Mangá | O que dizer de… 20th Century Boys?

Recomendação camarada, sem spoilers para que sua diversão ao ler seja maximizada!

O passado de um grupo de garotos que mudou o mundo!

Não me recordo o que me levou a colecionar 20th Century Boys, porém fico extremamente feliz de ter adquirido os primeiros volumes no escuro, sem saber muito sobre a trama ou do que realmente se tratava a história do mangá. Só comecei a ler os primeiros volumes faz aproximadamente um mês e, depois de sete volumes devorados, posso dizer que é um dos melhores mangás que já tiver o prazer de ler até o momento!

20th Century Boys foi publicado  no Japão entre 1999 até 2006, finalizando a história com 22 volumes. A Panini começou a lançar o mangá aqui no Brasil no final de 2012 e o último volume lançado no Brasil foi o de número 9, sendo que décimo deve estar chegando entre esse ou o próximo mês. A periodicidade dele por aqui é bimestral. Ou seja, para quem se interessar em ler e colecionar, ainda tá em tempo de correr atrás dos primeiros volumes, que podem ser facilmente encontrados em lojas especializadas, como a Comix.

Alias, esse é o mangá que deixei de fora da lista quando fiz aquela postagem enorme no mês passado falando sobre alguns dos mangás que andei lendo nos últimos meses. Se você perdeu, veja a matéria clicando aqui. E ainda estou convencido que foi uma decisão correta, porque é um mangá que merece um destaque a parte pela qualidade de vários elementos bem amarrados, como traço, personagens, forma como a trama é conduzida e a maestria como o autor,  Naoki Urasawa, trabalha com flashbacks e flashfowards, além de todo o clima de conspiração, sociedades secretas, mistérios, assassinatos e viradas de jogo e múltiplos clímax em um espaço curto de tempo.

A trama de 20th Century Boys segue a premissa de que na virada do ano novo de 1999 para 2000 a humanidade se viu a beira de sua própria extinção e que um grupo de pessoas conseguiu salvar o mundo todo. Isso é apresentado logo nas primeiras páginas do primeiro volume. Logo em seguido a história corta para o final da década de 60, para apresentar um grupo de garotos e como que este pequeno grupo de criança se relaciona com o quase fim do mundo no início de 2000.

E a narrativa segue de forma não linear, cortando entre 1969 em diante, assim como também para 1997 em diante, para também correr entre 2000 em diante e bem… não vou dizer o que acontece depois disso. Vale a pena descobrir por conta própria. A história inicialmente segue com a perspectiva de Kenji Endo, onde já adulto ele descobre estar no centro de um mistério que talvez envolva sua infância e seu grupo de amigos.

O mangá logo no início apresenta uma seita secreta, onde o líder é apenas conhecido como “Amigo”. Um dos maiores mistérios do mangá é a identidade do “Amigo” sendo que desde o início dá a entender que Kenji o conhece desde os tempos de infância, só que ele não consegue se lembrar quem poderia ser essa figura tão enigmática.

Um dos maiores méritos do mangá é criar um vasta rede de personagens carismáticos, sendo que qualquer um deles pode na realidade ser o grande vilão de todo o clima conspiratório que o mangá possui, ao mesmo tempo que nenhum personagem está a salvo e pode morrer a qualquer momento na linha temporal não linear da história. Ou seja, mesmo que um personagem morra, o autor ainda cria formas para que ele continue na história, só que o impacto que isso causa é assombrosos. Tudo pode mudar num piscar de olhos. E isso realmente acontecer depois de alguns volumes. Mas não vou contar!

É assustador como o mangá é intenso, e como ele emociona em determinados momentos, ao mesmo tempo em que consegue chocar o leitor. E tem aquele toque de brilhantismo quando um evento que aconteceu há muitos volumes atrás, volta à tona como um encaixe perfeito, mas não esperado na narrativa do mesmo. Se há furos na trama? Não sei. Estou concluindo a leitura do volume oito e até o momento não percebi nenhum.

Outro fator positivo é que o mangá trabalha muito de forma histórica, ou seja, quando ele está na década de 60 há elementos e pensamentos desse período histórico que permeiam os personagens e seu mundinho, em especial o fator das músicas e bandas da época, que são sempre mencionados pelos personagens. É uma história muito centrada em algo que poderia ser real. Algo que poderia acontecer hoje no mundo e que jamais iríamos saber que existiu até ela bater na nossa cara. Há um clima claro de paranoia e conspiratório que pode mais fictício que seja, quem garante que coisas assim não possam acontecer?

 O mangá trabalha muito com essa clima de seitas e de pessoas que se dão de corpo e alma a um propósito, e considerando que é algo escrito antes do 11 de setembro e do ataque as torres gêmeas em Nova York, a gente pode imaginar que ele passa sim um toque de realidade quando trabalha no poder de persuasão que uma crença ou organização pode ter. Só que ele pega esse conceito e vai ao extremo com isso. Até onde uma sociedade secreta consegue se infiltrar e mudar o mundo?

Enfim, é um mangá genial e fabuloso. Se você não está lendo e nunca leu, deveria pensar ainda hoje em procurar os primeiros volumes lançados pela Panini e ter esse título na sua coleção. Ah e é um mangá que basta ler o primeiro volume para se apaixonar, não é como outros mangás em que você precisar ler um pouco mais para que a trama te conquiste. 20th Century Boys consegue esse feito logo em suas primeiras páginas! Fica a recomendação!

obs (seja camarada): vou fazer um pedido e esperar na camaradagem do leitor que já leu 20th Century Boys pela internet ou que assistiu ao live-action produzido no Japão. Por favor, não dê spoilers sobre o final ou futuro do mangá nos comentários. Eu ainda não sei como a história termina e vim aqui recomendar para que outras pessoas conheçam a história. Não seja esse tipo de pessoa que chega num lugar e estraga a brincadeira de quem está chegando agora. Obrigado!

Sair da versão mobile