Análise | Super Mario Bros. Wonder

Disponível para Nintendo Switch

Super Mario Bros. Wonder é o ponto de virada que tanto era necessário para os jogos de plataforma 2D (com gráficos 3D) do icônico personagem da Nintendo. O adjetivo Wonder, maravilha em inglês, está ali por um corretíssimo propósito, e o resultado é de fato um jogo e uma experiência maravilhosa, de encher o coração dos fãs de alegria e saudosismo aos bons tempos de Super Mario 2D.

O título foi desenvolvido internamente pela própria Nintendo, dentro da divisão conhecida como Nintendo EPD (Entertainment Planning & Development), e o principal nome liderando a equipe de desenvolvimento é Takashi Tezuka, veterano na empresa, um dos principais nomes da equipe interna, trabalhando lá desde 1984, atualmente atua como designer, diretor e produtor de diversos jogos da casa, dentre eles foi produtor de New Super Mario Bros. U, Yoshi’s Crafted World, Super Mario Maker 1 e 2 e, mais recentemente, de Pikmin 4.

Também vale mencionar que este é o primeiro Super Mario de plataforma 2D inteiramente inédito desde New Super Mario Bros. U, lançado lá em 2012. Não parece tanto tempo assim, né? Mas isso porque nesse meio tempo a Nintendo lançou spin-offs, remixes e versões deluxe de aventuras 2D dentro do universo do Reino dos Cogumelos, tanto com Mario, quanto outros protagonistas, mas algo inteiramente novo… somente agora isso aconteceu. Incrível, não?

Super Mario Bros. Wonder foi lançado no último dia 20 de outubro, exclusivamente para o Nintendo Switch, e abre uma nova era, e série, para a franquia. Dando a entender que depois de Wonder, certamente a série “New Super Mario“, pode tranquilamente ser aposentada ou terá que incorporar toda qualidade gráfica, entre outros aspectos que esta novo lançamento apresenta.

Outro ponto importantíssimo a se comemorar é que Super Mario Bros. Wonder está sendo lançado com uma completa localização em português, tanto de texto, quanto em áudio! Opa, então o Mario está falando em português? Então, não é bem assim. A localização do jogo em diversos idiomas se dá por meio de um único personagem, que está presente em todas as fases, que é sensacional e falarei mais a seu respeito no decorrer desta análise.

Os demais personagens continuam com suas pequenas falas e expressões verbais como sempre soaram em suas aventuras anteriores. Contudo, o jogo tem muitas caixas de diálogos e explicações sobre as muitas mecânicas do título, e todas estão com o textinho todo em português, numa localização muito bem feita. Inclusive com nome do novos inimigos muito bem adaptados ao nosso idioma, no mesmo capricho que encontramos em Pikmin 4, lançado este ano. Qualquer criança que saiba ler, pode apreciar completamente esta nova aventura! Maravilhoso!

Um reino repleto de novidades

A aventura de Super Mario Bros. Wonder se passa em um local vizinho ao Reino Cogumelo, no encantador Reino Flor. As princesas Peach e Daisy, juntamente de Mario, Luigi, um monte de Toads, da Toadette, seguidos por Yoshis de várias cores e do questionável Ledrão, estão visitando o reino do Príncipe Florian para conhecer a famosa Flor Fenomenal (Wonder Flower no original), quando Bowser interrompe o dia para roubar a flor que é o tesouro do reino!

A Flor Fenomenal tem propriedades especiais, pois tem a capacidade de alterar a realidade. Sabendo disso, Bowser se torna um enorme castelo voador em posse da flor, prometendo fazer suas vilanias de sempre, causando o terror no reino e querendo tomar tudo pra si. Ele se dirige bem ao centro do reino, prometendo algum tipo de ataque de larga magnitude. Perdido com toda essa situação, o Príncipe Florian não sabe muito bem como agir para resgatar a preciosa flor, então Mario & cia se voluntariam para ajudar e recuperar o tesouro do Reino Flor. E assim tem início mais uma aventura destes icônicos personagens.

A trama do jogo é essa, mantendo a tradição da simplicidade narrativa que existe em todos os jogos de plataforma 2D de Super Mario. Em outros gêneros, como séries de RPG como Paper Mario ou Mario & Luigi, as tramas tendem a serem mais complexas e vão se desenvolvendo em diferentes situações, de humor, drama e suspense, contudo, para um Mario 2D de fases, se manter na simplicidade, dando a ação seu papel de destaque, se mantendo quase que ininterrupta, é muito melhor.

Mesmo assim, em diversos momentos de Super Mario Bros. Wonder, haverá pequenas cenas de animação, seja quando o jogador se chega a um castelo e encontra o Bowser Jr., seja quando você inicia uma nova área do Reino Flor e o Príncipe Florian diz algumas palavrinhas sobre tal área, ou quando você encontra alguns de seus súditos pelo mapa ou em suas casas e pode interagir com eles. O Príncipe, por sinal, acompanha o jogador, pois ele é uma pequena lagartinha, que fica no topo da cabeça do personagem em que se estiver utilizando. Basta você ficar imóvel a qualquer momento do jogo, que ele coloca a cabecinha pra fora, ficando visível em tela por alguns segundos.

De uma certa forma, o que vem a substituir diálogos de exposição narrativa dentro do jogo é um novo personagem que está em todo canto das fases, uma espécie de flor falante. Trata-se do personagem que mencionei mais acima, sobre o único que tem a voz dublada em português. Essa flor tagarela está presentem em todas as fases, em diversos locais, e sempre tem algo a dizer ao jogador, seja um mero “oi” ou alguma dica sobre algum segredo próximo de onde está (“então tem como chegar lá?“) ou as vezes apenas dando sua opinião sobre algo que está por ali ou que acabou de acontecer (“gostei da musiquinha“).

Essa Flor Tagarela é dublada em português por Leandro Hainis, veterano da dublagem, que já trabalhou na dublagem de diversos jogos, animês e filmes. E a qualidade da dublagem está impecável, as falas da Flor conseguem surpreender o jogador por diversas vezes. Aqui em casa perdi a conta de quantas vezes a minha esposa e filho estavam rindo, surpresos quando a Flor dizia alguma coisa inesperada. Um efeito de interação indireta que te faz sorrir a cada momento em que ela aparece. Muitas vezes você sobe em algum lugar, volta pra algum ponto, só para ouvir o que a Flor que está ali tem algo a dizer. É uma criação maravilhosa.

Mas o Reino Flor não tem apenas uma flor que tem algo a dizer aos jogadores, o reino em si é repleto de elementos inéditos ao universo de Super Mario. Novos ambientes, objetos de cenografia, três novos power-ups, plataformas que se comportam de forma nunca vista e muitos novos inimigos. A Direção de Arte & Design consegue lhe convencer de que está em um reino completamente novo e jamais visitado. Conseguir isso, em um Super Mario 2D, após tanto tempo na série New Mario e sua ambientação tradicional, é um grande feito.

Só que criar novos elementos visuais é apenas parte desse mérito estético, pois a outra parte está na qualidade da animação dos personagens tridimensionais, que agora estão fabulosamente e meticulosamente vivos na tela do jogo. Quem procurar no YouTube irá encontrar diversos vídeos comparando a animação de Mario Wonder com a série New Mario, que quando (agora) comparada lado a lado, demonstra como a animação da antiga série tem uma qualidade muito precária.

A preocupação da animação nos mínimos detalhes aqui é impecável, desde o boné do Mario caindo de sua cabeça ao entrar num cano, para ele logo em seguida colocar seu braço para fora para capturá-lo, seja quando ele vai dar sua clássica bundada no chão e a aceleração dele no ar faz com que o boné saia um pouco de sua cabeça por 1 segundo apenas. Você percebe tudo isso. A forma como se abaixa e ele movimenta seus pezinhos, como existem pequenos efeitos especiais quando se pega um power-up ou na própria bundada quando se atinge o chão. E isso não só para o Mario, mas também para Luigi, Peach, Daisy, Toad, Toadette, Yoshi e Ledrão, que são todas escolhas viáveis para se jogar essa aventura.

Capricho que não é exclusivo dos personagens jogáveis, mas também dos próprios inimigos. Goombas dormem pelo cenário da forma mais fofa possível, com bola de ranho saindo se seus narizes e acordando assustados quando o jogador fica muito perto. Dá para ver os olhinhos das Koopas quando estão para sair de dentro de seus cascos. O jogo é repleto de tantos detalhes minúsculos que passaria o dia todo descrevendo aqui, e talvez não terminaria. É fantástico.

Surpresa fenomenal e… um elefante!

Pensando na jogabilidade, Super Mario Bros. Wonder também é de se surpreender e impressionar. Isso ocorre por uma mecânica muito interessante que está inserida em todas – sim, em todas – as fase do jogo: a mudança inesperada de realidade quando se encontra uma Flor Fenomenal. Assim como Bowser conseguiu roubar para si uma com poderes permanentes, o Reino Flor também possui outras flores como essa, mas com efeitos temporários, e toda fase tem uma assim, as vezes escondidas, as vezes as claras mesmo.

Sempre que o jogador se depara e pega uma destas flores, algo inesperado, e muitas vezes fenomenal, vai acontecer. Os exemplos são inúmeros e citá-los todos aqui certamente estragaria a surpresa de quem for jogar, mas muitas vezes irá envolver situações musicais, com cantoria mesmo, segmentos de fuga ou avanço automático da fase diante de alguma ameaça, assim como os personagens podem se transformar em outros seres com habilidades diferentes ou sem qualquer habilidade. Há também coisas malucas e bizarras, como corpos esticados, mudança na perspectiva da fase, grandes quedas ou escaladas e por aí vai. A sensação é de que não há limites para o que pode acontecer, e sempre será uma surpresa. As mudanças são sempre significativas e alteram completamente o ritmo das fases.

Cada estágio possui, no mínimo, duas Sementes Fenomenais, que diferentes das flores que alteram a realidade, as sementes são apenas utilizadas para abrir caminhos pelo mapa, diante das barreiras colocadas por Bowser. Uma semente está sempre ao fim de uma realidade alterada pelo Flor Fenomenal, assim como no poste final de todo o estágio, sempre localizado ao lado de uma casa de um habitante do reino, que lhe entrega outra semente. Mas fique atento, algumas fases tem uma segunda saída, então talvez haja uma terceira semente em alguns destes estágios!

Além das alterações de realidade, as fases também são compostas pela dinâmica tradicional dos jogos de plataforma de Super Mario Bros., com o jogador avançando de forma lateral pela tela, pulando em plataformas, desviando de obstáculos, pulando em todos os blocos e encontrando todas as novidades apresentadas pela aventura, incluindo aí os novos power-ups, além da presença da tradicional Flor de Fogo.

Os três poderes inéditos são a Maça elefante, que transforma os heróis em um elefante (literalmente) que pode atacar inimigos com sua tromba e armazenar água para fazer flores secas desabrocharem, a Flor de bolha, que dá a habilidade dos personagens sobrarem bolhas, permitindo que se salte sobre elas, e o Cogumelo broca, que lhe dá a habilidade de perfurar o chão ou o teto, navegando por estes ambientes, quebrando blocos que estiverem no caminho quando resolver sair destes locais, assim como qualquer inimigo que cair sobre sua cabeça será automaticamente nocauteado.

Destes três novos poderes, certamente a habilidade de se tornar um elefante é a maior estrela desta edição. Os personagens ficam bem maiores, contudo, não há um reflexo de peso, e o pulo permanece inalterado, assim como sua capacidade de quebrar blocos ao saltar. A mudança surge realmente na questão da tromba, que dá um ataque frontal e elimina quase que qualquer inimigo a sua frente. Outra vantagem da tromba é que diante de uma parede de blocos, a qual você não pode se abaixar para pular e quebrar, o ataque frontal da tromba também quebra tais blocos.

Inclusive, se tornar um elefante não impede que o jogador se abaixe e entre em locais que normalmente você entraria estando e sua estatura normal. A animação do elefante se abaixando e maravilhoso, porque ele realmente se encolhe o máximo que pode para encaixar em tais locais. Inclusive a animação dele entrando em portas e canos também é diferente dos personagens normais. Detalhes cuidadosos em todos os aspectos, como já mencionado.

Também é bacana o fato de que a tromba do elefante automaticamente pode armazenar água quando próximo a uma fonte, poça ou até mesmo cano que esteja jorrando água. Quando isso ocorre, ao atacar a tromba também joga água, o que não afeta inimigos, mas pode fazer algumas flores desabrocharem e liberarem alguns segredos das fases, ou simplesmente dar moedas. Sempre que a tromba tem água, é possível espirrá-la três vezes e então é preciso ir até a fonte de água para enchê-la novamente.

Ademais, as outras habilidades são menos impactantes, ainda que igualmente divertidas em certos estágios pensados para suas utilizações. O Cogumelo broca começa a surgir, por exemplo, em estágios em que há tetos, como cavernas, que permite que o jogador explore o teto destes ambientes. Já a Flor bolha surge em estágios com muitos riscos de morte em buracos, permitindo saltos extras em suas bolhas para garantir um salto entre plataformas mais seguros ou então para alcançar locais um pouco mais altos do que os habituais. As bolhas também são muito úteis contra inimigos próximos, pois consegue prende-los e transformá-los em moedas, eliminando por completo a ameaça.

E no meio destas novas habilidades há a clássica Flor de Fogo, sempre útil em qualquer situação para atacar inimigos a distância. Não é uma novidade, mas muito bem vinda em diversas situações e que cabe sua utilização em todas as fases do jogo. Ela pode lidar com quase todo o tipo de inimigos do jogo, ainda que em alguns seja necessário acertar o projétil por algumas vezes.

Insígnias para ir além

As novidades não terminam com fases que mudam a realidade ou com novos power-ups para novos inimigos, outra adição extremamente interessante em Super Mario Bros. Wonder são as Insígnias, que se classificam em três categorias: Poder, Ação e Avançadas. Mas o que são as Insígnias?

São uma espécie de perk ou skill que o jogador deve escolher antes de iniciar qualquer fase do jogo. Uma vez selecionada, você não precisa ficar selecionando de novo, mas pode alterá-la sempre que for começar um novo estágio ou caso morra durante. Uma Insígnia lhe concede alguma vantagem ou habilidade adicional, que se dividem nas três categorias mencionadas.

Insígnia de poder lhe dá uma habilidade adicional que deve ser acionada pelo jogador quando desejada. Por exemplo, a imagem do Luigi planando com um imenso chapéu que está na arte oficial do jogo e que estampa a capa das caixinhas físicas é uma destas insígnias. Ao saltar e segurar o R (bumper da direita do controle) o chapéu se expande e o jogador pode planar até atingir o chão. Mas esta é apenas uma das muitos insígnias que estão nessa categoria.

Não tenho a pretensão de revelar o que fazem todas as insígnias do jogo, porque (de novo) isso estragaria a surpresa de quem for se aventurar pelo título, mas dentre as habilidades adicionais mais legais estão a possibilidade de abaixar para carregar um super salto em seguida e a de saltar e atirar um cipó que lhe permite grudar nas paredes, numa versão bem humorada da teia do Homem-Aranha. Outra bem legal é o nado golfinho, que permite o jogador dar um impulso quando está nadando, sendo uma insígnia que só é recomendando em estágios aquático, claro.

As Insígnias de Ação, diferente das de Poder, são passivas, ou seja, não são acionadas por um botão no controle, mas por uma situação dentro do jogo. Nesta caso, o jogador garante um efeito quando atingido certa condição. Dentre os exemplos mais básicos estão receber moedas quando nocautear inimigos ou voltar ao estágio quando cair em um buraco ou líquido que normalmente faria com que o jogador perdesse uma vida. Com essa insígnia ativada você pode cair de um buraco uma única vez na fase que isso fará com que o Mario salte de onde caiu para um local seguro.

Outra insígnia bem interessante desta categoria é um que funciona como uma espécie de sensor. Assim jogadores podem revisitar estágios onde não tenha encontrado algum segredo, seja uma passagem escondida, a Flor Fenomenal, ou as três moedas roxas grandes presentes em cada estágio. Ao se aproximar de um local com algum destes elementos, o personagem irá emitir uma áurea azul indicando que tem alguma coisa importante próxima, estando algo claramente visível no estágio ou escondido, sendo necessário procurar melhor.

Por último, existe quatro Insígnias Avançadas. Estas o jogador talvez não as utilize com muita frequência, pois apesar de também serem passíveis, elas são próprias para aqueles que querem se sentir mais desafiados. Que tal jogar com o personagem correndo e não conseguido parar em nenhum momento? Ou então como se fosse uma mola, saltando ininterruptamente? Mais complicado que isso é ficar invisível, o que faz com que inimigos não lhe identifique, contudo você mesmo não pode se ver, exceto se estiver segurando algo ou usando alguma habilidade para ter uma ideia de onde se encontra no cenário. Pular também ajuda nesse caso, já que levanta uma pequena poeirinha nos pés, mas jogar assim é um verdadeiro desafio.

Todas as insígnias possuem fases especiais para o jogador se sentir desafiado, ainda que estes desafios em sua grande maioria funcionam mais como pequenos tutoriais para aprender a dominar melhor o efeito de cada uma. Ao completar estes estágios, você desbloqueia a insígnia dele, além de receber uma Semente Fenomenal.

Multiplayer e funcionalidades Online

Mais um aspecto interessantíssimo de Super Mario Bros. Wonder é como o título se comporta quando vai além da experiência single player. Primeiramente ele cumpre totalmente o básico esperado, dando suporte para até quatro jogadores locais se reunirem no sofá para cooperativamente se aventurarem por todas as fases do jogo. Nessa situação um jogador é nomeado líder do grupo e a câmera terá como foco este jogador, que não necessariamente precisa ser o primeiro player, sendo normalmente o que se mantém vivo quando o demais morrem ou em fases em que se precisa correr, a liderança fica com quem está na frente. A liderança também é reavaliada ao final de todos os estágios, sendo entregue a quem ficar mais no alto do poste da bandeira.

Quem tem amigos distantes e gosta da experiência online, o título permite que sejam criadas salas privadas com até 12 amigos, sendo que 4 destes podem jogar online as fases do jogo, revezando com os demais da sala. O que me soa como um suporte suficiente para esse tipo de experiência direta. Não vejo motivos para que haja matchmaking com desconhecidos nesse caso, ainda que não visse problema se existisse. Até porque essa não é toda a experiência online que o jogo pode oferecer. Agora é que vem a parte curiosa e muito bem feita.

As coisas começam a ficarem genuinamente originais quando, logo após as fases iniciais, o conceito de jogar com a conexão online ativada é apresentada. Quando se faz isso, o jogador passa a ver fantasmas de outros jogadores pode toda a parte, o guia que explica isso diz que são jogadores ao vivo jogando em outras partes do mundo, o que soa bem interessante, e parece real, pois existem interações com estes durante as fases que um fantasma previamente gravado não poderia fazer. E sim, há interações.

Jogando online você passa a ver placas de outros jogadores espalhadas pelas fases, assim como também pode inserir suas próprias placas quando bem entender, adquirindo algumas na lojinha que existe em cada um dos mundos da aventura. Quando se está jogando offline e sozinho, se você morrer é preciso recomeçar desde o início da fase ou ressurgir da bandeira de checkpoint capturada, porém quando se está com o online ativado, ao morrer o jogador se torna um pequeno fantasma, com 5 segundos para renascer por meio de uma placa ou encostando em um jogador fantasma. Legal, não? Itens também podem ser compartilhados nessa experiência.

O Modo Online funciona com até dois jogadores locais. Então você pode jogar com um amigo, enquanto outros dois jogadores online também estarão presentes em paralelo a aventura. Quando se tem três jogadores locais, o modo Online é desativado. Mas sinceramente, quando se está com um amigo local, os fantasmas podem atrapalhar um pouco, pegando itens que você quer dividir diretamente com seu amigo. Sozinho é mais fácil mediar ou ignorar os fantasmas, podem avançar livremente pela fase e você nem os verá se resolver não acompanhar o ritmo deles.

Explanado tudo isso, digo que a experiência com o online e os fantasmas é muito boa. Tem esse fator da surpresa e do inesperado, essa sensação de primeira vez que algo assim é idealizado. As placas para renascer em pontos estratégicos são bem oportunos, assim como as ajudas que fantasmas e o jogador podem resolver prestar um ao outro. Um fantasma pode lhe mostrar um caminho que até então você não enxergaria. É um pouco caótico, como um multiplayer para quatro jogadores tende a ser, mas é um caos positivo, que traz boas vantagens para se utilizar.

Claro que para aqueles que apreciam a experiência single player de raiz, pode desligar tudo isso, apreciar as fases e os mundos pela primeira vez com seu próprio olhar, sem dicas, e depois usar essa função para dar ainda mais valor ao efeito de replay que o título possui. É o melhor dos dois mundos, não te obriga, mas quando está ali presente, talvez funciona muito bem.

Considerações finais

Há ainda muito que poderia mencionar sobre Super Mario Bros. Wonder, contudo sinto que parte da grandiosidade do jogo é descobrir mais sobre as tantas novidades presentes nesta incrível aventura. Não me prendi, por exemplo, e descrever os muitos novos tipos de inimigos que se fazem presentes no jogo, e que normalmente lhe atacam das mais diversas formas possíveis. É tão gostoso a surpresa de encontrá-los pela a primeira vez, sem saber como irão reagir a sua presença. Basta dizer que são muitos, e todos incrivelmente criativos e interessante.

Entretanto acredito que ainda há alguns aspectos que sejam importantes mencionar neste segmento final da análise. Como os muitos personagens disponíveis para o jogador escolher para usar na aventura. Mario, Luigi, Peach, Daisy, Toad Amarelho, Toad Azul e a Toadette se comportam iguais em seus atributos (pulo, velocidade etc.), e é legal demais que exista tantas opções, tantos de personagens masculinos, quanto o femininos. Aos jogadores mais casuais, sem tantas habilidades em videogames, o título oferece duas opções: Yoshi (em várias cores) e Ledrão.

Yoshi e Ledrão não morrem ao tomarem dano, sendo perfeitos para jogadores mais novidades ou que não conseguem desviar com muito habilidade dos inimigos ou das armadilhas das fases, porém eles ainda podem morrer ao caírem no buraco ou na lava. E tem outro revés: eles não podem usar power-ups, o que pode ser meio caído para algumas situações, sendo que usar os poderes é uma parte tão divertida da experiência do jogo. Por outro lado, Yoshi tem alguns atributos bem únicos e interessante, pois ele pode engolir inimigos com sua língua, seu pulo permite planar por um instante, e um jogador pode subir em suas costas e ali ficar, servindo como um auxílio para quem não estiver conseguindo pular ou passar em certo segmento da fase. São personagens para uma experiência menos desafiadora de jogo, um Modo Fácil, por assim dizer, e acho válido.

Outro aspecto interessante para se mencionar é a apresentação do mapa de onde estão as fases do jogo, que misturam a clássica exploração linear, avançando por uma linha de uma fase para a outra no mapa, mas também em momentos em que o mapa se expande e o jogador pode navegar pelo mesmo de forma mais livre, de forma tridimensional, escolhendo assim entre algumas opções de estágios para coletar as sementes, e assim abrir a próxima área do mundo.

Nesse mapa o jogador não irá apenas encontrar fases tradicionais, mas também outros tipos de desafios, desde passatempos, algo como mini fases, assim como os desafios de insígnias, a lojinha para comprar vidas entre outras coisas, e até mesmo fases onde o jogador deve correr contra o tempo para eliminar todos os inimigos de algumas áreas. É bem divertido que não exista somente as fases longas, mas também estas propostas menores, que também garante ao jogador as sementes necessárias para avançar, mas que dão um dinamismo no fluxo da progressão da aventura.

Ao longo da aventura espere encontrar os tradicionais castelos e também os navios de guerra do Bowser, ainda que desta vez, estes estágios de maior desafio, estejam em um número um pouco menor do que eu (particularmente) gostaria. Isso também vale para grandes chefes, que não estão presentes por aqui, a maior parte dos conflitos normalmente se traduz em batalhas contra Bowser Jr. Uma ausência de cenários um tanto curioso por sinal.

Por outro lado, me agrada muito que a equipe de desenvolvimento criou muito mais fases e atividades do que esperaria em cada mundo, além de um mundo especial com o mais alto nível de desafio, que pode ser acessado assim que o jogador encontra sua entrada secreta logo a partir do primeiro mundo, dando muita aquela sensação do Mundo Estrela do clássico Super Mario World.

Alias, Super Mario Bros. Wonder tem muito do sentimento que jogadores lá dos anos 90 tiveram quando colocaram a mãos em Super Mario World (1990) ou até mesmo com Super Mario Bros. 3 (1988) quando os parâmetros do universo da franquia estabeleceram novos limites para estas aventuras 2D, com a introdução de novos visuais, assim como mecânicas de jogabilidade. Wonder faz exatamente a mesma coisa, uma década depois do descanso da série New Super Mario. Não se trata de uma obra que apenas moderniza ou dá uma carinha nova aos jogos do personagem, mas que estabelece novamente novos parâmetros para seguir daqui em diante. E isso é maravilhoso ou… wonder-ful!

O ponto final dessa análise é a conclusão de que Super Mario Bros. Wonder cria novos parâmetros para uma série icônica, acertando em tudo quanto é aspecto possível para a obra, desde sua nova direção de arte, com novas e minuciosas animações, repleta de efeitos visuais, trazendo novidades para a jogabilidade, na forma como as fases se comportam, aos novos inimigos, a proposta dos novos power ups, além de também remodelar as funcionalidades online para um modo multiplayer ainda mais agradável. Soma-se a tudo isso, a tão sonhada localização ao nosso português, com direito a um dos personagens que mais tem falas no jogo, chegar por aqui completamente dublado em nosso idioma. O resultado é um título que automaticamente se torna obrigatório de se ter ao possuir ou adquirir um Nintendo Switch. Que momento fantástico para ser um fã de Super Mario, não?

Galeria

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Dando nota

Gráficos 3D estão em outro nível desta vez, colocando o jogo em um novo patamar visual - 10
Localização em português está fantástica, dos textos, diálogos e adaptações, para uma flor tagarela toda dublada - 10
Novos power ups entregam novas experiências e conceitos ao longo repertório já existente na franquia - 9
Flor Fenomenal que altera a realidade das fases resulta em momentos inesperados repletos de surpresas - 10
Insígnias expandem a jogabilidade para novos meios de interagir com as fases, dão mais possibilidades aos jogadores - 9
Ótimo suporte multiplayer para 4 jogadores e um modo online repleto de interações indiretas que funcionam muito bem - 8.8
Um novo reino repleto de novas ideias e conceitos diferentes, novos inimigos interessantes e criativos - 9

9.4

Fabuloso

Super Mario Bros. Wonder é uma experiência repleta de surpresas de um novo capítulo da série de plataforma 2D dos jogos de Super Mario, que trouxe novos parâmetros e qualidade, com uma Direção de Arte e Design em um novo padrão de qualidade, e uma jogabilidade que traz novos conceitos e ideias por todo o canto. Fases com repentinas mudanças, power ups tão encantadores como todos que existem na série e uma apresentação impecável que resulta numa experiência tão icônica quanto os mais marcantes jogos da série, a nível Super Mario World, com certeza. E um adendo extra: chega ao mercado brasileiro com uma localização em português que está incrível.

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