Análise | Endless Ocean Luminous

Disponível para Nintendo Switch

Endless Ocean Luminous é um jogo para finalizar um dia estressante de escola ou trabalho, daquela rotina louca que os tempos modernos trazem, repleta de problemas e que as vezes não conseguimos nos desligar de todos os transtornos. Essa é a proposta do título: te desacelerar, esquecer de tudo, e apenas relaxar em frente à TV num jogo sem qualquer propósito, exceto nadar e observar a beleza da vida aquática marinha.

É o terceiro título da franquia Endless Ocean, todas desenvolvidas pelo estúdio japonês Arika, fundado em 1995, sendo o estúdio que trabalhou com a Capcom na clássica trilogia Street Fighter EX, e que depois lançaria (em 2018) Fighting EX Layer como um sucessor espiritual da icônica série. Além disso, a empresa tem trabalhado com a Nintendo e Bandai Namco nas últimas duas décadas, em diversos títulos. Inclusive esteve envolvida e deu suporte no desenvolvimento do atual Tekken 8, lançado este ano.

Olhando para suas origens, talvez tudo tenha começado em 2001, quando o estúdio desenvolveu Everblue, para PlayStation 2, seguido por uma sequência em 2002. Contudo, a primeira aventura oficial no mundo de Endless Ocean, que é considerado um sucessor espiritual de Everblue, surge em 2007, já na geração do Nintendo Wii. O jogo de mergulho submarino e observação da fauna marítima foi elogiado e fez sucesso. Não demorou para uma sequência, que veio em 2009 com Endless Ocean 2: Adventures of the Deep, também para o Wii. E na ocasião foi também elogiado por conseguir aprofundar as mecânicas do jogo anterior, expandindo ainda mais a experiência original.

E então a franquia hiberna por duradouros 15 anos, até que surge Endless Ocean Luminous, lançado no último dia 02 de maio, diretamente no Nintendo Switch, saltando toda a geração anterior de consoles da Nintendo. Foi uma longa espera até que os fãs pudessem revisitar essa mundo de exploração subaquática.

Para esta análise, torna-se importante mencionar que infelizmente o título chega ao mercado brasileiro sem nenhuma localização para nosso idioma, estando apenas em inglês. E é uma pena enorme isso, porque sua proposta é permitir explorar o fundo do mar, escaneando peixes e toda uma vida marinha, trazendo informações riquíssimas sobre cada espécie. Um jogo incrivelmente educativo e informativo, sem ser essa sua intenção, mas que tropeça na barreira linguística de nossa população. Jovens e crianças iriam amar ainda mais o jogo se pudessem acompanhar as informações em português. Uma mancada lamentável, especialmente num mercado que agressivamente localiza seus títulos para nossa língua materna.

Também é interessante mencionar que Endless Ocean Luminous está sendo lançado mundialmente numa faixa de preço menor do que os atuais grandes lançamentos do mercado, tabelado em U$50, o que torna seu preço oficial na loja digital brasileira em R$ 249. Não é um valor injusto, seja considerando todos os revés do nosso mercado e da valorização absurda do dólar, seja pelo conteúdo que está sendo entregue com o título, que é o que será destrinchado nos próximos parágrafos.

Mergulho relaxante no fundo do mar

A proposta de Endless Ocean Luminous é exatamente a que relatei ao abrir esta análise: é um jogo para relaxar, que se encontra no tipo de jogo mais casual, ainda que não necessariamente seja para um público exclusivamente casual. Dá para colocá-lo dentro do escopo dos atuais jogos denominados “cozy games“, jogos para conforto, aconchegante, numa tradução livre.

É uma aventura de exploração livre. O jogador apenas sai nadando por uma imensa área que vai representar diversas regiões que podem compor os biomas encontrados debaixo do mar, escaneando a vida marinha, e sempre que fizer isso, a tela irá mostrar o peixe escaneado e lhe dar uma tela de informações sobre o mesmo. O objetivo é nadar por 100% do mapa, assim como conseguir escanear 100% dos peixes encontrados nesse mapa, que é criador de forma procedural, e vai mudar sempre que você terminá-lo.

Se movimentar por debaixo d’água é bem simples, com controles padrões bem intuitivos, podendo se movimentar para cima, para baixo e para todas as direções da tela, uma imersão totalmente tridimensional. O analógico faz um bom trabalho nessa experiência, mas ainda assim há botões para submergir e emergir mais rapidamente, assim como um outro para fazer um impulso na água, afim de acelerar um pouco quando precisar ir a longas distâncias pelo mapa de uma forma mais ágil. E é uma experiência com botões, sem controles de movimentos desta vez.

Escanear a vida marinha também é muito tranquilo, precisando apenas apontar a câmera para onde quer escanear e segurar o bumber esquerdo do controle. Ao segurar, essa habilidade irá levar uns segundos pra carregar e tudo que estiver ao alcance do visor do jogador, será escaneado. Ou seja, não é preciso fazer um peixe por vez, dá pra escanear cardumes inteiros de diferentes espécies. Basta passar o visor pelos peixinhos enquanto estiver segurando o botão do escaneamento. Um indicador de tela irá mostrar tudo que está sendo escaneado durante o escaneamento, avisando inclusive quando se tratar de novas espécies, com o indicação de “?”, e não indicando nada quando for espécies já registradas.

Feito esse processo, a câmera irá parar de seguir o mergulhador e irá focar tudo que foi escaneado, passando a seguir os peixes em tempo real, podendo o jogador ir alternando essa câmera entre tudo que foi detectado pelo escanear. O jogo não é pausado nesse momento, então a ação segue em tempo real, podendo acompanhar os peixinhos por um tempo, ainda que em sua grande parte, eles apenas fiquem andando em um caminho predeterminado. Se existe alguma interação entre espécies, é bem raro. Numa vi, por exemplo, um tubarão tentando comer com sucesso um peixe, ou até mesmo estes peixes menores fugindo de grandes predadores. Ainda que muitas vezes parece que grandes cardumes de peixes sigam correntes oceânicas ou peixes menores que ficam circulando entre grandes baleias.

Nadou. Explorou. Escaneou. Observou. Estes são os grandes verbos da jogabilidade de Endless Ocean Luminous. Os demais aspectos envolvem a experiência de cada jogador. Explorar o mundo oceânico do game, por exemplo, é uma diversão à parte. Existem diversos biomas, desde cavernas, recifes com muitos corais, navios naufragados e até mesmo estruturas de civilizações antigas que afundaram no oceano, assim como grandes abismos de completa escuridão, a qual o jogador só consegue explorar porque seu mergulhador tem uma fonte de iluminação auxiliar para isso. E em cada ambiente mencionado, tem uma vida marinha própria.

Nesse sentido, a vida marinha do jogo é bem impressionante. Para esta versão há 500 espécies de vida marinha que podem ser catalogadas, grande parte de espécies que de fato existem, assim como um acervo respeitável de criaturas que já foram extintas, de diversas épocas do planeta, indo até mesmo a pré-história, com enormes peixes bizarros. Existe apenas algumas poucas espécies que podem ser chamadas de “inventadas” para o jogo, possivelmente para justificar o contexto da história, a qual irei abordar mais a frente deste texto.

Cada espécie registrada possui um áudio log explicando sua origem, assim como cada registro também marca os menores e maiores tamanhos de cada uma das espécies catalogadas. Também é importante registrar que o jogo parece respeitar o tamanho real dos seres marinhos em relação ao tamanho padrão do ser humano. Ou seja, espere encontrar lulas, tubarões, baleias e peixes pré-históricos enormes na proporção do seu avatar mergulhados, assim como peixes e outros crustáceos minúsculos entre corais, pedras e outros obstáculos encontrados no fundo do mar. É possível perceber os peixes cegos da escuridão do oceano, assim como as espécies que nadam em bandos. Solitárias tartarugas, assim como peixes que mais parecem lagartos. A diversidade marinha de Endless Ocean Luminous é realmente impressionante.

Expandindo um pouco os conceitos da jogabilidade casual, encorpando um pouco mais a estrutura de gameplay, o jogador também irá encontrar a possibilidade de explorar os biomas do jogo atrás de pequenos tesouros colecionáveis, além de buscar 99 segredos que vão preencher uma tábua mística que lhe dará acesso ao final do jogo, eventualmente. Estes segredos podem ser metas a serem feitas dentro do gameplay ou caixas segredas escondidas pelo mapa. Só que não existe nenhum indicação do que você deve fazer para cumprir as ações de segredos ou onde estão tais caixas. É algo para realmente encontrar vez ou outro jogando, sem que isso se torne seu objetivo principal, porque caso contrário, irá se frustrar e se estressar com isso, o que contradiz a proposta do jogo em si.

Também é interessante mencionar que fazendo a exploração no modo casual do jogo, os mergulhos, sejam online ou solo, eventualmente o jogador irá se deparar com pequenas missões de progressão de história. Uma IA vai interagir com você, mencionar algo estranho no mapa e você deve realizar ações de busca e exploração. Inicialmente ela pede para que você encontrar sete pontos no mapa que possuem algum peixe incomum, que quando você o escanear, haverá um efeito de pixelado na criatura. Bem Matriz mesmo. O jogador tem um radar para auxiliar a encontrar esse peixe, a qual tanto o controle irá tremer, como um ponto vermelho na tela irá piscar mais intensamente quando estiver numa área em que se encontrará o peixe com esse estranho contexto.

Realizado essa missão de buscar algumas espécies com esse efeito, será ativado no mapa em que se estiver explorando um evento único de aparição de alguma criatura que não é possível ser encontrada por outros meios. Normalmente trata-se de uma espécie conhecida com algum acessório ou com um efeito incomum. Meus dois primeiros encontrar em tal evento foram, por exemplo, uma foca com uma coroa que fica derrubando joias (colecionáveis) e, numa segunda ocasião, foi com uma imensa tartaruga com um coral rosa em suas costas que pinta o oceano de rosa, num efeito muito bonito de se apreciar. Criaturas que só aparecem temporariamente e que somem do mapa depois de um tempo, sendo necessário realizar novamente a busca pelos peixes pixelados, para o evento ser reativado.

Estes aspectos de colecionáveis, missões de busca e eventos de aparição são complementos interessantes na proposta da jogabilidade e engrossam um pouco o caldo da experiência do jogador, que realmente não tem tanta diversidade assim de situações e metas, sendo que a experiência é mais limitada a ser algo para relaxar e desestressar. São pequenos detalhes que expandem o momento a momento do jogo, pois você está explorando, buscando peixes, mas acaba se distraindo com as missões e os tesouros coletados. Funciona nesse sentido, sem que sirvam como meta principal da experiência.

Um último detalhe a ser mencionado em relação ao conceitos das mecânicas presentes nessa estrutura é que apesar da exploração aparentar ter alguns momentos de risco e perigo, isso não existe na prática da jogabilidade. Nenhuma vida marinha, por mais que sua aparência parece agressiva, monstruosa ou gigantesca, irá apresentar um risco ao avatar mergulhador do jogador. Não é possível ser ferido ou morrer ou se machucar dentro da experiência desta versão de Endless Ocean. Não por criaturas, seu tanque de oxigênio também nunca irá se esgotar, aliás, você nunca sequer emerge até a superfície, assim como nada no ambiente pode lhe ferir. Nem mesmo se você encontrar um rio de magma no fundo de um abismo, pode ir até lá sem medo, porque a lava não irá lhe ferir (sim, eu testei isso).

Entendo que dentro da proposta causal e relaxante do jogo, é um elemento acolhedor não dar qualquer perigo do jogador tomar dano ou morrer em sua exploração, mas também não deixo de ficar um pouquinho desapontado com isso, porque por mais que a proposta seja um gameplay sem qualquer elemento estressante e atenuante, não dar nenhum elemento de risco também pode causar um efeito contrário, e acabar tirando o elemento de aventureiro que o jogador normalmente possui. Afinal, já diz o ditado: “Sem risco não há ganho . Sem esforço não há conquista“. E por mais divertido que seja nas horas iniciais explorar sem esse medo, eventualmente você acaba desejando que houvesse algum risco em alguns cenários ou situações.

Modo história e sua contradição

Preciso deixar algo bem claro antes de dar continuidade ao texto. A principal atração de Endless Ocean Luminous é a modalidade de mergulho livre descrita do segmento anterior desta análise. É sair explorando e tentando descobrir todos os tipos de peixes do jogo, de forma livre e sem compromisso. O que vai configurar o tal modo história é puramente um bônus, um extra dentro do pacote, e ainda assim um bem pequeno e até por vezes contraditório.

E torna-se necessário fazer este apontamento porque fiquei com a impressão que o layout principal do jogo, em seus menus, dá uma sensação errada ao jogador. Ao menos foi assim com a minha experiência. O menu principal é desenhado com três quadrados centrais no meio da tela que vão levar o jogador aos três modos disponíveis no título: multiplayer, solo e história. Bem, se são 3 ícones do mesmo tamanho, no centro da tela, acaba sendo natural o jogador começar pela história, certo? Achando que precisa se focar primeiro nesta modalidade. E é com esse pensamento que vem o amargor da experiência.

O modo história de Endless Ocean Luminous não é muito bem pensado e planejado. E não falo de sua narrativa, mas o todo mesmo. Trata-se de uma execução que muitos diálogos, pouca ação, travada por capítulos que só são desbloqueados quando o jogador explorar as demais modalidades de jogo, ou seja, solo ou multiplayer. Não dá pra avançar na história sem isso. O que torna sua narrativa desnecessariamente lenta e sem ritmo.

Inclusive não me agrada que o tutorial do jogo esteja justamente amarrado a necessidade de começar esse modo história. Os primeiros capítulos aqui vão ensinar os controles e verbos do jogo, tal como descrevi no segmento acima. Vai lhe ensinar tudo, enquanto tanta contar uma história de dois mergulhadores encontrando um imenso coral que serve como pilar da vida ao planeta, sendo acompanhado por uma Inteligência Artificial que vai guiando estes dois personagens.

Não que a história seja de todo ruim, só é mal proposta. Os mergulhadores seguem investigando os mares, quando descobrem um novo coral da vida, contudo esse coral está morrendo, então cabem a estes dois irem ainda mais fundo nesse mistério, afim de restaurar o coral moribundo. Só que a cada capítulo, existe a exigência de ir ao modo solo ou multi, escanear mais peixes (nem é descobri, é só escanear mesmo), afim de destravar mais capítulo. É um ritmo de progressão lentíssimo.

Além disso, a jogabilidade destes capítulos de história não apresentam nada de expressivo ao jogador. Você apenas nada por um espaço determinado, enquanto ouve a IA lhe contar dados sobre a história, indo de um ponto a outro, escaneando uma ou duas duas coisas e o capítulo encerra. Não existe nenhum evento incrível. Nenhuma mecânica diferente. Há a apresentaram de alguns cenários diferentes, mas nada profundo ou que vá impactar os demais modos do jogo. Existe inclusive capítulos a qual nem jogabilidade há, com o jogador apenas acompanhando longos diálogos sem que qualquer expressividade cinemática. É realmente um modo muito estranho para se estar no jogo.

Teria sido muito mais interessante se toda essa história fosse integrada diretamente no modo solo, ocorrendo entre os mergulhos do jogador. Não havia a necessidade de separá-lo. O modo solo já tem os peixes a se escanear e os eventos de aparições. Poderia a historinha dos corais estar integrado ali. Não faz sentido estar a parte do jogo.

E faço esse alerta porque é algo que vai incomodar os jogadores que foram aflitos para tentar concluir a história. Que adquirirem o jogo achando que o modo história é o grande lance aqui, sendo que não é. Se você o tratar apenas como um extra sem tanta relevância quanto seu destaque no menu leva a crer, o mesmo não vai te incomodar como talvez pudesse incomodar.

Mergulhos coletivos com alta aceleração

Por fim, resta comentar a respeito do modo multiplayer. Essa modalidade permite que até 30 jogadores online explorem um mapa aleatório do jogo cooperativamente. Isso significa que todos vão revelando o mapa conjuntamente em tempo real, enquanto vão pode diferentes direções. O mesmo vale para a descoberta dos peixes, e todo o escaneamento da fauna do ambiente.

Todos os peixes de um mapa de Endless Ocean Luminous tem uma opacidade azul ou dourada, indicando que ele não foi ainda escaneado, e o dourado é sua raridade em tamanho. Quando o jogador escaneia, o peixe passa a nadar em sua coloração habitual. É um recurso visual importante para que os jogadores saibam o que já foi escaneado e o que não foi, já que a meta de cada ambiente é escanear 100% de todas as vidas aquáticas.

E no multiplayer, quando alguém escaneia um peixe, ele fica em sua tonalidade normal para todos os demais jogadores. Contudo, caso um jogador do grupo, ainda não tenha esse peixe em seu catálogo, o fato de outro jogador ter escaneado, não fará com que esse peixe seja liberado em sua biblioteca de peixes escaneados. Aí cabe a você mesmo escanear esse peixe, e haverá um indicador de “?” avisando que você ainda não o tinha em sua biblioteca. Então mesmo coletivamente, o trabalho do jogador em descobrir as espécies por conta própria não é perdida.

O modo multiplayer funciona de uma forma totalmente semelhante ao modo de mergulho solo. Haverá peixes que vão precisar ser encontrados e escaneados, e uma vez que isso seja feito, um evento de aparição surge no mapa e todo mundo deve ir lá ver qual espécie irá aparecer. Mas tem uma diferença: todo mapa online tem duração temporária, ficando nos servidores por uma hora. Passado esse tempo, todo mundo é expulso do mapa, e um novo mapa aleatório surge.

Particularmente não acho de todo mal isso. Claro que você pode entrar num servidor com um mapa prestes a expirar, mas normalmente você entra em algum lugar com tempo de sobra para explorar o ambiente. Fora que com tantos jogadores num mapa, tudo é feito de forma muito acelerada, já que as descobertas são coletivas. O que você leva uma eternidade no modo solo, coletivamente no multiplayer é uma questão de poucos minutos.

Contudo, em todas as vezes que experimentei o modo online, nunca cheguei a notar 30 jogadores online. Não fiquei contando, porém como as áreas são bem abertas, você não fica esbarrando em muitos jogadores. Mas é interessante nadar por aí e ver um ou outro jogador explorando ou te guiando para certos locais. Quando os eventos de aparição são ativados, aí é normal aglomerar um pouco mais de jogadores num mesmo local.

Lembrando que Endless Ocean Luminous não possui nenhum tipo de recurso de voz, então os jogadores só podem ser comunicar por meio de emojis, que podem ser desbloqueados comprando numa lojinha de customização, que inclusive pode ser usado para alterar as cores do seu traje de mergulho. Além disso, é possível colocar tags no mapa, indicando tesouros encontrados no mapa, alertando todos os jogadores a recolher o item. E o item é para todos, não tem competição do tipo “é de quem chegar primeiro“.

No geral, fico com a impressão que o modo de mergulho multiplayer é divertido, porém bem acelerado. Jogadores abrem o mapa com uma voracidade enorme. Em poucos minutos o jogo dá o alerta de mapa quase 100% explorado, assim os peixes escaneados. Não é exatamente um modo pacífico no sentido de que você tem todo o tempo do mundo pra nadar pelo grande oceano, contudo, é um modo legal se você ficar cansado do seu mapa solo, a qual só é trocado quando se explora ele 100%. Os mapas no online tem um ritmo e dinâmica mais veloz.

Considerações finais

Endless Ocean Luminous é um título que tem certas limitações, isso não tem como negar, contudo, dentro do que se propõe a ser, cumpre seus combinados e entrega uma experiência relaxante, perfeita para uma experiência casual, depois de um dia cansativo de trabalho ou escola. Diante de uma indústria que aposta em jogos cada vez mais intensos, este aqui pisa no freio completamente e serve como aquele jogo que você sai calmo após um partida.

Porém não é um título isento de críticas, especialmente quando se olha o passado da franquia. Nesta nova edição os desenvolvedores optaram por voltar alguns passos na série. Essa percepção ocorre principalmente quando se olha um pouco para Endless Ocean 2: Adventures of the Deep, que tinham regiões baseadas nos mares e oceanos reais, enquanto Luminous apresenta um oceano ficcional onde todos os peixes do mundo convivem juntos. Além disso, o título de 2009, também possuía uma mecânica de risco, já que peixes perigosos podiam lhe atacar, seu oxigênio era limitado e havia todo um sistema de upgrades e melhorias. Assim como ambientes fora d’água, como um aquário. Nada disso é encontrado nesta nova versão, que parece ter simplificado bastante alguns elementos estruturais da série.

Mesmo quando não se compara com edições anteriores, Endless Ocean Luminous tem alguns tropeços, como o nada empolgante modo história, que cria travas desnecessárias para seu progresso, e no fim, não tem nada de especial em sua jogabilidade, ainda que a trama possa ser curiosa. E não só isso, mas até mesmo o sistema de personalização do avatar é pouco inspirado, permitindo apenas trocar as cores do traje de mergulho em diferentes partes, além de colar adesivos na mesma. Não há trajes diferentes ou malucos. É tudo realmente bem simples.

Os pontos fortes do jogo ficam realmente em sua proposta principal, a ampla exploração de uma região imensa, repleta com centenas de peixes diferentes, áreas e biomas distintos, que cumpra o objetivo de um jogo casual, feito para relaxar e se divertir com algo sem dificuldade alguma. Tudo entregue com bons controles, que respondem com facilidade ao jogador. Além disso, a proposta do multiplayer soa válida e entrega uma experiência mais acelerada do que o modo solo, o que é um diferencial importante afim de não soar tudo igual.

Endless Ocean Luminous, no fim, é um retorno importante de uma série que ficou bons anos hibernando. E é aquela prova de que boas ideias nunca morrem, e que antigas IPs também possuem um espaço importante na atual indústria de jogos, basta que se ache um bom motivo para seu retorno e que entregue uma jogabilidade que case com alguns conceitos modernos. Entendo que é uma edição que trouxe muito recursos simplificados, que  casa com parte do público a qual a Nintendo sempre se preocupa. Não chega a ser o ápice da franquia, mas marca um retorno que talvez abra possibilidades para novas edições e, aí sim, quem sabe, muito mais mecânicas e profundidade de recursos. Potencial a série tem de sobra.

Galeria

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Dando nota

Cumpre o que promete, uma experiência casual, para relaxar e desestressar - 8.5
Mergulhos em modo solo são um deleite de calmaria, tudo no seu tempo, altamente imersivo - 8.8
Mergulhos multiplayer online aceleram a experiência, de uma forma positiva - 7.5
Modo história é a pior atração, progressão lenta e sem evoluir a jogabilidade - 4.5
Pecado educacional não estar localizado em português para pequenas audiências - 5.5
Bons controles, fácil de nadar para qualquer direção, para qualquer lugar - 8
Ambiente aquático com boa variedade de cenários e centenas de espécias das mais variadas da vida marinha - 8.2

7.3

Relax

Endless Ocean Luminous é uma proposta casual e relaxante, e é dessa forma que deve se encarar o título. Consegue entregar ótima imersão com tal compromisso e é perfeito para desestressar depois de um cansativo dia. Olhando para o passada da série, alguns passos para trás foram dados e mecânicas se perderam e tudo foi bastante simplificado. O modo história é um erro enorme e não funciona, enquanto que a proposta do multiplayer online funciona e cria ótimo balanço entra a calmaria dos mergulhos no modo solo. Não é um jogo para qualquer jogador, mas é agradável a todo mundo que procura algo mais leve para relaxar, sem muito compromisso.

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