Conversa de Mangá: Bleach 552 – A Virulência Fundamental

Caraca, por que diabos Bleach ainda não acabou?

Dando continuidade as metas que criei para esse mês, e atendendo alguns dos pedidos e sugestões dos leitores feitas lá no post deste link. Semana passada escrevi sobre One Piece 723 e pra não me repetir, esta semana resolvi falar de Bleach, que faz muito mais tempo que não comento sobre o mangá aqui no blog (muito mais do que Naruto). O ninja laranja fica pra semana que vem…

E cuidado aos Spoilers se você não está acompanhando o mangá, não me venha reclamar se sua Bankai for roubada!

Estava nesse final de semana assistindo a última temporada do animê de Bakuman (sim, ainda não terminei e não sei o final da série), mas num dos plots propostos na história, que romanceia um pouco a carreira dos mangakás, tratava sobre quem era o dono de um mangá e quando é que um mangá deve acabar, no seu auge quando ele é super popular e carro chefe de uma publicação como Shonen Jump ou quando ele simplesmente cansa os leitores e o autor precisa se virar pra fechar uma história que se alongou demais. Em Bakuman dá a entender que um autor não tem muito poder para encerrar um mangá de sucesso que traga alta grana a editora que o publica, o que de certa forma faz sentido. Apesar do autor criar a história, ao assinar um contrato de compromisso com a editora ele não é exclusivamente o único dono daquele produto e para tal a obra vai ser explorada enquanto houver grande retorno financeiro. Aí não é difícil ver porque alguns mangás depois de muito tempo perdem qualidade ou o autor resolve cagar um pouco com a história, seja porque ele realmente não tem mais nada a explorar e a editora não o deixa finalizar ou porque ele realmente precisa cagar para perder o sucesso e assim ser cancelado. Assistindo esse plot, que apesar de fictício tem suas pinceladas de verdade, não pude deixar de pensar que Bleach talvez tenha um pouco desses problemas editoriais e tempo de casa.

Bleach já foi o terceiro grande mangá da Shonen Jump, com um duradouro animê, hoje já cancelado, com uma história empolgante, um elenco carismático de personagens, grandes mistérios e reviravoltas geniais. Hoje, o mangá está em seu último arco, com um fim já anunciado há algum tempo e sem fôlego algum para conseguir voltar ao auge em que esteve em seus melhores dias. Me pergunto até mesmo se o último arco do mangá conseguirá virar animê quando o mangá se encerrar, porque depois de tanto tempo fora da TV, as pessoas simplesmente esquecem da série caso não queiram acompanhar o mangá e novos telespectadores não vão dar o devido apoio a um animê que apenas feche um arco de uma série animada tão antiga quanto Bleach é.

Me pergunto realmente como o Tite Kubo deixou a série chegar a esse ponto. Será que ele desejava encerrar antes e precisou esticar demais a trama do mangá? Quer dizer, há sagas e arcos dentro de toda a narrativa de Bleach que simplesmente não precisariam ter existido ou se precisava, não deveriam ter durado o tempo que durou. Há muita coisa que podia ter se resolvido de forma mais ágil, sem tamanha enrolação. A própria arte do Kubo não ajuda na dinâmica da história, com quadros gigantes onde um capítulo inteiro muitas vezes tem apenas um personagem golpeando e o oponente contra-atacando e pronto, o capítulo acabou e a luta continua por mais dois ou três capítulos.

A própria luta do Toshiro no arco atual contra esse quincy de fogo que sinceramente não deu em merda alguma e que só tomou tempo de capítulos mal aproveitados. Agora o Toshiro volta porque tocou na pílula mágica do Urahara e todo o impacto que teve o começo do capítulo 552 vai simplesmente pra privada com sua devida descarga. A Matsumoto morreu mesmo? Duvido, e se morreu, faz diferença na altura do campeonato? Ela já teve sua história com o Gin contada de forma tão por cima, com um passado mal explorado, e com esse vai e não vai com o Toshiro desde o início… a gente chegou num ponto do mangá em que não faz mais diferença quem morre ou não, contanto que a história finalmente termine e as coisas se concluam ao invés de ficarem se arrastando eternamente.

Vide esse passado mal resolvido do Urahara com o Gotei 13, mesmo após o cara ajudar desde o começo do mangá, toda essa parada de Arrancar e Hollows em guerra e que não chega a lugar algum, dos Quincys que já ensaiam isso há tanto tempo, dos poderes dos amigos do Ichigo, ou até mesmo do próprio Aizen, na qual o próprio autor já afirmou que irá voltar antes do arco final acabar! Aí eu volto pra discussão inicial, será que esse alongamento da história que o Kubo fez se deu porque ele quis isso ou porque a Editora mandou ele esticar até não dar mais. Será que o Kubo teve que cagar algumas coisas em Bleach para poder finalizar o mangá? E se ele realmente fez isso, porque diabos continua enrolando em momentos tão desnecessários?

A única coisa neste último arco que gostei pra caramba foi ter finalmente visto o passado do pai e da mãe do Ichigo. Finalmente as respostas que muitos queriam em muito tempo de mangá. Até cogitei parar de ler depois desse pequeno flashback dentro do arco final. Mas não dá, né? Já cheguei até aqui, vou até o fim. E vendo o mistério envolvendo a família do Ichigo me pergunto se o autor realmente precisava segurar isso até o último minuto do segundo tempo. Isso já poderia ter sido esclarecido, ao menos parte, quando o Ichigo tomou conhecimento que seu pai era um Shinigami, pois nesse meio tempo a gente já sabia do relacionamento dele com o pai do Ishida, com a Soul Society. Só faltou mesmo realinhar a cronologia e a importância da mãe do Ichigo nessa cola de arcos. E ainda assim achei meio forçado ao final a ligação dele com o vilão final do mangá e com o sangue Quincy e sua Zanpakutou. No fim, ficou tudo tão conveniente e redondinho. Ichigo é o cara que realmente nasceu virado pra lua, com poder para combater qualquer tipo de poder. Ele é o shinigami/hollow/quincy/humano com o pacote completo.

E eu ainda quero ver a bankai da vice-capitão do Kenpachi (até esqueci o nome dela). Gostaria que o Kubo separasse um tempinho para contar o passado dele, ou até mesmo da linhagem do Kenpachi, que pareceu muito interessante. Alias o personagem meio que sumiu depois da briga com a Unohana em outro momento meio que mal explicado no final das contas – ou explicado de forma apressada. Me pergunto se o Kubo não segurou demais as devidas explicações e agora no arco final ele não tem tempo pra ficar explicando tudo que queria e ainda manter a história avançando e a ação do mangá em constante segmento.

Tem outro momento que também gostaria de comentar, que é sobre o pessoal da Guarda Real e do tal Rei da Soul Society. Pow precisou mesmo o velhote morrer para resolverem dar as caras? E agora com tudo vindo abaixo, a interferência desse pessoal é mínima. Ah, não sei, mas fica aquela visão de que a estrutura é muito falha. Você tem quem pode lhe ajudar na guerra, mas os caras não vão mexer o dedo. Depois que todo mundo morrer e os inimigos chegarem lá onde eles ficam, aí eles dão um jeito? Pfff. Sério, não entendo mesmo. O último grande mistério do mangá é mesmo sobre o Rei, e vou ficar muito puto se no final do mangá o Ichigo descobrir que o Rei não existe e que ele é o predestinado a se tornar rei de toda a Soul Society e com o Aizen como novo comandando do Gotei 13 ainda! Se é pra cagar, vai ser aquela cagada!

Sobre o capítulo da semana, o que mais há para se dizer? Hum… Urahara trollando num momento tão tenso para todo mundo ali é divertido, mas meio que descabido e tira um pouco a seriedade de todo o plot assim. Afinal é para o leitor se preocupar ou não com os inimigos que o autor criou para o arco? Falando nos inimigos, que galerinha sem carisma algum, hein? Os Arrancars eram bem mais maneiros, tanto em design quanto em poderes. O arco teve sim grandes momentos, a invasão rolou rápida, a luta do velhote Yamamoto foi tensa, a chegada do Ichigo foi maneira, o flashback da mãe, o aparecimento da guarda real e … o Ishida se aliando aos quincies? Eu não entendo o que o Kubo quer com isso. Ishida é para se tornar grande vilão final ou o grande traíra de sua linhagem? De qualquer forma esse personagem ficou numa posição tão xarope, sem aquela resolução que esperava vindo dele. Será que é um suspense necessário?

Enfim, Bleach é isso… e está acabando. Mas já não deveria ter acabado?

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