Uma simples frase resume o novo Mortal Kombat: Valeu a pena esperar! [Impressões] [PS3/X360]

É pessoal, depois de tanto hype em cima desse jogo, cá estou eu para dar a martelada final. Quem é realmente aficionado por Mortal Kombat deve saber tão bem quanto eu que a franquia não andava muto bem das pernas há bastante tempo. Assim como o Sonic, Mortal Kombat envelheceu mal quando a era 3D tomou conta do mundo dos games. Sequências sem expressividade e uma união bem inusitada dividiram a opinião dos fãs, e no fim das contas ninguém conseguiu chegar a um consenso se a série ainda tinha futuro ou se ela havia se perdido para sempre.

Saiu Midway, entrou a NetherRealm na jogada, e encabeçando o time responsável pela produtora, ninguém menos que Ed Boon, o criador da série estava no comando total da situação. Se Mortal Kombat não se reerguesse dali, nada mais o faria. Mas e então? Que fim levou toda essa história? Tivemos um final feliz ou Mortal Kombat adotou o famoso ritual do ciclo do Sonic?

A gente descobre logo depois do continue.

Retorno triunfal. Para mim, não existe termo que melhor defina o novo Mortal Kombat. Um game que não impressiona pelos seus gráficos, que na verdade meio que ficam devendo um pouco para essa geração. Mas como o Wii já provou diversas vezes, gráficos nunca foram e nunca serão atestado de jogo bom ou ruim. E como nada nessa vida é perfeito, se por um lado os gráficos bem polidos ficam em segundo plano, por outro a diversão reina absoluta. Você quer jogar um bom arcade de luta? Que te traga boas lembranças da games clássicos da série, sem esquecer de mostrar algo novo? Nós temos. Quer um modo história para conhecer melhor cada personagem da série desde o princípio? Nós temos. Quer a união desse dois modos com batalhas em duplas ou quem sabe tudo isso online? Nós também temos, só falta a PSN voltar das férias.

Agora, se você se cansar de tudo isso e achar que a longevidade do jogo já terminou por ai, pense melhor, dê uma boa olhada nos menus, adentre a Tower Of Challenges e comece a testar a sua força, a sua percepção ou mesmo a sua sorte. E se mesmo depois disso tudo você ainda pensar que esta faltando algo, junte todas as moedas que você ganhou decapitando seus combatentes, dirija-se até a Kripta e vá comprar seus fatalities faltantes, roupas novas, artes belíssimas sobre o jogo e muito mais. Pois o novo Mortal Kombat é assim, um verdadeiro presente para os fãs não se cansarem dele tão cedo, a espera valeu a pena.

Nunca é tarde para recomeçar

Eu não sei bem que rumos a franquia tomou durante a era PSOne até aqui, depois dos clássicos do SNES, não acompanhei tão bem o que rolou com a história da série. A única coisa que me lembro foi do Liu Kang ter morrido e virado um zumbi (não lembro em que Mortal Kombat aconteceu isso) e me lembro do quanto fiquei irritado ao saber da notícia. Seja lá o que tenha acontecido de mais grave que isso, a idéia aqui e rebootar tudo. A trama do modo historia (tournament) tem exatamente essa missão, apresentar a todos, sejam fãs de longa data ou recém chegados, o que é Mortal Kombat, quem é quem nesse universo e assim por diante.

Tudo tem início quando mais uma guerra entre o bem e o mal chega ao fim em mais um torneio do Mortal Kombat. Depois de todos tombarem em batalha, lá está ele a beira da morte. O único sobrevivente é Raiden e antes de morrer pelas mãos do então invencível Shao Kahn, o deus do trovão envia para o passado com a ajuda de um amuleto uma mensagem à ele mesmo, no intuito de prevenir que esse futuro trágico não se repita. Assim tudo volta aos primórdios e recomeçamos um novo torneio entre as forças da terra e do submundo.

A trama é bem legal e serve bem ao seu propósito quando nos apresenta as origens de alguns personagens, mas como tudo é desculpa para luta, algumas situações acabam ficando um pouco sem nexo, como por exemplo, Johnny Cage e Jax brigarem só pelo fato do lutador celebridade chamar a Sonya de gostosa. O lado bom da história é que além e conhecer melhor algumas figuras, você testa a maioria dos personagens ao longo da trama, o que quebra um pouco aquela idéia de só escolher um ou dois como favorito quando você resolver jogar com amigos, tem muito personagem bacana para jogar e dá para fazer um bom revezamento.

Entre encontros, desencontros e algumas reviravoltas, você vai trilhar um longo caminho na pele de quase todo mundo até enfim ter a chance de pegar a cabeça de Shao Kahn, algo extremamente chato de se fazer, já que dentre Goro, Kintaro e ele, Shao Kahn é de longe o mais apelativo. Está quase sempre na defesa, sua barra de energia é um sufoco para cair e cada golpe seu leva metade da sua energia, isso sem falar no X-Ray do chefão que é praticamente morte certa. Uma luta que não demora muito para despertar aquela vontade de arremessar no controle na TV, mas você nem isso você consegue fazer de tão viciante que é esse jogo.

Ainda tratando do modo história, muito se falou logo no início do lançamento sobre as legendas das falas dos personagens em português estarem cheias de erros, mas no fim das contas foram poucas as ocasiões em que vi algum erro realmente grotesco que acabasse com a concordância do português. A surpresa mesmo fica por conta de alguns diálogos, que hora ganham uma liberdade enorme com as palavras de Johnny Cage e depois descem a ladeira da cafonice abaixo com expressões que você não costuma ouvir hoje em dia. Mas como o jogo é de luta, acredito que são poucos os que vão se irritar com a Sonya conversando com o Jax como se ele fosse uma mulher, certo? (imagem acima)

Lembrando que o game vem totalmente em português do Brasil e apesar de escorregar na nossa língua aqui ou ali durante algumas falas, não me lembro de nenhum erro nos menus, o que te dá a oportunidade de entender tudo sem apelar para o português rebuscado dos nossos irmãos europeus.

Que comece o Kombat

Acessibilidade define muito bem o gameplay do novo Mortal Kombat, ele é tão acessível que depois de alguns minutos qualquer um já pode executar os combos básicos do Scorpion, Kung Lao, Liu Kang, entre outros. Há alguns personagens que precisam de um atenção maior para se pegar o jeito de jogar e ainda há aqueles que só fluem bem em combate se você souber executar combos a todo momento.

Dentre os personagens mais divertidos de se jogar na minha humilde opinião estão Liu Kang, que tem sequências fáceis de se executar, o mesmo vale para o Scorpion. Kung Lao é para mim a maior surpresa, nunca gostei do personagem nos games clássicos, mas aqui ele está formidavelmente divertido de se controlar, tem movimentos muito legais e pode ser uma arma e tanto nas mãos. Noob Saibot é outro que não perde a fama. Domine-o bem e quem sabe você não tenha uma chance com os mestres da jogatina online. Também adorei a movimentação que bolaram para o Johnny Cage, com seus socos baixos e muito pé alto para cima dos inimigos. Kabal foi outro que me surpreendeu bastante, suas sequências ficaram demais. Além deles, Sonya, Jax, Smoke e Kitana estão na minha lista de favoritos.

Já no núcleo dos odiáveis para se jogar, bem, eu nem tenho muitos para comentar já que não testei todos. A Jade por exemplo, não tem uma sequência fácil de se fazer, pede mais por combinação de botões, o que pode espantar um pouco quem resolver jogar com ela. Nightwolf é outro que continuo não simpatizando muito, com Sub-Zero também não fui muito feliz, mas este ainda acho que é só questão de mais treino.

Kratos, a adição exclusiva da versão do PlayStation 3 alegra, mas nem tanto. No visual achei ele um pouco enxuto demais, é como se o deus da guerra tivesse feito algum jejum depois do fim de God Of War III, até os ninjas tem mais massa que o espartano. Na jogabilidade é que as coisas se ajeitam melhor. Lâminas flamejantes, flechas de fogo, as botas de Hermes, a cabeça de Hélios, as luvas de Hércules, a espada de Hades, ufa… está tudo lá, felizmente não esqueceram de nada.

No quesito visual o game cumpre bem o seu papel, os cenários não te passam aquele sentimento de terror que tinham as versões clássicas, tudo aqui é mais colorido, tem mais cara de fantasia mesmo, mas ficou bacana ver alguns dos cenários clássicos revividos. Um encanto que não é o mesmo quando entram as cenas em CG, elas são todas in-game, então se você já não estava engolindo os gráficos do jogo durante os vídeos que vinham sendo revelados, já sabe o que esperar caso se interesse pelo jogo. O que também fica interessante no visual é que enquanto a porrada se desenrola, os lutadores vão ficando machucados, bem desfigurados mesmo, dá até pena de ver o rostinho da Kitana todo insanguentado depois de uma luta. As vestimentas também vão perdendo peça por peça enquanto o sangue rola solto. O que me lembra de uma coisa, alguém por aqui já fez a experiência de deixar a Sonya apanhando para ver o que sobra da roupa dela? Vai saber né?

Encaixar os movimentos de X-Ray é um dos pontos mais altos de uma partida e nem é preciso pressionar sequências intermináveis de botões para ver a Jade ou a Mileena em rápido exame de raio-x. O trabalho árduo de decorar os movimentos do seu personagem favorito fica mesmo para os combos durante o combate e claro, os fatalities ou babalities para fechar a disputa.

E por falar neles, estão um show a parte sem dúvida nenhuma, particularmente não há nada que resgate mais a alegria de se jogar Mortal Kombat do que executar um Fatality e fechar a luta com estilo e muito sangue, ou mesmo um Babality só para dar aquela provocada em quem estiver servido de saco de pancada na arena, já que ver todo mundo em miniatura choramigando está mais hilário do que nunca.

Outro ponto a se ressaltar é o Tag Team Mode, outra idéia nova para franquia que acabou saindo melhor do que a encomenda. O modo como tudo isso funciona não é novidade para ninguém, apenas a jogabilidade sem igual de Mortal Kombat é que se encaixou perfeitamente no estilo. Nada melhor do que o elemento surpresa sair do canto da tela desferindo mil e um combos pra cima do adversário. Se o modo normal já empolga bastante, imaginem isso na PSN ou XBLA hein? Talvez Street Fighter IV mereça uma folguinha, o que vocês acham?

Ainda haveria espaço para falar do modo King Of The Hill, mas como a PSN continua sem previsão de volta, as lutas com direito a platéia vão ficar para uma outra vez.

Um torre cheia de desafios, um cemitério cheio de tesouros e uma galeria cheia de celebridades

Sobraram os extras como último tema, não é mesmo? Pois bem, em DragonBall tinhamos a temida torre de Karin, já em Mortal Kombat temos a novíssima Tower Of Challenges, um extra que nem de longe se limita a ser um diversão boba. Tem muito mini-game bacana para completar, como por exemplo, executar os melhores golpes da Sonya que vão aparecendo na tela dentro do tempo limite ou tentar se defender das investidas de Jax por pelo menos 15 segundos. A cada provação derrubada você ganha crédito para destravar os mini-games secundários.

Neles, colocamos os personagens para quebrar alguns tijolos, colocar a percepção à prova com um joguinho de cartolas (para não dizer cabeças) ou mesmo participar de combates aleatórios aos mandos e desmandos do mais puro acaso, girando a roleta que vai definir seu adversário e todas as vantagens ou desvantagens que a sua sorte ou a falta dela irão lhe proporcionar durante a luta.

Assim como os combates realizados em qualquer um dos modos, os mini-games extras também lhe rendem algumas moedinhas, com elas você pode dar um pulinho na Kripta e destravar conteúdos adicionais como artes conceituais, não só dos personagens, mas também de fases e até mesmo de movimentos especiais, as músicas-tema dos estágios, roupas alternativas e todas aquelas bobagens que a Capcom geralmente não coloca no disco e faz os fãs pagarem em DLC’s de seus jogos, ponto pra NetherRealm. Fora isso, até mesmo fatalities e babalities estão escondidos a cada defunto pendurado numa arvore ou algum condenado esperando a morte na guilhotina. Aliás, tire a mamãe da sala quando for destravar algum conteúdo extra, as imagens são fortes e ela pode ter assistido aquela reportagem maneiríssima da Record sobre games, melhor evitar dor de cabeça.

Andando pelo cemitério dos tesouros você ainda tem o direito de frequentar a Nekrópole, uma espécie de hall da fama onde se encontra toda a turma posando de estátua. Lá podemos trocar o visual das roupas compradas na Kripta, bem como ver a biografia de cada um e as estatísticas de cada lutador no seu jogo.

Finalizando…

Tenho muito pouco a reclamar sobre essa nova edição de Mortal Kombat, tão pouco que acabo por me esquecer de toda e qualquer crítica em razão do gameplay tão envolvente do jogo. 2011 sem dúvida marca o retorno dessa lenda dos vídeo games que há muito tempo não mostrava como era bom se divertir com Mortal Kombat. Numa edição que vem com tudo o que os fãs poderiam querer, desde personagens clássicos à conteúdos aos montes e tudo já incluso no jogo, algo raro de se ver hoje em dia com o incessante ataque de DLC’s que tomou conta dessa geração. Na minha opinião a NetherRealm simplesmente está de nota 10. Talvez a única coisa negativa seja a inclusão do passe online, que ainda divide opiniões e enfurece todos aqueles que mais vivem de trocas do que colecionam games. Mas isso é assunto para um outro post, agora é hora de curtir a volta de Mortal Kombat e esperar para ver o que o futuro reserva para a franquia. Afinal, recomeçar tudo do zero é fácil, difícil é dar um novo rumo a trama sem cair no mesmo engano das temporadas anteriores.

Será que a NetherRealm Studios consegue isso? É cedo para dizer, o jeito é dar tempo ao tempo.

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