Super Bomberman R | Merecido retorno! (Impressões)

Fazia anos que não me empolgava com um título de Bomberman. E, para ser justo, fazia anos que um novo Bomberman não era lançado em nenhum console. O último foi em 2010, para Xbox 360, e se chamava Bomberman Live: Battlefest. Foram sete anos até Super Bomberman R surgir, de forma inesperada, no lançamento do Nintendo Switch. E mais um ano até ele chegar as demais plataformas dessa geração (PC, PS4, e Xbox One).

Outro ponto interessante: este é o primeiro Bomberman sob o teto de uma nova casa, a Konami. A Hudson Soft, que até então era a companhia que gerenciava toda a franquia Bomberman desde seu primeiro game – lançado em 1983 – foi adquirida pela Konami em 2012, assim como todas suas IPs. Tudo foi engolido pela companhia responsável por IPs como Castlevania, Contra, Metal Gear e Pro Evolution Soccer (só para citar algumas). Como empresa, a Hudson Soft deixou de existir após esse evento, com parte de seu ativo e empregados sendo redirecionados a outras divisões e companhias dentro da Konami.

Assim a tarefa de trazer Bomberman de volta à atual indústria dos games, em celebração aos 33 anos da franquia completados em 2017, ficou a cargo do estúdio japonês HexaDrive, fundado em 2007. Um estúdio que normalmente trabalha colaborando com outros estúdios maiores para jogos de diversas das atuais plataformas. Apesar de ter procurado, não encontrei informações se ex-desenvolvedores da Hudson auxiliaram a HexaDrive no desenvolvimento de Super Bomberman R.

Tarefa árdua

Dei todo esse contexto histórico para dizer que a tarefa de ressuscitar a franquia não é nada fácil. Isso para não dizer que em se tratando de franquias clássicas, com fórmulas difíceis de serem mudadas de formas drásticas, são ainda mais complicadas. Modernizar e apresentar Bomberman para uma nova geração de jogadores é de fato algo muito, mas muito, mais difícil do que parece ser. E nesse ponto a HexaDrive acertou, ainda que tenha também errado diversas coisas e não aproveitado o pleno potencial que a franquia possui. Mas vamos conversar sobre isso em partes. Cada qual em seu devido momento.

O melhor ponto aqui é a apresentação do game, em especial de seu modo história. Eu mesmo admito que por mais que tenha jogado Bomberman na minha infância, nos anos 90, – e me maravilhado com Bomberman Live em 2007, quando conheci o Xbox 360 e o mundo dos jogos online – nunca prestei muita atenção em sua história, no contexto ou nas personalidades de cada personagem. Super Bomberman R foi o primeiro título que conseguiu me fazer ter essa atenção, a ponto de me afeiçoar por alguns personagens, pela trama e por achar divertido a narrativa que me foi apresentada.

Não sei se Super Bomberman R faz alguma releitura de ponto narrativos que já existiam nos jogos mais antigos da série, mas apresenta tudo presumindo que o jogador está chegando a franquia agora, pela primeira vez. O planeta Bomber, os personagens, heróis e vilões, personalidades se destacam e é fácil acompanhar o enredo, que é realizado em bonitas animações que dão vida aos personagens.

Tudo bem, a história é bobinha e um tanto infantil. Mas seria algo muito bizarro esperar pelo contrário. Bomberman não é para ser uma série pesada ou sombria – ainda que já tenham tentado que fosse no passado (mas não vamos nos lembrar disso). É algo que funciona para um público mais jovem, enquanto que adultos vão gostar pelo caráter nostálgico que a franquia passa.

Fique para jogar no sofá, tenha ressalvas pelo Online

Bomberman é um game que desde sempre se prezou muito pelo fator multiplayer. É um game que é gostoso de se jogar com alguém ao seu lado. É um game de disputas, onde jogadores tentam explodir outros jogadores, ou pontuar mais em um determinado tempo, de acordo com regras básicas impostas antes da partida ter início. Pode ser jogado em equipe ou sozinho, no melhor estilo todos contra todos. Pode ser com NPCs robóticos que se movem com precisão absurda ou apenas com jogadores que nunca sabem o raio de explosão da bomba de todos os jogadores em partida.

Super Bomberman R se divide em basicamente três modalidades: História, Multiplayer Clássico e Grand Prix. Todas envolvendo esse aspecto multiplayer. O modo história, elogiado acima por seu carisma ao apresentar personagens e universo do jogo, pode ser jogado em parceria com um segundo jogador. E ambos dividem um certo número de vidas que precisam durar até o final de dez fases de cada um dos sete capítulos do game. Eu joguei todo o modo história com o meu pequeno de 5 anos e foi uma experiência muito divertida. Tanto pra mim e quanto pra ele.

Esse modo história tem diversos tipos de fases com missões. Não é mata mata entre jogadores. Resgate personagens espalhados pelos labirintos e leve-os a um certo ponto. Mate todo os diversos inimigos em fase, que se movimentam cada um com seu próprio jeito. Uns até mesmo pulam casa ou explodem suas bombas. Acione botões ou chaves escondidas enquanto evita ou elimina os inimigos no caminho (porém nestes casos eles voltam por meio de um buraco negro em pontos dos estágios). Há até mesmo um tipo de missão em que a meta é sobreviver por alguns minutos, enquanto mais e mais inimigos vão surgindo dentro do labirinto, em números maiores do que os jogadores podem dar conta de eliminar.

Porém o grande barato mesmo dessa modalidade são as batalhas de chefes. Todos imensos e quebrando as barreiras da fórmula da série e seus labirintos com cercados. São batalhas bem elaboradas e engenhosas. Alias os próprios labirintos do jogo, que misturam 2D e 3D são muito bem planejados, com o jogador subindo elevações e andares. Bem diferente do estilo todo plano dos jogos clássicos. Faz o jogo ter essa sensação de clássico modernizado, sem que isso soe como algo negativo.

A única crítica, relacionado a design, que posso fazer é como a interface do jogo, com os ícones e HUD poluem a a tela em certos momentos que até mesmo conseguem tampar a visão de gameplay do jogador. Não é nada terrível, mas é um aspecto que após algumas horas jogando-o se tornou mais perceptível.

Antes de pular para a modalidade de Multiplayer Clássico, a qual já é meio auto explicativo, há que se explicar um pouco a modalidade Grand Prix de Super Bomberman R. Um modo que não estava no jogo em seu lançamento no Nintendo Switch e que foi adicionado posteriormente por meio de uma atualização gratuita. Basicamente trata-se de um modo torneio de times de três jogadores contra três jogadores.

Claro que pode ser realizado disputas com menos jogadores, 1vs1 ou 2vs2, mas o ideal é realmente 3vs3. Nesse modo os jogadores podem disputar partidas em grandes arenas, criadas especificamente para essa modalidade, onde se aliam a outros jogadores para vencer o time adversário. Podem ser partidas onde jogadores competem para eliminar o time adversário, explodindo-os; ou podem ser partidas de coletas de cristais, onde se faz necessário se manter a posse dos cristais, perdendo-os caso quem os possuam exploda.

Recentemente o modo Grand Prix recebeu uma nova modalidade, chamada Checkpoint, em uma atualização que adicionou novos itens cosméticos, assim como a arena Mother Base e novos personagens de outras séries da Konami, como Metal Gear e Contra. Mais detalhes sobre essa atualização estão nesta nota publicada há alguns dias aqui no site. O modo Checkpoint é basicamente uma modalidade de domínio de território, onde os jogadores precisam permanecer dentro dos círculos espalhados pela arena por alguns segundos, ganhando a equipe que pontuar mais. Boa adição, e totalmente gratuita.

Na modalidade mais clássica, Super Bomberman R suporta até oito jogadores em arenas imensas de mata mata. Em diversos tipos de arenas, das mais diferentes possíveis. Um modo que suporta inclusive oito jogadores localmente, ao menos na versão de Xbox One, que foi a plataforma utilizada para testes para a produção destas impressões. Jogadores podem customizar as regras da partida, duração, quantos rounds, os power ups, se terá NPCs e afins.

E é aqui que precisamos conversar sobre os aspectos do multiplayer online de Super Bomberman R, tanto no modo Clássico quanto no Grand Prix. Encontrar partidas online é uma tarefa árdua, frustrante e desanimadora. Ao menos foi na minha experiência com o título, na plataforma Xbox One e minha internet limitada. Está ruim. E não é só culpa da minha internet ou da plataforma testada.

O que está errado no Modo Online?

Não sei se nesse caso vale culpar o fato de que o título foi desenvolvido primeiramente para Nintendo Switch, a qual sabemos que online não é o forte das plataformas da Nintendo. O ponto é que Super Bomberman R parece rodar no arcaico sistema peer-to-peer (P2P). Se não for é algo muito próximo. Afinal é dada a possibilidade dos jogadores abrirem salas para jogar online ou procurar por salas já abertas. Isso é um recurso que muitos games online não possuem mais, exceto quando feito para partidas privadas com amigos que estão online. Não parece que Super Bomberman R tenha servidores dedicados, o que é o ideal na atual geração de jogos de multiplayer online.

Acrescente ao fato de que agora o título está segmentado em quatro plataformas. E nenhuma delas faz cross-play com outra. O bom seria se ao menos o Xbox One, PC e Nintendo Switch estivessem com partidas online em cross-play entre si (pois só a Sony não sabe brincar com outros amiguinhos). Se Rocket League e Fortnite podem fazer isso, certamente seria bom para Super Bomberman R fazer o mesmo.

Por fim há que se considerar que a fragmentação do buscador de partidas online do game é muito grande. Ao jogador é dado a possibilidade procurar uma sala já aberta ou abrir uma. Se há três pessoas online e todas abrem uma sala, o jogo não vai juntar estas três pessoas em uma única sala. Além disso o multiplayer clássico e o Grand Prix possuem dois tipos de buscadores, um para o modo rankeado e outro para partidas rápidas. Se você está buscando no rankeado e outra pessoa está no partida rápida novamente o game não vai conseguir juntar estas duas pessoas. O mesmo vale para se você está procurando algo no Grand Prix e outro jogador está no Multiplayer Clássico. Percebe como há opções demais para jogadores de menos?

Fiquei vários dias tentando jogar online, e as buscas por partidas normalmente estão demorando mais de 10 minutos para encontrar jogadores. E nunca consegui fazer uma partida com quatro jogadores ao mesmo tempo. Cheguei a conseguir três e com muita reza para que ninguém saísse do lobby, a qual todos precisam dar “OK” para a partida ter início. Se alguém largou o controle no sofá, por conta da busca demorada, e foi fazer outra coisa, a partida dos demais não inicia. É um sistema online muito “início da geração Xbox 360 e PlayStation 3“.

Nesse ponto a HexaDrive foi muito infeliz na escolha de como o modo online deveria funcionar. E aí volto a pensar se isso foi feito assim porque originalmente era o que se dava para fazer no lançamento do Nintendo Swich. Só que mesmo assim não deveria ser uma desculpa, pois com uma janela de um ano de lançamento em novas plataformas, essa modalidade poderia ter sido readaptada ao que os atuais consoles podem oferecer. Servidores dedicados e cross-play seria muito importantes aqui. Não há como negar.

E volto a dizer: não era apenas a minha internet ruim. Apesar de ter conseguido jogar online, mas com muita lag, cheguei a pedir ao Mauri Link, parceiro de jogatina e colaborador do site, que testasse o modo online de Super Bomberman R na mega internet de fibra ótica que há em sua região. O resultado permaneceu quase idêntico. Partidas demoraram para ser encontradas e nunca com quatro jogadores. O único diferencial é que ele não enfrentou lag como eu tive na minha internet de 4MB.

Considerações finais

O saldo que tiro de tudo isso é que Super Bomberman R é um game que ninguém deve pegar esperando ter uma incrível experiência de multiplayer online. Esqueça isso. Parece ser mais um título em que aqueles que prezam uma experiência mais local, presencial de dividir controles em um mesmo ambiente, com todos no sofá, vai funcionar perfeitamente e vai ser divertido. Agora se você preza o online, infelizmente o título parece ter muitos problemas nesse departamento.

E fui procurar como isso está em outras plataforma. Vi em fóruns jogadores comentando dificuldades de encontrar partidas no Switch e Steam. Mas não fui a fundo para pesquisar se tais reclamações ainda estão em vigor. Na Steam houve mesmo um erro de conexão no modo online a qual um patch (Jun.14.2018) corrigiu. Melhorou? Não sei. Mas me parece que o preço do game lá fora, de 39 dólares, parece não ter soado tão empolgante para muitos jogadores. Aqui mesmo no Brasil o game chegou custando 150 reais, bem acima do que normalmente se espera de um título digital.

A impressão que tenho é que Super Bomberman R seria um game perfeito para entrar no catálogo do Xbox Game Pass, pois isso certamente inflacionaria sua comunidade online. Tanto para quem o adquiriu agora, quanto aos assinantes do serviço. Ao menos nessa plataforma isso melhoraria consideravelmente sua performance online.

Mas tirando esse ponto – que acabou se tornando um grande elemento de discussão destas impressões – Super Bomberman R é sim um ótimo game. O Modo História é muito bem feito, super divertido e não precisa de recursos online para ser bem sucedido. O suporte cooperativo a dois jogadores (localmente) é excelente nessa modalidade, e o game faz bonito ao apresentar o universo da série a toda uma nova geração de jogadores.

O multiplayer, se utilizado localmente, com todo mundo em um mesmo ambiente, com controles e muito espaço no sofá, também é uma experiência incrível e muito divertido. Há diversos modos que dão valor de replay, permitindo diversas partidas sem que isso torne a experiência cansativa ou repetitiva. A trilha musical e os efeitos sonoros, com falas dos personagens, também estão em um alto nível de capricho.

Claro que no aspecto do que o multiplayer tem a oferecer dentro suas opções, algumas regras no modo clássico não são tão vastas como, por exemplo, Bomberman Live oferecia na geração passada. Isso em termos de modos malucos e power ups que não estão presente nessa edição (eu gostava muito de um que colocava bombas com detonadores, com o jogador escolhendo o momento em que elas deveriam explodir). Por outro lado, as arenas de Super Bomberman R são muito mais dinâmicas, diferentes e colocam ritmo e estratégias nas partidas. É muito legal um modo em quê são oito competidores em uma arena e aqueles que morrem ficam ao redor da arena atirando bombas naqueles que ainda estão vivos. Se quem está fora acertar quem está dentro, este que acertou retorna a partida enquanto quem morreu vai para o lado de fora.

Há também que se elogiar a quantidade de personagens presentes aqui. E muitos com poderes especiais. Master Chief pode pegar e arremessar as bombas para cima das barreiras, por exemplo. Enquanto há também muitos outros personagens diferentes, com outras habilidades especiais.

Só achei ruim o travado sistema de compra de personagens, arenas e itens customizáveis por meio de moedas virtuais que são adquiridas simplesmente jogando o game. Não há venda dessa grana de mentira com dinheiro real, mas no geral senti que se demora demais para ganhar o valor necessário para comprar boa parte do que a lojinha do game tem a oferecer. Uma arena, por exemplo, normalmente custa 4.000 moedas, sendo em que partidas de multiplayer o jogador normalmente ganha cento e alguma coisa em moedas. Imagine comprar 15 ou mais arenas assim. Ou personagens, que chegam a custar até 5.000 moedas. Ou itens customizáveis. É um sistema que torna lentíssimo desbloquear tudo que o jogo pode oferecer. Me pareceu algo mal planejado.

Ao fim, Super Bomberman R é uma montanha russa de alto e baixos. Os pontos em que a HexaDrive acertou, o estúdio mandou muitíssimo bem, porém tudo que não faz bonito, pode decepcionar os jogadores agressivamente. O que consigo concluir é que trata-se de um game que funciona muito bem para quem tem companhia para jogar localmente, ou quem não se importa de apenas jogar o ótimo modo história e algumas partidas multiplayer com NPCs eventualmente. Agora se para aqueles em que o Online faria toda a diferença, recomendo cautela. Veja a sua internet, a sua lista de amigos online que possuam ou queiram adquirir o game e a plataforma a qual está querendo adquirir o game. Vale à pena, mas ciente das ressalvas feitas por aqui.

Galeria

Excelente modo história para até 2 jogadores
Grand Prix, em sua proposta, é interessante
Boa apresentação para novos jogadores
Multiplayer básico perdeu algumas opções
Para jogar localmente, com amigos, é divertido
Nos testes realizados, modo online foi um fracasso
Jogo, e seus personagens, tem charme e carisma

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