Masamori e Urakai: já podemos ver o prenúncio da primeira grande saga? [Kekkaishi Vol. 4] [MdQ]

Vou dizer, minha busca por Kekkaishi #4 foi tensa. Era pra ter chegado nas bancas daqui há mais de duas semanas, e nada… Dos nacionais, é o que mais aguardo pra ler todo mês (ok, ao lado de Tsubasa, que tá acabando e cada vez mais confuso), então imaginem o coitado do dono da banca aqui da esquina tendo que me aguentar perguntando por esse mangá todos os dias. Felizmente! Ontem pude comprá-lo e quase que esse MdQ sai no mesmo dia, mas problemas de última hora apareceram e acabou ficando pra hoje.

O quarto volume é o mais balanceado até agora. Tivemos dois arcos principais, um mais pseudo-vida real e outro introduzindo Masamori, personagem que certamente vai ter grande importância mais adiante. Assim, os primeiros capítulos foram de leitura agradável e até triste no final, com a despedida do Pâtissier, e o resto deles, apesar de não expandir o universo da série como o volume anterior, nos colocou de frente para o que creio ser uma espécie de prólogo da primeira grande saga de Kekkaishi.

Sabem, normalmente me incomoda um pouco quando a narrativa dos shonen dá uma pausa na aventura e coloca todo mundo agindo normalmente. Alguns mangás não têm isso, como One Piece, Naruto e D.Gray-Man, já que piratas são sempre piratas, ninjas são sempre ninjas e exorcistas idem. Mas peguemos Bleach e Reborn. Os capítulos escolares do primeiro são até divertidos (ou eram, já que os últimos só serviram pra mostrar como o Ichigo andava deprimido e pra inserir a Rukia na história de novo, e olha que faz tempo), mas Reborn sempre me incomoda nesse sentido. Na verdade, o Lambo salva esses capítulos me fazendo rir litros, mas as historinhas em si são bem fracas e não acrescentam nada… Não sei, sempre acho que poderiam ser feitas de outra forma.

Mas voltando a Kekkaishi, falei isso pra poder contrastar com os primeiros três capítulos desse volume. Yoshimori, na missão de fazer seu amigo fantasma (lá do primeiro volume) “ir pro céu”, se aliando a uma velinha bem maluca de design que eu achei incrível (muito agradáveis todos os quadros com ela, gostei mesmo das caras e bocas que a Tanabe desenhou) na busca pelo irmão mais novo dele. Um enredo normalzinho pra esse tipo de “break” na narrativa principal, mas que teve, na execução (e do meu ponto de vista), o diferencial de não parecer algo desnecessário, feito só pra aliviar a tensão da narrativa. Gostei bastante da história dos irmãos e até derramei umas lágrimas na despedida deles, na conclusão da coisa.

Mesmo assim, porém, é evidente que esse não é nem de perto o foco do volume. No quarto capítulo, vemos Masamori pela primeira vez, e a essa altura já o víamos como o irmão mais velho do Yoshimori mesmo sem qualquer apresentação formal. Minha primeira impressão foi de alguém com um plano grande escondido na mente, e foi inteligente a escolha da Kasuga pra contracenar com ele nesse primeiro contato do leitor com o personagem. Não gostei do jeito dele e fiquei achando que tava mais pro lado “malvado” da coisa.

Mas isso foi o final do capítulo, que acabou nesse climinha de mistério com o peixe negro dele. Aliás, falando nela, o fato de seu nome ser Kurohime me faz pensar, inevitavelmente, que ela tenha alguma forma mais parecida com um humano. O Madarao não tem quadros tão focados nele quando está junto do Yoshi, e, bom, “princesa negra” me deixa mesmo com essa sensação de que ela é algo além do que vimos até agora. Bom… Masamori volta pra Karasumori e temos um pequeno gostinho de como as lutas vão evoluir na série. Vários novos usos para as barreiras, como o do copo que cai deixando o líquido aprisionado, coisa que eu nem tinha imaginado ser possível, e começo a me perguntar o quão genial foi essa escolha inusitada de estilo de lutas.

Ri com o ciúmes do Yoshi em relação a Tokine x Masamori, embora não ache que alguma coisa possa sair daí. Minha impressão do irmão foi mudando à medida que ele parecia empenhado em colocar alguma coisa na cabeça do Yoshi, tentando deixá-lo mais focado. Gostei de ele tê-lo posto à prova com a floresta (e o backdraft foi muito legal), e fiquei encucada com o que disse no final, sobre Yoshi não ter aguentado segurar a barreira não por limite ou falta de poder, mas por sua incapacidade de controlar a imensa quantidade que possui.

Outra coisa que chamou atenção no capítulo foram os comentários do cão da Tokine (esqueci o nome) sobre Karasumori. As ayakashis não se aproximariam do núcleo por medo de serem devoradas? Deu uma sacudida na minha concepção do que é, de fato, “Karasumori”, que já me parece como alguma coisa a ser selada, e não a ser protegida, e nesse sentido a decisão de Yoshi de querer acabar com tudo casou muito bem com as dúvidas levantadas anteriormente.

E ainda deu tempo de eu mudar de ideia sobre Masamori mais uma vez. A conversa dele com o avô, se fazendo de desentendido a respeito da Urakai, sendo que em sua conversa com Kasuga ficou claro que ele está a um passo de se tornar o líder da organização, me deixou com uma enorme desconfiança das verdadeiras intenções do personagem. Fora que nem Madarao nem o outro cão parecem gostar dele… Me pergunto se vai mesmo levar os restos de Kouya para a montanha, como Yoshi lhe pediu, e agora acredito ser inevitável uma luta entre os irmãos no maior estilo “bem contra mal”, com Yoshi finalmente mostrando orgulho de ter recebido o Houin (que tenho curiosidade pra saber por que não se manifestou em Masamori) e jurando deter qualquer que seja o plano maléfico do irmão. Hahaha, mas isso é só viagem da minha cabeça, e claro que seria só lááá adiante.

Foi uma “aparição One Shot”, e não acho que veremos o primogênito tão cedo, mas imagino que agora não tenhamos mais como voltar à rotina de extermínio de ayakashis. Um objetivo maior deve surgir já no quinto volume, e estou bem curiosa. Como comentário final, destaco o Bonus Track sobre Masamori no final do volume. Conseguem ver como a posição do editor é importante em um mangá? Imaginem se o personagem não tivesse sido vetado de início, como seria a história de Kekkaishi? Lendo o volume, me pareceu que esse era o momento perfeito pra alguém assim aparecer, mas não tinha pensado que talvez a ideia inicial não fosse essa. Acho extremamente interessante quando os autores compartilham esse tipo de coisa, seus processos criativos, com os leitores, e gostaria muito que acontecesse mais vezes, em mais mangás diferentes.

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