Avatar – Eu fui! E fui outra vez! E vou de novo na semana que vem, e depois e depois e etc [Cinema 2009]

Eu sou um cara que não tem medo algum de spoilers. Pelo contrário, na maioria das vezes eu procuro obter o máximo de informação possível sobre um filme que irei assistir, por exemplo. Mas de Avatar, eu sabia muito pouco. Ainda que se tratasse de um projeto sendo tocado por James Cameron há vários anos, confesso que nunca dei a menor bola. Sei lá, apesar de adorar o trabalho de Cameron em filmes como o Exterminador do Futuro, Rambo, Aliens, entre outras pérolas do cinema, sua versão para o desastre do Titanic nunca me agradou. Daí ele sumiu, e me esqueci dele. Na E3 desse ano, não me interessei nem um pouco em saber sobre sua controversa demonstração de Avatar. Essa prévia de Cameron ainda nem arranhava a superfície do trabalho que ele audaciosamente realizou nesses últimos doze anos. E houve aqueles que o criticaram na oportunidade, mas que hoje deram não só o braço a torcer, mas suas mentes e corações.

Podemos dizer então que eu fiquei praticamete imune ao hype em torno de Avatar, e nesse domingo último fui ao cinema dar uma espiada nessa produção. Fiquei contente de pegar a primeira sessão e assim pagar mais barato no ingresso, pois aqui no Kinoplex as sessões até as 15h saem por 10 reais a inteira. Outra coisa que motivou foi saber que iria ver o primeiro trailer de Homem de Ferro 2 ali, na telona. Aproveitei e comprei um combo duplo temático do filme, que vem com um bonito squeeze, e lá fui eu adentrar na escuridão aconchegante da sala 14 do complexo de cinemas.

Depois de assistir um monte de propagandas e notícias, começam a passar os trailers. O único que me chamou a atenção foi O Ladrão de Raios – Percy Jackson e os Olimpianos. E nada de trailer de Homem de Ferro. As luzes laterais se apagaram, e o filme que havia ignorado até então finalmente começava…

Não vou soltar nenhum spoiler. Apesar de não ter nada contra, acredito que Avatar é melhor sem que você saiba muito sobre ele.  Também não vou contar nada da história em si como de costume. Deixarei que você tenha sua própria experiência e a compartilhe comigo depois. O que posso dizer é que desde os primeiros minutos da pelúcula você é agraciado com cenas grandiosas, porém repletas de pequenos detalhes. E são esses detalhes que fazem muita, mas muita diferença mesmo. A maneira como a luz do sol reflete numa única flor no chão ou em uma imensa nave de transporte é de uma qualidade suprema.  A folha de uma àrvore que se balança ao vento é muito natural. Tudo o que compõe o planeta Pandora, lugar onde se passa o filme, é construído em detalhes muito apurados. Destaque para a natureza exuberante que esse planeta possui, que faz valer a máxima “é coisa de outro mundo”. Os nativos do planeta são pura CGI também, mas são tão realistas e naturais, que fazem Final Fantasy VII: Advent Children parecer um jogo com gráficos de Atari. Avatar traz a tona um mundo no qual você se recusa a acreditar que é feito em computação gráfica. O tempo todo você é bombardeado com cenas que te fazem acreditar que aquilo tudo é a mais pura realidade. Técnicamente falando, Avatar é inacreditavelmente crível.

O filme passa uma forte mensagem, em mais de uma maneira. Os diálogos são simples e funcionais, combinando perfeitamente com a proposta ideológica que Cameron colocou no filme. Existem vários clichés sim, mas nenhum é gratuito ou parece um descuido de roteiro. No final, tudo se encaixa. Os atores, em especial Zoe Saldana, que “encarna” heroína do filme, Neytiri, representa de uma maneira apaixonada, como poucas vezes se viu no cinema. E essas qualidades nas atuações só aumentam se considerarmos que ainda assim, essas atuações são colocadas nos personagens em CGI por meio de captura de movimentos. Atuações muito mais orgânicas e convincentes do que a vista no Gollum de O Senhor dos Anéis.

A música do filme igualmente se destaca, sendo poderosa e emocionante. Pudera, é do competente James Horner (Titanic, Coração Valente, entre outros). Algumas pessoas disseram se recordar da trilha de O Rei Leão, trazendo uma mescla entre o épico e o tribal, se é que podemos definir assim, de maneira tão simplista. Eu assisti a versão dublada também, dirigida por Guilherme Briggs. Apesar do uso inadequado de algumas gírias, gostei das vozes, Briggs fez uma ótima seleção. Mas não se deve deixar de ver a versão original, Zoe Saldana merece ser ouvida. Nas batalhas finais, a música complementa perfeitamente a ação, te dando vontade de pular da cadeira e brandir os punhos arreganhando os dentes para participar da cena. A música de encerramento, chamada I See You, é cantada por Leona Lewise, sendo o único ponto negativo, muito “genérica”, mais aí já tá rolando os créditos e não compromete no fim das contas.

Enfim, Avatar é mais que um filme, é uma experiência que agrada a vários sentidos. Traz um mundo novo com uma realidade desconcertante, sendo difícil descobriri quando uma alguma coisa é real ou feita em CGI. é um filme com alma propria, e não é por acaso as pessoas ao final da sessão levantam-se das poltronas e batem palmas. Senão na realidade, ao menos virtualmente. Com Titanic, James Cameron se tornou o Rei do Mundo. Mas hoje, ele pode se considerar um Criador do Mundo.

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