Animê | Fullmetal Alchemist Brotherhood chega ao fim! Mas a jornada acabou mesmo?

Foi exibido algumas horas atrás no Japão o final de Fullmetal Alchemist Brotherhood. Esta é a primeira vez que vejo um animê terminar tão coladinho à sua versão em mangá, que também terminou em junho, algumas poucas semanas atrás. O último episódio, de número 64, da versão animada foi inclusive apenas uma parte do capítulo 108 do mangá, comentado por aqui pelo Alex, neste link. Na verdade, os eventos do capítulo 108 começam no finzinho do episódio 62 do animê e se prolongam até o 64, que basicamente traz os desfechos de todas as pontas soltas na trama. A batalha contra o homúnculo “pai” terminou semana passada, entretanto, como sou uma pessoa paciente, aguardei para assistir hoje os três últimos episódios da série de uma única vez hoje. Uma decisão mais do que acertada na minha opinião!

Depois do continue, alguns comentários sobre o fim e com spoilers, então continue se você já assistiu ou leu o final da série. Dado o aviso, o resto é por sua conta e risco.

Primeiro preciso dizer que a animação de Brotherhood foi de um nível que ainda não tinha tido o prazer de conhecer. Depois que terminei de ver o final animado, corri para o computador para ler o capítulo do mangá, para ver se não deixaram nada para trás ou se alguma coisa tinha sido modificado. Para a minha alegria nada disso aconteceu. E com isso acredito que o final do animê ficou bem mais emocionante e bacana que o próprio mangá. Não tenho problema algum com o traço, mas a movimentação e a qualidade técnica do estúdio BONES é de cair o queixo. As cenas animadas em que Edward Elric tem seu braço recuperado e logo em seguida parte para cima do Homúnculo com todo ódio possível ficaram extraordinárias. Isso até me faz lembrar do fiasco que foi o capítulo dessa semana com Naruto vs Pain naquela forma de raposa (mas falo disso no conversa de mangá da série que sai daqui a pouco).

Alias toda a batalha contra o supremo homúnculo da série ficou sensacional, toda a guerra teve bons enquadramentos e cenas de velocidade de deixar qualquer um perplexo como é que conseguem fazer isso numa série animada semanal. É de impressionar a qualidade técnica que os estúdios japoneses conseguem com estas animações. O pior é que o processo todo de animação não parece tão demorado, já que os animês saem todas as semanas durante um ano inteiro. Ainda quero pesquisar isso para saber como os japoneses conseguem algo assim para ser exibido na TV, enquanto os americanos apanham para conseguir 20 a 30 desenhos animados de qualidade duvidosa para a uma única temporada por ano.

Enfim, voltando a FMB, estava lendo a matéria do Alex momentos antes de escrever este post e fiquei pensando em algo que ele menciona em seu artigo em relação a esperar que a série fosse ter um final triste. No meu caso eu não sei dizer quais eram as minhas expectativas para o final da série, apenas tinha a certeza absoluta de que os garotos recuperariam o corpo de Alphonse antes que a série acabasse e também sabia que isso aconteceria no último segundo da história, já que o Alphonse de armadura era um das identidades da franquia. Foi o que aconteceu. Fora isso, não estava pensando muito num final triste ou alegre. Pra ser sincero, a versão antiga de 2003 me pareceu bem mais depressiva, mas sem o roteiro do mangá para seguir com a história, não me admira que tenha tudo terminado de forma mais deprê no antigo. Já a nova versão de 2009 sempre me pareceu mais alegre e cheio de adrenalina, como um animê de ação, do que um drama. Quando os personagens Ling, May e todos os outros que não surgiram na antiga versão foram apresentados, o bom humor da série, assim como a ação, só melhorou, então de forma alguma cheguei a pensar que desta vez, o final seria sombrio ou tenebroso, mesmo com as mortes que rolam nos momentos finais. Serviram para dar um toque de emoção que toda série precisa, mas em momento algum achei que elas foram muito tristes. Nem mesmo a morte de Hughes desta vez foi tão depressiva assim (talvez pelo fato de já saber que ele morreria?), foi triste sim, mas a história seguiu em frente e o tom dos eventos seguintes não ficaram presos às tragédias, servindo mesmo para fortalecer as ambições e metas dos personagens.

Na verdade o final de Brotherhood me lembrou mesmo aqueles finais de duas vias que algumas séries americanas fazem. Um ciclo realmente se fechou e não há mais do que se falar nisso, já que Alphonse recuperou seu corpo e o grande vilão da história nunca mais irá volta, mas a história não terminou completamente. A autora da série, Arakawa Hiromu, deixou algumas coisas ambíguas, como a jornada separada que os irmãos resolvem fazer no final da série. Na verdade isso poderia até mesmo render o enredo para o filme em produção que foi anunciado ao final do episódio de hoje. Mas nada sobre o filme foi revelado, então não vou me apressar. O que eu quero dizer é que se a autora realmente quisesse, poderia cria uma nova série dentro do universo de Fullmetal, como acontece às vezes nos mangás japoneses. O fim realmente terminou um ciclo, mas também ficou aquele gostinho de que se mais poderia ser feito ou mostrado.

Bem, em relação as comparações entre o final do mangá e do animê, o que mudou mesmo foram pequenos detalhes e diálogos e as ordens em que eles ocorrem. Por exemplo, no mangá o Dr. Marcoh é quem propõem ao Coronel Mustang uma nova Ishval, enquanto no animê Mustang já estava planejando fazer isso antes mesmo de Marcoh chegar. Na versão animada, Havoc é curado pela pedra filosofal do Marcoh, antes que Mustang cure sua cegueira, no mangá não é feito tal menção, apesar de que no quadro final da última página, é mostrado Havoc fazendo fisioterapia, quadro que nem é mostrado no animê, onde Havoc é mostrado em pé ao lado de alguns companheiros da série. Achei mais bacana assim na verdade, a pedra filosofal poderia aguentar curar Havoc e depois ser usada para devolver a visão do Mustang.

Fora isso, as conversas entre os personagens não mudaram muito, apenas a localidade em que elas acontecem e os momentos mesmo, a cena onde Ling diz a May que irá proteger todos os clãs quando ele se tornar imperador rola num flashback entre uma conversa entre Edward e Alphonse, e quando eles chegam na casinha da Winry, a menina diz uma pequena frase no mangá, antes de se emocionar e pular nos garotos, no animê, ela não fala nada e pula de vez (ficou melhor assim). A cena com a morte de Hohenheim também ficou bacana animada, com o diálogo dele com Trisha ocorrendo antes da velhinha encontrar ele já morto com um sorrisão estampado no rosto.

Quanto a toda a filosofia quanto ao homúnculo, Deus, a verdade e aquela filosofia em torno da porta ou de toda a fundação da alquimia, nem vou me preocupar em tecer uma teoria, porque na realidade isso nunca teve importância frente aos dramas individuais dos personagens. Tanto que no final, o Alphonse ainda afirma que há mais pelo que se descobrir aí no mundão afora, então eles não sabem de tudo e com isso nós não sabemos de tudo por trás da Alquimia ou os homúnculos. Por isso a deixa com o Selim “zumbi”, achei estranho o garotinho todo emotivo e chorão com o passarinho. Depois de ver o verdadeiro Selim, não sei se confiaria nesse garotinho, mas Greed acabou se convertendo também no fim, não? Mas que foi bacana a conversa com a “Verdade” e o pequeno homúnculo do frasco, foi. A explicação lógica para esse fenômeno ou entidade? Pra mim não há. É um mera questão de crença, cada um acredita no que quiser esse argumento da série, pra mim é algo que é mesmo para ser ambíguo.

E Fullmetal Alchemist Brotherhood termina como um ótimo animê/mangá. Com emoção, ação e humor do começo ao fim. Sem tédio entre sagas, sem enrolação, sem problemas de narração ou pontas soltas. É difícil usar a palavra perfeita para qualquer coisa, mas acho que FMB conseguiu a perfeição, pelo menos a versão animada que acompanhei. É uma série que não vou esquecer jamais. Adorei assistir do começo ao fim e é um daqueles finais onde os fãs ficam satisfeitos. Tudo acabou bem e todos que viveram atingiram uma hora ou outra, os seus sonhos. Não dá para errar indo nesta direção. O maior mérito de FMB não é o seu final certinho ou feliz, mas toda a jornada de qualidade que a autora conseguiu desde o começo de tudo, construindo sensacionais personagens e um enredo que te prende até o final. É um universo sólido e atraente a qualquer um que goste de uma boa história.

E que venha o filme. Um pequeno bônus para a franquia. Adorei a iniciativa por algo à mais.  É torcer para que a autora agora se envolva no roteiro do filme. E vamos ver qual será o próximo mangá de Arakawa Hiromu! E continuo achando que está não será a última vez que iremos ouvir falar nessa franquia, não estou dizendo que haverá um novo Fullmetal Alchemist em mangá ou animê, apenas de que o universo da série não irá cair no esquecimento tão cedo. O filme nos cinemas é uma das provas disso.

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