Guia de Música do Pedro: John Mayer – Continuum. Premiado e adorado, vale conferir! [Nº03]

john mayer

Pois é, o Guia mudou de nome! Depois do recesso, o pessoal se reuniu nos bastidores e nosso editor sugeriu que eu tornasse a coluna algo mais pessoal.

Então, agora virou: Guia de Música do Pedro! E isso que é dar a cara para bater, como diriam por aí…

Bom, o álbum dessa semana demorou para entrar na minha lista pessoal mesmo, como um dos grandes discos que lançaram por aí..

Devo admitir que só uma certa maturidade musical para compreender as qualidades do “Continuum”, terceiro álbum de estúdio da carreira de John Mayer.

Além de ter sido bastante premiado e aclamado pela crítica, vencido o Grammy de melhor álbum pop, figurando na lista do Top 200 da Billboard e vendido mais de 3 milhões de cópias, “Continuum” é uma excelente prova de que a música de apreciação tem lugar no pop…

O que quero dizer com “música de apreciação”? É o tipo de show que a gente vai e não espera ficar pulando, agarrando alguém do lado, suando e ouvindo refrões repetidos por segundo. Falando nisso, não me refiro especificamente a um estilo: isso serve tanto para o Axé, quanto para o atual R&B americano e o atual rock nacional, de NX Zero a Restart…

Bom, vamos então analisar as músicas de “Continuum”, de John Mayer, após o Continue Lendo e você “talvez” queira dar uma chance a John Mayer e todo o seu jeitão metido e falastrão na “vida real”…

O disco começa com “Waiting on the World to Change”, que foi o single de divulgação em boa parte do mundo. Devo admitir que essa aí nunca me agradou muito porque segue a fórmula bem básica pop, apelando mesmo.

O timbre mais calmo da guitarra, meio distorcido, mais nem tanto (o que eu chamo por aqui de “doce”), junto com as pontuadas de teclado (o fraseado da introdução) dão o clima desde o início. Aliás, no início você só ouve um baixo marcado, uma condução (da bateria) marcante, UMA guitarra só e a voz (um back feito por ele mesmo, lá atrás…).

Isso é muito legal! É como ouvir um quarteto apenas, sem usar muuitos recursos que poderiam ser usados em estúdio – e essa ainda foi escolhida a single?

Bom, em resumo, ela vem com as estrofes, estrofes e refrão, a “ponte”, que liga para um solo e volta para o refrão e.. fim! Básica, não ruim, mas, nada espetacular… E essa coisa de “Esperando o Mundo Mudar…”, que a letra prega, sei não…

E continua com “I Don’t Trust Myself (With Loving You)”. Um climão logo de cara com uma guitarra bem legal, a voz dobrada pelo própro John Mayer e a composição final desemboca numa excelente música ambiente, digamos assim. Tranqüila, “escutável” em qualquer ocasião: desde você falar o carro no fim de semana, a colocar para escrever algo ou simplesmente sentar e relaxar um pouquinho…. É o tipo de som na medida certa, sabe? O sopro, a guitarra, tudo entra certinho…

E vem “Belief”. Riff impecável, solo impecável, final apoteótico e aí o seu dinheiro começa a vale mesmo a pena!

Isso sem falar da maravilhosa produção: a bateria sensacional, simples e marcante, a guitarra slide criando a ambiência… “Belief” é uma grande música, mas, devo contar algo: pesquisando, descobri a versão demo da música, aquela gravada pelo próprio John Mayer, sem a interferência de nenhum produtor… Devo dizer: era bem diferente! Não era ruim, mas, vemos o “peso” da mão do produtor muito ressaltado mesmo!

O que não desmerece a composição de John Mayer, de forma alguma. O produto está ali para isso mesmo: melhorar a criação e acrescentar boas coisas…

E vamos à música 04, “Gravity”. A que tinha mais cara de blues do álbum, bem lenta, simples, paradona, digamos assim, e eis que o público adorou! Tem coisas que me surpreendem, sabe? A gente costuma rotular tudo e dizer: “essa aí vai fazer sucesso, essa outra não”… Mas, aí aparece uma bem paradona (mas, boa e com apelo pop na medida certa) e faz sucesso… Tanto que já foi regravada nos álbuns posteriores do artistas, no Crossroads Guitar Festival, de Eric Clapton e executada com Alicia Keys, ao vivo em 2008… Enfim, vai saber?

Sobre a música: mais simples impossível, é como ouvir o cara dentro de casa, com uma guitarra plugada em um amplificador simples… Fora os backing vocals (lindos por sinal), tudo poderia ser reproduzido ao vivo facilmente por 3 caras…

“The Heart of Life” continua a sequência… Assim como “Stop This Train” (música 08), John Mayer toca um violão meio percussivo, abusando da qualidade do Martin & Co, fazendo uma música simples e enxuta, mas, ainda sim difícil de produzir… Sabe aquela máxima que diz “menos é mais?”. Então, isso, quando se aplica à música é ainda mais difícil… O sujeito fica louco para encher de guitarras, viradas de bateria, sopro e o que couber… Mas, nas duas canções, impera um violão marcado, um teclado simples por trás, fazendo a “cama” e, uma bateria sutil (Stop This Train).

Aliás, quando estudei “Stop This Train”, por exemplo, mais a fundo, melhorei bastante a minha técnica e percepção de algumas coisas… Vale você escutar também a versão da música do show “Where the Light Is” – onde ele faz apenas com o violão.

Mas, voltando a seguir a ordem, chega “Vultures”. Super legal, com um groove pra frente, dançante e John Mayer cantando uns falsetes até engraçados, visto que ele não é um grande cantor, nem possuidor de uma grande voz… E mais uma vez os méritos aparecem na simplicidade e suavidade, com timbres lindamente escolhidos em todos os instrumentos.

Como já falamos de “Stop This Train”, que seria a próxima, pulamos agora para “Bold As Love”. Essa é uma música que eu sempre pulo, sabe? Não é porque é ruim – longe disso, é porque me remete a Hendrix e, coisas de Hendrix só Hendrix (ou Stevie Ray Vaughan) tocam… Não combina com a voz suavizada e os arranjos mais pops de Mayer, contudo, é uma ótima pedida para quem não é tão chato quanto eu!

“Dreaming With a Broken Heart” é aquela da novela! Começa com um piano suave, com uma frase repetida e aí vai entrando a música, banda, tudo aos pouquinhos… É bem suave e mostra que o Cd está chegando ao fim… Eu curto ouvir no carro quando estou querendo relaxar na volta para casa depois de um dia chato, sabe? Acho o final, cheio de guitarras, teclados e pianos bem apoteótico, legal de cantar junto… Novela, sabe? RS

“In Repair” tem uns arranjinhos chatos: “i am in repair”, quando ele fala isso, vixe! Mas, o solo final, com uns backings vocals de fundo, são ótimos! Então, pule logo pro fim! RS

E para fechar Continuum, “I am Gonna Find Another You”… Super começo com John e uma guitarra com um drive bem light e um reverb maravilhoso… Ela é bem curtinha, com 2:43min e mais do que suficiente. Ótima escolha para fecha rum disco tão bom!!

Espero que você também goste ou, se não gostar, pelo menos entenda que ele é ótimo! E, de qualquer forma, você já fica com mais referências para ser um crítico melhor de música e fica conhecendo um artista que, para muitos, é um “salvador” do estilo de fazer música e colocar a guitarra à frente, como nos velhos tempos, dos “guitar heroes”!

Até a próxima!
E, abaixo, os outros CDs que você não pode perder do “Guia de Música do Pedro”

[Nº01] B.B.King & Eric Clapton – Riding with the King,
[Nº02] Pearl Jam – Ten!

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