The Walking Dead – Season Finale arrebentou!

By the Dying Fire conseguiu estourar muitos miolos, os meus inclusive.

AVISO com antecedência a existência de spoiler neste artigo – impossível evitá-los. Então, continue lendo ciente de que não poupei comentários bastante específicos sobre a 2ª temporada de The Walking Dead. Lamento que esta temporada já tenha chegado ao fim…

Quem está vivo, sempre aparece. Embora, na verdade, tenha estado mais morto-vivo do que outra coisa… Isso explica o meu bizarro desaparecimento. Alguns já podiam andar suspeitando do meu falecimento. Sério, eu entendo. Mas explico melhor essa história depois. Primeiro The Walking Dead que estou em débito – essa série tem merecido um PdS há dias. O episódio By The Dying Fire provou conclusivamente aquilo que continuava sendo uma enorme incógnita para mim; estou seguro, agora, de que a adaptação televisiva funcionará sozinha, ela consegue ser autônoma – aplausos.

Em plena sinceridade, tive vontade de cumprimentar os roteiristas. AMC e Robert Kirkman combinam bastante. Está certo que se uma emissora toma posse do direito de produzir uma adaptação baseada em um grande sucesso, já existe um meio caminho andado apesar dos claros obstáculos. Vamos chamar de pré-roteiro a vantagem de terem a história escrita para servir de apoio caso os roteiristas tropecem tentando inovar – e tropeçar é extremamente fácil.

“The Walking Dead season finale was a big one, that’s for certain. And it certainly delivered on several things many viewers have been wanting to see for quite awhile, namely getting everyone off the farm and, it seems, towards a certain location fans of the comic books will be familiar with. Plus, one more big surprise…” – IGN

Destaca-se que esse tipo de produção é também aquele que mais riscos acarreta – ser fiel à história original e conseguir manter o mesmo impacto dela, tentando até recriar a história com variações de proporções consideráveis, não é para qualquer um, principalmente se existe uma expectativa desde o início. E, conte com isso, tenho esperado exageradamente por maravilhas dessa série porque, sim, sou viciado nos comics e aceito somente esplendor. Admirador imesurável. Então, é extraordinário que eles tenham conseguido sobreviver às minhas exigências na televisão – sabe aquela pessoa que fica olhando para todos os detalhes para criticar e ficar comparando com a obra original? Não tenha dúvida, tenho sido um tanto assim mas cada vez menos. E há uma razão para isso. Tenho ficado emocionado.

Começo pelo 11º episódio –  Judge, Jury, Executioner. Eles maltrataram todos que acompanham a edição oficial, foram cruéis sem moderação. E, cuidado com comics spoiler a seguir, quem leu estava gostando da relação entre Dale e Andrea nesse episódio – confessa, por favor. Eu, ao menos, queria que aquilo fosse o início daquilo que já devia estar engatilhado. Malditos roteiristas! Usaram a minha ingenuidade e fizeram isso com maestria. Não guardo rancor, não. Adorei a forma como lidaram com Dale no episódio onde houve conflitos emocionais gigantescos, com toda a questão de matar ou não Randall. Por norma, não me coloco ao lado do Shane mas dessa vez estava claro como a execução do prisioneiro era a escolha certa. O dilema, todavia, faz sentido mesmo assim – o grupo ainda está muito macio para a dura realidade, então sofrem com a questão de preservar a humanidade. Dane-se, isso durará pouco.

Não há mensagem tão garantida quanto esta. A civilização é uma produção humana de convivência e conveniência e para que tal exista é necessário ordem e condições para que ela ocorra. Se o mundo fosse tomado por zombies, não haveria como conservar a humanidade – é uma situação de sobrevivência! Você mata ou você morre! Lei de Darwin, sobrevivência do mais forte. Porém, é uma decisão pessoal: morrer com humanidade ou viver parcialmente selvagem. Eu escolheria a segunda opção.

Apesar de tudo, foi triste e inesperada a morte do Dale. Pensei que fossem juntá-lo com a Andrea e dar seguimento ao personagem. Pensei. Ele podia ter participado tanto na 3ª temporada… Alguns dizem que foi morto cedo mas, mesmo estando certos, essa morte valeu a pena considerando toda a mudança já feita. Verdade seja dita, essa adaptação está mais para uma recriação e, se é para ser alternativo, deixa ser um alternativo que entretenha. Eu fiquei entretido com o desfecho, sinceramente. O Carl tem sido alternativo por igual – está se adaptando melhor na série do que nos comics. Não entendo a opinião contrária. E apesar de repetir atitudes, discordo de quem deseja a morte do personagem – ele será fulcral nas próximas temporadas (isso se ninguém decidir que ele precisa morrer mais cedo – acontecimento típico aparentemente).

Heróis e Vilões…

As melhores ficções não possuem herósi ou vilões. Possuem personagens e desenvolvem eles em profundidade. Por mais que alguém queira dizer que o Shane era um vilão, ele não era. Ele tinha a capacidade de sobrevivência por ser radical, uma sobrevivência possível levando uma vida solitária, em grupo isso significou a sua morte. E “tronos” vêm e vão… Fica aquilo que os personagens alteram na narrativa.

Em “18 Miles Out”, os meus olhos grudaram e derreteram na ecrã. A tensão aumentou e estourou na medida que Rick e Shane discutiam e tentavam matar um ao outro – esse tipo de ação associada ao universo da humanidade subjetiva dos personagens é a melhor característica de The Walking Dead, tanto na série quanto na HQ. Convenhamos que a série precisava se firmar, e fugir da HQ, já que nem tudo que deu certo em suporte escrito e desenhado funcionaria na interpretação que usa imagens reais e atores. Foi muito insano o confronto entre Rick e Shane, um personagem que se destacou muito mais na televisão, até no que diz respeito ao tempo de vida.

Os episódios 10º, 11º e 12º foram incríveis, compensaram muito pelo terreno falso que andaram pisando na 1ª temporada. Até agora não havia sentido uma qualidade segura com episódios que nivelassem o mesmo alto patamar. Demonstraram o carácter intrínseco de cada personagem – descobriram as suas motivações, os seus pensamentos e a posição ética. O Shane tendo um surto e matando Randall na floresta para depois atrair o Rick e resolver de uma vez por todas a disputa pelo “trono” foi quase poético – no sentido mais violento possível (e tudo pela irritante Lori – a lógica de dois homens no mundo que foi para os infernos não deve ser questionada).

Foi difícil para os dois personagens aceitar que um deles precisava “ir”, isso foi o fator a cativar o público. Os melhores rivais são aqueles que um dia foram os melhores amigos – lei válida para todas as grandes histórias. Acredito, seguindo essa linha de raciocínio, que pôr o Carl, filho, para dar o tiro final no Shane foi incrível – superável seria apenas se Carl desse o tiro em Shane para salvar o pai… Fui o único a reparar que o Carl levantou a arma antes do Shane levantar do chão? A situação muda a inocência infantil… tão sutil. Repare como a violência pode ser causada por outros elementos fora os videogames.

A bomba de tripas, entretanto, caiu nas nossas mãos no season finale. E que ótimo que foi sentir as tripas e o diferencial de uma excelente direção e atuação. Não deixaram um segundo sequer para recuperar o fôlego. Primeiro a invasão de Walkers na fazenda de Hershel, os miolos sendo estourados, alguns fugindo, Andrea sendo largada com zombies a perseguindo, Hershel quase sendo comido – tive certeza por minutos que ele morreria com a sua fazenda tão amada. Em seguida, os estragos. Sem contar que jamais poderia ter faltado, vítimas e muito sangue e um celeiro ardendo e desabando no meio de uma noite fria que contrastava com o calor do sangue jorrando para cálices quebrados de bocas fétidas. Sério, foi lindo.

E onde que tudo isso nos deixa? Livres o suficiente para quem está destinado a uma situação de prisão. Porém, a revelação da informação do CDC foi um tanto decepcionante. Esperava que fosse ser algo surpreendente esse pequeno segredo que foi perdendo as atenções… talvez uma resposta para a infecção. E qual foi essa da reação dramática por Rick não ter dito nada? Mesmo que soubessem não faria diferença alguma porque estar infectado, mesmo que vivo, não altera grande coisa. Se você morre sem ser mordido, você vira zombie. Se você morre sendo mordido, você vira zombie. E daí? Quase todos vivos se não são mordidos, acabam com vários tiros no crânio…

A confiança no líder é um assunto interessante, é normal a reação moderada do grupo mas não precisavam ficar tão indignados – atitude digna de pessoas pré-mortas. Enfim, foi bom de qualquer modo que se tenha gerado todo o atrito, o discurso do Rick deu início a fase mais importante da história – menos humanidade e mais instinto de sobrevivência. E quem ficou curioso com a introdução de Michonne salvando a pele da Andrea? Tão inesquecível ela encapuzada aparecendo do nada com walkers acorrentados! E isso ainda ficará melhor com o Governador. Caso não saiba do que estou falando, fique animado e espere pela 3ª temporada.

Agora, façamos um aparte. Explique-me a atitude da Lori no fim. Ela conversou com o Rick inúmeras vezes sobre o Shane e de como ele se tornou perigoso, e quando Rick é obrigado a matá-lo para se defender e a proteger a todos, ela fica julgando ele? É o raciocínio à la Lori – confuso. Shane tinha o potencial de sobreviver nesse mundo repugnante mas nunca de manter o grupo unido – somente o Rick possui essa habilidade. Talvez a Lori devesse ficar nervosa consigo mesma pois foi ela quem ficou entre os melhores amigos e estimulou o conflito – parte dele no mínimo. Acrescento também que Hershel se unir ao grupo foi a decisão mais genial dos roteiristas – estou convencido de que The Walking Dead é uma das séries mais fodásticas atualmente. E isso demorou 1 ano para se consolidar. E ponto.

Sabemos o destino da terceira temporada, tivemos uma pequena visão da próxima “fazenda” com colheita enlatada e alguns “fantasmas” físicos. Tudo sendo assombrado por um governador durante uma era onde não existe democracia. Quanta ansiedade para a 3ª temporada!

Basta pôr Wye Oak – Civilian para tocar e lembrar de tudo que aconteceu… R.IP. Shane e R.I.P. Dale. Tão diferentes, morreram lutando pelo que acreditavam.

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Deixa-me esclarecer agora a minha presença fantasma aqui no Portallos – não estou numa missão de auto-eutanásia. Sem exagero, tenho me dividido para estudar para o Vestibular (nunca tive Biologia ou Geografia, e Matemática aqui é mais forte que em Portugal e tenho um conhecimento da história do Brasil quase nulo – S.O.S.?), estou tentando terminar A Fúria dos Reis antes de Abril, fazendo autoescola e quando arranjo tempo livre… preciso descansar ou apenas descontrair. Fico sem cabeça para escrever textos.

Dia após dia, estou reorganizando o meu tempo – não que ele me pertença mais –  e escreverei artigos com maior frequência. Aliás, já nem Skyrim pode me distrair daqui para frente…

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