One Piece Vol. 61 | Fase 2 é um bom momento para começar a ler One Piece? (Opinião)

Recentemente alguns leitores aqui do site, e colegas, andaram comentando comigo que nunca conseguiram acompanhar One Piece. Motivo? Tomaram conhecimento da série há coisa de um ou dois anos atrás, e que apesar da curiosidade de quererem conhecer mais sobre o título, sempre esbarram no problema do tamanho e longevidade do título. Afinal, quem teria tempo para começar One Piece do zero hoje em dia?

Hoje venho apresentar uma alternativa para entrar no mundo de One Piece, caso você ainda não o tenha feito e sempre quis dar uma chance a este universo tão incrível e fantástico!

Quando e como fiz para conhecer One Piece?

Eu conheci One Piece em meados de 2005, acho. Não estou exatamente certo quanto a esta data, porém foi alguns anos antes de criar o Portallos, que só surgiu em 2008. Sei que quando o site surgiu já estava em dia com a série. Recordo que ainda fazia faculdade quando tentava insanamente colocar One Piece em dia.

Sei que entrar no mundo de One Piece foi um processo que me tomou tempo. Lembro de pegar emprestado dezenas de volumes da Conrad que o meu irmão colecionava para fazer a leitura de arcos que ainda não haviam legendas na versão em animê de fansubs nacionais. Lembro do tracker da Shakaw, com seus torrents complicados, na qual não se podia baixar demais para não ser banido, além da obrigação de ficar de seed nos torrent para não estourar o limites de conta do tracker. Eram tempos de início de internet Banda Larga, onde 1MB era o máximo que uma conexão possuía. Não era fácil baixar animês, não que hoje isso tenha melhorado muito (com estes fansubs de links quebrados, de fato tenho saudade dos trackers).

Lembro de assistir One Piece em um notebook que levava para a faculdade e na TV em DVDs gravados para rodar no Xbox 360. Ver tudo, até ficar em dia, foi um processo que levou tempo, um ou dois anos talvez. Mas acima de tudo, me lembro o quanto foi divertido assistir/ler One Piece nessa época, especialmente pelo fato da minha esposa, na época namorada, também estar conhecendo a série comigo e o quanto vibrávamos a cada novo arco e saga, sempre assistindo aos episódios em maratona. Isso pra não dizer que nessa mesma época ainda estávamos na mesma situação com Bleach e Naruto — a boa fase de ambos. Foi o nosso período de febre dos animês.

Claro que quando digo um ou dois anos, não estou dizendo que assistia One Piece todos os dias. Era algo como um compromisso da semana. Sentar, fazer uma mini maratona e continuar vendo mais na próxima vez que rolasse a oportunidade. As vezes, em arcos mais empolgantes essa maratona podia ser maior, é claro. Foi algo que inseri dentro da minha rotina na época, sem que isso prejudicasse todas as demais coisas que assistia, todas as obrigações da vida ou até mesmo o relacionamento com a namorada. Foi dosado, e por isso levou tanto tempo.

Mangá ou animê?

One Piece existe desde 1997. Hoje o mangá possui mais de 80 volumes. O animê já ultrapassou 700 episódios. E o autor da série, Eiichiro Oda, recentemente diz ter chegado na metade da história que pretendo contar. Megalomania? Talvez um pouco. Porém o mais impressionante de tudo é que One Piece continua tão divertido e intenso como sempre foi. Não há necessariamente fases ruins. Ao contrário de mangás como Naruto ou Bleach, a série nunca perdeu a mão. Nunca teve momentos que não valesse a pena ler e acompanhar.

O animê, mais surpreendente ainda, nunca precisou ser sufocado com fillers. A animação de One Piece sempre se manteve fiel ao mangá, e com fillers tão pontuais que fazem os fãs desejarem que houvessem mais (afinal de uma forma ou de outra, acabam sendo novas histórias). Strong World pra mim ainda é a master piece da série, continua sendo o melhor filme de animê que já assisti na vida. Realmente o adoro, por isso até mesmo cheguei a importar o blu-ray.

O chato de acompanhar o mangá e o animê é que as vezes eles andam sempre muito próximos, então acaba que o animê é quase uma reprise daquilo que se lê no mangá. No geral, o episódio do animê fica um ano de distância da publicação do capítulo do mangá correspondente a ele, podendo essa margem aumentar ou diminuir de vez em quando, mesmo assim é um tempo impressionantemente curto. Zoa, um arco que recentemente acabou no mangá está prestes a começar no animê, por exemplo.

Para quem está começando agora, talvez seja importante optar por um ou outro. Não perca tempo querendo conhecer ambos, animê e mangá. Na minha época, o animê legendado no Brasil tinha um buraco ainda sem tradução, o que me fez migrar para a versão da Conrad. Assim no fim, acabei acompanhando ambos, coisa que faço até hoje. O começo da série é bem melhor no mangá. Hoje assisto ao começo da versão em animê e percebo que existem vários problemas de ritmo, enquanto o mangá é bem mais ágil.

Entretanto, quando se coloca em peso os custos para começar One Piece, ou você lê online, ou o melhor talvez seja assinar a Crunchyroll –  que custa a merreca de 15 reais por mês – e que tem a série inteira legendada em seu acervo. Adquirir os primeiros mangás da Panini talvez seja complicado agora, seja pelo alto valor que custaria um grande lote inicial, seja para encontrar tais edições à venda.

Agora o pulo do gato: e se você pular a fase inicial e começar a One Piece pela fase 2? É exatamente isso que andei pensando para aqueles que andaram comentando comigo a respeito dessa vontade de iniciar a série, mas não se veem dispostos a começar desde todo o começo de tudo.

Volume 61 – O começo da Fase 2!

E o momento é perfeito para colocar isso em pauta, afinal a Panini acaba de disponibilizar nas bancas nacionais o volume 61 do mangá, que justamente abre essa segunda fase da história de One Piece. Do que se trata essa segunda fase? É aqui que a história avança 2 anos em sua cronologia, reiniciando certos parâmetros da série.

Veja bem, One Piece é um mangá de aventura. Claro que há camadas dentro de sua história, inclusive mistérios até hoje não revelados e reflexões políticas. O objetivo da série é fazer com que esse pequeno grupo de piratas conquiste os mares de seu universo, chegando ao final de uma rota que ninguém, além de um único pirata lendário conseguiu chegar.

Toda a primeira fase de One Piece é regada de grandes aventuras. Próximo de seu final, as coisas ficam mais tensas e complicadas. O grupo percebe que o mar a sua frente é muito mais feroz e poderoso do que imaginavam. O autor separada todos os personagens. O protagonista principal recebe assim dois arcos enormes, onde essa jornada é pausada em pró da tentativa de salvamento de um membro de sua família. Isso culmina em uma guerra e uma fatídica (e inesperada) morte. O mundo de One Piece entra em colapso.

Foi aí que o autor resolveu encerrar a primeira fase do mangá. Os personagens, membros da tripulação do Chapéu de Palha já estavam separados há dois arcos (que para os leitores isso durou dois ou três anos, não me recordo aqui).  Um clímax enorme para encerrar essa fase foi criado e pontos aqui foram concluídos e encerrados. E agora o autor precisava retomar as aventuras, a jornada destes personagens. Mas ele não resolveu um problema que ele criou antes de separar todos eles: o mar adiante continuava forte demais para todos.

O que fazer? Deixar todos treinando por dois anos, separados, e saltar cronologicamente esse treinamento. Retornando o mangá já com os personagens um pouco mais velhos e mais fortes. Um novo ponto de partida para One Piece, que então poderia ser reiniciado.

O universo da série não é totalmente reapresentado aqui, mas há uma clara sensação de novo começo. A capa do volume do mangá 61 é uma homenagem a capa do primeiro volume (imagem ao lado). Os personagens estão se reencontrando, as novas ilhas a seguir apresentam novos personagens e muitos dos mistérios da primeira fase são colocado as claras aqui, enquanto novos são apresentados para a segunda fase.

Isso significa que toda a primeira fase é desnecessária? De forma alguma. Porém a fase 2 é um ponto de partida para entrar nesse mundo e ao poucos, na medida do possível, permitir que os interessados queiram saber mais sobre o passado da série. Há inclusive longas animados (tem na Crunchyroll) que resumem um pouco a primeira fase (ainda que, particularmente, ache que estes longas resumidos demais, tirando parte da diversão de acompanhar tais arcos em sua narrativa original).

A quantas anda a segunda fase? Enquanto a Panini está iniciando essa fase agora no Brasil, criando essa porta de entrada para quem sempre teve vontade, mas nunca a oportunidade certa, lá no Japão a fase 2 de One Piece já possui alguns arcos concluídos: Ilha Tritão, Punk Harzad, Dressrosa e Zoa! Sendo que Zoa é bem curtinha, servindo como uma ponte para o novo arco na Ilha Boloassim como Jaya serve como ponte para Skypiea na fase 1, mas você não saberia disso pois nunca acompanhou a série.

E é legal recomendar a fase 2 agora, já estando acompanhado-a online, pois acabo tendo um pouco dessa visão de o quanto ela é separada da primeira fase. Aqui o autor trouxe realmente muitos novos personagens, que são tão fixos quanto os protagonistas originais. Há Law e Kinemon mais à frente que passam a viajar junto com a tripulação, da mesma forma como a Vivi e Carue viajaram na fase 1. E não há necessariamente um gancho deixado pela primeira fase que obrigue o leitor a ter conhecimento prévio, e ainda que certos personagens retornem há um contexto e explicações pontuais e sucintas, deixando ao leitor a curiosidade de ir atrás do passado ou apenas aceitando a explicação curta dada pelo autor.

A edição da Panini também é uma ótima porta de entrada, pois o mangá impresso possui extras e curiosidades do universo da série que, no geral, quem traduz os mangás online nem sempre traduzem quando os volumes são lançados, e quando os fazem, as vezes passam despercebidos pelo público em geral. Vale elogiar também o imenso poster que vem com a edição nacional, com uma gama enorme de personagens de seu universo.

O volume 61 não começa necessariamente na fase 2. Antes disso acontecer, a edição traz os três últimos capítulos que preparam o terreno, que oficialmente fecham as portas da fase 1. Fazendo assim os encaixes pós arco da Guerra de Marinford, posicionando personagens chaves e mostrando o status quo de cada membro da tripulação dos Mugiwaras antes de, aí sim, o mangá pular 2 anos depois de tudo que rolou na fase 1.

É um ponto de partida. Pode não ser o ideal ou perfeito, mas é um momento em que o autor e a própria série em si dá a novos leitores para iniciar e começar a entender o mundo de One Piece. Acho que é uma edição válida. Não é um ponto de partida caro, a edição custa R$ 12,50, e se você gostou, basta aguardar as próximas edições ou ir para outra mídia. O bom é que se você optar pelo mangá impresso, a Panini agora está lançando-o bimestralmente, então o volume 62 chega apenas em julho, dando assim folga para quem está apertado pela crise econômica do país.

Vale acompanhar com esse atraso? Vale, até porque mesmo que alguém queira colocar One Piece em dia, isso não vai acontecer do dia para a noite. Por isso contei a minha história com a série lá no começo. Não foi de uma hora para outra que passei a acompanhar One Piece pau a pau com o Japão. Foi um processo demorado e que foi no tempo em que eu achei melhor pra mim. Não comece One Piece querendo que daqui uma semana você esteja em dia com a série. Isso não vai rolar, e é até melhor, pois evita que o próprio mangá lhe sufoque com tanto conteúdo.

Agora é um bom momento para começar, mas com calma, sem afobação. E pense que não há muito pela frente em relação ao que você deixou para trás. Você pulou 60 volumes, e há apenas cerca de 20 volumes a frente no Japão. Não é muito, e se você o pegar agora, futuramente a própria Panini ficará em dia com o Japão. Afinal, não parece que foi ontem que One Piece foi anunciado pela editora? E já foram 61 volumes! SIM!

E os outros 60 volumes que irão ficar para trás? Um dia, com tempo e vontade, cabe a cada um correr atrás, conforme curtir a série e achar necessário querer conhecer mais do passado. Há, como já mencionado, os mangás para se caçar em lojas online e a própria Crunchyroll como canais oficiais, mas além deles, é óbvio que tem a internet aí para ajudar os menos afortunados, é claro. Porém, posso dar outra dica nesse sentido, corra atrás dos databooks da série!

O importante agora é querer ler o volume 61 e descobrir se vai gostar ou ao menos se sentir atiçado para querer conhecer mais desse universo. Se o volume 61 agradar, é um sinal que One Piece como um todo vai fazer o mesmo. Aí passe a acompanhar os mangás pela Panini, sem se auto sabotar ficando saturado.

Enfim, está dado a dica. Será que com isso eu consigo trazer alguém novo para o universo de One Piece? Ficarei torcendo!

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