Crítica | A redenção dos Homens de Preto 3!

Um filme que reescreve a mitologia da série e se redime do fiasco de MIB 2

Texto sem Spoilers – Siga sem Medo

MIB – Homens de Preto não é meu filme favorito de todos os tempos (Jurassic Park é), mas com certeza ele deve estar no meu Top 5 ou Top 10 de filmes prediletos, daqueles que eu posso rever um milhão de vezes que ainda rio e me divirto horrores. Mas Homens de Preto nunca foi um filme excepcional, daqueles merecedores de um Oscar. MIB sempre foi um filme que representa a criatividade, o fascínio pela ficção científica e o universo desconhecido (ou que não conseguimos ver/perceber, ainda que esteja diante de nossos olhos). Não tem a genialidade de um Guia dos Mochileiros da Galáxia (a série de livros, não o filme tosco), mas ainda é algo que para a época em que foi feito me encantou além da conta.

Hoje em dia é fácil ir aos cinemas e encontrar filmes com invasores espaciais, grandes efeitos especiais, e muito tiro, explosões e coisas que certamente seria impossíveis de se criar a alguns anos atrás (da forma como é hoje). Fica difícil para Homens de Preto competir com grandes blockbusters dos dias atuais, até mesmo me admira que tenham conseguido produzir um terceiro filme, foram tantos anos planejando e refazendo o roteiro que chega a ser surpreendente que ele tenha finalmente estreado nas telonas.

O filme não tem a pretensão então de competir com o gênero alienígena, invasão, efeitos especiais colossais de derreter os glóbulos oculares. MIB 3 é um retorno as suas origens, aos seus personagens, muito mais do que aos aliens, é um filme sobre K e J. Não tem aquela vergonha de roteiro do segundo filme, com piadas repetidas, com vilões atrapalhados e vergonhosos e climinha de romance em personagens que sabemos que não vai dar em nada. Ao contrário do filme anterior, Homens de Preto 3 tem uma trama que se justifica do começo ao fim, que percorre um ciclo e chega finalmente a algum lugar e amadurece a franquia um pouco mais. Ela sai de um ponto para outro novo, onde se descobre mais coisas que você sempre quis saber, onde a mitologia se refaz e novos elementos são criados. Não tem aqueles elementos clichês que se jogam para que se possa fazer outras sequências, mas para que os personagens do J e K continuem sendo inesquecíveis, mais completos. A viajem no tempo, o clichê dos clichês, tem um objetivo no fim, não é apenas algo sem propósito.

(Curiosidade: no trailer acima a cena do “ET grafite” foi retirado da versão que está nos cinemas)

Claro que os efeitos especiais estão ali, as maluquices dos personagens extraterrestres, as parafernálias da agência secreta, as cenas de ação regadas com humor, e aquele Will Smith afinadíssimo com o humor que existe no primeiro filme, mas com o amadurecimento que o mesmo obteve ao longo de todos esse anos. Quando é pra ser engraçado ele consegue, quando é pra ser sério ele consegue. Não é vergonhoso como muitas sequências feitas nos últimos anos onde atores famosos retornam para papéis vergonhosos. Tomy Lee Jones? Putz, coitadinho, o ator está tão velhinho que chega a dar dó de vê-lo ali, sempre emburrado e dramático no primeiro ato do filme, que alias é uma atuação genial que sustenta toda a trama no passado. E se o agente K no começo apresenta esse sinal de cansaço pelo tempo, a coisa muda de figura quando Josh Brolin entra em cena para fazer o o agente K com 29 anos em 1969!

Brolin dá o gás que o filme precisa em seu segundo ato e funciona num ritmo perfeito com Will Smith. Não é como aquela ideia de colocar J com um parceiro bocó e imbecil (ainda que o roteiro faça uma piada – sem graça – com isso). Isso mostra que MIB funciona sem necessariamente Tomy Lee e se num futuro existir um MIB 4 eu não me sentiria traído se numa das maluquices da franquia K fosse atingido por algum raio rejuvenescedor e Brolin assumisse novamente o papel de K.  Porque realmente não sei até onde Tomy Lee pode ir como um K realmente velho.

Vale a pena assistir? Se você curte a série, com certeza vale. Não terá o mesmo arrependimento daquela sequência porca feita anos atrás, e conhecerão um pouco mais sobre as origens tanto de K quanto do J, além das novas maluquices que a franquia criou nessa rodada.

Tudo é um mar de rosas? Não, nem tudo. Há alguns probleminhas aqui e ali, como a trama focar demais na dupla principal e alguns personagens ícones da série mal aparecerem ou nem serem citados. Não quero falar muito para não dar qualquer spoiler, assista e veja quem retorna e quem não retorna e até mesmo quem é dado como morto na história. Mas alguns novos personagens funcionam melhor, e o filme não acaba tendo aqueles recortes desnecessários de coadjuvantes que só estão ali para marcar presença. O vilão desse filme é sensacional, supera até mesmo a barata fanfarrona do primeiro, e alguns elementos são realmente inventivos, superando algumas coisas até mesmo da série animada (que acho quase perfeita). Alias falando na série animada (vejam no Netflix) o filme a contradiz num detalhe: essa não é a primeira viagem no tempo de J, no desenho ele volta na época de criação da MIB, para impedir que apaguem a criação da agência em si, mas detalhes assim não são algo que estrague a experiência de MIB 3, até porque não dá para esperar que o filme siga e se atente a todos os detalhes que a versão animada criou há muitos anos atrás (e que muitos mal se lembram).

É aquilo que eu disse no começo, Homens de Preto nunca será um filme perfeito, em qualquer sentido que você imagine, mas é um daqueles filmes que agregam fãs, que encantam e que fazem a mente da gente imaginar mil coisas. Na minha opinião é uma franquia que seria perfeita na TV, como uma série (hoje em dia é possível replicar parte dos efeitos especiais e fazer ser funcional). Enfim bacana rever esse universo novamente. Valeu a pena esperar todos esse anos para matar a saudade nas telonas de MIB 3.

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