#PdR Cinema | Prometheus (Crítica)

Há muita beleza no espaço, mas nem tanta inteligência

(Por Rafael Gaara)

Sinopse: Em 2089, um grupo de exploradores descobrem o que pode ser a origem da humanidade na Terra. Eles então fazem uma jornada aos confins do universo, testando seus limites físicos e mentais e que o farão encarar uma batalha em nome do futuro da raça humana.

O texto abaixo contém spoilers!

Desde que assisti pela primeira vez o trailer de Prometheus, tive a sensação que em breve assistiria a um filme visualmente incrível, mas não tinha noção nenhuma do que esperar do roteiro. Antes de correr para a internet e pesquisar informações, não fazia nem ideia de que esse filme se passava no universo de Alien e também ainda não tinha notado no trailer (nas diversas vezes que o vi no cinema) que seria um filme dirigido por Ridley Scott, grande diretor, responsável por filmes que eu curto muito como O Gângster, Gladiador, além dos clássicos Blade Runner e Alien, O Oitavo Passageiro. Depois de estar mais bem informado desenvolvi um certo hype por esse filme.

Agora depois de devidamente assistido em uma longa sessão no cinema, acompanhado de uma bela pipoca e refrigerante, posso dizer que eu estava certo quanto à beleza visual desse filme.

Desde a primeira cena (confusa e linda ao mesmo tempo) somos presenteados com efeitos especiais marcantes e um 3D decente como há tempos não se via no cinema.

Todos os detalhes são magníficos, desde a imponente nave Prometheus até o planeta misterioso na qual a aventura acontece, com suas cavernas escuras, cachoeiras enormes e tempestades de areia angustiantes.

Todas as vezes que os efeitos especiais e o 3D foram exigidos, a resposta foi satisfatória, inclusive no visual das criaturas alienígenas (das quais não entrarei em mais detalhes para evitar spoilers desnecessários).

O filme logo na já mencionada primeira cena, cria um clima de mistério e você já começa a se perguntar o que diabos foi aquilo.

O filme é recheado de perguntas e nos faz pensar na origem da humanidade, no entanto é na hora de responder tais perguntas e desenvolver os personagens, que o filme falha. Na verdade a construção de tais personagens é fraca, por isso desenvolvê-los é um tanto quanto impossível.

A tripulação da nave é composta por membros totalmente estereotipados de filmes de suspense e terror clichês. Uma pessoa mais questionadora, mais atenta a inconsistências, logo pensa: como uma expedição no espaço, onde foi investido bilhões de dólares, contrata tipinhos tão estúpidos quanto os que encontramos na maioria dos personagens do filme? Eles são divertidos, mas em sua maioria são muito burros.

Para vocês terem uma ideia, o personagem mais interessante da trama não é um humano e sim um androide, chamado David, interpretado de forma brilhante por Michael Fassbender.

Esse personagem sim, tem uma certa profundidade, pois durante toda a projeção não conseguimos entender exatamente o que ele está tramando, suas atitudes não são tão previsíveis e sendo um androide, uma criação humana, logo percebemos que a origem da criação de um ser vivo (ou não) não é uma questão tão simples de ser respondida. Por quem fomos criados? Porquê? Será que realmente existe uma resposta satisfatória ou mesmo uma única resposta?

Quem nos leva a pensar durante a projeção é David e não os humanos ou os “Engenheiros” (prováveis criadores da raça humana e que vieram do espaço).

Querem um exemplo do por que os tripulantes humanos da nave no filme têm personalidades ridículas para exploradores espaciais?

Em certa cena, dois tripulantes da nave avistam um dos alienígenas do filme (um Alien em sua forma primitiva) e ficam fazendo gracinhas com a criatura, quando a atitude de verdadeiros exploradores espaciais (se existissem é claro), seria agir com extrema cautela. Digo isso por que podemos ver em documentários que caçadores ou biólogos profissionais agem assim e não como idiotas. Nem preciso dizer que o destino dos bobalhões não é nada agradável né?

A personagem principal, Elizabeth Shaw, interpretada por Noomi Rapace cumpre bem o seu papel quando é exigida em cenas de ação, mas não fiquei muito satisfeito quando a sua personagem toma atitudes duvidosas em momentos de extremo perigo.

Vale ressaltar uma cena com a personagem: Elizabeth tem que fazer uma cesariana de forma bem incomum, em um momento fabuloso e angustiante, o que vale alguns pontos para a personagem.

Depois de David, Elizabeth é a melhor personagem, o que não é grande coisa considerando que os outros personagens são muito fracos. Elizabeth não chega a ser uma nova Ripley (protagonista da série Alien, interpretada por Sigourney Weaver), mas cumpre bem o seu papel.

A personagem Vickers, interpretada por Charlize Theron dá uma primeira impressão de que será interessante, mas isso não acontece, pois a personagem protagoniza uma cena dura de engolir com o vilão humano do filme (sempre tem um né, mas não vou revelar mais nada para não soltar mais spoilers desnecessários).

Mesmo com os diversos furos e péssima construção de personagens, o filme conseguiu me prender do início ao fim e em diversos momentos fiquei extremamente tenso, graças à atmosfera escura, aos excelentes efeitos, trilha sonora bem encaixada e direção competente de Ridley Scott.

Na sequência de Prometheus, espero equilíbrio entre beleza e inteligência no espaço.

Recomendo pela diversão e lindos efeitos visuais. A última cena do filme é para os fortes, xD!!!

Filme Bom – Nota 8/10.

Ficha Técnica

Direção: Ridley Scott

Roteiro: Damon Lindelof, Jon Spaihts

Gênero: Ficção Científica

Origem: Estados Unidos

Duração: 124 minutos

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