Análise | Princess Peach: Showtime!

Disponível para Nintendo Switch

Princess Peach: Showtime! é uma divertida experiência teatral que coloca a destemida princesa em uma aventura de muitas mecânicas distintas, afim de mostrar a versatilidade da personagem frente a diferentes situações e cenários únicos. Um título de aventura que mescla ação, plataforma e puzzle em uma única obra.

Seu lançamento aconteceu agora no último dia 22 de março, com exclusividade ao Nintendo Switch. É também um novo jogo colocando Peach como protagonista de uma aventura solo desde o Super Princess Peach, lançado em 2005, lá no saudoso Nintendo DS. Faz tempo, não?

Ambos os títulos não tem nenhuma conexão por sinal, sendo propostas bem distintas. No caso de Super Princess Peach, a própria princesa que é sempre sequestra, desta vez se encontra num papel inverso, sendo que Peach é quem irá sair numa jornada para resgatar Mario, Luigi e diversos Toads que são aprisionados por Bowser. A personagem nessa aventura conta com o auxílio de um guarda chuva mágico que permite mexer com as emoções daqueles ao seu redor. Um jogo que mescla o tradicional formato de plataforma 2D dos jogos clássicos de Super Mario Bros. juntamente com pequenos puzzles envolvendo as emoções ativadas pela tela de toque do DS. Uma joia perdida no tempo que seria muito interessante se a Nintendo um dia resgatasse para uma plataforma mais atual, numa edição remasterizada ou até mesmo num remake.

Já em Princess Peach: Showtime! não temos nada de guarda chuva mágico ou poder das emoções. Nem mesmo Mario ou Luigi estão presentes. Aqui Peach se encontra presa dentro de um teatro, o Teatro Esplendor, quando o mesmo é tomado por uma vilã chamada Rubi. Para restaurar todo o esplendor do teatro, Peach topa participar de várias encenações, afim de conseguir “roubar a cena“, atrair a atenção da vilã e resgatar todos os astros das principais peças que foram aprisionados no porão do teatro.

Princess Peach: Showtime! foi desenvolvido pelos talentosos profissionais do estúdio japonês Good-Feel, que tem trabalhado com a Nintendo já há algumas gerações, sendo o estúdio que desenvolveu alguns títulos que ficaram na memória dos jogadores nos últimos anos. Títulos como Wario Land: Shake It! (Wii, 2008), Kirby’s Epic Yarn (Wii, 2010), Yoshi’s Woolly World (Wii U, 2015) e até mesmo o mais recente Yoshi’s Crafted World (Switch, 2019). É muito legal ver o estúdio saindo de sua zona de conforto e apostando em uma nova ideia utilizando Peach como protagonista. Se bem que, adoraria ver a Good-Feel tento a possibilidade de revisitar a franquia Wario Land, porque Shake It no Wii era bem divertido, mas isso é conversa para um outro dia!

Agora um importante elemento para se dizer, nesta introdução, deste recente lançamento é que Princess Peach: Showtime! chega ao Brasil contando com uma competente localização em português em seus menos e textos de diálogos! A princesa e ainda personagens ainda possuem pequenas falas em áudio, mas estas ainda contam com áudio em inglês, naquele ímpeto da Nintendo de manter os personagens num tom mais universal de linguagem, como ocorreu recentemente com Super Mario Bros. Wonder, contudo todas as conversas em textos, estão com legendas em nosso idioma.

Inclusive essa localização vale também para alguns nomes adaptados, como o Sparkle Theater se tornando aqui Teatro Esplendor e a vilão Grape adaptada para Rubi, além de seus minions, the Sour Bunch sendo adaptados para Trupe Uvaparsas, o que vamos admitir que ficou genial!

Encenações teatrais

Sendo assim a proposta da jogabilidade de Princess Peach: Showtime! irá envolver o conceito de que dentro do Teatro Esplendor há várias peças acontecendo e Peach precisará participar de vários atos teatrais afim de recolher Esplendoritas, com o auxílio de Estela, uma “fita estrela” mágica que permite que Peach ative o Poder do Esplendor para interagir com o mundo e combater a Trupe Uvaparsas, que são os inimigos presentes em todos os estágios da aventura.

Cada andar do teatro terá quatro estágios que funcionam como atos teatrais independentes, com tramas próprias e temas diferentes, o que permitirá que Peach utilize trajes que combinem com o tema de cada peça. Cada traje concederá a princesa habilidade que permitirá que ela interaja com o tema da peça teatral. Então num conto de faroeste a princesa usará um traje de vaqueira e um laço, enquanto na peça que se passa embaixo d’água, seu traje será de uma sereia e seu canto será sua habilidade para controlar alguns peixes.

Esse conceito traz diversidade e variedade ao título. Ao todo, o jogador irá encontrar 10 trajes com distintas habilidades, que serão utilizados em três estágios distintos ao longo de toda a aventura. Isso permite conceitos bem diferentes entre os estágios, que vão misturar alguns gêneros, então enquanto numa peça envolvendo habilidades ninja, Peach terá que se movimentar rapidamente e ser sorrateira para eliminar inimigos, em outra está será uma confeiteira que precisará preparar cookies e decorar bolos dentro de um limite de tempo.

Tudo isso acontece em ambientes que vai simular, com certa liberdade criativa, o palco de um teatro. Isso significa que as vezes você verá as cortinas do palco no canto da tela, assim como alguns elementos do cenário vão parecer fabricados, como cenários feitos de papelão ou estruturas mais sólidas, mas ainda incompletas, assim como o fundo muitas vezes não terá profundidade, como se fosse um enorme poster no fundo do palco. E as vezes, o palco irá girar com Peach ao centro, como se um ambiente precisasse sair para outro entrar em cena, como um mecanismo mesmo.

E é um conceito que os desenvolvedores sabe brincar muito bem, pois é algo que os jogadores viram acontecer no mundo de lã de Kirby’s Epic Yarn ou no mundo de papelão de Yoshi’s Crafted World, a qual a ambientação em si integram parte do conceito da jogabilidade, indo muito além da mera decisão estética. O mesmo ocorre em Princess Peach: Showtime!, pois as mecânicas de como os estágios ocorrem brincam a todo momento com cortinas, ambientes que giram, luzes no palco e toda uma dramaticidade que tem tudo a ver com o mundo do teatro. É (literalmente) um espetáculo!

Os trajes que a personagem irá usar nas fases são legais, mas até mesmo o breve momento que precede Peach vestir o traje referente ao ambiente da peça, ela pode explorar um pouco o início da fase com seu vestido habitual e usar o poder do esplendor da Estela para interagir no cenário, rodando a fita ao volta de si. Com isso ela consegue mudar o aspectos de alguns objetos, como o florescer de uma flor, ou então usar o poder para eliminar os inimigos iniciais. Ao avançar pela peça é que ela entende que é necessário mudar de roupa e é feito num estilo de transformação parecido com animês de guerreiras mágicas, tipo Sailor Moon.

Os chefões de cada andar do teatro também são combatidos com a Peach de vestido tradicional, sem nenhum traje especial, apenas ela e a fita da Estela. São combates bem idealizados, ainda que não ofereçam nenhum grande desafio, destes de frustrar jogadores. Boa parte deles ocorrem no esquema de esperar o momento certo para atacar, enquanto se vai desviando dos ataques do próprio chefe. No momento certo Peach vai saltar e usar a fita para bater no ponto fraco do chefe. São batalhas dignas do universo de uma franquia como Super Mario Bros., ponto positivo então.

Quanto ao vestido normal de Peach, ainda que não ofereça nenhum alteração na habilidade, acho muito bacana que ao longo da campanha, o jogador vá encontrar uma lojinha que irá oferecer diversas variações bem interessante ao clássico vestido rosa. Quer dizer, existem muitas opções de vestidos rosas, mas com diversas estampas diferentes, contudo, achei encantador encontrar também variações do clássico vestido em novas colorações, como azul, roxo, verde e até mesmo amarelo, o que me fez pensar um pouco em como a Daisy anda um pouco esquecido do universo Super Mario, mas deixa esse pensamento pra outro momento. Os novos vestidos são adquiridos usando as moedas de ouro encontradas nos estágios.

Estágios e as esplendoritas perdidas

No que diz respeito aos estágios de Princess Peach: Showtime!, aqui existem dois contrapontos curiosos, pois são fases razoavelmente longas, muito mais do que as tradicionais fases de jogos de plataforma do Mario, o que é bom, porém as mesmas são divididas em segmentos que fixam pontos sem retorno ao momento anterior do estágio em si. Isso tecnicamente não deveria ser um problema, contudo passa a ser quando o jogo pede que o jogador colete esplendoritas no decorrer dos estágios.

Esplendoritas são pequenas estrelas verdes que estão escondidas nos estágios, e que Peach obtém quando entra numa sala secreta, coleta pedaços delas num momento específico da fase ou realiza atos perfeitos, como não tomar dano, desviar de todos os obstáculos ou derrotar todos os inimigos de um ato. Nem sempre fica claro o que o jogador deveria fazer para obter o item até que o segmento em si tenha terminado. E aí não tem mais como voltar, exceto nos poucos momentos em que se pode morrer e reiniciar do checkpoint, presumindo que o jogo não o fez assim que tal segmento terminou. Em grande parte das vezes só reiniciando o estágio do zero para realizar uma nova tentativa. Isso quando você descobre o ponto da fase em que perdeu a esplendorita.

E veja só, não é que o jogador vai deixar de progredir porque perdeu uma ou duas esplendoritas pelos estádios. Nesse sentido Princess Peach: Showtime! é bem generoso no número necessário do item afim de progredir pela aventura, pois são estas joias que abrem as portas dos andares. Exemplificando isso, num andar de 50 esplendoritas, a porta do chefe deve pedir 20 para avançar. Pouca coisa mesmo. Outra recompensa por coletar todas as esplendoritas de uma fase é um retrato da peça num álbum. Ou seja, não é nada que vá impactar a sua progressão pela aventura em si.

Mas colecionáveis em jogos assim tem como efeito o fator replay, da sua diversão em revisitar os estágios e coletar aquilo que não conseguiu. Nesse aspecto acho que o jogo tropeça um pouco, pois nem sempre entendi o que deixe para trás, e quando as fases tendem a durar de 8 a 10 minutos, ficar repetindo o mesmo estágio afim de encontrar o último colecionável, nem sempre é tão legal assim. Especialmente se você perder o segmento em que deveria ser bem sucedido e ter que repetir tudo mais uma terceira ou quarta vez.

E assim, se os estágios partem de um formato de segmentos divididos, sem pontos de retorno, porque não deixar o jogador escolher um ponto específico ao reiniciar uma fase já vencida. Nem precisava ser uma vasta seleção de capítulo do estágio, mas dois ou três pontos de entrada para cada fase já seria muito mais prático.

Dito isso, não acho que o formato de fases longas seja um problema, pois é um atrativo interessante da aventura. Você começa a fase com Peach ainda com seu vestido, depois passa por um segmento aprendendo a usar o novo traje, tem fases com puzzles para resolver, com segmentos de avança automático, ou seja, você precisa avançar junto com o que está acontecendo com a fase, como uma perseguição ou fugindo de algo. Existe uma diversidade incrível nos estágios, e que isso só ocorre porque são longos. A questão do colecionável soa realmente como uma tecnicalidade mal planejada. Não tira o brilho da primeira visita a estes estágios, e isso é o mais importante.

Dito isso, também acredito que alguns jogadores vão gostar mais de algumas mecânicas de certos estágios, enquanto em outros vão achar apenas mais ou menos. Por exemplo, não me senti muito fã dos estágios em que Peach veste um traje de detetive e sai investigando os personagens e pessoas ao seu redor, afim de encontrar a dedução do que está acontecendo na trama, alguém ou algo desapareceu e você precisa encontrar. Achei bobinho, num nível simples e linear.

Contudo me diverti muito mais nos estágios com uma essência mais plataforma, com Peach num traje ninja ou de artes marciais, socando, pulando e avançando em cenários que misturam ação e furtividade. Também achei ótimos estágios onde a progressão da fase avança de forma automática em certos momentos, como com o traje de vaqueira ou de patinadora. Assim como achei adorável a Peach confeiteira, não tanto pela jogabilidade, mas como ela está a todo momento dançando com os pezinhos enquanto não está cozinhando.

O legal é que ao adentrar num andar, o jogador sempre encontrará quatro novos estágios, com quatro trajes diferentes. Então poderá partir para aqueles que mais lhe agradar. Não é preciso seguir um roteiro tão fixo de por onde começar ou seguir, basta apenas respeitar o conceito de vencer um andar antes de partir para o próximo. E nesse meio tempo, pode ir também vencendo os estágios no porão do teatro assim que ele forem sendo liberados, pois é uma das metas finais para ir ao confronto do chefe final.

Considerações finais

Princess Peach: Showtime! é um tremendo feito para uma personagem que muitas vezes não tem a merecida atenção nos jogos em que contam com sua presença. E depois de sua espetacular participação em Super Mario Bros. O Filme, ano passado, fica mais do que claro que a princesa merecia um novo jogo e uma nova aventura digna de sua personalidade. Colocá-la no centro de um esplendoroso teatro, com diversas peças, soa perfeito para testá-la em diferentes situações e diferentes mecânicas.

Na falta de uma fórmula tradicional para a personagem, ou até como uma forma de fugir da fórmula tradicional com o Mario, Peach encontra aqui jogo com um meio termo interessante, vinda de um estúdio que já fez o mesmo por Kirby e Yoshi, colocando o mundo como um elemento importante ao gameplay e nos reflexos da aventura. Um conceito que esbanja criatividade e permite voar com a jogabilidade. E em alguns momentos, de fato Peach voa pelas fases, num jogo onde tudo é possível. E se pensar bem, que mensagem legal ao público feminino, não?

Visualmente Princess Peach: Showtime! é um espetáculo, a qual o conceito de um palco teatral dá vida aos estágios, assim como o próprio teatro funciona como espaço entre os mundos e estágios da aventura. Tudo é rico em detalhes e todos os pequenos detalhes remontam muito bem ao tema do espetáculo, dos cenários montados, do drama exacerbado em algumas cenas, para até mesmo a vilã, que nada mais quer do que os holofotes para si mesmo.

Na parte da jogabilidade, o título manda muito bem na diversidade de mecânicas e situações adversas, numa proposta que em alguns momentos remete ao que ocorre nos jogos da franquia Kirby, onde a bolinha rosa veste diversos trajes que lhe dá poderes diferentes. Peach aqui faz o mesmo, aceitando sua personagem dentro de cada peça teatral e utilizando um traje que lhe confere habilidades para cada roteiro proposto. Seja uma, seja uma heroína espacial ou uma gatuna furtiva, e a jogabilidade acompanha cada um destas propostas, num esquema de controles simples que evita confundir até mesmo jogadores mais casuais. Sempre no esquema de entender que há um botão para atacar, interagir ou pular.

Pontos fracos são poucos. Nem todos os trajes vão agradar igualmente os jogadores, claro. Alguns vão curtir o aspecto do puzzles e interação investigativa de alguns estágios, enquanto outros vão preferir a ação em plataforma e combate contra os inimigos, mas nenhuma destas mecânicas é mal executada, que fique bem claro. Estágios longos também não são ruins, contudo faltou sim ponderar um sistema mais amigável de checkpoints, afim de tornar menos maçante coletar 100% das esplentoritas de cada um dos estágios da aventura.

Princess Peach: Showtime! mais uma excelente adição ao biblioteca do Nintendo Switch, que continua impressionando a sua base de jogadores com novos títulos inéditos, enquanto resgata também outros clássicos de eras passadas. Talvez ainda seja cedo para pensar se é um título que poderia se tornar uma série de jogos, mas certamente há um potencial. Certamente vale se atentar para esta grande aventura teatral!

Galeria

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Dando nota

Excelente apresentação, com ambientação e jogabilidade que conversam muito bem entre si - 9
Direção de arte bem estruturada ao tema teatral proposta pela aventura - 9
Jogabilidade com boa diversidade de mecânicas, de plataforma aos puzzles - 8
Estágios entregam longevidade com bastante criatividade em seus segmentos - 8.5
Habilidades de Peach, por meio dos trajes, demonstram o charme da personagem - 8
Revisitar os estágios para completar os colecionáveis pode ser um pouco cansativo - 6.5
Título chega com mais uma excelente localização em português nos menus e textos dos diálogos - 9.5

8.4

Show

Princess Peach: Showtime! apresenta uma fantástica aventura solo com Peach, dentro de uma divertida experiência teatral, onde ambientação e jogabilidade se unem para entregar um jogo que mistura ação, aventura e puzzle. Localização em português, longos estágios e Peach como os jogadores nunca viram antes, com diversas habilidades e pronta para encarar qualquer perigo, seja no velho oeste ou no espaço sideral.

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