God of War | Retrospecto e futuro (Reflexão)

O que fazer quando uma franquia é boa… Mas está desgastada?

Lançada já quando o PS2 entrava em seu ciclo final de vida, a franquia God of War acabou se tornando um dos principais símbolos das plataformas da Sony. A violência, a mitologia, os cenários enormes, as batalhas épicas – tudo isso junto faz com que qualquer jogo da série venda como água não importa para qual plataforma seja seja lançado.

Mas após seis games, os sinais de cansaço são bastante aparentes. A nova geração já está na esquina e pode ter certeza que logo logo teremos mais um GoW nas lojas. Ascencion, o mais recente capítulo da franquia, foi bastante criticado pela repetição e falta de propósito. Será que os futuros games correrão os mesmos riscos?

God of War: o iníco de tudo

Quando o primeiro God of War saiu para PlayStation 2 em 2005, ele não era algo que poderíamos chamar de inovador. O sucesso do game veio da forma como ele se utilizava de elementos já estabelecidos para maximizar a experiência. Combates frenéticos? Naquela época já tínhamos isso em Ninja Gaiden e Devil May Cry. A diferença é que, diferente desses dois games, God of War foi feito por um estúdio americano (o Santa Monica Studio), que deu uma importância maior ao peso dos combates. Ninguém duvida da agilidade de Dante e Ryu Hayabusa, mas os ataques de Kratos sempre tiveram um peso, um impacto maior.

O uso de mitologia grega também não é novidade. Afinal, todos os anos são lançados uma série de livros/filmes/jogos/HQs sobre o tema. O diferencial foi a releitura realizada pelo estúdio estadunidense: era impossível não se empolgar com a jornada de Kratos por vingança contra Ares, enquanto derrotava meio mundo de criaturas mitológicas pelo caminho.

God of War II: a continuação parruda

Avançamos dois anos e chegamos em 2007. O PS3 foi lançado há alguns meses e a batalha pela (então) nova geração tem início. Ainda assim, o PS2 velho de guerra entrega God of War II, seu swan song e um dos jogos mais bonitos da geração 128 bits. Nessa continuação, tudo foi ampliado: mais golpes, mais sangue, mais horas de jogo, gráficos mais bonitos, etc. A história mais uma vez era sobre vingança, mas contra um adversário ainda mais forte, o próprio Zeus. Com um alvo desses, não faltou quem quisesse desbravar os confins da Grécia Antiga em busca da almejada revanche.

 A verdade é que o Santa Monica Studio não precisou se esforçar muito para tornar God of War II num dos melhores jogos da geração passada. A receita do sucesso estava logo ali ao lado, no jogo anterior. Bastou acrescentar um pouco mais de fermento.

God of War III: o suposto capítulo final

O ano agora é 2010. Com três anos de intervalo entre Gow 2 e 3, o Santa Monica Studio teve bastante tempo para brincar com o console novo da Sony. O resultado? Um dos jogos mais espetaculares dessa geração! God of War 3 redefiniu o significado da palavra “épico” em jogos AAA, os desenvolvedores não viram limites e puderam colocar todas as suas ideias loucas em prática.

 Mas… O cansaço já se mostrava visível. Kratos estava mais forte do que nunca, e no entanto a franquia apresentava desgaste. Já não era mais tão empolgante acompanhar as intermináveis vinganças do Fantasma de Esparta, e no terceiro game ficou claro que o personagem tem sérias limitações quando se trata de enredo. E embora o combate continuasse sólido, não houve grandes mudanças desde o início da série. O lançamento de Ascension só fez dar força a essas críticas.

Mas tem gente que não se cansa, que quer jogar mais e mais das mesmas coisas (o mesmo tipo de gente que compra Assassin’s Creed e CoD todo ano, acredito) e mal aguenta esperar o próximo jogo do Kratos matando monstros alopradamente porque o Corithians perdeu. O próximo jogo nem sequer foi anunciado e já li umas teorias loucas na internet – uns dizem até que o próximo alvo de Kratos é a mitologia nórdica! Já pensou?

O fake

Então peraí… Quer dizer que God of War se resume a Kratos matando deuses aleatórios indefinidamente? Pois eu acho que pode ser um pouco mais do que isso.

Sem entrar em spoilers, fica claro que muita coisa muda no fim de God of War III. Não é aquele finaaaaal que a campanha publicitária nos fazia imaginar, mas é inegável que o mundo da franquia foi sacudido de forma violenta. Não faz sentido trazer Kratos de volta agora. Contra o quê ele irá lutar, oras? Uma nova geração vem aí, trazendo aquele característico clima de renovação à indústria. Porque não aproveitar isso e dar um tapa na cara da série?

O Santa Monica Studio não faz mais nada além de God of War desde 2005. É aquela história: quando nos focamos muito numa coisa só, não percebemos o que está ao nosso redor. O estúdio enfim percebeu isso e decidiu dar uma arejada, e o resultado disso está no primeiro projeto deles para PlayStation 4 – será The Order: 1886, um jogo que em nada lembra o que eles vêm fazendo nos últimos oito anos. Depois dele, pode ter certeza que God of War será o foco outra vez.

Mas e aí, como será o God of War da próxima geração? Bom… Eu acredito que um futuro jogo da série não precise de Kratos. A franquia God of War é maior que seu atual personagem principal. Um personagem novo, com motivações e background diferentes, daria um novo gás à franquia. E não me limito somente ao enredo! Um novo personagem poderia trazer uma jogabilidade completamente nova, sem a obrigatoriedade das correntes do Fantasma de Esparta. Imagine também mecânicas completamente novas, sem amarras com as criadas por David Jaffe em 2005!

Exagero? Pode até ser um pouco, mas não deixa de ser possível.

Fazer um God of War não é fácil: são jogos enormes e há uma grande quantidade de dinheiro envolvida. Pra vocês terem uma noção do stress que um jogo desses deve dar, ninguém jamais dirigiu dois games da série. David Jaffe, Cory Barlog, Stig Asmussen – todos eles responderam um sonoro “não” quando lhes foi perguntado se queriam assumir o posto novamente, e aposto que Todd Papy (diretor de Ascension) também integrará a lista dos que não voltaram. O estúdio precisa de alguém diferente, sem medo de ousar, que defenda suas próprias ideias. Alguém que pense como David Jaffe pensava no começo do século, quando resolveu levar em frente seu projetinho de batalhas mitológicas.

A primeira fala de Kratos em God of War III é “my vengeance ends now”. Os desenvolvedores do próximo game bem que poderiam levar essa frase a sério e dar um descanso tanto a Kratos quanto à essa vingança descontrolada. Seria bom para a franquia, bom para o PS4, bom para o Santa Monica Studio, e bom para os jogadores.

Fica dado o recado: surpreenda-me, God of War IV!

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