha-russa de qualidade. Muita coisa ruim foi feita, mas muita coisa legal também se criou. Eu estava gostando do rumos de certas coisas, como Peter professor, a Tia May descobrindo que ele era o Homem-Aranha, a adaptação dos poderes dele com os filmes no cinema (essa saga é divertida demais). Era um personagem amadurecido e a Marvel queria voltar para tempos mais simples, Peter solteiro, com identidade secreta, sem grana e totalmente perdedor. Não que eu seja contra essa fase, ela é sim uma das melhores, mas frear a evolução de um personagem assim, na bizarrice, pra mim foi a gota d’água.

Depois do pacto do Mefisto, nunca mais comprei uma revista do Homem-Aranha. Mesmo com as promessas que de que tudo seria respondido com o tempo. Enfim, passado alguns anos, com a mágoa um pouco diluída, resolvi dar mais uma chance ao Homem-Aranha. Recomeçando de onde parei.

Homem-Aranha / Amazing Spider-Man #546 e # 547

Acho que não preciso explicar com muitos detalhes, né? Quem acompanha a revista sabe o que aconteceu em Brand New Day.Li apenas as duas primeiras edições. Não estou afobado para ler 30 HQs numa única semana e ficar em dia com a publicação. Lerei com calma e sem pressa.

Estas duas edições mostram o novo Parker, as mudanças no universo da série, com as várias deletadas mágicas da Marvel. Parece que estou lendo uma HQ dos primeiros anos do personagem. Não fiquei muito animado. Harry Osborn meio fanfarrão. Tia May vivendo sua vida. Clárim Diário mal das pernas. E o universo da Marvel ainda sofrendo dos problemas com a Guerra Civil, com heróis registrados e não registrados.

A única coisa que é divertida nestas duas HQs são os novos personagens. A tal Jackpot e o Homem Negativo. E aí cabe a pergunta, precisava reciclar todos os velhos clichês do Peter (desempregado, azarado, solteiro etc) para tornar a história interessante? OK, a desculpa dele tomar com o vilão novo ao sair atrás do lançador de teias que ele “acidentalmente” deixou roubar deu certo, mas esse encontro poderia ter acontecido de qualquer outra forma. J.J. tendo um infarte também é uma ideia boa de se trabalhar, deixar o Clárim vulnerável, mas aí volto na ideia de que essa fase é feita de ideias novas, recheadas com clichês antigos e já ultrapassados para quem é leitor das antigas. Só mesmo novos leitores para curtir 100% essa fase.

Brand New Day começou e me deixou com um gosto amargo na boca. Ainda não é aquele Homem-Aranha que eu curtia. Mas continuarei minha leitura em atraso, afinal toda revista de super-heróis passa por momentos de xaropisse e momentos geniais.

DC – A Noite Mais Densa #0 e #1

Enquanto acompanho The New 52 é hora de começar a tapar alguns buracos deixados nos últimos anos por ter dropado os quadrinhos de super-heróis. Da DC cheguei a acompanhar boa parte de seu conteúdo desde Crise de Identidade até Crise Final. Parei por aí, quando percebi que já não tinha mais onde guardar estas revistas enormes em casa. Não é um tipo de material que fica bacana de colecionar (graças ao mix e formato de venda nacional) e não há vontade alguma de sair relendo o que passou (não em revistas físicas ao menos, é desorganizado demais assim).

Cheguei a ler a Guerra dos Anéis, vi a criação de cada uma das novas cores, seus efeitos e o surgimento das novas Tropas. Acabei parando quando A Noite Mais Densa (NMD) chegou. Na verdade eu li até um certo ponto que não me lembro ao certo qual era. Quando chegar nele irei me lembrar. Mesmo assim, resolvi recomeçar a saga do zero.

Felizmente meu conhecimento nos últimos eventos que precederam o arco me ajudam bastante a curtir essa fase. Mas a edição zero e a primeira, com Barry Allen e Hall Jordan ajudam a posicionar muita coisa desses últimos eventos. Refrescou um pouco a minha memória também. Apesar de que ainda assim não me lembro como é que o Barry voltou seja lá de onde ele estava. Depois preciso procurar os quadrinhos em que isso ocorre. Mas a ideia de colocar Barry no foco nesse momento inicial da Noite Mais Densa ajuda o leitor novado a entender melhor que estava acontecendo na DC pré-saga, pois Barry também estava “fora do ar”.

A saga começa com aquele mistério essencial para um clima de mortos-vivos. Qualquer um pode reviver, qualquer um pode morrer e se tornar um Lanterna Negro. É o suspense que impera nestas duas primeiras revistas. As peças ainda começam a se encaixar. A mitologia do universo dos lanternas é sensacional, uma pena que a franquia ainda não tenha conseguido engatilhar nos cinemas e na TV. Uma série especial com os lanternas seria o máximo e apesar de já ter visto o piloto da nova série 3D do Cartoon Network, ela parece muito distante da qualidade dos gibis da Tropa.

Enfim, a NMD #1 termina cheia de impacto, como me lembrava, com a morte de Carter e Kendra, pelos cadáveres de Ralph e Sue Dibny. Eu gosto dos reflexões que Crise de Identidade tem nessa cena, com o Ray em depressão e tal. Acho que Crise de Identidade foi uma das melhores HQs da DC que li desde que comecei a ler DC. Acho original e ousada esse pequeno arco, a ponto de refletir no próprio universo dos personagens por tanto tempo. Com o novo reboot não sei como ficou isso… ainda.

Disney/Abril

Continuo super atrasado na leitura dos quadrinhos da Disney do mês passado. Acabei dando uma pausa para ler as novas revistas infantis da Abril, só para ver qualé delas (não pretendo colecionar) e fiquei ocupado fazendo as prévias das edições de janeiro. Mas espero retomar a leitura e colocar tudo em dia nas próximas duas semanas.

Tio Patinhas #557 (Prévia)

A edição de Natal do Tio Patinhas vem com quatro HQs. A primeira, Fugindo do Natal, é a única da edição que comemora a festividade da data. E é uma história bacana, colocando aquele velho plot, conhecido desde os tempos de Carl Barks, onde o Tio Patinhas viaja para um vilarejo distante, onde os habitantes possuem costumes incomuns.

Neste caso trata de uma cidade onde todos os habitantes cobram uns dos outros por qualquer coisa! Favores e presentes não existem nesse lugar, e por conquência, o natal. O Patinhas acaba fugindo para lá para fugir da enorme lista de presentes que ele teria que gastar no natal em Patópolis, de parentes e também de seus parceiros de negócios, um problema de relações publicas. Nem preciso dizer que os desenhos maravilhosos do Giorgio Cavazzano enaltecem ainda mais a HQ.

A segunda história, com os irmãos Metralhas, é curtinha mas diverte, com os bandidos numa convenção cheia de engenhocas para facilitar roubos. A graça está realmente nestas engenhocas. A próxima HQ, com o Donald, é meio sem sal. Não vi muita graça nessa competição do Donald pela atenção da Margarida num baile de fim de ano. Além da HQ nem ter o Tio Patinhas, ela não tem nada demais. Publicada mesmo para dizer que teve alguma HQ de réveillon.

Para terminar, O Segredo do Tenor Distraído, é fabulosa graças aos desenhos e cores do mestre Paolo Mottura. Ela possui uma história diferente, dando um valor e moral para a música, além de colocar o Donald como Salvador da pátria e o Tio Patinhas como o muquirana que ele geralmente é. Adorei o fato dele ter acusado o Patacôncio, sendo que ele mesmo estava por negligencia sabotando seus teatros. Achei uma história diferente e criativa, e perfeitamente bem ilustrada. Uma das melhores publicações de TP de 2011.

Garoto Vivo #01 (Prévia)

Garoto Vivo é de longe a revista esteticamente mais bonita. Ela pode não ter uma quadrinização “moderninha” e maluca como Gemini 8, mas também não é tão tradicional assim. Há quadros que saltam sobre outros quadros, há paginas com vários quadros, divididos sem qualquer esquema organizacional (isso é bom, porque o autor tem liberdade para expandir a historia trabalhando com mais quadros –  por exemplo, o Zé Carioca dos anos 90 da Abril era limitado porque não se trabalhava com mais de seis quadros por página em sua maioria das vezes. Garoto Vivo tem muito mais quadros nesse sentido, variando entre 8, 9 e até 10 quadros numa única página).

Os desenhos possuem cores sombreadas, com iluminação e textura. O Fabricio Pretti é um excelente desenhista, porque não é fácil fazer personagens se expressar com caras e bocas e ele consegue isso até mesmo com uma caveira, que não tem olhos e por isso é ainda mais difícil expressar e até olhar para onde deve-se olhar. O artista merece meus parabéns, porque há talento de sobra. Adoraria se a Abril o convidasse para desenhar uma HQ do Zé Carioca e permitisse que ele utilizasse a quadrinização e a forma de cores que ele usou em Garoto Vivo. Ia deixar no chinelo o visual do Zé dos anos 90. Ele trabalha também muito bem com ângulos e perspectivas dentro dos quadros. É um trabalho de primeira. É sério, que tem curiosidade de ver algo bem feito no Brasil, recomendo que compre essa primeira edição do Garoto Vivo e tire a prova de tudo que estou dizendo.

Quanto a parte do roteiro, aí são outros 500. Não tenho nada a reclamar da parte visual e estética, comentada acima, mas o roteiro de Garoto Vivo não é 100% original. Aliás, isso não deve soar como uma crítica pesada, porque afinal, é dificil criar algo nunca feito num mundo onde há de tudo. A história de Garoto Vivo coloca um menino num acampamento de mortos-vivos. É aquele clichê de um pessoa fora de seu ambiente natural. Soa um pouco como A Mansão Foster para Amigos Imaginários fundido com background de O Acampamento de Lazlo, ambas produções animadas do Cartoon Network.

Mas não é uma cópia destes programas. Caio, o menino vivo é diferente do Mac da mansão. Ao menos nessa primeira edição. Ele é um garoto de atitude, mais parecido com o jeito da garotada brasileira. Mas existem alguns furos no roteiro, principalmente no começo, quando os pais o largam numa rodoviária e ele pega um ônibus para a Vila Cemitério, que se parece com um acampamento mesmo. Não fica claro no roteiro como os pais mandam ele pra tal lugar. Ele pegou o ônibus errado? Uma história assim precisa de um equívoco e isso não fica claro no começo de tudo. Existe um mangá chamado Rosario + Vampire que tem essa premissa de um garoto que pega o ônibus errado e vai parar numa escola de monstros. Mas no mangá faz sentido depois de um tempo o porque disso acontecer. Caio depois que chega no suposto acampamento, já de noite, e não encontra ninguem, vai simplesmente vai dormir? Como assim! O garoto não deveria se preocupar um pouquinho com a sua situação? Estranho. Também senti falta de um personagem monstro mais adulto, apesar de que deve existir (na lanchonete aparece a mulher que dá a gororoba). Tipo nenhum monstro adulto vai achar estranho o garoto vivo ali? Deveria ter algumas pontas no roteiro que trabalhasse com estes fatores.

Tirando isso, a historia é bacana. A caverinha amiga do Caio é o maior barato (adorei ele mandando o Caio pegar o rato pra comer). Adorei a ultima HQ com a situação do banho e com o pequeno monstro do pântano aparecendo na figuração da história. É um personagem diferente, adoraria vê-lo se relacionando com o Caio. Espero que não fique aquela coisa do garoto e o esqueleto apenas. Espero que o autor possa criar outros personagens, fora a gangue do bullying que já aparece nesse volume.

Garoto Vivo é uma franquia que eu vejo futuro para competir com Turma da Mônica, em termos de produtos como cadernos e mochilas e até mesmo bonecos e acho que a série nasceu pronta pra TV, ficaria perfeita num Cartoon Network. Tem o humor para tal. Das três é um que merece ser apreciado sem duvida nenhuma.

Uffo #01 (Prévia)

Bem, depois de Garoto Vivo, Uffo é outra que me agradou. Em parte justamente pelo estilo de desenho. Me lembrou um pouco charge e tirinha de jornal. Os personagens seguem um estilo e visual bem retro. E acho que com o tempo, o autor pode desenvolver e melhorar mais ainda esse clima da revista.

Ele segue uma quadrinização ainda mais tradicional do que Garoto Vivo, mas a leitura é ágil e no tempo correto. Boas falas, visualmente fácil de acompanhar. É um daqueles gibis que você começa e não para até terminar. Te deixa querendo mais. Não sei se vai agradar as crianças, pra ser sincero, eu gostei da arte, mas me considero velho. Será que as crianças de hoje curtem esse estilo?

A historia tem um clima bem clichê também, mas não dá para dizer que é inspirado em alguma série famosa. Não me lembrou nada que eu já conheça. Então isso é um ponto positivo que Garoto Vivo não conseguiu de mim. No máximo, me lembra um pouco os Jetsons, porque tem aquele conceito de coisas futuristicas, pois já que os protagonistas são alienígenas possuem uma tecnologia melhor do que a nossa. Então é uma semelhança bem distante.

A primeira edição se preocupa muito com o ET que se parece com um macaco rosa, e que seria o garoto da familia (só que eles não são uma familia de verdade, apenas fingem – achei genial essa sacada, pois se fossem familiares mesmo, acharia ridiculo). Mas acho que a revista pode se expandir muito para os outros personagens. O Pai, por exemplo, tem um destaque grande na HQ do carro, onde ele fica debatendo com um guarda de trânsito. Um personagem simpático e engraçado esse pai. E até rola um pouco (bem de leve) uma crítica social nessa historia, envolvendo infrações de trânsito e a obediência às autoridades e à lei. Uffo pode vir a ter essa pegada mais social da sociedade, já que a historia são alienigenas bonzinhos estudando nossos costumes. Espero que no futuro ela possa acrescentar um pouco mais de sarcamos e ironias nas situações de “estudo do homem”.

Mas vale lembrar que é uma HQ infantil, feita pensando nas crianças. Quem comprar achando que é algo adulto, vai cair do cavalo. Eu gostei, mas estou analisando de uma forma simplória, pensando de uma forma mais infantil.

Gemini #01 (Prévia)

Agora Gemini 8, argh, nossa, nada dessa HQ me agradou. Pode ser uma primeira edição ruim, mas pra mim parece uma ideia toda má executada. A começar pelo estilo visual. Quadrinização moderna, colorida em excesso e as vezes sem quadros. Dá pra ler a revista inteira em menos de 5 minutos de tão curta que fica nesse estilo. Horrível. Não diverte nada esse estilo, só faz parecer “moderninho e descolado”. A mais jovem das três novas revistas, porém a mais sem graça.

E a que mais, escraxadamente parece uma cópia de algo. Garoto Vivo tem um conceito clichê, mas Gemini 8 parece uma paródia mal feita de A Família do Futuro da Disney, onde um garoto sai do presente e vai pro futuro e lá encontra um garoto que tenta mandar ele de volta pra casa. Claro que há mais detalhes e complexidade no filme da Disney. Gemini 8 simplifica tudo e mal explica certas coisas. O garoto do presente vai, não pro futuro, mas pra outro planeta, Gemini 8. Que é totalmente futuristica. Outra coisa que me incomodou foi do momento em que a diretora da escola aparece dentro de um robô. O robô é uma cópia (talvez acidental) do personagem O Grande Soldador do filme Robôs da Fox. Minha esposa me alertou quanto a esse detalhe, em 5 segundos que ela bateu os olhos na revista.

Marco também é um personagem extremamente irritante, enquanto Polo parece não ter personalidade alguma neste começo. Os outros personagens do gibi também parecem não ter complexidade, são superficiais e parecem criados só para servirem de ponte para a história. É simplesmente um caos o gibi. Personagens vazios, estilo gráfico caótico sem precisar, história que parece copiado de algo existente e ganchos para futuras edições totalmente desnecessários. Por exemplo, qualé do Marco ganhar superpoderes? Aff, que ridículo, a HQ vai enfiando coisas absurdas e promete na última página que as próximas edições vão explicar as coisas. Para com isso. São coisa demais pra um gibi tão curtinho.

Sei que é uma série da TV Pinguim, que os caras estão fazendo uma adaptação dessa série para TV, que deveria respeitar mais o trabalho alheio, mas não dá. Em comparação com Uffo e Garoto Vivo, Gemini 8 está totalmente por baixo. E o conceito da série até parece bacana. Gostei do nome Gemini 8 e tal, mas totalmente desnecessário seguir a história do jeito que criaram. Se Garoto Vivo é material pra Cartoon Network, Gemini 8 é material para um canal Futura ou Discovery Kids e olhe lá. Eu nunca vi o tal Peixonauta da TV Pinguim, que se tornou um produto internacional, mas Gemini 8 me decepcionou muito.

Mas esta é só a primeira edição. Dá tempo de aprimorar o estilo do gibi. Há outro detalhe a ser considerado: eu não sou nem de longe o público alvo dele, e sim as crianças. Estaria velho demais pra esse tipo de gibi?

Mangá – Neon Genesis Evangelion #1

 Esse é um dos clássicos dos mangás. Uma série que sempre tive curiosidade, mas não a oportunidade, de conferir. Fiquei bem animado com o relançamento, ainda que seja por conta da JBC (que peca em alguns aspectos estéticos que considero importante). Só tive tempo de conferir o primeiro volume, que ainda mostra superficialmente o universo da série.

Gostei de certos aspectos da obra, como o futuro em 2015 (estamos próximos, mas a série foi criada na década de 90), o mundo apocaliptico, o mistério em torno dos tais “anjos”. Tudo muito bem estruturado e empolgante. Fico pensando se alguns leitores podem achar um pouco monótono/clichê a série, devido a super exposição que mangás e animês feitos hoje em dia que possuem elementos similares (mechas e mundo em crise). Para gostar de Neon Genesis Evangelion tem que pensar um pouco na época em que ele foi criado e que esse tipo de história não era assim tão comum como é hoje em dia. Ao menos por aqui, na era pré-internet.

Se fosse um mangá novo, meu discuros aqui talvez fosse diferente, ao menos analisando este volume inicial. Mas como estamos falando de um clássico, é óbvio que algumas coisas precisam ser contextualizadas e relevadas. Eu gostei muito das palavras finais do autor nas páginas finais da edição. Lá ele diz que NGE foi criado pensando numa história completamente pessimista. E isso reflete no universo apocalitico da história e em seus personagens, desde o garoto que não consegue o mínimo de afeto do pai, a garota que sorri para todos para esconder sua tristeza. Eu gostei dessa premissa sombria que ele apresenta nesse primeiro volume, mesmo que transpareça que as coisas devem melhorar da forma como a historias termina na edição.

Fiquei bem curioso com esse mangá. Sei que ele tem uma versão em animê, que tem outras sub-séries e que tem até problemas de até hoje não ter sido concluido apropriadamente no Japão. Mesmo assim aprovo e recomendo que deem uma olhada na obra. Acho que é um daqueles títulos que transformam as obras do futuro e não duvido que muito material criado hoje lá, tenha como inspiração em Neon Genesis Evangelion. E ver como tudo começou, é sempre uma ótima dica.

 

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