Conversa de Mangá: One Piece 756 – Balanço Dressrosa

Level 4

| Texto recomendado para quem está acompanhando os capítulos semanais de One Piece e que já tenha lido até o de número 756, ou para aqueles que não se importam com spoilers |

Antes de começar a escrever sobre o capítulo da semana, quero aproveitar um pouco essa espaço para comentar um pouco um assunto que vem sendo discutido entre os leitores nos comentários dos CDMs de One Piece a respeito da complexidade do atual arco, o sumiço de alguns personagens e a quantidade de personagens que recebem destaques e são apenas coadjuvantes do arco, dar um pouco da minha opinião pessoal acerca de tais assuntos.

Veja bem, particularmente não estou tendo problemas em achar o arco complexo demais. Sim, entendo que há diversos cortes de vários personagens acontecendo simultaneamente, e que talvez nem todos estes pontos sejam necessários se alongar, mas em nenhum tenho a impressão de estar perdido na história. Talvez não me lembro exatamente o que estava acontecendo com certo personagem aqui e ali, até o momento em que Oda o traz de volta a narrativa e quando ele faz isso na mesma hora a memória ativa e tenho aquele lampejo de “é mesmo, tá certo, ele estava ali“. Isso é ruim? Não acho, porque se tal personagem sumiu ou ficou sem aparecer por um tempo, é porque nessa pequena linha de tempo não se faz necessário trabalhar com sua história. Ruim seria se quando ele retornasse ao centro da atenção o leitor não conseguisse ligar onde ele estava e o que estava fazendo, tornando a narrativa realmente confusa. E são raros os momentos em que passo por isso em One Piece e em geral as vezes a culpa é minha, afinal também acompanho os capítulos semanalmente e nem sempre com 100% da atenção nele em questão já que estou num PC lendo e tem um trilhão de coisas no meu monitor me chamando a atenção. Talvez por isso curta tanto acompanhar alguns mangás no papel, onde a minha atenção não é tão dividida assim. Mas este sou eu, é o meu jeito de ler One Piece.

Também percebo muitos leitores ansiosos com certos eventos que não tem importância no momento. Há muita gente se desesperando porque quer saber o que aconteceu com o bendito plot criado no capítulo 730 (eu fui checar o número, não sabia de cabeça), na qual mostra o navio da Big Mom se aproximando e atacando o Sunny, enquanto Sanji e os outros mugiwaras recebem ordens para contra-atacar e fugir para Ilha de Zo. Eu também quero saber o que aconteceu, mas se o Oda não está narrando estes fatos simultaneamente com os eventos de Dressrosa é justamente para não deixar as coisas ainda mais confusas e também porque isso pode ser mostrado depois que o caso em Dressrosa for solucionado, acredito até mesmo que os eventos mostrados no 730 vão servir como base para o próximo arco do mangá e aí faz sentido mesmo não ficar com duas histórias correndo paralelamente com dois objetivos tão distintos.

É ruim deixar personagens como Nami, Sanji, Chopper e Brooke de fora do restinho do arco atual? Eu realmente não me incomodo com isso. Já não é de hoje que o autor vem trabalhando assim, criando circunstâncias (o que é diferente de forçar uma desculpa esfarrapada) para deixar alguns mugiwaras de fora da trama central, dando-os objetivos secundários que não precisam ser trabalhados semanalmente no mangá. Sempre houve uma boa rotatividade de arcos e sagas que as vezes deixam um personagem de fora e depois colocam no centro da próxima. Eu acho uma boa estratégia para manter um ritmo sempre renovado em cima dos protagonistas principais da série. A saudade as vezes atrapalha, é verdade, tome por exemplo a escalada que o Sanji estava tendo ao longo desse arco, com a Viola, enfrentando cara a cara o Doflamingo e agora assumindo a liderança do Sunny. Oda conseguiu criar um papel para ele nesse arco que foi muito superior ao do Zoro que passou parte do arco correndo sem chegar a lugar algum pela ilha, até finalmente entrar em batalha. E se com 4 mugiwaras fora do clímax do arco ainda tem tanta coisa acontecendo, imagine se eles estivessem ali.

Quanto aos personagens secundários que alguns podem julgar desnecessários, também não vejo dessa forma. One Piece sempre trabalhou próximo de personagens que não são seus protagonistas. Os secundários do arco, que aqui se dividem entre os time da realiza e os piratas do coliseu. Bem, os da realeza fica meio claro que são importantes ao plot da mesma forma como a Vivi, a guarda real, o amigo de infância dela e  seu pai eram em Alabasta. São personagens necessários para criar a simpatia do leitor para com a causa da ilha. Nesse ponto Dressrosa se parece muito com Alabasta, com a diferença que ali era uma ilha onde 6 piratas mudaram seu destino sem que a população sequer tivesse conhecimento do que estava acontecendo, enquanto em Dressrosa todo mundo sabe o que diabos está rolando, mas ninguém tem força o suficiente para acabar com isso. Tem uma dinâmica diferente, enquanto mantém a sua semelhança com algo que conhecemos do universo de One Piece.

Já os piratas aliados ao Luffy, podem parecer secundários e desnecessários, e que estão enchendo linguça nos capítulos deixando tudo mais arrastado do que poderia ser, mas também não tenho essa mesma visão. Oda está trabalhando da mesma forma como fez em grandes arcos que todos estavam louvando o ápice da loucura de Luffy, que foi quando ele invadiu Impel Down e depois guerreou em Marinford. Lá não tinha seus companheiros e apesar de todos sentirem falta destes personagens, os arcos tinham personagens incríveis criando novas dinâmicas com o Luffy e gerando um ritmo totalmente ousado e inovador ao mangá e é até por isso que são momentos fodas demais de toda a linha do tempo da série.

Porque chega um momento de qualquer mangá em que os protagonistas principais se esgotam. Você precisa saber criar personagens interessantes que quebrem o que pode ser maçante para uma história que se desenvolve a tantos anos. E se você pegar o histórico de One Piece, Luffy & cia sempre interagiram com outros personagens criados para os arcos, sempre assim, lidando com eles como se eles até mesmo fossem fixos da série. E eu estou curtindo o ritmo criado nesse momento da história com o Luffy, o Sr. Soldado e o Cavendish.

A minha única reclamação nesse sentido é a de que eu gostaria que o Oda trabalhasse mais outros mugiwaras da mesma forma como ele faz com o Luffy, no sentido de que os outros protagonistas tivessem o mesmo espaço e interação com estes personagens de arco de forma tão fixa e conectada como o Luffy faz. Tudo bem, o Sanji teve seu tempo com Viola, o Bartolomeu está com a Robin e o Zoro teve um tempo com uma fada enquanto o Franky ficou com o Sr. Soldado parte do início do arco, mas ainda assim não parece algo tão extenso e com ritmo como o Luffy tem como todo o resto dos personagens. Se você parar para pensar, ele basicamente ficou sem interagir com sua tripulação o arco inteiro e saiu bem trabalhando com qualquer outro personagem que o Oda atirou em seu caminho. É algo impressionante que o Luffy consiga isso, mas eu queria que os outros personagens principais tivesse esse mesmo peso em um maior tempo de mangá. E aí é uma crítica pessoal minha, um dos pontos que tenho a sensação de que o Oda não vem conseguindo criar desde que os Mugiwaras retornaram após os 2 anos que ficaram separados. Eu ainda espero talvez um arco tão íntimo e pessoal como foi Water 7 e Enies Lobby onde tudo era sobre os Mugiwaras em si (Merry, Usopp & Robin – e Franky que se jutaria ao bando no final do arco). Sinto falta desse vínculo especial, onde One Piece pudesse parar um momento e deixar eu, como leitor, curtir apenas seus protagonistas principais apenas porque eles são apaixonantes por si só. Entretanto eu acredito veemente que a tensão de Water 7 / Enies Lobby ainda vai se repetir no novo mundo mais a frente, mas muito mais a frente. Nesse momento isso poderia até soar forçado e oportuno.

E putz, me estendi muito mais do que pretendia. Agora sobrou pouco tempo para o capítulo da semana. Hahaha. Porém isso foi até bom porque não há muito que comentar de forma reflexiva sobre o mesmo. No geral a história segue e divertida como sempre.

Achei uma jogada esperta do Oda colocar o Kinemon e o Kanjuro junto com o Usopp e começar a mexer com esses personagens para resgatar a princesa dos Tontatta. A Viola não me parece ser uma personagem de batalha, apesar de que pode vir a ser forte, mas o Usopp precisava de um reforço e parece que ele o Kanjuro podem garantir boas risadas. Gostei da química entre os dois já nesse primeiro encontro de ambos. Sempre batendo aquela pontinha de decepção pelo fato do Usopp estar bem covardão no arco. Eu queria vê-lo mais confiante como ele estava no início da fase Novo Mundo.

Enquanto isso Bartolomeu já coloca em cheque a minha impressão de que é um cara invencível. Se atrapalhou geral e tomou umas explosões na cara. O bom disso é que serviu para criar uma situação onde ele e a Robin vão poder batalhar, afinal One Piece ainda é shonen e a gente quer ver mesmo mais lutas e pancadarias, de preferência com quem ainda não começou a lutar. Vamos ver se ela vai conseguir criar um ritmo legal com a Robin contra os soldados gigantes e o tal Gladius!

Por sinal, adorei esses inimigos! Prova que a Sugar ainda é uma personagem perigosa o suficiente para temer, ainda mais agora que ela acordou e pode voltar a transformar todo mundo em brinquedo. É mais uma barreira a ser vencida, porém não duvido que rola uma revanche dela contra o Usopp, ainda mais agora que ela ficou meio traumatizada com narigões. Hahaha!

E acho que é isso. Gostei das cenas de ação com o trio Luffy, Kyros e Cavendish contra os soldados gigantes, e caraca um quebra nozes gigante dá uma baita mordida no cavalo do Cavendish! Que maldade! Mas como é mangá, é shonen e é para crianças, tá tudo bem, ele não morreu, só ficou ferido em batalha. Me lembrei do Carue lá de Alabasta, tem uma parte lá em que ele também se quebra todo.

O capítulo termina com um momento meio tenso, mas acredito que não é tão suspense assim já que esse é o cara que o Kyros quer matar com as próprias mãos, então talvez a Rebecca apanhe um pouco, mas deve se defender também com as técnicas que aprendeu, além do tal Diamante revelar um pouco sobre o passado e tal até para dar tempo da equipe Luffy chegar ao nível 4. Vai ser sempre naquele último segundo, mas eles chegam!

 

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