Reflexão: Panini prometeu "Revolução Editorial" e, na boa, isso passou longe de acontecer! [1º Parte]

Bem, se você acordou neste quinta-feira e ainda não está sabendo de toda a lambança que a Panini fez com as publicações da Marvel e da DC aqui no Brasil, recomendo a leitura da página deste link, pois lá explica certinho e de forma bem didática tudo que vai acontecer nas bancas à partir de maio.

Em suma, a Panini cancelou algumas revistas, as que sobreviveram irão ter menos páginas e será criado novas revistas com 148 páginas, na qual a galera na internet já anda apelidando de “almanaque paninão”. Eu juro que já li mais de 10 páginas de comentários em blogs, sites e foruns sobre o assunto e 99% das opiniões foram totalmente negativas sobre a tal “revolução editoral” da Panini. Dentre as novidades positivas, só para não dizer que mencionei, é a promessa de um novo site reformulado e uma loja on-line da editora para venda de suas publicações, mas pense bem, essas coisas já não são mais do que obrigatórias nos dias atuais? A Panini não estaria fazendo mais do que a obrigação de ter um novo portal on-line, assim como vender suas próprias publicações, que sofrem com o péssimo sistema brasileira de distribuição setorizada? Eu acredito que sim.

O maior problema de tudo isso talvez tenha sido realmente o “oba, oba” que a própria Panini fez ao criar espectativa em cima de algo que não aconteceu. Para que criar suspense, mistério e espectativas para cancelar títulos e criar “almanacões”? A impressões que todo mundo na internet teve sobre as mudanças é um esforço da editora para evitar uma retração de mercado.  Que mercado de quadrinhos no Brasil não dá muito certo, não é novidade para ninguém.

Tem havido, inclusive, muito questionamento de preço destas novas revistas. Façam as contas. Atualmente a Panini vende uma revista de 100 páginas à R$ 7,95. Pegue o preço da revista e divida o mesmo por 100 páginas. Quanto sai o valor por página da publicação? R$ 0,0795. Pegando esse valor e multiplicando por 76 páginas e por 148 páginas, obtém-se o resultado de R$ 6,04 e R$ 11,76, respectivamente. Ou seja, os dois novos formatos de publicações tiveram um ligeiro aumento de preço, principalmente a revistona de 148 páginas. Que revolução é essa que encarece as publicações?

Tem muito leitor no forum da Panini fazendo as contas e chegando a conclusão que vai pagar mais para ler a mesma coisa. Veja o exemplo com a DC Comics:

Como era:

Superman – 4 histórias – R$ 7,95 – 100 páginas
Batman – 4 histórias – R$ 7,95 – 100 páginas
Liga da Justiça – 4 histórias – R$ 7,95 – 100 páginas
Lanterna Verde – 4 histórias – R$ 7,95 – 100 páginas
Novos Titãs – 4 histórias – R$ 7,95 – 100 páginas
Superman & Batman – 4 histórias – R$ 7,95 – 100 páginas

Total: 24 Histórias por R$ 47,70! 600 Páginas!

Como ficou:

Superman – 3 Histórias – R$ 6,50 – 76 páginas
Batman – 3 Histórias – R$ 6,50 – 76 páginas
Liga da Justiça – 3 Histórias – R$ 6,50 – 76 páginas
Lanterna Verde – 3 Histórias – R$ 6,50 – 76 páginas
“Almanacão Batman” – 6 Histórias – R$ 14,90 – 148 páginas
“Almanacão DC” – 6 Histórias – R$ 14,90 – 148 páginas

Total: 24 Histórias por R$ 55,80! 600 Páginas!

Volto a dizer novamente, o problema não é aumentar  o preço das revistas, pois tudo aumenta mesmo de preço com o passar dos anos. O maior problema é prometer e criar clima dizendo que é uma revolução dos quadrinhos no Brasil, quando na verdade, que está pagando o pato é o próprio Leitor.

Mix com três histórias é melhor? Não tenho dúvidas que sim. Chega que edições de 100 páginas com aquelas histórias de tapa-buraco. O ideal mesmo é que ele nem tivesse páginas fixas, fossem com 3 ou 4 histórias dependendo da necessidade da publicação dentro do mês. Mas o preço deveria ser muito mais convidativo. Atualmente eu pago R$ 4,95 em 80 páginas na revista do Tio Patinhas. Tudo bem que é formatinha, mas é um preço bem mais camarada. Em contrapartida, por R$ 9,90, eu compro uma edição com 200 páginas do mangá Naruto, da própria Panini. Também não é o bendito formato americano, mas mangá é uma publicação que é perfeita do jeito que é.

E o almanacão não é boa novidade? Se é, só o tempo dirá. Toda vez que a Panini ou a Abril inventaram de criar uma revista com mais páginas, com um preço salgado, se ferraram. Tudo depende do contéudo. A Panini não explicou ainda se a revista terá apenas arcos fechados, ou qual tipo de conteúdo será publicado na mesma. Sem mencionar que já tivemos a não muito tempo atrás uma revista do Batman chamada “Batman Extra” e uma “Universo DC”, ambas canceladas por fracas vendas ou conteúdo. Por que insistir novamente nas duas publicações que já deram errado quando era mais baratas e tinham menas páginas? Simplesmente não sei o que dizer.

O que a Panini deveria melhorar? Na minha humilde opinião, o sistema de encadernamento para colecionadores. Nos EUA os encadernados saem praticamente assim que um arco, ou saga, terminam nas revistas normais. Aqui não temos nada disso. A Panini investe em velhos arcos e ainda divide-os em partes e enrola tanto para lançar, que os colecionadores até perdem a vontade de comprar. Sagas como a Queda do Morcego ou A Morte do Superman estão aí como provas. Não tiveram suas continuações lançadas até o momento. Encadernado em partes não pode levar meses e anos para ser lançado. Tem que sair numa janela de tempo fixa e nunca atrasar. E os preços também precisa ser melhor trabalhados. Nos EUA eles não custam os olhos da cara como no Brasil. E olha que já vi encadernado lá com papel especial, capa dura e tal, por menos de U$ 15 dólares. Aqui no Brasil é comum os encadernados da Panini custarem entre R$ 70 à R$ 100. Aí não dá mesmo.

Outra crítica muito comum é a não publicação de todo material Marvel e DC no Brasil. Há muitas revistas, arcos e histórias importantes nestes universos que não chegam ao Brasil, incentivando o leitor a ler pela internet ou importar. A desculpa é que o material não tem apelo de vendas e por isso encalharia nas bancas.  Se é assim, porque não distribui-lo online num mega-portal de HQs? Editoras como Marvel e DC lá fora já distribuiem suas HQs on-line, até mesmo no PSP da Sony. É totalmente frustante começar a acompanhar uma HQ de um herói pelo mix da Panini e depois de alguns meses, o mesmo sumir da revista e nunca mais retornar. Sem contar arcos que nunca chegam a ser publicados por aqui.

Enfim. Revolução… pff, tá bom. Só em sonhos.

Aguardem a segunda parte desta matéria, pois aí pretendo falar sobre quadrinhos em gerais no Brasil. O que precisa mudar, melhorar e abolir. E aí não será apenas sobre a Panini.

[Via Forum Panini]

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