Quão longe você iria, para salvar quem ama?

Quão forte é a sua determinação? Akemi Homura em Madoka Magica: emoção!

Pois é, comentei ainda no Portallos antigo que havia começado e terminado Madoka na terça-feira. Animê excelente, merecedor de todos os elogios que li sobre ele até agora. Não sei se, pra mim, será o animê do ano, porque Mawaru Penguindrum realmente me marcou mais até onde vi, mas estará no Top 3 muito provavelmente. Ele é, antes de tudo, extremamente bem feito, e extremamente bem bolado. Bem feito em questões técnicas: OST e animação soberbas. Bem bolado por redefinir o conceito paralisado no tempo que eram as histórias de mahou shoujos. Não só conseguiu fazer isso com primazia exemplar, como fez isso em apenas 12 episódios.

Este post contém spoilers. Despois do continue entro no ponto principal que quis tratar aqui, e sou bem específica. Se não assistiu Madoka Magica até o final, recomendo que não siga em frente na leitura.

Mas este não é um review de Madoka. Reviews são burocráticos… tenho que cobrir os pontos x, y e z para que esteja completo, e soa como se eu estivesse avaliando, como se eu tivesse o direito de avaliar alguma coisa. Não. Estou aqui para falar sobre como Akemi Homura é foda. Essa imagem que abre o post foi um print que tirei enquanto assistia ao episódio 10. Aquele episódio 10; sei que vocês me entendem. Homura acordando no hospital, depois de ver Madoka morrer três vezes, e sendo a última a pior de todas… a em que Homura tentou avisar as outras sobre Kyubei, não acreditaram, Sayaka virou majo e então Mami ficou berserk e matou Kyouko, morrendo pela flecha de Madoka quando tentou matar Homura. As últimas sobreviventes do grupo foram juntas à Walpurgis Night… estavam morrendo juntas… virariam majo juntas… mas a Madoka tinha uma Grief Seed sobrando. Salvou a amiga e a fez prometer que não permitiria que ela se tornasse Mahou Shoujo, quando voltasse ao passado, e ainda pediu para que ela a matasse, antes que virasse majo ali mesmo.

Vocês imaginam o que é acordar depois disso? Não é como se a cada retorno se passasse x tempo. É imediato. Como é continuar a viver, com tudo isso nas costas? Lutando sozinha, sem que ninguém saiba ou se lembre? Um choque suficiente para que ela se transformasse na Homura que conhecemos no início do animê (embora ainda tenha falhado uma vez mais, não por Madoka ter morrido, mas por ter virado a Mahou Shoujo mais poderosa e, então, ficado destinada a se tornar também a maior majo), e aí entendemos o sofrimento que aparentava, na primeira conversa com a Madoka, indo à enfermaria. Se segurando… Então, realmente, how far would you go, to save someone you love? A frase é de Heavy Rain, mas me lembrei imediatamente dela quando assisti ao décimo episódio. Quantas vezes a Homura repetiu esse mês? Quão importante a Madoka é para ela? É a única coisa que importa? É… impressionante. É comovente. É absurdamente triste.

Mais triste ainda se tudo terminasse sem a Madoka saber disso. Sacrifícios secretos estão entre as coisas que mais me emocionam em qualquer mídia, e quando as coisas se acabam sem a revelação, um mínimo de reconhecimento ou gratidão, e ainda por cima dão errado, desabo, é demais pra mim. Code Geass tem muito disso no final, (spoiler) com a Kallen percebendo o plano do Lelouch só naquele fatídico momento… o que deixa a história deles ainda mais triste, dada a frieza e impassividade com que ele recebeu o beijo dela, a última tentativa de dissuadi-lo da tirania de imperador, alguns episódios antes. (fim do spoiler) Blood+ também tem isso… (spoiler) os séculos e séculos de Haji servindo a Saya, e ela descobrindo isso finalmente, aquele lindo momento no episódio final em que ele se declara, e então a “morte” dele e a hibernação dela. (fim do spoiler) Acho finais tristes épicos. Madoka, no episódio 11, teve o ápice em termos de cenas tristes; chorei muito com o abraço da Homura na Madoka, contando tudo. Chorei também bastante no 12, mas esse episódio final teve uma sensação de “deu tudo certo” no fim das contas, então não consigo achá-lo trágico e juntá-lo ao exemplos acima. Mas não estou dizendo, de forma alguma, que é pior.

As cenas da Homura com o laço da Madoka na cabeça, no encontro com a família dela, são lindas, e fiquei muito feliz de ver que a relação dos incubadores com a humanidade em si foi totalmente alterada. Entendo a raiva que muitos têm do Kyubei, mas essa cena final mostra bem como eles são apenas seres extremamente racionais e privados de emoções. Não é maldade… eles sequer entendem nossos critérios de avaliação de ações entre boas ou más, enganosas ou verdadeiras. Fiquei em paz com a raça dele, depois de não ter conseguido evitar uma certa raiva com a mais do que intencional morte da Kyouko pela Sayaka majo, provocada por ele querendo que então a Madoka virasse Mahou Shoujo por falta de opção. E falando na Madoka, é minha segunda personagem favorita no animê. É muito raro eu gostar tanto de uma protagonista, ainda mais com esse design infantil e cor de rosa dela, mas tudo o que ela pensou ou fez foi… certo. É o que a mãe dela dizia, sobre ela ser 100% correta, não mentir, tomar as decisões certas. Até o fim, todas as suas ações foram foda e pensando nos outros. Chorei pela bondade dela vendo o pedido que fez ao Kyubei, condenando-se a eternamente viver para isso. Mas não sozinha, porque a Homura se lembra dela, e na última cena, com uma Terra aparentemente mais uma vez num dia apocalíptico, as duas estão juntas, cada uma em uma frente, lutando com tudo o que podem, se apoiando uma na outra. É lindo, e podem rir… embora eu duvide que quem assistiu consiga rir do que falei, porque é a verdade; é lindo mesmo, e muito foda.

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