Reflexão | Inglês & Videogames – Do you understand this?

Faz muito tempo que venho querendo escrever um pouco sobre o assunto que irei abordar aqui. E justo hoje tive o prazer de começar a jogar Life is Strange e cheguei a conclusão que não poderia mais continuar adiando o assunto. So, let’s go!

Já faz alguns anos que o mercado nacional de games vem trabalhando para tornar os jogos mais acessíveis aos gamers brasileiro. Hoje não estou aqui para falar do custo ou preço dos jogos, já fiz um especial em quatro partes sobre a crise para quem estiver interessado no assunto (Pt.1, Pt.2, Pt.3 e Pt.4). Estou me referindo a localização do games, ou seja, a chegada de games de enorme sucesso pela primeira fez totalmente dublado ou legendado ao maravilho idioma português brasileiro (sim, porque também existe o português lusitano, lá de Portugal). Desde que isso começou a acontecer eu me pergunto o quão acomodados poderíamos ficar com essa novidade e quando começaríamos a ignorar os games que não fossem localizados em Pt-Br. Não sei se isso já acontece, mas ainda é uma preocupação real minha, ainda mais com toda essa crise. Se as coisas piorarem, tenho medo dos estúdios pararem de localizarem seus games com a frequência na qual eles vem ocorrendo. Porém, essa não é um texto sobre alarmismo da crise, já disse! Don’t Panic.

Videogames & inglês, tudo a ver?

A resposta para essa pergunta talvez mude dependendo da sua idade. Veja bem, eu estou com 31 anos. Comecei a jogar videogame quando não tinha ainda nem 10 anos! Imagine como era jogar videogame há tanto tempo atrás? Uma das coisas que você não tinha o luxo de ter: jogos em português! Exceto claro algumas preciosidades memoráveis como Mônica no Castelo do Dragão. Did you play this old junk?

Claro que era uma época onde os games eram simples. Você não precisava saber inglês para apreciar muitos dos games produzidos na década de 80 ou 90. A maioria do jogos, que não fossem RPGs, possuíam histórias simples e algumas eram narradas apenas em uma rápido introdução antes do game iniciar, na qual todo mundo da época apertava Start para pular ela e depois, mais textos talvez só fossem aparecer quando e se você terminasse o game. Hoje se o menu não estiver em português e uma pessoa não souber nada em inglês é capaz de nem saber como mexer em features extras do jogo ou arrumar ela no options. Claro que design de menus também atrapalham até mesmo quando um jogo está em nosso idioma. It happens!

O que quero dizer é que é fácil hoje em dia você escutar um jornalista, um podcasters ou alguém qualquer que escreve para a internet (olha eu nessa categoria) e ter uma certa idade dizer “ah, eu aprendi inglês por causa dos videogames“. Essa frase pode indicar que alguns foram estudar inglês por conta de querer entender os games que jogava ou aqueles que ficavam com dicionários de inglês-português ao lado do joystick, desvendando palavras e significados dos textos dos games da época. Eu tive uma fase assim, did you know?

Me lembro de finais de semanas inteiros com um dicionário procurando palavras e sentido na história de Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars. Eu adorava o game e queria entender aqueles personagens, as histórias de Mallow e Geno, a tal lenda das sete estrelas etc. Eram tempos difíceis. Se o game foi lançado em 1996, eu provavelmente o joguei uns 2 anos depois do lançamento (as coisas demoravam para chegar aqui no Brasil), então tinha cerca de 12 a 13 anos nessa época. I’m to young for this language!

A minha experiência com o inglês entretanto já havia se iniciado alguns anos antes. Eu fiz Fisk quando moleque, naquela época na qual os cursos precisavam durar uma vida inteira. Haviam classes e módulos que levavam anos para terminar! Era um inferno! Sei que eu fiquei vários anos estudando, mas era tudo muito, mas muito lento. Bem diferente dos cursos de 2 anos ou até mesmo de 18 meses que existem hoje em dia. Fora que também aprendia inglês na escola. Mas era aquele inglês escroto, sabe? Verbo To Be por toda a eternidade. Aprendia o nome das coisas, ou aquelas velhas máximas “Hello, my name is…“, “How you doing?“, “Where you from?“. Argh! Como o ensino de inglês ruim nessa época! Não havia ritmo, não havia dinâmica. Você tinha mais chances de aprender coisas novas com o inglês dos games do que as malditas apostilas de cursinho. Na escola mal havia livros, afinal, inglês era um evento especial, uma mísera aula por semana! What the fuck?

Admito que tenho total curiosidade para saber como está o ensino do inglês no ensino das escolas hoje em dia. Vou descobrir daqui alguns anos, quando o Thales estiver maiorzinho (ele está no Infantil I). Apesar de que ele acredito que será um caso a parte, pois eu meio que já estimulo ele ao inglês. Quer dizer, eu e o You Tube, porque as crianças hoje em dia já nascem abraçadas com o You Tube. Foi vendo um vídeo sobre cores em inglês que ensinei ela algumas cores em inglês e hoje ele já fala “olha pai, verde green, azul blue, etc.” Para ele é uma palavra só. Por enquanto está ótimo. Batata frita também virou french fries aqui em casa. Esse final de semana mesmo estava eu vendo Guardiões da Galáxia, a série animada, legendada na TV e ele simplesmente parou de brincar e veio assistir comigo, o que significa que o inglês não é ainda uma barreira. A audição dele está se habituando a escutar de tudo. Outro dia ele começou a repetir palavras – não me recordo qual – de um seriado que estava passando na TV. Enfim, torço muito para que o inglês não seja uma barreira pra ele como foi pra mim durante muitos anos, até eu criar vergonha na cara e passar a aprender o idioma, ao menos o suficiente para entender games e séries, sem precisar de legendas. Hoje posso dizer que sei inglês, não sou fluente, pois não tenho muita prática de falar o idioma, mas meu vocabulário é grande, entendo as principais regras gramaticais e ortográficas e entender as coisas já não é mais um problema. As vezes dá branco? Dá. As vezes num momento de nervoso, fica mais difícil? Com certeza. Mas não é mais uma barreira pra mim. Yes, take that!

Eu tenho alguns lapsos de memória de quando realmente entendi que deveria aprender inglês. Um desses lapsos foi quando o canal Fox começou a atrasar muito as estreias das novas temporadas de Buffy – A Caça Vampiros, salvo engano foi o sexto ano, após a quinta temporada na qual a personagem morre. Me lembro de baixar estes episódios pelo Kazaa (vixe, quem é novinho não vai saber o que diabos é isso! Hahaha se ficou curioso veja essa matéria lá no TecMundo). Foi aí que veio a minha fase de assistir tudo em inglês, sem legenda mesmo (nessa época não havia grupos e mais grupos legendando seriados). Alguns anos depois, o mercado de DVD explodiu e passei a colecionar muita coisa, o que me garantiu assistir muitos clássicos, que até então só via na Sessão da Tarde ou no Cinema em Casa dublados, com o idioma original e legendas em inglês, na finalidade de poder juntar o som das palavras com a escrita delas. Admito que nessa época melhorei muito o meu inglês. Foi um excelente auto aprendizado. Somei as regras que aprendi quando criança, os anos de palavras em dicionários com os videogames, além de assistir seriados e filmes que conhecia de cor e salteado em inglês realmente ajudam e muito a ter uma dimensão do idioma. Claro que com os anos, fiz outros cursinhos meia boca de inglês (sem terminar nenhum deles, afinal eram todos fracos, com alunos que estavam ali na obrigação ou professores que só sabiam a cartilha básica), fora que quando comecei o Portallos, houve muito treino no inglês levando em consideração que na época tudo quanto é notícia importante sobre tudo de entretenimento saia primeiro lá fora. Você meio que acaba entrando nesse mundo bilíngue. And you can never escape it!

Holy Crap! Que volta dei apenas para dar um exemplo de como o game acaba inserido na vida de quem curte games ou séries. Tudo isso para deixar essa mensagem a quem não se importa muito em aprender ou entender o inglês. Não faça isso! Não fique acomodado apenas porque há uma quantidade bacana de títulos chegando ao Brasil legendados ou dublados. Don’t be this person!

Não estou dizendo que a localização de games no Brasil não seja algo grande e importante. It’s is! Estou dizendo que ainda estamos vivendo um período na qual há muitos outros games incríveis sendo lançados e que infelizmente ainda não estão chegando por aqui ou sendo localizados em nosso idioma, e com certeza isso pode afastar muitas pessoas que possuem esse problema com tal idioma. Um belo exemplo, mencionado lá no começo da postagem: Life is Strange! Você pode aguardar por algumas matérias sobre o jogo aqui no site pelas próximas semanas, mas eu o acabei de começar e … uau. Visualmente encantador, trilha sonora que te arremessa dentro de seu mundo, personagens simpáticos e mecânicas de jogabilidade fluidas. Você fica curioso para jogar e é sugado para dentro do título de uma forma realmente impressionante. Mas isso apenas se o inglês não é uma barreira, o que para muitos eu sei que é. É um game sobre uma história que vários sites nacionais e internacionais estão dizendo ser incrível (o último capítulo saiu semana passada) e aqui ele recebeu muita pouca atenção. E é uma pena, não? Não estou dizendo também isentando o estúdio que não localizou o game para o máximo de idiomas que poderia, mas sabemos para para pequenos desenvolvedores indies não é fácil liberar um game com tudo quanto é idioma do planeta, ainda mais sabendo que o português brasileiro é um idioma que apenas nós usamos. Não é como um espanhol, por exemplo. It’s true, you know!

E não fica apenas em Life is Strange. Recentemente falei aqui no site sobre Transformers Devastation, Shovel Knight, The Swapper que são outros bons e interessantes títulos e que se você não tem o mínimo de inglês necessário, parte da experiência se perde. E puxa, isso é algo ruim. Right?

Claro que o inglês é muito mais útil do que apenas para jogar videogames. É algo que lhe dá um diferencial de mercado quando for procurar um emprego ou carreira. Que lhe permite viajar para outros países sem precisar ter medo de cair em um lugar onde todo mundo fala um idioma incompreensível para você. Aprender novos idiomas abrem portas que o nosso idioma sozinho não consegue. Listen, speak, learn!

Enfim, acho que disse tudo que gostaria de dizer. Não tenha medo do inglês, ou de games em inglês. Pegue-os como um desafio linguístico. Aprenda e treine com eles. Veja seriados legendados e tente fechar os olhos e apenas escutar seus personagens preferidos falando sem que você esteja lendo as legendas. Ah e uma regra de ouro para quem quer aprender um novo idioma. Não tenta traduzir tudo ao pé da letra. Não traduza, apenas entenda o que está sendo dito! Challenge accepted!

Keep calm, press start and learn english!
Because the princess is in another country and the people there not speak portuguese!!

obs – fica para um outro dia comentar sobre o idioma japonês, que de tanto assistir animês legendados pela internet, o japonês já não me parece um monte de grunhidos surreais que não fazem o menor sentido. Não, eu não sei japonês! Ele apenas não me soa mais como algo sem sentido algum. As palavras fazem sentido, elas possuem peso, sentimentos. A primeira vez que vi um animê em japonês eu simplesmente não conseguia pegar nada disso, chega a me incomodar. É como assistir um filme em russo ou alemão. É muito difícil ouvir sem estar habituado com o idioma, tal como hoje estou com o japonês. Pay attention and listen carefully!

obs 2 – antes que alguém reclame achando que agora vou passar a escrever aqui no site misturando inglês e português como se fosse tudo a mesma coisa, não se preocupe, não farei! Foi apenas uma forma de ilustrar o ponto do assunto em si. Achei que seria interessante fazer isso aqui nessa reflexão.

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