Análise | A Lenda do Herói – Edição Definitiva

Disponível para PC & Nintendo Switch

A Lenda do Herói e sua aventura musical foi originalmente lançado de forma exclusiva para PC em 24 de março de 2016. Passado tantos anos, agora no último 08 de julho, uma versão completíssima de conteúdos além do jogo original, intitulada A Lenda do Herói – Edição Definitiva, está promovendo uma nova atenção a qual todos devem estar atentos. Versão esta que também foi disponibilizada no PC, porém a surpresa foi ver seu lançamento acontecendo no Nintendo Switch. E antes que alguém pergunte: planos para o jogo chegar aos demais consoles seguem, porém sem datas anunciadas.

Seguindo em frente. O que temos aqui é um incrível jogo independente com DNA brasileiro que foi  desenvolvido pela Dumativa Game Studio e os Irmãos Castro (Matheus e Marcos Castro), dupla de celebridades do YouTube. Depois de um financiamento coletivo bem sucedido, onde foi arrecadado o montante de R$ 258 mil, até então um dos maiores montantes alcançados em terras brasileiras com essa finalidade, o projeto – originário de uma brincadeira no canal deles – ganhou vida.

A Lenda do Herói abraça os gêneros aventura, música e plataforma no melhor estilo clássico 2D side-scroller. Para quem não se lembra ou ainda não sabe, side-scrollers são os jogos que se caracterizam pela rolagem da tela juntamente com o avanço do personagem, geralmente para a direita, ou para cima. O jogador avança eliminando inimigos, saltando obstáculos e plataformas, afim de chegar ao final do estágio.

Certamente você notou que mencionei que o jogo abrange o gênero musical, certo? Pois bem, a aventura do herói é totalmente cantada e, diga-se de passagem, muito bem cantada. Todas as suas ações, as dos inimigos no cenário e do mundo dos games como um todo são cantadas pelo herói, que faz comentários como o fato de talvez ele ser o invasor das fases, já que todos atacam ele, das árvores serem todas iguais, dos morcegos perseguirem ele por todas as fases e por aí vai. É simplesmente incrível.

O jogo possui a opção de áudio em inglês e em português. A localização neste caso muda totalmente entre os idiomas, que foi planejado primeiramente em português, e adaptado de forma magistral para a língua inglesa. Tudo foi muito bem adaptado em ambos os idiomas, desde os nomes dos locais, inimigos, menus e claro, as estrofes rimadas e cantadas a todo momento da aventura.

Trama básica, porém sagaz

O herói tem algumas visões com uma princesa pedindo sua ajuda para escapar do castelo onde está presa. Descobrimos assim que ela foi raptada e que o herói, é o único que aparentemente sabe disso. A princesa fala com ele através de novas visões sempre ao final de cada mundo concluída, mas fica uma pergunta no ar: a princesa realmente existe e foi raptada ou o herói está simplesmente tendo alucinações e pode estar com alguns parafusos a menos?

Ninguém nas cidades do jogo parece saber dessa princesa, mas todos os monstros das fases, incluindo os chefes gigantes, parecem ter motivos de sobra para tentarem deter o herói a todo custo. Outro mistério que nos acompanha é o que acontece com o personagem chamado Cid (claramente uma citação ao Cid presente em vários Final Fantasy), encontramos ele em vários momentos cochilando perto de pontos de salvamento, mas ele dá a impressão de que não sabe como foi parar ali e não se recorda de ter visto ou conversado com o herói anteriormente (nas fases anteriores ao próximo encontro). Tem alguma coisa errada ai…

Em meio essa narrativa básica, o jogador por outro lado encontra uma vertente interessante, que é a narração do protagonista em sua própria jornada, narrando seus atos, fazendo observações a respeito do ambiente ao seu redor, e de uma certa forma no limiar de romper a quarta parede ao tecer comentários a respeito de como sua aventura tem diversos clichês do mundo dos videogames. É esse fator do canto do bardo, neste caso o herói, que deixa essa trama tão intrigante.

Explorando as regras do jogo

As fases são todas temáticas e possuem os já conhecidos ambientes presentes em vários jogos de plataforma desde antigamente, um castelo em ruínas, florestas densas, vulcões, cavernas submersas, desertos e montanha de gelo. Basicamente, qualquer ambiente já apresentado em um jogo de plataforma de 30 anos atrás encontrou um cantinho aqui para chamar de seu. É algo reconfortante e nostálgico em poder voltar a esses lugares tão familiares.

O que deixa a jogabilidade sempre nova a cada fase são os desafios apresentados. Algumas contam com abismos, outras com plataformas móveis, espaços com espinhos, áreas para se andar com aqueles carrinhos de minas (completamente inspirado nas icônicas fases de Donkey Kong Country), correntes/cipós para serem escalados, árvores com múltiplos andares, pisos congelados escorregadios que podem levar a locais desconhecidos e muito mais. O jogador fica com aquela legítima sensação de que tudo vai mudando de área em área e isso estimula a continuar em frente, sem aquela sensação de fadiga ou enjoo.

Cada “mundo” possui geralmente 3 fases e mais a clássica batalha com o chefe temático (pode ser acessada diretamente após ter visitado pela primeira vez). As batalhas de chefe sempre são diferentes e vão exigir do jogador as habilidades recém adquiridas durante a progressão do jogo e o uso simultâneo de várias habilidades. Uma ótima sacada para não deixar o jogador dependente do feijão com arroz de usar sempre a espada e o escudo.

Aliás, uma coisa digna de nota é que podemos revisitar as fases já vencidas e explorar novas áreas (algumas dessas secretas escondidas em paredes falsas) na busca dos colecionáveis com as habilidades adquiridas posteriormente, sendo impossíveis de serem acessadas na primeira visita. Isso aumenta o fator replay do jogo consideravelmente e é a única forma de tentar pegar todos os colecionáveis. Estes colecionáveis são notas musicais (três em cada fase), baús que podem conter pedaços de coração (são necessários dois para formar um novo coração) e cristais de magia (também são necessários dois) usados para o uso das habilidades, além de medalhas (cada três coletadas o jogador ganha uma vida). Quer uma dica? Volte a alguma fase já concluída para você ver as novas possibilidades de exploração que ficam disponíveis.

Muitos inimigos ainda deixam cair moedas ao serem derrotados e estas são usadas nas lojas da cidade para comprar itens. Estes itens vão desde aumento do ataque ou recuperação de energia (poções que ficam armazenados no canto superior direito da tela e são acessados por um dos botões do controle), updates de habilidades, compra de mais vidas, partes de corações de vida ou partes de cristais de magia. Ou seja, as moedas possuem utilidades e devem ser coletadas.

Muito além da simples dupla espada e escudo

Obviamente como todo cavaleiro que se preze, o herói já inicia sua jornada com uma armadura brilhante, uma espada e um escudo para proteção. O jogador vai adquirindo habilidades conforme avança pela aventura  e suas fases, algumas através de pergaminhos e outras por meio de itens em si, podemos citar que todas estão disponíveis em baús facilmente encontrados pelo caminho, o que também vira uma observação na melodia do herói sobre tal conveniência.

Entre as habilidades temos uma bola de fogo (ao pressionar e segurar o botão de ataque fará a espada pegar fogo e isso permite o arremesso de uma bola de fogo, que depois pode ser melhorada com atualizações disponíveis em lojas na cidade), temos a habilidade de ficar invisível (virando uma espécie de névoa que torna possível atravessar grades e além de ficar indetectáveis/intocável para inimigos e ataques – Alucard de Castlevania manda fortes lembranças), a possibilidade de nadar (e junto com a mesma o aprendizado para erguer o escudo sobre a cabeça para proteção), o dash para se impulsionar após os pulos, um gancho para subir em áreas altas, habilidade de pulo duplo e também uma arma que arremessa bumerangues.

Algo elogiável é a escolha de colocar cada uma dessas habilidades (ou a forma de realizar as mesmas), em botões diferentes do controle, isso dificilmente vai fazer o jogador se confundir no meio das ações. Ah um lembrete, todas essas habilidades mágicas vão consumir os cristais localizados abaixo dos corações de vida, use muito uma habilidade e terá que esperar eles se regenerarem. Mas é bom que seja um sistema de barra regenerativa ao invés de ter que coletar algo para encher e poder usar novamente. Basta esperar que logo a magia se recarrega.

O diferencial aqui é ser engraçado

O herói obviamente se acha a última bolacha do pacote, cantando em várias partes que ele é o mais forte, que sua armadura está sempre reluzente e que somente ele pode salvar a princesa. E por aí vai, é difícil você ficar mais de 5 minuto sem rir de alguma coisa que ele canta ou de pegar alguma referência relativa a algum outro jogo, como os nomes das fases serem apresentados igual aos jogos do Sonic, ou da clássica piada da princesa estar “em outro castelo” e tudo isso regado a fases com visuais parecidos com o que estamos acostumados a ver no mundo dos games já a bastante tempo.

Segundo Marcos Castro que desenvolveu o jogo e cantou os versos da versão em português, foram gravadas mais de 3 mil estrofes (os conjuntos de frases que aparecem por vez na tela), a maioria delas se baseia em informações do ambiente, dicas de como prosseguir em determinada parte (após acertar uma ação que desencadeia por si outra, como por exemplo acertar uma das 3 fornalhas que vai descer uma ponte) e de situações que provavelmente está sendo vivida pelo jogador no momento, como se estressar com os incessantes morcegos que aparecem em várias fases, ou os macacos que atiram pedras (referências a Alex Kidd possivelmente), mas também temos estrofes que são encheção de linguiça, não vão ajudar em nada e muito menos relatar as ações do herói/jogador do momento, mas podem arrancar gargalhadas exatamente por estarem presentes em partes onde nada de muito relevante está acontecendo na tela.

O herói frequentemente solta piadas sobre coisas que para nós jogadores é algo normal de vemos em todos os games e já nos acostumamos, mas que nem por isso são “normais” ou fazem sentido, como por exemplo o fato de como os inimigos deixam cair moedas ao serem derrotados. Será que eles haviam comido essas moedas? E por que todas as árvores são iguais ? E porque o chão é todo feito de quadrados?

Além disso o jogo possui gatilhos para situações aleatórias criadas pelo próprio jogador em diversas situações, como andar para esquerda quando tiver que ir para a direita, ficar agachado ou simplesmente parados. Momentos assim foram pensados pela equipe de desenvolvimento e estrofes foram criadas para encaixar em situações exatamente a qual o jogador está tentando quebrar o ritmo musical da aventura. É maravilhoso quando você encontra um gatilho assim.

Sendo assim, a música de fundo sempre vai acompanhar o jogador, mesmo quando não tem nada sendo cantarolado, e ela é igualmente composta com qualidade. Portanto, não se preocupe se acabar você mesmo cantarolando alguma coisa nos momento em que Marcos não soltar a voz, solte você a sua e seja feliz.

Ouvindo mais uma vez

A sistemática do jogo é engenhosa, contudo pode se tornar repetitiva e consequentemente cansativa. Por exemplo, quando o herói morre, o jogador voltará até o último checkpoint e a partir dali toda a música irá se repetir. Independente do jogador querer ou não, ouvirá tudo novamente. Isso inclui obviamente as batalhas de chefe. Após perder algumas vezes em um dos chefes, eu já estava cantando os versos do início do duelo sem errar a letra ou a melodia. As estrofes são interessantes e engraçadas na voz de Marcos Castro, mas tudo que se repete muito acaba ficando cansativo e infelizmente senti isso acontecer por aqui.

Para os mais novos as batalhas de chefe pode ser mais difíceis do que o esperado, justamente por não haver dica alguma do que devemos fazer ou de quando devemos fazer alguma ação específica para termos sucesso. Particularmente gostei disso, pois o desafio era justamente descobrir qual habilidade usar e como seguir com a batalha, mas para alguns isso pode causar certa frustração desnecessária.

Também me sinto um pouco dividido com o fato de que na hora destas batalhas, o herói para de cantar. Não acharia ruins alguns versos ao longo da batalha, como por exemplo, ao justamente se descobrir quando agir nestes momentos. Entendo que a ausência da cantoria exista em virtude da concentração exibida, e das vezes em que estas batalhas podem se repetir, porém senti falta delas mesmo assim.

Mesmo assim, o jogo é consideravelmente camarada ao longo das fases no que diz respeito aos checkpoints. Algumas fases inclusive tem mais do que um destes. Somente nas partes finais é que poderemos ver a terrível tela de Game Over surgindo em nossa frente, principalmente nos conteúdos da DLC que levam em conta que o jogador já está mais casca grossa do que estava quando começou o jogo.

Conteúdo extra da Edição Definitiva

Em sua Versão Definitiva, A Lenda do Herói contém muito mais conteúdo do que você pode esperar. Boa parte destes conteúdos só ficam disponíveis após a finalização da campanha original, e servem, com muito mérito, para dar longevidade ao título, assim como para que o jogador possa explorar o personagem com todo o crescimento desenvolvido ao longo da jornada. É um conteúdo imperdível, que é dividido da seguinte forma:

Dois pacotes de Skins para o herói, que pode ter seu rosto modificado ao selecionar uma shiny correspondente. Entre as opções temos algumas engraçadas como rosto de animais e outras sendo caricaturas de diversos Youtubers brasileiros. Esse extra por ser selecionado desde o começo, não precisa finalizado o jogo.

DLC Além da Lenda dá continuidade do ponto exato onde terminou a aventura do herói, revelando e esclarecendo dúvidas que ficaram em aberto na campanha principal. Adiciona uma nova companheira com voz às músicas cantadas nas 3 novas fases disponíveis. O diferencial aqui é que muitas áreas das fases e alguns dos inimigos aparecem como um glitch (uma falha) ficando tangíveis/intangíveis no meio do caminho. Para acessar você precisa ir ao final da vila e usar o gancho. Lá você irá encontra uma personagem inesperada, e que iniciará um dueto com o Herói para as novas fases, o que dá uma nova dinâmica a proposta original.

DLC A Lenda dos Mortos são mais 3 fases acessíveis na estalagem da cidade após o término da campanha principal. Nela temos inimigos com a temática terror como zumbis, cavaleiros esqueletos fantasmas e outros monstros. O destaque aqui fica sendo pela trilha sonora Heavy Metal cantada por duas pessoas, na versão em português quem canta é o Detonator, personagem interpretado por Bruno Sutter, ex-vocalista do Massacration e atual vocalista e fundador da banda Detonator, já para a versão em inglês quem encarou o desafio foi o Vinicius Braga (Produtor Musical da Dumativa Game Studio).

DLC De Férias com o Herói é a mais recente das expansões, disponível ao falar com o guardinha no começo da vila, também só acessível após completar a campanha principal. O vigia comenta que compôs uma canção para as férias do herói e ao aceitar ouvir a mesma, somos levados a Ilha Dikahras. A fase é ambientada na praia com muita areia e miragens pelo caminho, alguns inimigos estão caracterizados com trajes de férias. A trilha sonora é fenomenal e fortemente marcada pelos ritmos do samba, pagode e sambas-enredo de carnaval, cantada por de Michel Cardozo da equipe da Dumativa.

É interessante como as três expansões não apenas adicionam mais do mesmo, mas explorar a própria premissa musical do jogo, mudando o gênero musical e até mesmo trazendo novas vozes para a iniciativa. Isso certamente abre as portas para mostrar que é uma ideia que poderia gerar ainda mais frutos ao título, talvez mais conteúdos e certamente uma merecida sequência, apresentando novos personagens, novos ritmos musicais e novas vozes. A Lenda do Herói facilmente poderia se tornar uma série de jogos.

Considerações finais

A Lenda do Herói – Versão Definitiva é mais uma obra prima da produção nacional de jogos independentes, dentre tantas lançadas nos últimos anos. O resultado é um jogo que em um primeiro olhar pode parecer apostar tão somente nos clássicos games de plataforma 2D das antigas, porém parado os primeiros minutos de gameplay, é notável que temos em mãos algo original, criativo e um tanto diferente de tudo que você talvez já tenha jogado. A trilha sonora cantada, ritmada com a ação do jogo em si, cria uma dinâmica e ritmo muito singular a experiência.

A menos que você seja uma pessoa muito séria e que não ria de nada, duvido que as estrofes cantaroladas não tirarem sorrisos e risadas de você durante a aventura por este mundo musical. Até mesmo as telas de carregamento entre as fases nos deixam com mensagens engraçadas que tiram sarro do mundo dos games de plataforma. Adoro a piada que diz que o jogo está ficando musculoso de tanto carregar o save.

Acima de tudo, A Lenda do Herói é um jogo super acessível a qualquer tipo de jogador. A aventura começa simples e sabe muito bem guiar qualquer pessoa pela aventura, com as novas habilidades muito bem inseridas nos momentos mais oportunos. É um jogo que pode agradar muito bem a criançada, especialmente por estar em português. É também um jogo muito divertido de simplesmente assistir alguém jogando, curioso pelo que o personagem vai cantar a seguir.

É difícil dar uma contra indicação para algo tão bem feito. Não consigo pensar em algum ponto ruim que tenha me irritado, até na questão do ciclo musical se repetir quando o Herói morre é justificado. O resultado aqui é um jogo gostoso de se jogar, daqueles que pensamos em jogar somente mais uma fase e quando nos damos conta já jogamos 2 ou 3 fases em sequência e estamos esperando pelas batalhas de chefes. É um título que te compele a seguir jogando, dada sua bem idealizada imersão. Simplesmente fantástico.

Galeria

1 / 90

Dando uma nota

Trama parece simples inicialmente, mas toma aspectos bem interessantes após certo ponto - 8.9
Dinâmica musical é uma experiência singular e incrivelmente criativa, é de se impressionar - 10
Jogabilidade se mantém no ritmo, sempre apresentando algo novo a cada mundo - 9
Versão Definitiva vem com todos as expansões lançadas, alto valor de replay - 9.5
Musicalmente é um deleite, foi pensado em nosso idioma na hora de compor, é sensacional - 10
Visuais em pixel art estão ótimos, ampla variedade de ambientes e efeitos - 8.8
Desafio bem equilibrado, acessível a jogadores de qualquer idade, divertidíssimo - 8.2

9.2

Fantástico

A Lenda do Herói – Edição Definitiva nos mostra claramente a capacidade dos criadores e desenvolvedores brasileiro de se destacarem no mundo dos games. É uma experiência marcante, sem dúvida alguma. Existe um apelo nostálgico sim, mas a proposta é criativa, inovadora e resulta em uma experiência moderna, divertida e diferente dos clássicos jogos de plataforma. Bom desafio, jogabilidade, valor de replay. Um jogo realmente muito bem pensado e que entrega exatamente o que se propõe a ser, indo até além, dado seu tamanho e conteúdos adicionais.

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