Começando Zelda: A Link Between Worlds…

Impressões iniciais das primeiras horas de jogo e a minha história com a franquia

Antes de começar a falar um pouco de A Link Between Worlds acho válido comentar um pouco sobre a minha experiência pessoal com a franquia The Legend of Zelda como um todo. O meu sentimento pela franquia não é como muitos fãs de Zelda. Não morro de amores pelos games da série, assim como não fico super animado quando um novo jogo é lançado ou naquela euforia quando a Nintendo anuncia a produção de um novo game da série para um futuro incerto. Não que não curta a série, apenas não tenho a mesma paixão que muitos fãs possuem. Acho a série icônica dentro da história dos videogames, acho que ela tem a sua profundidade, assim como narrativa e personagens únicos, que até hoje inspiram muitos outros games a serem como a série é nos consoles na Nintendo. Ela tem seu valor, e de alto nível. Eu apenas me divirto mais com um Super Mario do que com um The Legend of Zelda e não acho que há nada muito errado com isso.

Mas vagou um espaço e uma oportunidade para experimentar o novo The Legenda of Zelda que foi lançado na sexta-feira passada, dia 22, para o Nintendo 3DS. Sendo assim, depois de algumas horas de gameplay, acho que posso dizer algumas palavrinhas sobre um dos grandes títulos da Nintendo para esse fim de ano no 3DS, pegando o fato de que debulhei e virei de cabo a rabo tudo que tinha que fazer em Pokémon X e já não tinha mais nada para jogar (com afinco) no portátil. Segue a pauta então?

Veja bem, também é oportuno dizer que não joguei todos os Zeldas que foram produzidos até hoje. Pode-se dizer que a franquia pra mim começou com The Legend of Zelda: Ocarina of Time no Nintendo 64. Conheci esse universo ali, no mais memorável (e relançado) game da franquia. Depois eu fui descobrir as versões antigas em 2D para as plataformas anteriores ao Nintendo 64. E talvez até tenha jogado na infância com meu NES e SNES, mas não deve ter sido memorável pra mim a ponto de não ligar os pontos entre eles e a versão de Ocarina. Até porque nos anos 90 não existia internet e os gamers dessa época jogavam muita coisa sem entender bulhufas de inglês (estávamos aprendendo a língua) e vivíamos de locações de 2 dias nos finais de semanas nas saudosas locadoras de bairros.

Pode-se dizer que basicamente só fechei 2 games da franquia Zelda de lá pra cá. O próprio Ocarina of Time (várias vezes) e The Legend of Zelda: Wind Waker no Nintendo Gamecube. Posso até ir mais além (e polêmico) ao dizer que curto muito mais Wind Waker do que Ocarina. Acredito que as minhas memórias do GC sejam muito melhores que as memórias do N64, em termos de games, assim como acho Super Mario Sunshine infinitamente melhor do que Super Mario 64. Mas isso é conversa para um outro dia…

Não que não tenha jogado outros Zeldas. Na época do Nintendo 64 não era tão fácil conseguir jogos pelo que me recordo. Então não tive como jogar The Legend of Zelda: Majora’s Mask no momento mais apropriado. Até me lembro de alugar e jogar um pouco. Mas nunca o terminei. Lembro que gostei dele na época, apesar de achar muito parecido (mecanicamente) com Ocarina. Isso tirava um pouco o vislumbre do game na época. Talvez seja por isso que a Nintendo esteja esperando um pouco para relançá-lo no 3DS, evitando assim o mesmo efeito da época. Na geração Gamecube até tive o jogo naquela versão do cartucho que vinha com o Ocarina, mas mais uma vez fui sugado por aquilo que já conhecia e fiquei mais no Ocarina do que no Majora’s.

Aí teve o insosso The Legend of Zelda: Twilight Princess no fim da era Gamecube e começo da geração Wii. Juro que tentei e me esforcei para ir até onde fosse possível. Mas achei o game tão ultrapassado e chato na época. Não tinha a mesma vibração e simpatia que Wind Waker tinha. A galera pediu tanto um Zelda realista depois do visual de Wind Waker que a Nintendo acabou atendendo a demanda, mas fiquei com a impressão de que o jogo demorou demais para sair, criando uma expectativa tão grande que quando ele saiu, acabou sendo algo meio sem graça, já meio datado devido a entrada da geração X360 e PS3, esforçando demais para provar que o Wii seria um console legal (e pra mim não foi).

Por fim, teve há não muito tempo atrás o The Legend of Zelda: Skyward Sword para fechar os pregos do caixão do Nintendo Wii. Só que eu já tinha fechado os pregos do meu Wii há muito tempo e não achei que valeria a pena desenterrá-lo do meu quintal. Não me arrependo disso, até porque vivemos uma época que os games retornam com muito mais frequência do que talvez deveriam e não me assustaria com uma versão digital  (e remasterizada em HD) do game para alguma plataforma atual ou futura da Nintendo.

Houve outros Zeldas, só que para portáteis, e sempre os ignorei. Sabe-se lá porque. Quer dizer, até sei. É que o 3DS, na minha opinião, é o primeiro portátil da Nintendo que me lembra um console de mesa em si, com potencial para ser mais do que um mero portátil com jogos simples. De fato parece que o 3DS está se saindo muito mais agradável do que o console de mesa atual da empresa, então faz sentido me render ao que ele vem fazendo e lançado em termos das franquias mais famosas da empresa.

Mas chega de história e do passado. Hora de falar um pouco de The Legend of Zelda: A Link Between Worlds e as minhas primeiras impressões dele!

Não diria que Between Worlds é um game que te suga para dentro dele da mesma forma que Pokémon. Não que isso seja uma crítica, pelo contrário, até me sinto melhor por não jogá-lo de forma compulsiva como Pocket Monster meio que me obrigou a jogar. Adquiri o jogo no dia do lançamento e até então, passaram-se alguns dias e não devo ter jogado mais do que 4 horas de gameplay. E foram 4 horas calmas, sem pressa, apreciando o universo de Zelda e as (velhas) novas mecânicas de gameplay.

Faço essa brincadeira entre velho e novo porque o jogo retorna um pouco as suas origens, com uma câmera isométrica e passagens meio que tela-a-tela ao andar pelo mundo aberto do jogo. Isso significa que você joga com aquela visão vista de cima, como se fosse Deus olhando lá do céu tudo que acontece lá embaixo com os personagens e o “tela-a-tela” quer dizer que o personagem precisa chegar ao limite da tela do 3DS para que o cenário a seguir se abra para ele. Jogadores das antigas vão entender, mas os jogadores mais novos podem estranhar isso.

Mas toda essa nostalgia dos antigos games 2D de Zelda está envolto a tudo que é possível, graficamente e tecnologicamente, ser feito no desenvolvimento de um game. O que significa que essa decisão de ser assim é mais estratégica do que limitativa, e isso é algo muito positivo. O game não possui as mesmas limitações que um Zelda 2D teria quando era desenvolvido há décadas atrás. Ele apenas tem uma vibração de parecer antigo em seu formato, porém apresenta coisas novos e soluções inteligentes para coisas que eram impossíveis no passado desse gênero.

Se é a melhor decisão deixar o game em 2D isométrico com as passagens de telas mais presas acho que cabe a cada jogador decidir isso. A principio admito que estranhei e me incomodou um pouco, mas foi algo de apenas a primeira hora (ou menos) de jogo. Depois dessa sensação estranha, o jogo acaba fluindo muito bem, sem problemáticas que esse tipo de jogo possuía em seu passado.

Outro ponto que deve ser elogiado é a trilha sonora, sempre orquestrada e que te leva para dentro do mundo de The Legend of Zelda. Estou jogando com fones de ouvidos e parece que ela te compele a desligar-se do universo real enquanto joga o game com sua trilha vibrando dentro da sua cabeça. Bem diferente de Pokémon, onde muitas vezes eu simplesmente tirava o som do game para jogar enquanto via TV, por exemplo. Não dá para fazer duas coisas ao mesmo tempo enquanto joga A Link Between Worlds e talvez isso seja tanto um ponto positivo quanto negativo (já que não dá para jogar com som a qualquer momento – no meu caso claro). Esse é um tipo de game que se você jogar sem som ou com o mesmo prejudicado por barulhos externos tira metade (ou mais) da graça, portanto, não faça isso.

Quanto ao resto, como gráficos e jogabilidade, não há nada muito pelo que ressaltar. Tudo está realmente competente e visualmente bonito. The Legend of Zelda não é um game de ação pura, ele se assemelha muito a um RPG-Puzzle, com pequenos elementos de ação. A graça não é matar inimigos, mas descobrir para onde ir, como abrir caminhos ocultos, explorar pequenos segredos do game, adquirir novas habilidades e por aí vai. É um tipo de game mais calmo, onde a imersão é quase que obrigatória para se sentir dentro desse universo rico em detalhes. A história certamente ajuda, ainda que seja a mesma história batida de todo jogo da série alterada na dose necessária para ser algo diferente ao mesmo tempo. Dose essa que nem sempre a Nintendo consegue criar diga-se de passagem. A Link Between Worlds parece que entende isso e não enrola muito em detalhes de conhecimento geral do público (como Triforce e a relação do Link, Zelda e de Ganon).

Infelizmente não posso ir mais além do que estas impressões iniciais. Estou na segunda Dungeon do game (a primeira, com a Lanterna é bem curtinha e quase como um tutorial mesmo) e ainda nem ganhei a habilidade de me tornar uma pintura ou atravessar para o outro mundo que existe no game. Mas mesmo não chegando nesses pontos que são talvez os pontos altos e principais desse novo The Legend of Zelda, tudo que vi até o momento me agradou. E isso é bom, não?

Concluo então que A Link Between Worlds é um game competente, pois está conseguindo me divertir. Vindo de alguém que não é tão apaixonado por Zelda é algo positivo. Sendo o game um gênero que faz uma bela releitura de mecanismos que ficaram no passado e foram trazidos a tona e remodelados aos tempos modernos dos videogames de forma muito bem bolado. Vale experimentar e tentar entender porque The Legendo of Zelda fascina tantos e tantos fãs por aí. Alias é uma bela prova de que a franquia não precisa ficar sempre se inspirando no formato de Ocarina of Time em termos de jogabilidade, pois não é realmente fácil superar esse clássico em sua própria fórmula…

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