One Piece 841 | Para o East Blue (o passado de Sanji)

3 meses e algumas semanas. Ou 13 capítulos. Esse é o tempo que se passou desde o último Conversa de Mangá aqui no site a respeito de One Piece. É um tempo considerável, mesmo que não me pareça que o mangá acelerou tanto assim a sua trama.

Não estou dizendo que One Piece me empolga menos do que já me empolgou no passado, entretanto admito que aquela ansiedade semanal para ler o capítulo da semana tem diminuído ao longo deste ano. E não creio que tenha sido a qualidade do mangá ou o desenrolar do arco atual. Talvez seja aquele sentimento de que sinto falta de outros títulos semanais para acompanhar junto. Naruto e Bleach se despediram, e agora bate aquela nostalgia saber que restou aquele One Piece. E por maior que seja seu sucesso até hoje, um dia Oda vai acabar com o mangá.

E a trama dá certos sinais de que está chegando a algum lugar. Parte dos mistérios foram revelados e os próprios personagens já estão naquele status na qual precisam enfrentar e derrotar as maiores figuras presentes no universo da série. A menos que o Oda pense em criar adversários ainda maiores do que os já conhecidos do público.

Isso me faz atualmente ler One Piece com aquela pontinha de “caramba, isso vai acabar a qualquer momento“. O mangá eterno já não me parece mais tão eterno assim. Aquele descompromisso que os arcos tinham no passado já não mais existem. Tudo agora precisa levar a um propósito, o que também as vezes acho estressante para a série. Fica tudo tão sério e sinto falta daquele bom humor semanal, aquela piração, aquela piada que vai ecoar dentro da mitologia da série.

Feito esse pequeno desabafo, cá estamos. No aguardado arco contra a Big Mom. Ansioso para as verdadeiras brigas começarem, para aquele momento na qual o Sanji vai pedir para que o Luffy ajude a derrotar sua família. O momento na qual apenas metade da tribulação dos Mugiwaras foram capazes de derrotar sozinhos toda a tropa da Big Mom. Quer dizer, isso tudo vai acontecer, não?

A menos que o Oda venha com aquela sua roleta do inesperado. Os eventos aqui não serão sanados e irão acarretar em outro arco, ainda mais insano, mais tenso, mais maluco. Não acho que vai ser este o caso, mas como gostaria que fosse isso. Tornaria estes atuais momentos do mangá menos previsíveis.

No que diz respeito ao segundo passado do Sanji, estou achando interessante. Difícil dizer que estou adorando, afinal eu já gosto do primeiro flashback do personagem. O caráter do Sanji já é bem explanado no seu passado no Baratie. O que vemos agora é muito parecido com o que vi acontecer com o Sabo, na qual uma família se achar melhor que todo o resto do mundo. O desprezo social bate mais uma vez à porta da série, mas sem o impacto que me causou quando o Oda fez pela primeira vez.

Certas surpresas nem são necessariamente surpresas. A irmã é condescendente com Sanji. Já esperava isso desde sua primeira aparição. Me lembro de ter pensado, “bem, ela não é tão ruim assim”. Explica, por exemplo, o porque ela salvou Luffy naquela cena em que ele estava envenenado. Os Mugiwaras são os companheiros, a família atual de seu irmão. Como ela poderia deixar Luffy morrer naquela situação? Não poderia. Ainda mais sabendo que eles estavam ali para resgatá-lo. Fica bem um pouco óbvio que ela meio que quer que isso ocorra.

Só achei meio exagerado o recurso das algemas nos pulsos do Sanji que o Oda utilizou alguns capítulos atrás. Mais estranho ainda elas não voltarem a serem citadas, e nem nos desenhos do atual capítulo andam aparecendo. Eu ao menos não mais as percebi. Achei desnecessário, achei clichê, achei um recurso desnecessário para prender o Sanji ali, naquela situação. Faz muito mais sentido a chantagem emocional, com a ameaça contra o pessoal do East Blue, no restaurante Baratie. Ainda que sinta que esta ainda é uma situação contornável. Cadê um Den Den Mushi para pedir para o Baratie mudar de lugar?

O que também me faz pensar se após todos estes anos, nenhum dos aliados do Mugiwaras se comprometeram a cuidar das famílias que eles deixaram para trás? De repente tem alguém, a pedido do Rayleigh, cuidando desse pessoal. Não me surpreenderia.

Mas é legal que o Oda tenha sentido essa vontade de criar um passado mais profundo para o Sanji. De ter uma história que jamais havíamos imaginado. Não estou achando melhor do que as que o autor já criou no passado, mas também não está me incomodando. Espero apenas que essa abertura também sirva para criar expectativas em torno do passado do Zoro antes dele conhecer a Kushina, sobre seus pais ou porque ela andava por aí desafiando dojos. Até mesmo me pergunto se o seu passado não terá a ver com Wano, a ilha dos samurais. Resta aguardar.

Um último ponto a respeito do passado do Sanji, e este sim achei interessante, é o envolvimento de sua família com o Vegapunk. Mais um vez um personagem das antigas da mitologia da série, que é mencionado, mas nunca aparece por completo. Quero muito que chegue o momento onde veremos o Vegapunk real. Não duvido que seja ele quem vá contar aos Mugiwaras (e aos leitores da série) o mistério e os segredos por detrás das frutas do diabo.

Cheguei até mesmo a cogitar que todos os irmãos ali seriam clones, com base no capítulo anterior. Todos criados geneticamente, já que possuem aperfeiçoamentos científicos, não muito bem explicados. Porém tendo em vista que a mãe do Sanji apareceu aqui, em uma forma meio, “é ela existe, mas não vamos saber muito a seu respeito“, já descartei a ideia de que poderia haver outros clones dos irmãos ou deles não terem uma mãe. Possuem, e não faria sentido terem clones de si mesmos, caso contrário não haveria a necessidade do verdadeiro Sanji se enroscar nessa trama de casamento. Piração minha, mas que estava achando interessante.

No mais, há todo a batalha do Luffy lá na ilha das miragens doces. Contra o tal capitão biscoito. Admito que estou um pouquinho decepcionado com a forma como essa parte está sendo conduzida. Então a batalha já se desenrola por 11 horas? E o Luffy já apelou para o Gear Fourth e não se resolveu? A mesma habilidade que derrotou Doflamingo. Sério mesmo? Ah, não sei. É aquele problema com shonens de batalha. O protagonista é sempre forte, mas tem que existir um adversário ainda mais forte, ainda mais problemático, ainda incompatível com a forte do protagonista. Parece meio chato isso. Ele simplesmente não poderia derrotar o capitão e pronto? Ficar na ilha um tempo se recuperando? Precisa arrastar tanto assim a batalha?

Gostei ao menos da menção da Lola, do poder de seu vivre card e do pai dela estar ali, no meio da confusão. Estou curioso para ver quais outras consequências esse fato ainda trará para este arco, porque espero que não se limite apenas a isso. E é sempre maneiro como Oda cria um elemento lá no passado, ciente de que ele mesmo levará para a trama anos depois. Lola ser filha da Big Mom era algo que já havíamos imaginado há algum tempo, mas mesmo assim a confirmação disso ainda assim foi legal de ter acontecido.

O bom é que One Piece tem aquela qualidade que as vezes nos impede de imaginar o que vem a seguir. Ainda não consigo, por exemplo, ver como o time Luffy vai sair da enrascada em que se meteram e como irão encontrar o Sanji. Espero a conexão e o desenrolar destes momentos específicos do arco. Na esperança que não precise de mais 13 capítulos e mais 3 meses para concluir esse pedaço do atual arco. E ainda há Pedro e Brook tentando se infiltrar no castelo da Big Mom… deles eu não faço ideia do que vai rolar!

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