Destiny Beta | É tudo o que se espera ao mesmo tempo em que também não é…

Destiny Artwork

Bem, conforme comentei alguns dias atrás, consegui o acesso ao beta de Destiny através do Xbox One e já estou há várias dias testando essa fase experimental na qual a Bungie abriu aos jogadores e, após testar quase tudo que o beta tem a oferecer, já consigo tecer uma opinião sobre o mesmo. Lembrando sempre que é uma opinião pessoal, o que não há transforma a minha experiência pessoal com uma verdade indiscutível. Experiências, gostos e desgostos sempre irão variar de pessoa a pessoa.


Bungie – Halo vs Destiny

O primeira coisa que penso quando Destiny me vem a cabeça é a sua origem, onde tudo começou. A Bungie é a criadora e foi produtora por anos e anos de Halo, título exclusivo desde o primeiro Xbox lançado. Sendo que apenas o último Halo produzido, o de número 4, não tem as mãos da Bungie. O que aconteceu é que o estúdio achou que era o momento de largar de trabalhar numa franquia que nunca foi sua propriedade intelectual, pois Halo sempre foi da Microsoft, e decidiu que era hora de alçar voo com uma nova IP própria, que alias fosse possível explorar o mundo multiplataforma. E eis que surge então Destiny, o primeiro game da Bungie após essa ruptura com Halo.

Por que é importante explicar isso? Porque independente da forma como você análise Destiny, ele segue muito o padrão de qualidade e certas aparências de toda a experiência que o estúdio possui com anos de desenvolvimento em Halo, só que agora aplicado num jogo que não pode mais se chamar Halo. Isso talvez possa soar como uma crítica negativa, um mimimi desnecessário ou uma prepotência, mas não é nada disso. Halo é um shooter/FPS/sci-fi e Destiny também é um shooter/FPS/sci-fi. Ou seja, é a Bungie fazendo aquilo que ela aprendeu a fazer e o faz muitíssimo bem. Mas Destiny está longe de ser uma quebra de paradigmas e isso é exatamente porque ele é o que se espera de um estúdio como a Bungie.

Se for para comparar – e já irei parar com isso, prometo – Destiny é o que Halo 4 ou talvez Halo 5 pudesse vir a se tornar se a franquia ainda estivesse nas mãos desse estúdio. Destiny possui tudo que Halo Reach, o último Halo da Bungie, possui e vai além disso, levando todo o conceito e gênero de game para um nível acima de tudo que os jogadores talvez nem sonhassem que Halo poderia vir a tornar a ser. E isso é muito bom, para a Bungie e para Destiny! Antes jogar no que é certo e seguro, ou seja, desenvolver aquilo que sabe justamente no momento em que ela resolveu sair de baixo da saia da mãe – aqui seria a Microsoft – do que tentar fazer algo que nunca fez, dar com a cara na parede e sair prejudicada como desenvolvedora independente de alguém para segurar a sua mão. Nesse ponto, Destiny foi o movimento esperto e inteligente a se criar. É de tirar o chapéu para a Bungie por conseguir algo assim, já no primeiro tiro de sua fase voando sozinha.

Então Destiny é sim tudo aquilo que os jogadores esperam. Vai fazer a alegria dos fãs de Halo e ainda mais da galera do PlayStation que vai poder sentir, pela primeira vez, na pele a experiência que os donos de Xbox possuem ao jogar um game da qualidade Bungie. E é impressionante o que Destiny parece conseguir, ao menos nas plataformas de consoles de mesa, já que no PC os jogadores conseguem esse tipo de experiência online há um bom tempo já.


A primeira grande impressão de inovação!

O grande primeiro impacto que tive ao iniciar o beta de Destiny aconteceu logo após a conclusão do primeiro capítulo do jogo, que é mais uma fase tutorial, explicando os comandos básicos e criando toda uma atmosfera criativa de história. Estou me referindo a grande Torre de vigilância do jogo, que é um hub onde o jogador vai para se equipar, comprar armas, itens, pegar missões e afins. Esse hub está sempre online, o que significa que ao se conectar na torre você irá encontrar jogadores online ali, passeando, comprando itens, explorando ou apenas conversando e se entretendo. Isso é algo ousado, porque nunca é feito direito nos games de consoles de mesa. Fable II fazia algo assim, se bem me lembro, mas era muito tímido, sem graça e até irritante. Destiny o faz de uma forma não invasiva, indo exatamente pelo contrário, fazendo com que você fique impressionado com esse mundo sempre online, conectado com pessoas reais que estão ali, em tempo real, vivenciando a mesma experiência que eu. Será que os jogadores amadureceram ou Destiny realmente tornou esse tipo de central de jogadores confortável a experiência do usuário? Espero que isso influência muito esta nova geração de games.

Mas não é só isso que Destiny manda muito bem. Talvez isso seja a ruína do tipo de jogador que não curta uma experiência online, porque pelo que entendi, Destiny está sempre online. O beta lhe dá direito a algumas missões da campanha principal do game e até mesmo durante a campanha você pode encontrar um jogador real, ali num canto do mapa, ou de uma área, fazendo alguma quest própria dele, enquanto a sua história está rolando simultaneamente. Nada impede, de você como jogador, ao ver um outro jogador em sua mapa tentando cumprir alguma missão, que você vá até ele e o ajude, e depois volte para a sua missão, assim como esse jogador pode decidir se juntar a você e segui-lo para ajudar na sua campanha. É um conceito muito mais interativo do que qualquer Halo já fez, e ao menos no Beta funciona muito bem, já que há um limite de jogadores que podem usar uma mesma área do game em campanha, ou seja, não já o risco de você estar ali na sua campanha e ser invadido por uns 15 jogadores trolladores xaropes. Não, é você e no máximo mais dois. E digo mais, nesse beta, das dezenas de horas de Destiny, não encontrei nenhum, repito, NENHUM jogador inconveniente ou que me irritasse. Mesmo sem headset, o jogo tem um comando em que lhe permite acenar para um jogador – como uma saudação de continência do exército – e sempre fiz a todo jogador que me deparei durante a campanha e todos me saudaram de volta, mostrando o respeito mútuo de cada um por estar numa área em que um não atrapalhe a experiência do outro. Sensacional mesmo!

Acho que não se faz necessário aqui narrar ou descrever a história principal do game ou até mesmo tudo que o beta lhe permite fazer. No You Tube já possui infinitos vídeos de gameplay da galera que compartilha esse conteúdo com tudo, de cabo a rabo, do que é possível fazer em Destiny. O que mais me impressionou da experiência com o game foi o que descrevi acima, esse mundo que é muito mais real e em tempo real com outros jogadores do que eu jamais pensei que pudesse ser possível num console e sem ter aquela forçação  de barra dos MMORPGs (massively multiplayer online role-playing game) de PC. Destiny alias se assemelha muito a um RPG no sentido de que seu personagem possui levels que aumentam habilidades, golpes, status e o poder de customização que um Guardião – nome da elite dos mocinhos da história do jogo – pode possuir. O jogo tem classes – nas quais não tive a curiosidade e tempo para testar todas, ficando apenas como a básica e normal, chamada Titan (tipo um soldado/batedor normal). Fui até o máximo que o beta me permitiu, level 8, sendo que há muito mais coisas que seriam destravadas e abertas se o beta permitisse continuar subindo de nível. Apenas não sei dizer se esse tipo de sistema e esse alto poder de customização é tão original e impressionante assim, pois são coisas que estão tendo com bastante frequência em games deste a última geração, dada a importância que o jogador precisa no sentido da progressão de um game, aquela sensação de estar sempre aprendendo, se fortalecendo, descobrindo algo que não seria possível fazer no começo de um game.


O escorregão do modo competitivo?

Para quase terminar, não poderia deixar de comentar sobre o modo competitivo de Destiny, o player vs player, que por sinal só é aberto no beta se você chegar ao level 5 com seu personagem e aí precisa falar com um personagem em específico na Torre (hub) para que o mesmo lhe libere para esse multiplayer. Achei isso um tanto burocrático, se não tivesse espiado na internet, não teria ido falar com esse personagem no beta e perderia a chance de testar o multiplayer.

O único modo de multiplayer competitivo no beta é o modo Controle, que é basicamente o Dominação que é mais usado em jogos que tenho essa experiência online. Você tem três territórios e precisa dominar o máximo possível deles para somar a pontuação e vencer o adversário. Não é um dos modos mais divertidos pra mim, já começo admitindo isso, pois prefiro normalmente o clássico mata-mata. Isso porque esse modo geralmente demora demais para terminar. Em Destiny as partidas de Controle possuem 12 minutos cara. É tempo demais! Em 30 minutos você joga apenas 2 partidas. Haja tempo.

Aqui eu preciso fazer uma comparação com outro game dessa geração nova que está se iniciando: Titanfall. Lembro de quando joguei o beta de Titanfall e pensei “caraca, como o multiplayer competitivo é convidativo a qualquer pessoa, seja essa pessoa um bom jogador ou um péssimo jogador“. É aquele sentimento de equilíbrio, quem joga mal se diverte da mesma forma de quem joga muito bem. Isso não existe, ao menos, nesse beta de Destiny. Eu jogo mal FPS, admito. E como me senti frustrado nesse modo competitivo. Talvez seja necessário uma curva de aprendizado, talvez precise melhorar minhas armas do game, meus status. Não sei. Mas jogar mal não deveria ser um peso, ainda mais depois de tudo que Titanfall conseguiu para equilibrar esses dois mundos de jogadores. Em Destiny é difícil, e provavelmente porque meu setup do personagem não é tão bom quanto o dos meus adversários, e isso é algo que deveria ser melhor equilibrado. Espero que na versão final existam modos básicos, onde seja possível competir todos com as armas no mesmo nível de poder, porque particularmente eu acho uma chatice ter que upar uma arma só para ele ser competitiva online. Não sou contra a variedade de armas, contanto que todas se mantenham no mesmo nível e não é isso que senti nesse beta. Eu com um rifle que demora 10 segundos para derrubar alguém contra um rifle que me derruba em 3 segundos. Lag talvez? Eu pensei nisso, mas ainda assim, espero que no jogo completo, esse desequilíbrio seja menos aparente.

Ah outro detalhe. Dos mapas que joguei – acredito que foram três – fiquei com a impressão de que todos são pequenos demais e não me cativaram da mesma forma como alguns mapas de Halo me cativam no multiplayer. Sei lá, fiquei com a impressão de que todo mundo usa os mesmo caminhos, as mesmas rotas, sem grandes atalhos ou lugares para se esconder ou pegar alguém de surpresa. São mapas previsíveis no final das contas. E se nesse modo de território já é assim, imagino que o mata mata deve ser ainda pior. Novamente eu comparo com Titanfall que possui mapas belíssimos, com trocentas rotas e caminhos alternativos na vertical e horizontal e que são absurdamente enormes, e você nunca está longe de ninguém ao mesmo tempo. É muito estranho voltar para esse sistema de mapa apertadinho sem muita opção para onde correr ou observar. A minha melhor arma nestes mapas acabou sendo a shotgun, já que os combates acabam sendo próximos demais. E como a granada básica do beta é ruim. Se uma granada cai embaixo de você, explode e não te mata, pra mim é uma bela porcaria!


Enfim, o futuro começa em setembro…

Chegando as conclusões finais! Destiny é tudo que eu poderia esperar da Bungia SIM! Só que também é um pouco daquilo que talvez eu também não quisesse tanto. Poderia ser menos parecido com Halo? Poderia. Por exemplo, o modo principal tem todo esse glamour de Guardiões protegendo a Terra, indo a planetas, a lua e a Torre que fica no espaço órbita da Terra e o jogo tem seus loadings para estas áreas feitas com naves espaciais, mas é  só uma animação. Como eu gostaria de controlar, nem que por 40 segundos essa nave. Poderia até ser num mini-game.

Destiny também tem aquele estilo de Halo de hordas de inimigos em certas áreas e que você precisa limpar. Mas não há muita diversidade, apenas uns são mais fortes do que outros da mesma classe. Eles se movimentam de uma forma muito parecida com os inimigos de Halo, e isso é meio bizarro. Me admira que até agora os NPCs não consigam se movimentar imitando jogadores reais. Em Titanfall isso não é tão perceptível com os bots que ficam nos matas do multiplayer. Sendo que no começo de Titanfall é muito normal você matar um bot achando que é um jogador real.

E posso dizer uma última coisa? Eu espero muito, mas muito que Destiny possua chefões, mas não estes que encontrei no beta, que são apenas inimigos regulares mais fortes. Isso é algo que Halo peca até hoje, e se Destiny já traz tanto do mundo do RPG, porque não trazer criaturas enormes que precisem de grandes batalhas de estratégias, contra chefões que podemos chamar de épicas? Isso eu não vi no beta e sei que não é o forte da Bungie. No Beta há um confronto numa missão paralela, que precisa de um time de jogadores, para enfrentar um inimigo grande (assista aqui), mas espero que seja muito mais do que só isso.

Resumindo, Destiny me parece uma aquisição obrigatória para agora o mês de setembro. Tem toda essa chama da Bungie, com certas mecânicas realmente muito impressionantes, mas ainda se parece muito com algo que já estamos habituados, e ainda consegue pecar em coisas que parece que não são mais necessárias ser assim. Impressiona sim, mas não é melhor em vários aspectos de games que já estão por aí. Eu acredito muito que Destiny vai influenciar os games dessa nova geração nesse sistema de sempre online e mundos interativos entre jogadores reais tal qual Gears of War influenciou o cover system na geração passada. E por ser o primeiro trabalho da Bungie, Destiny acerta em cheio. Só não sei se o próximo ainda vou querer mais disso… afinal, no Xbox One já tenho Titanfall e tem Halo vindo por aí… será que Destiny cabe dentro desse rodízio? Em setembro saberemos!

É isso! E você, o que achou de Destiny? Diga nos comentários!



Extra: segue de bônus para a postagem o Top 10 momentos irados que o Upload (programa lá do Xbox) soltou no You Tube!

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