Afinal, vale a pena comprar Fairy Tail no Brasil? Com três volumes lançados, meu veredito!

Vejam só, finalmente Fairy Tail sendo absorvido por uma coluna do Portallos! O pessoal que acompanha pela internet vive pedindo para que entre no Conversa de Mangá, mas como o Thiago já explicou, ninguém da equipe está pau-a-pau com o Japão. Eu mesma nem leio mais na internet, dropei há um tempo atrás (não porque não estivesse gostando), e aí logo anunciaram a versão nacional e “deixei pra ler em mãos”.

Assim, sobra o Mesa dos Quadrinhos para comentarmos sobre a série. Li vários comentários de leitores dizendo que não tinham começado a comprar os volumes da JBC porque estavam esperando uma opinião aqui no Portallos, fico muito feliz que tenhamos tanta influência! Peço também desculpas por termos demorado tanto pra enfim escrever sobre Fairy Tail por aqui, mas foi realmente complicado. Considerando a “importância” do lançamento de um mangá assim no país, nosso chefe TMT é que faria seu MdQ, também falando sobre toda a polêmica que surgiu em torno da tradução do Briggs. Enfim, por falta de tempo, nosso motivo mais frequente infelizmente, acabou que esse primeiro post nunca saiu e os volumes começaram a acumular. Pedindo permissão a ele e tendo o volume 3 em mãos, resolvi adotar o mangá e começar de vez os MdQs. Espero que não se importem!

Depois do continue, então, minhas impressões sobre a edição nacional. Vou me focar mais nisso mesmo, e deixar a história até agora em segundo plano, até para que quem ainda não começou a ler não tenha muitos spoilers. 😉

Guilherme Briggs e o uso excessivo de gírias!

Começando pelo que causou mais rebuliço na internet: a tradução de Briggs do mangá. Não vou ficar linkando a quantidade de matérias que apareceu blogs a fora, mas a coisa foi realmente feia. Ver gírias em mangás nacionais não seria assim tão problemático e pouco aceito, mas da forma exacerbada e, no mínimo, regional como foi feita, acredito que a grande maioria dos leitores que compraram Fairy Tail #1 nas bancas sem conhecer a série tenha levantado as sobrancelhas algumas vezes durante a leitura. A frase mais famosa, dita pelo mestre Makarov, “O conselho que vá descobrir quem pintou as zebras que eu não tô nem aí!!!” foi desnecessária, mas mais do isso, foi sem sentido, forçada. Era um momento importante na história, com ele dando esporro em todo mundo e então aliviando a tensão num quadro de surpresa pro leitor, mas eu não pude deixar de rir! Era pra ter ficado “Wah! Que foda!” e não “Pff, que merda é essa?!” então é triste mesmo.

O primeiro volume foi com certeza o que mais sofreu. Além do exemplo acima, tivemos “Viu!? Falando no diabo, olha aí o rabo!!”, “Ah! Foi mal! Você não sabe lhufas do mundo da feitiçaria, né?” e “Bwaah! Tô cheio até a tampa!, fora a informalidade generalizada em quase todas as falas, “Diz aí, Happy… cê acha que […]”, “Ai minha nossa”, “Aê, voltei!!!”, “Aí!!! macaco!!! Cadê o Macao?!”, etc. A informalidade não atrapalha a leitura, fica mais é a dúvida se os personagens realmente falaram desse jeito ou se é só exagero da tradução pra “dar impacto”, mas as gírias realmente me incomodam, não só por eu nunca sequer ter ouvido algumas (zebras?), mas porque de fato ficam “fora do lugar” no meio do mangá. Dá sim pra expressar as coisas sem recorrer a isso.

Os outros dois volumes, felizmente, tiveram uma diminuição desses casos mais “graves”. Ainda vemos “é meio bizarro”, “sou fãzaça”, “tô ligado”, “da hora” e coisas assim, mas a leitura no geral ficou bem mais coesa e menos interrompida por frases sem contexto. Melhorou bastante, na minha opinião, e consigo ler tranquilamente sem ficar triste pensando que estou acompanhando uma tradução inferior/alterada. Ainda assim, preferia que o mangá estivesse sendo traduzido direto do japonês, e esse é outro motivo pelo qual rejeita-se o trabalho de Briggs, que não sabe japonês e então traduz do inglês. Pode ser competente como dublador, mas eu realmente preferiria que o tradutor de Fairy Tail lesse o original do Mashima.

Tradução de termos!

Partindo para o segundo ponto, a tradução dos termos. Vi gente reclamando de usarem “feiticeiros” ao invés de “magos” (se bem que vi os dois sendo alternados no mangá), e até entendo que seja ruim ler de forma diferente da que estamos acostumados, mas acho bobagem rechaçar a obra por algo assim. Foi mais uma questão de já ter se juntando tanta reclamação sobre a edição da JBC que qualquer coisinha era motivo de birra, imo. De qualquer forma, algumas coisas, como “Guildas das Trevas” realmente soam mais bobas do que deveriam. Sobre os golpes, foram traduzidos, mas há notinhas no rodapé com o nome original. Nada diferente do que vemos em Tsubasa ou outros títulos da editora.

Agora, uma coisa que me incomodou muito como alguém que lia Fairy Tail na net e que era fã do Happy: gente, “aye” nem sempre pode ser traduzido como “é”! Fiquei bastante frustrada com a tradução indiferente que deram pra essa marca do gato. “Obrigado pela comida!” “Aye!” (1º caso: retificação. Sentido próximo: [2]!), “Brigada, Happy!” “Aye!” (2º caso: sendo cool. Sentido próximo: Não por isso!), “Gostoso?” “Aye!” (3º caso: afirmação. Sentido próximo: Sim!). “É!” simplesmente não se encaixa. E ainda mais em toda e qualquer situação! Se não queriam manter o termo original, que, vejam vocês, não é em japonês e portanto faz parte da ideia do autor de como Happy fala, que mudassem cada “aye” pra algo que fizesse mais sentido ao menos. Pra ser menos injusta, às vezes fica bom, sim, como “Estão atrasados!! Já tá tudo resolvido!!” “É!”, mas mesmo nesses casos, podemos ainda lamentar por terem descaracterizado o personagem. Essa sou eu sendo chata, mas realmente não gostei, e quero o Aye de volta.

Ah, sim. Sobre “Elza” ao invés de “Erza”, esperneiem, mas tá certo. Praticamente todos os scanlators traduziam com “r”, mas mais de uma vez apareceu desenhado no mangá o nome da personagem com “l”, inclusive nesse volume três, na plaquinha de apostas Natsu x Elza. Vejam na net se acham que a JBC editou a imagem, haha. Esse tipo de diferença é comum em traduções, só ver a quantidade de gente que se divide entre “Ruffy” e “Luffy” ou praticamente todos os nomes de D.Gray-Man (Ravi/Lavi, Rinali/Lenalee, Krory/Crowley), que só se definem com cartazes de procurado ou com o nome atrás dos botões dos exorcistas. E mesmo assim muitos tradutores não mudam a forma de escrever os nomes, então… divide os fãs mesmo, é questão de costume.

Qualidade de impressão!

Dentro do padrão JBC, por mais inferior ao da Panini que seja. Não vou me estender nesse ponto porque o Thiago já fez uma comparação bem bacana com material das duas editoras neste post. Eu queria contra-capas (e até páginas) coloridas, eu queria freetalks. A JBC não faz isso. Pena que não foi a Panini que lançou. É basicamente o que se tem a dizer. Fica chato pra uma grande editora como a JBC, que se orgulha do contato que tem com o Japão, com sede lá e tudo mais, ficar sempre em segundo na preferência dos leitores, mas convenhamos, eles vendem mangás mais caros e com menos capricho que a Panini, então não há o que fazer.

Fora a falta de conteúdo padrão, porém, o mangá tá bem feito. As capas tão bem bonitas e têm um efeito brilhante/espelhado legal, as lombadas tão bem alinhadas e coloridas, as páginas tão limpas, sem aquelas zonas escuras que se vê em alguns mangás nacionais, a edição dos balões tá boa, a tradução das onomatopeias não apagou os desenhos originais, enfim, tá tudo bem direitinho.

Veredito e um pouco sobre a história!

Então, afinal de contas, mesmo com todas essas questões pesando contra, vale a pena comprar Fairy Tail no Brasil? Olha, é uma questão bem pessoal. Posso nomear, entre fãs de longa data e leitores que nem tinham ouvido falar, gente que tá super feliz de poder ler FT no Brasil, de poder ter os volumes em casa e colecionar, e gente que compraria só pra ter o prazer de rasgar e queimar a edição da JBC, então não posso responder em nome de alguma coisa. Posso, porém, dar minha opinião, e eu tô gostando de ler. Quem lia pela net ou até quem acompanha o animê sabe que a história é muito legal, com personagens bacanas, inimigos realmente maus ou inimigos que ficam bonzinhos, diversos momentos de comédia pura e simples, traço bonito, etc, etc. Estando ainda no terceiro volume, não tivemos nenhuma grande saga até agora, e também ainda não passamos por nenhum dos momentos mais “cansativos” que o mangá vai ter mais pra frente (não é nada muito acentuado, mas tenho a impressão de que no animê a coisa ficou pior, considerando os relatos de quem parou de assistir).

A pergunta em questão, pra mim, é “Recomenda a leitura de Fairy Tail?” Sim, recomendo! E nisso não vou dizer “Sim, mas não compre a edição nacional, porque ficou uma porcaria.” Realmente não acho que seja o caso. Algumas coisas me incomodam, sim, e claro que eu gostaria que tivesse sido publicado pela Panini, mas a cada volume que compro e leio, me sinto mais “nossa, Fairy Tail era legal mesmo” me lembrando da época em que eu pela net. Se tivesse tão ruim assim seria mais algo como “nossa, que horror, achei bem melhor quando li por scans”, mas não é essa minha impressão. Como eu disse, vai ter muita gente discordando de mim, reclamando e mandando a JBC “descobrir quem pintou as zebras”, mas eu digo que, tirando o primeiro volume, a qualidade tá boa sim, e melhorando. Vale os R$ 10,90 mensais que pago, e sem choro.

Bom, tem ainda muita coisa boa pra rolar no mangá, com a guilda sendo mostrada mais a fundo, outros personagens ganhando destaque, o passados de alguns, enfim… a história progride! Acho que eu parei foi no meio/fim da saga da Oracion Seis, e não lembro bem o porquê. Isso deve ser lá pelo volume 17/18. Por onde anda o animê? De qualquer forma, agora que adotei o MdQ, nos veremos por aqui todos os meses comentando sobre Natsu e companhia. Quem não sabe o que vem a seguir é bem vindo, e quem está pau-a-pau com o Japão também! Até a próxima!

P.S.: Sobre Kekkaishi, perdi o volume 7 na banca e na net não tem na Banca 2000, então só vou ler quando passar por uma loja aqui na cidade que tem tudo em estoque… Vai levar uns dias ainda. Desculpem.

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