Conversa de Mangá: Bleach 585 à 587 – The Headless Star 4 – 5 – 6

Texto recomendado para quem está acompanhando os capítulos semanais de Bleach e que já tenha lido até o de número 587, ou para aqueles que não se importam com spoilers.

Quase 600 capítulos, faltando pouco para 15 anos de mangá… sinceramente já não sei mais o que achar de Bleach. Tenho a impressão de que sem nem mesmo ter terminado ele já aparenta ser um mangá que envelheceu mal. Ao menos essa fase mais recente, porque a minha memória afetiva ainda adora as duas primeiras fases da história do mangá.

Bleach 585 à 587 – The Headless Star 4 – 5 – 6

O capítulo 587 dessa semana meio que prova essa impressão pessoal. Ichigo gritando com o Ishida, sem entender porque diabos ele trocou de lado, e nem a gente que é leitor entende direito e isso porque não é um bom momento para o autor ficar fazendo todo esse mistério e segurando a trama que já devia estar em ritmo de finalização. Aí tem Chad e Inoe chegando e sendo eles mesmos, tem Urahara aparecendo do nada e criando uma solução para ir a um lugar que ninguém conseguiria ir, facilitando o desenrolar da trama no melhor estilo na qual o personagem se propõe. Até sobra espaço para aquele Ichigo com sua personalidade meio baixo astral que é sempre um saco. Corta para aqueles inimigos que ninguém consegue decorar o nome, sem qualquer carisma (eu ainda não consegui pelo menos, talvez o melhor ali seja realmente o cara do dedos flamejantes), com Rukia e Renji trocando algumas piadinhas (sorri, vai, ao menos isso admito) e partindo pro ataque naqueles quadros de explosões que parecem o fim do mundo, mas a gente sabe que é só fumaça, barulho e poeira.

Aí paro e penso… eu já vi tudo isso e em mais de uma vez lendo esse mangá. Será que isso ainda é tão legal quanto era há, sei lá, 5 ou 4 anos atrás? Bleach realmente não tem mais fôlego para criar situações, cenários, momentos diferentes de tudo que ele vem fazendo há mais de uma década? São quase 600 capítulos poxa!

Quer um exemplo? Vamos pegar Naruto e One Piece, já que Bleach num passado remoto já fez parte da santa trindade da Shonen Jump. Naruto em seu capítulo 587 estávamos vendo Sasuke e Itachi derrotando Kabuto, pense em tudo que o mangá passou então nestes 587 capítulos. Quantas sagas, quantos saltos cronológicos, o quanto a história avançou e cresceu. Enquanto isso em One Piece, o capítulo 587 estávamos vendo a história de Luffy, Ace e Sabo! Já havia rolando sagas épicas no mangá, Enies Looby, Impel Down e até mesmo Marinford. Tudo bem que talvez One Piece seja um ponto fora da curva, mas ainda assim, é a mesma quantidade de capítulos.

Se você imaginar que cada mangá precisa de seu próprio tempo para trabalhar com sua narrativa, talvez Bleach não precise destas comparações. Porém pare e pense no que o mangá nos apresentou até o momento? Ichigo e Rukia se conhecendo, o resgata de Rukia, depois um repeteco com a Inoe, enquanto isso o Ichigo continua treinando, mudando de roupa e muitas coisas mal explicadas. Aizen cai, surgem uns antagonistas estranhos numa saga que mal serviu pra alguma coisa a não ser cancelar a versão em animê do mangá e aí chegamos na saga final, que já se desenrola por mais tempo do que deveria e é isso. Em comparação com alguns outros mangás, me parece que Bleach demorou tanto tempo para chegar a algum lugar, que é fácil entender porque fico cansado de ler e porque espero tanto que ele acabe de uma vez. Só pra saber qual vai ser o final, ainda que devido a previsibilidade de tudo, talvez eu posso chutar alguns e acabar acertando. Mas isso fica para uma outra vez.

Agora comentando um pouco os últimos acontecimentos dessa saga. Não digo que não tiveram alguns acontecimentos emocionantes. Eu estava curtindo a lutinha da Yachiru e até fiquei preocupado com o que aconteceu com ele após a batalha do Zaraki (e isso ainda não foi mostrado – o que achei meio anticlímax). No que diz respeito ao Zaraki, gostaria de ter visto ele numa batalha mais de espadas em si e não com um pirralho que luta com a imaginação. Queria ter visto um oponente mais hardcore ao seu estilo. Também achei muito bacana os últimos momentos do capitão Komamura, mas achei que toda a explicação para seu poder, para essa história do clã dele, foi repassado tão rápido em curtos capítulos. Gostaria de ter visto mais disso. E esse é um problema que Bleach sempre teve, na qual o autor prefere gastar tempo demais naquilo que todos já vimos incansáveis vezes do que pausar e fazer algo diferente e trabalhar num segmento diferente da história.

E há tantos personagens nesse universo e numa narrativa tão arrastada que tenho dificuldades para lembrar onde estão todos. O que aconteceu mesmo com o pai do Ichigo? Cadê mesmo o Ganju que tinha retornado lá no começo da saga? Que fim levou o Kon? O Shinji apareceu recentemente, mas já esqueci o que aconteceu com a Hinamori. Só pra citar alguns exemplos. São personagens demais que somem por meses e até anos se você acompanhar o mangá semanalmente – coisa alias que não faço mais.

No fim, Bleach podia ter sido tanta coisa diferente e no fim, vai acabar se tornando um mangá que vamos esquecer que existiu depois de alguns anos quando ele terminar. Espero apenas que o Tite Kubo aprenda com tudo isso e que seu próximo mangá seja aprimorado nestes aspectos de narrativa e repetição de sagas e clichês do mundo dos mangás, porque é óbvio que talento ele tem de sobra!

É isso, mais pra frente a gente conversa mais sobre o destino dessa saga e alguns outros personagens em específico! Por hoje já deu. Deixem nos comentários o que estão achando dos capítulos atuais e o que esperam daqui pra frente.

Sair da versão mobile