Pirataria | Roube este episódio…

Aqui no blog o assunto da pirataria já foi pauta por diversas vezes ao longo dos últimos anos. As vezes de forma mais escancarada, as vezes nas entrelinhas de alguma conversa, e não há como ser diferente, afinal estar na internet é esbarrar nessa questão diariamente. E motivado por um episódio da 25ª temporada dos Simpsons resolvi trazer mais uma vez o assunto à tona por aqui, pois também estava em busca de um brecha para falar em questão sobre aquela baía dos piratas que todo mundo conhece, mas que ainda há muitos que nem fazem ideia de como navegar por estes mares.


The Simpsons – S25E09 – Steal This Episode

Mas antes de entrar nessa questão em si, quero elogiar o excelente episódio de Os Simpsons chamado “Steal this Episode” (não estou certo como foi traduzido aqui no Brasil o título, mas seria algo como Roube este Episódio), pois há muito tempo que não assistia um episódio da família amarela tão provocativo, bem humorado e no ponto certo do contexto dos dias atuais. Pra mim Os Simpsons teve seu auge, onde havia um contexto, os episódios representavam seu momento na história da cultura americana e até mesmo ditava um pouco as regras desse cenário da animação para adultos. Mas depois de 25 temporadas, é claro que esse força diminuiu e boa parte do show hoje em dia é pasteurizado, sem grandes momentos, sem críticas pertinentes e com muita coisa que te deixa com a impressão de já ter visto algo parecido em antigos episódios. Felizmente Simpsons ainda tem seus momentos, como no caso desse episódio em questão, que representa o nono episódio da 25ª temporada (S25E09).

A história do episódio em questão se resume ao fato do Homer querer assistir a um filme de lançamento nos cinemas, mas em determinado momento ele se revolta com preço do ingresso, com as pessoas na sala do cinema, com óculos 3D, com as propagandas exibidas antes do filme (e tudo isso é uma grande cutucada ao formato atual de modelo de cinema) e isso ocasiona ele ser banido do cinema sem ter assistido ao desejado filme. Nisso Bart, claro que seria o elo mais jovem, lhe apresenta o Pirate Bay (o nome não é mencionado no episódio, mas a referência é clara e óbvia), e um novo mundo se abre ao Homer, que resolve abrir uma espécie de clube de cinema ao céu aberto aos habitantes de Springfield e tudo vai bem até a polícia dos Direitos Autorais bater em sua casa e bem… o resto do episódio você precisa conferir por conta própria.

Eu gostei de uma cena em específico ao final do episódio, quando Bart e Lisa estão sentados numa sala de cinema e Bart pergunta a Lisa algo como “E aí, Lisa, afinal de contas, quem está errado nessa história? As pessoas que pregam a liberdade da internet e o livre arbítrio de compartilhar um conteúdo ou a indústria do cinema que alega prejuízos, mas que sabemos que ela também abuso de seu poder e aperta os bolsos dos consumidores?“, e a resposta da Lisa vem naquela direção de que “acho que todos estão um pouco errados e um pouco certos, afinal todos querem algo em troca, todos visam o lucro, de forma predatória e sempre será o elo mais fraco o maior prejudicado, mas a verdade que alguns não sabem ou se sabe não quer admitir é….” e o episódio corta a cena, como uma espécie de brincadeira com censura. É genial o diálogo! E é aí que a coisa toda abre para uma discussão!


Um papo pirata…

PirataClaro que pirataria envolve muitas outras áreas do que apenas downloads ilegais de filmes e seriados, mas dá para se ter uma opinião básica sobre o assunto de forma geral (ou genérica se preferir assim). É óbvio que a minha opinião não representa a verdade absoluta sobre o assunto, assim como a sua opinião também não faz a mesma coisa e até mesmo a forma como a lei, seja do país ou lá de fora, nem sempre expressam verdadeiramente o que todo o mundo acha a respeito da pirataria. Em resumo, o que dita o mundo da pirataria é a forma como a sociedade se adapta a uma situação que nunca será extinta, porém nunca poderá ser legitimamente permitido. Para ser pirataria e para que ela exista, é preciso que ela transite no meio termo entre o aceitável e repúdio por parte de quem se sente prejudicado.

Só que é interessante como a visão, tanto da indústria, quando da sociedade e até mesmo da cultura em si, mudam de tempos em tempos. Há momentos onde ela é mais aceitável e momentos onde o combate se intensifica, o que é natural se você pensar nela como ações na bolsa de valores, se ela estiver em baixa (aceitável) tá tudo bem, um pouco de pirataria é natural, mas se ela estiver em alta e estiver prejudicando além do aceitável os detentores do direito o combate a mesma aumenta e ela se torna a vilão da história. E ainda há aqueles que possuem jogo de cintura, que entende que a pirataria também é um meio de consumo, que pode haver formas de se obter vantagens necessárias que o produto pirateado ainda assim retorne parte do investimento ao detentor do direito, muitas vezes de forma indireta (seja por outros produtos licenciados, a propaganda boca a boca onde há pessoas que vão buscar o programa ou produto pelas vias oficias entre outros formatos). A pirataria acaba sendo um meio de tornar algo mais popular e acessível a qualquer pessoa, e indiretamente isso é bom para um produto que precisa se massificar e se tornar conhecido por muita gente.

Claro que a pirataria ainda é uma vilã na visão de muitos da indústria, mas nestes últimos anos já ficou claro que nunca será possível acabar com ela, ainda mais com o advento da popularização da internet banda larga. O Pirate Bay é a maior referência quando se pensa em pirataria digital e de vez em quando alguém tenta derrubar os caras, que logo que se sentem ameaçados mudam de país e servidores assim como quem troca de cueca todo dia. Talvez o sistema nunca os pegue, talvez pegue, mas o que todo mundo entende é que se algum dia o Pirate Bay cair, a natureza digital da internet, tão logo faz com que outro espaço semelhante nasça, justamente em pró do equilíbrio de o conceito de um espaço virtual compartilhado mundialmente. Não importa então pensar se algum dia o Pirate Bay vai sumir ou sair do ar, eventualmente a internet tem como parâmetros o fato de que nunca o livre compartilhamento de conteúdo acabe por completo. Pode vir tempos em que fique mais difícil de encontrar isso ou aquilo (já é dependendo do que você procure), mas acabar totalmente com a pirataria digital, isso jamais acontecerá. Isso não significa que a indústria tenha que desistir do combate, pois ele não é feito para extinguir a pirataria, mas sim para servir de alerta para não abusar do recurso. É a regra do bom senso.

Perceba que no parágrafo acima usei o tempo “compartilhamento digital” com “pirataria digital”, mas acho que é importante frisar que pirataria é uma espécie de compartilhamento, só que nem todo compartilhamento é uma espécie de pirataria. Nunca foi crime emprestar um livro, um DVD, um game para um familiar, um amigo ou até mesmo conhecido. Isso é compartilhar. Pirataria extrapola esse conceito de compartilhar, ainda mais o digital, onde você compartilha para um planeta inteiro algo que é seu, e é isso que se discute como um meio errado de dividir, ao mesmo tempo em que a internet veio exatamente pra fazer isso. Antes dela, seu entretenimento era sentar e ver o que a televisão tinha para lhe oferecer. Era aquilo e pronto. A internet faz esse contraponto da TV, ela lhe dá o conteúdo que você quiser porque os meios dela não se amarram a uma panela corporativa que lhe diz o que você quer ver, mas dá a liberdade de qualquer um compartilhar entretenimento, tal qual faço aqui neste humilde e pequeno blog. A televisão, como um meio, não permite que qualquer um tenha uma emissora com seu próprio conteúdo, até porque o Governo regula isso, mas na internet você é livre para construir seu próprio mundo e compartilhar com aqueles que quiserem ver o que você faz. Então pirataria é apenas um meio de compartilhamento na internet, um que gera discussões e polêmicas, mas é apenas um segmento no final das contas.

Agora um contraponto que precisa ser condenado e é um dos elementos que reforçam que pirataria precisa ser combatida e não pode ser 100% aceitável legalmente é no que diz a respeito daqueles que lucram diretamente sobre um produto na qual não tem direito para tal. É o caso de alguém que baixa um filme, grava num DVD, e começa a fabricar massivamente um produto na qual não tem o direito de venda. Talvez, e aí é algo muito pessoal e ainda assim cheio de conflitos internos, é um pouco diferente daquele que produz um conteúdo diferenciado para algo que originalmente é de baixa qualidade produzido para massas que não querem pagar muito por algo. Por exemplo, há muitos pela internet que fazem cases e boxs colecionáveis para seriados e animês que muitas vezes nem são comercializados em alguns países. Nesse ponto, eu entendo que há um pouco daquele conceito mais artesanal, de produzir algo com carinho, diferente, bem feito, as vezes superior ao produto original, na qual o que se vende não é, filosoficamente falando é claro, o rompimento bruto do direito autoral, mas o tempo artesanal e de dedicação a aprimorar algo. Claro que isso ainda é moralmente questionável, até em questão da forma como é feito, do tempo gasto e se eventualmente esse trabalho artesanal se torna algo industrial, um copia e cola num processo de esteira industrial, porém acho interessante passar por esse ponto, pois com certeza cada caso é um caso e novamente, bom senso é tudo nestes casos.

pira25
Clássica Tirinha do Laerte!

Então há também a pirataria física, mas vou deixar ela para outro dia e outra discussão, porque há realmente muito mais pormenores e detalhes nesse tipo de mercado do que o conceito da pirataria digital, onde o consumidor final em 99% das vezes tem o conteúdo sem precisar gastar com isso, dando dinheiro de forma direta a alguém que não é detentor do mesmo. Claro que muitos destes sites de compartilhamentos e downloads ganham (ou apenas se sustentam) de forma indireta, por meio de banners ou até mesmo doações. E questionável? Não sei, o Pirate Bay também ganha indiretamente, mas isso faz parte de outro conceito de internet, que não apenas sites de pirataria possuem, e o mais importante, a meu ver, é que nestes casos, ninguém é obrigado a dar dinheiro pra alguém que não é detentor de um direito, muito diferente da pirataria física, onde você compra algo, em geral de baixa qualidade, que muitas vezes é uma cópia ou produto falso, que há uma rede de envolvidos que ganham a custo do trabalho alheios, violando licenciamento e direito autoral.

Viu como pirataria não é algo assim tão complicado? Ao menos pra mim não parece também assim. É aceitável dentro de seus limites, tanto que empresas encontram uma maneira de conviver com ela no mundo de hoje. É preciso um certo bom senso para lidar com ela. E eu acredito que as pessoas estejam mais instruídas hoje em dia a lidar com a pirataria e também a entender que se você é fã de algum produto, marca, show ou seja lá que for, se não rolar eventualmente um apoio oficial, diretamente ou indiretamente, você está prejudicando algo que curte. Então os fãs sempre vão encontrar um meio de apoiar as empresas, a indústria, naquilo que eles querem ver mais sendo feito. Posso não ter comprado um blu-ray daquele filme porque é caro, mas eu fui prestigiar ele nos cinemas. Posso não ter assistido toda aquelas série bacana na TV porque vi pelo Pirate Bay, mas influenciei uma porrada de amigos a assistir a série e boa parte deles assistem pelos canais oficiais mesmo, pois acham mais prático. Posso não ter comprado aquele game original no lançamento e baixei ele pela internet mesmo, mas tempos depois rolou uma promoção da versão digital por um preço excelente e o comprei. Todos estes são cenários que envolvem tanto a pirataria como o apoio ao produto original, direta ou indiretamente. Porque convenhamos que num mundo capitalista e predatório, ninguém dá conta de consumir apenas o original, o 100% correto. É preciso do meio termo, e não há porque se envergonhar dele, pois é um mal necessário na sociedade mesmo. Bom senso, em geral a maior parte das polêmicas do mundo civilizado poderia ser resolvido com estes duas palavrinhas. E a gente esquece que elas existem com uma frequência absurda.

E acho que por enquanto é isso! Precisei abrir esse texto nessa nova fase do blog porque tenho a ideia de futuramente ensinar algumas coisas básicas para leigos que sentem dificuldade em alguns assuntos e que podem ser complicados na visão de outros falar abertamente sobre isso, por exemplo, como colocar um arquivo de legenda num filme, que programa usar para transformar um vídeo em AVI ou num formato que seu leitor player toque ou até mesmo como buscar algo de forma eficiente em sites como Pirate Bay ou até mesmo a usar torrents. E como disse, nada disse é completamente errado, está tudo ali, em cima do muro, dependendo de você empurrar para o lado certo ou errado.

the_pirate_bay_japanese_hokusai

obs: sensacional arte encontrada lá no DeviantArt do user Lord-lluvatar.

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20 Comentários

  1. Ótimo texto, tudo isso é basicamente o que penso. Mas acho que um grande problema, pelo menos comigo é o seguinte:

    Na época do Play2 era muito, mas bem raro mesmo de se achar jogos originais a preço acessíveis, então íamos pelos piratões de cinco reais. Joguei vários jogos durante minha adolescência graças a pirataria. Cresci, comecei a trabalhar e comprei um PS3 ano passado já sabendo que uma vez que eu entrasse nessa geração nova (que mal cheguei e já está acabando rs) eu não compraria mais jogos piratas, somente originais. Não compro mais jogos com tanta frequência quanto naquela época é claro, além de agora eu ser bem mais seletivo no que eu vou gastar meu dinheiro e esperar pacientemente por promoções de mídias físicas e digitais. Mas aí, quando chega alguém em casa e vê quantos jogos eu tenho (mais de 40 jogos graças a assinatura da Plus, maior parte deles de graça!) me perguntam como tenho coragem de gastar dinheiro com isso sendo que posso baixar de graça na internet. Aí explico que entendo o ponto de vista dele mas que eu pago um preço bem mais baixo por jogos do que ele espera mas parece que não entendem isso, mesmo sabendo que pirataria é uma maneira geralmente errada no sentido que seu texto quer passar!

    É normal ouvir: “Por que vou gastar dinheiro com algo que posso conseguir de graça?”, ou seja, nesse sentido, eu entendo que a pessoa sabe que é errado, tem condições de pagar mas não vai porque tem “de graça”.

    Agora tem uma coisa no seu texto que me deixou em dúvida:

    “Nunca foi crime emprestar um livro, um DVD, um game para um familiar, um amigo ou até mesmo conhecido. Isso é compartilhar.”

    Sobre o DVD, quando você inicia ele aparece uma tela preta com um texto e nele está escrito que emprestar, exibir o conteúdo a público e esse tipo de coisas é crime. Agora fiquei confuso!

    Novamente, ótimo texto!

    1. “Sobre o DVD, quando você inicia ele aparece uma tela preta com um texto e
      nele está escrito que emprestar, exibir o conteúdo a público e esse
      tipo de coisas é crime. Agora fiquei confuso!”

      Lucas, eu precisaria olhar novamente esse texto, há anos que não paro para ler essas advertências, mas até onde entendo, elas não são nesse sentido que você menciona, na verdade a indicação desse aviso é para que uma pessoa qualquer venha a obter lucros com um dvd que possui, achando que ela passa a ter todo o direito sobre a obra, como alugar ou tornar a sua casa um local público de exibição em massa. Por isso os DVDs, assim como antigos VHS e até mesmo os blu-ray dizem que a respeito da exibição doméstica, feita pra você e seus amigos ou parentes, de forma pessoal e simples, sem visar obter vantagens disso, pois aí você se tornaria outra tipo de agente da indústria do entretenimento visual, como uma locadora e cinemas possuem permissões e contratos para exibição pública (que é diferente da doméstica). Acredito que seja nesse sentido.

      Nunca foi proibido emprestar um VHS ou DVD, mas no passado havia um forte combate a respeito de cópiar caseiras e a distribuição das mesmas. Hoje em dia a cópia caseira deixou de ser um problemas frente ao que se faz pela internet.

  2. Eu concordo contigo. Lembro que fiz exatamente isso com FEAR, que é uma série que gosto muito. Joguei o 2 e o 3 nos dias dos respectivos lançamentos, mas assim que possível comprei-os no steam em alguma promoção.

    Acho legal a memória de quando eu decidi que não ia mais comprar jogos piratas(de consoles atuais). Quando tinha meus 10 anos e um pouco mais, meu objetivo era guardar o maior dinheiro possível para moer nas viagens à 25 de março em São Paulo. Mas um dia eu escolhi em uma carteira com várias figuras o Zelda A Link to the Past. A moça do box pegou um bolo de chips presos com um elástico, uma carcaça qualquer e o adesivo da carteira que eu estava olhando e montou o cartucho na hora. Aquilo me enojou de um jeito (talvez porque eu percebi que o jogo não estava mais “dentro” do cartucho) que eu abruptamente nunca mais comprei jogos piratas (mas continuei baixando quando chegou a era R4, apesar de hoje não fazer mais isso).

    Sobre filmes e músicas, é algo que eu fico mais puto. Sabemos que as gravadoras ganham absurdamente muito em relação aos seus artistas, então há um movimento anti-gravadoras para apoiar os artistas. É muito comum artistas independentes divulgarem suas músicas e clipes com downloads gratuitos ou no youtube. Também me irrita muito quando vejo um vídeo qualquer (mesmo que seja um youtube poop) que teve seu áudio retirado por conta de alguma música ou imagem “protegida por direitos autorais”. Sério, a pessoa ali não está usando para benefício próprio, além de que essa prática assassina a critividade e nossa diversão.

  3. Esse post foi meio ironico, tive que baixar o episódio em questão e no final das contas baixei a temporada completa rs

    É um pouco estranho de pensar, se não tivessemos scans, não teriamos conversa de mangá. Poderia existir, porém estariamos super defasados em relação ao oriente e ficaria algo bem elitista (só quem comprou saberia sobre o que estariamos debatendo).

    1. eu tenho o hábito de ler mangás pela internet e quando chegam ao Brasil, os coleciono. E talvez se não lesse eles online, muitos eu nem mesmo acompanharia quando chegassem por aqui (Reborn e Fairy Tail são bons exemplos).

      1. Dos mangás que leio, compro apenas alguns lançados de forma oficial (Naruto, HunterxHunter, Gunnm, Bakuman e alguns gatos pingados de Bleach e Fairy Tail, etc). Costumava comprar mais mangás porém parei de vez depois que simplesmente largaram o Kekkaishi no meio do caminho, que aliás, é uma falta de respeito pro consumidor.

      2. Eu represento o lado oposto dessa questão. Li Reborn e Fairy Tail pela internet (Só para ficar nos exemplos já citados), não gostei de ambos e é exatamente por isso que não os compro. Se minha única via de acesso a essas obras fosse pelo mercado formal, teria que comprá-las para formar minha opinião (E consequentemente teria mais grana chegando no bolso de quem licencia/produz).

          1. Pois é, só quis botar um ponto contrário aí na mesa. Imaginando um mundo utópico sem pirataria, eu teria que ser obrigado a gastar uma grana com alguns volumes de Reborn e Fairy Tail até formar uma opinião. Mas na prática, não gastei um centavo sequer porque já os conhecia antes. Então realmente as empresas perdem dinheiro com isso aí. (Não tô sozinho nessa, muitas pessoas fazem o mesmo que eu)

          2. Mas não é simples assim, vc deixou de gastar, mas outros gastaram porque puderam ler pela internet. Não é diferente do conceito de demos e demonstrações em games. Vc pode testar um demo ruim e não comprar um game bom, ou testar uma boa demo e o game ser ruim.

            Entendo o contraponto, porém é um meio a meio,, as vezes é ruim, as vezes é bom. O difícil é quantificar quantos não compram porque leram na internet e quantos compram porque viram na internet. Só que no geral, por estar na internet, fica mais fácil de muito mais pessoas conhecerem, esse é um ponto positivo.

        1. ” Se minha única via de acesso a essas obras fosse pelo mercado formal, teria que comprá-las para formar minha opinião”

          Ouve uma época em que não havia net que pra você decidir comprar algo tinha que “dar uma olhada” na cópia de um amigo que já comprou, ou seja, na prática não é tão diferente assim do que fazemos hoje em dia.

          1. Acho que é diferente, já que uma olhada na cópia de um amigo daria apenas uma primeira impressão do produto. Poderia ser o suficiente para impulsionar alguém a correr atrás da obra, mas a menos que você compre (uma ou várias edições, tanto faz), leia e julgue por si mesmo, não haveria como determinar se você continuaria a coleção ou não. Uma conferida é diferente de realmente ter uma opinião a respeito.

            Mas com a internet, tenho todos os 42 volumes de Reborn a minha disposição, por exemplo. Aqui tem a possibilidade real de eu de fato ter uma opinião a respeito do título e determinar se vale a pena ou não colecioná-lo.

  4. Muito bacana a reflexão. Acredito que sempre que possível, é importante dar seu apoio de alguma forma, mesmo que seja comprando apenas na promoção.

  5. ótimo texto

    acredito que pirataria em si é um mal necessário, faz a indústria rodar, tanto é que o pessoal que faz game of thrones se orgulha em saber que sua série é um dos mais pirateados no mundo, eles não pensam, “nossa, tanto lucro que perdemos”, e sim, “nossa, nossa série é famosa, vai ter mais gente assinando o canal para acompanhar” acredito que mais empresas deveriam pensar nessa forma…

    Quando a pessoa gosta é natural que ela vai querer o original, com informações extras, acredito que o cara que consome pirataria e não compra o original, mesmo restringindo a pirataria ele também não iria atrás do original e as empresas perderiam o lucro do mesmo jeito.

    Não me entendam mal, não estou dizendo que tem que piratear e blá blá blá, só estou dizendo que pirataria é uma forma de divulgação mais “barata” por assim dizer e que tem mais resultados, mas ainda perde na divulgação boca a boca…

    Enfim, se não fosse esse compartilhamento digital, eu nunca teria uma coleção de mangás de diversos títulos na minha estante por exemplo, eu leio pela a internet e se eu curto a série eu compro, the walking dead eu conheci pela internet também e hoje acompanho pela fox quando eu posso e por aí vai…

  6. Sinceramente eu vejo a pirataria como uma coisa boa mesmo.
    Penso assim: ela é uma resposta direta à lei da oferta e da procura, quando a oferta é alta [no caso, infinita por causa da net] a tendência é o preço baixar. Mas as empresas não se dão conta disso e continuam a cobrar caríssimo pelo conteúdo. E aí não tem jeito. Se fosse em outra época os produtos encalhariam nas lojas e haveria crise [se não me engano isso realmente aconteceu um vez não?]. Mas nos dias de hoje a maioria simplesmente pirateia e apenas os mais abastados compram mesmo.

    Sei que é uma opinião simplista demais, mas sinceramente, eu já pensei e não consigo imaginar muitos contra-argumentos não.

    1. eu só não concordo em achar que ele é apenas boa. continuo da minha opinião de que é algo que pende para ambos os lados dessa discussão. é boa e ruim, dependendo da perspectiva de cada caso e situação na qual ela pode estar sendo foco da atenção.

  7. 90% do que eu pirateio na internet são séries de TV, e como esse é o meio ao qual estou mais ligado, posso dizer sem muitas dúvidas, a culpa disso é das próprias emissoras.
    Muitas delas hoje em dia estão abrindo os olhos e entendendo que o meio digital pode trazer lucro e vem se aproveitando disso. Se todas as emissoras liberassem para download os episódios das séries APÓS a exibição do mesmo na TV eu tenho quase certeza que o uso dos torrents pra isso seria muito menor. O que as pessoas mais querem com essa mídia é poder assistir sem que alguém diga quando ela deve fazer isso. Sem dizer que de todas as mídias atuais ela é a com maior facilidade de se aproveitar do modelo de distribuição online.

    A possibilidade de se adquirir conteúdo digital gratuitamente já existe, não há como acabar com isso mesmo, acho que cabe a indústria se adaptar e usar isso em seu favor. A TV começou a fazer isso, os músicos já vem fazendo a bastante tempo. Qualquer músico hoje em dia disponibiliza seu trabalho online, ele quer é a divulgação e lucrar em cima disso. Talvez aqueles artistas que só fariam sucesso se alguém os financiasse se sintam prejudicados, mas quem tem talento e sabe se aproveitar disso consegue seu lugarzinho ao sol, mesmo que seja só uma fresta.

    1. Hum, posso dar um exemplo nesse sentido, onde o oficial vence o pirata. Eu estou algumas temporadas atrasadas na série Bones e ela tem na Netflix. O que fiz então? Assisti toda a oitava temporada pelo serviço, sem a necessidade de baixar a mesma. E convenhamos, foi muito mais prático ver assim.

      1. Eu ainda acho a Netflix só um complemento do que realmente deveria acontecer. No meu modo de ver, as emissoras tem que disponibilizar os episódios online e lucrar com a propaganda em cima disso. Imagina um mundo onde vc não precisa esperar terceiros comprarem os direitos de exibição para poder assistir sem partir para a ilegalidade no minuto seguinte a exibição original do programa. Isso é o que deveria acontecer. O SBT faz isso aqui no Brasil e eu acho muito bom já que o único programa do canal que eu assisto é o The Noite que passa de madrugada, o pior horário da TV. Sempre assisto o programa no dia seguinte no horário que me for mais conveniente.
        Serviços como o Netflix deveriam existir para completar essa experiência, dando acesso a uma gama maior de programas de forma centralizada e prática como acontece, mas como é preciso esperar certa quantidade de tempo para que algo seja disponibilizado no serviço ele não deveria ser a prioridade como é hoje.

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