Tempos que não voltam: Gunbound

O primeiro MMO que joguei. Ótimas lembranças.

Esta semana fiz uma pergunta no fórum interno da equipe. “Algum de vocês chegou a jogar Gunbound?”. Agora eu repito essa pergunta a vocês leitores. Para minha surpresa, o pessoal revelou que Gunbound (ou GB) foi o primeiro MMO que eles jogaram, e bem, foi o meu primeiro também.

MMO’s são tensos, pois quando bem feitos e divertidos, prendem o jogador em um nível de vício que chega a ser nocivo. Com GB eu tive essa experiência, vício total… fiquei preso àquilo por alguns anos, mas, como eu não era o único da minha turma, acabou que não cheguei a “me fechar” para a sociedade. Na verdade, eu me diverti foi muito com aquele jogo.

Gunbound é um game online ao estilo “worms” no qual você pilota carros (ou mobiles), que se enfrentam em partidas solo (1×1) ou em grupo (2×2, 3×3 ou 4×4). O sistema de combate é por turnos, e cada jogador só consegue se mover durante seu turno. Dentro o tempo estabelecido, além de se mover, é possível dar um tiro que varia em três tipos: 01, 02 e SS (uma espécie de especial). Através dos tiros, os mobiles se enfrentam, e vence aquele (ou a equipe) que sobreviver ao final da partida.

Os tiros normalmente são feitos em parábolas, onde você calcula o ângulo e a força necessários para atingir em cheio o seu oponente. Para dificultar um pouco mais tudo isso, ainda existe o fator “vento” que de acordo com a intensidade, altera consideravelmente a trajetória do tiro. Depois de algum tempo, é até fácil se acostumar com a mecânica de jogo, chegando ao ponto de decorar os ângulos possíveis, e as distâncias que cada tiro alcança, considerando a intensidade do vento.

Existem vários tipos de mobiles (carros) diferentes, cada um com seu tipo de tiro, peso da bala, interferência do vento, poder de defesa, poder de ataque, particularidade, nível de dificuldade, etc. Para alguns, nem adianta tanto decorar ângulo, força, alcance, etc, tudo depende na verdade de sorte.

Explicando assim, mesmo que superficialmente, pode ser difícil de entender, mas na prática é tudo muito simples e didático (e o melhor, no bom e velho português do Brasil – o jogo já tem 9 anos de Brasil… tempo a beça). Monótono com certeza era algo que Gunbound não era (isso no meu tempo, claro, lá por volta de 2005). Cada partida era única, cada turno era único, não existia mesmice.

O jogo possuía um sistema extremamente bacana de níveis, que variavam (na minha época) de “pinto” a “Dragão de Prata”, passando por coisas bizarras como “martelinho de madeira simples”, “machado de prata plus”, “cetro de safira”, etc. Não eram coisas impossíveis de serem alcançadas, e a evolução era relativamente rápida. É claro que alguns níveis eram sim impossíveis de se alcançar como meros mortais, afinal, só existia uma vaga de Dragão de Prata, 3 vagas para Dragão Vermelho, e outras poucas para Dragão Azul. Isso considerando o País inteiro… logo, a disputa era tensa.

Eu acredito fortemente que a simplicidade tenha sido o fator chave que cativou a mim, e a tantos outros que passaram a jogar GB como forma de diversão e inclusão digital. Lembro que quando comecei a jogar, eu nem tinha banda larga em casa (era coisa de rico), e por conta disso, só podia jogar aos sábados depois das 14h e aos domingos, quando a tarifa telefônica era gratuita (vida de internet discada era tensa, mas divertida).

Eu conheci muita gente interessante em Gunbound, fiz verdadeiros amigos. Quando me lembro, chego a ter saudade. Bate aquela vontade de voltar a jogar e tal… Mas aí vem a lembrança dos motivos pelo qual abandonei o game…

Existiam vários servidores disponíveis à escolha do jogador. Alguns se diferenciavam por níveis. Em outros, atributos especiais adquiridos por meio de avatares (roupas e acessórios) eram levados em conta, e, com eles era possível ter força máxima, defesa máxima, etc. Eu sempre frequentei o servidor “livre”, que uma área liberada para todos os níveis, desde o primeiro até o último. Lá, os atributos especiais não tinham valor, e todo mundo iniciava a partida no mesmo nível.  O que diferenciava os bons dos ruins era sempre a experiência de jogo. Naquele servidores um “pinto” poderia derrotar um “Dragão” com a estratégia certa, e um pingo de sorte.

Com o tempo, algumas “novidades” foram adicionadas ao jogo, e acabou que o servidor “livre” deixou de ser tão livre assim. O capitalismo falou mais alto, e alguns acessórios adquiridos em dinheiro real (cash) passaram a ter efeito nas partidas. Eram coisas muito apelativas, como dobrar o turno, dar tiro adicional, ficar imune por uma rodada, ativar “força”, “thor”, “raio”, etc… Novos mobiles foram criados, mas os mesmos eram, também, bastante apelativos… Acabava que todo mundo só jogava com o mesmo carrinho, e tudo perdeu a graça. O jogo deixou de ser decidido na habilidade, e passou a ser decidido no poder monetário.

Depois disso, muita gente parou de jogar, meus amigos pararam, eu parei. A empresa que administrava o jogo (Ongame) passou a responsabilidade a outra (Softnyx) e eu acabei nem migrando minha conta para a nova detentora do direito de publicação. Lembro que eu tinha muitos avatares (muitos mesmo…), e que antes da alteração no sistema de níveis, havia alcançado o status de “Cetro Safira”, apenas 5 níveis abaixo do Dragão de Prata. Enfim, eu já não era nenhum noob no jogo, mas minha experiência pouco importava nas partidas.

Esse desgosto, aliado à falta de tempo, amadurecimento, inicio da carreira profissional, entre outros fatores, me fizeram abandoná-lo de vez, e hoje se for para voltar, não devo saber nem por onde começar. Sei que o site oficial é esse, mas o resto… tudo é uma incógnita.

Será que tem alguém aí ainda joga? Como anda tudo por lá? Será que esse também foi seu primeiro MMO? Porque parou? O que achava do jogo? Tenho um carinho especial por Gunbound, e prefiro me lembrar dos bons momentos que vivi naquele “mundo digital”. Praticamente nada é eterno, não é mesmo…


 

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