Impressões | God of War III – Ah, o doce sabor da vingança!

Antes de mais nada, quero deixar bem claro que gosto de mitologia grega e não, não gosto do Kratos. E não vou dar spoilers, fiquem tranquilos!

Terminei God of War já fazem alguns dias, e estava matutando se faria ou não esses post. Agora há pouco estava brincando com ele de novo e resolvi escrever um pouco sobre as impressões que eu tive, com o jogo já devidamente finalizado na dificuldade normal. Quem já terminou também, por favor, passe as suas impressões nos comentários, que é onde realmente quero desenvolver a coisa toda, ok?

O primeiro jogo, God of War, eu peguei para jogar por pura obrigação. Eu trabalhava em uma loja de games e era necessário que eu conhece aquilo que estava vendendo. Joguei mais para ter uma idéia de como era o jogo, assim como fazia com dezenas de jogos todos os dias. Passei algumas fases, e não encontrei nada que me prendesse a atenção. Na minha cabeça, Rygar era mais importante do que Kratos.

Já o segundo jogo eu passei batido, mas época já tinha saído da gameshop e nem tinha mais o PS2. Novamente, o jogo me foi bem recomendado, mas dessa vez eu iria deixar ele passar em branco mesmo. A última vez que joguei algo de God of War foi apenas uma fase de Chain of Olyimpus no PSP de um amigo meu. Chega então a vez do Santa Monica Studios me agraciar com sua mais bela criação: God of War III.

Estava dividido entre dar uma nova chance ao velho guerreiro (não, não o Chacrinha, por favor!) ou arriscar novos ares com os quatro protagonistas novatos de Heavy Rain. No fim, acabei me decidindo pela chuva pesada, mas não de água, e sim de sangue. Saquei a poké-bola e disse “Kratos, eu escolho você!”

Comprei a versão nacional, para ajudar a mostrar para a Sony daqui que sim, tem gente querendo que ela estabeleça laços mais estreitos com nosso país. O disco de jogo é importado, é o americano mesmo. Naversão BR só temos a capa e o manual feitos aqui. Na parte da frente da capa, tudo ok, mas infelizmente no verso não tem nenhuma impressão, o que destoa um pouco do padrão. Será que fazer a impressão do verso da capa deixaria o jogo mais caro? Bem, tive que baixar o verso da capa americana e imprimir para ficar esteticamente bem. Por falar em estética, a capa brasileira possui as dimensões menores na largura, então fica parecendo que está faltando um pedaço quando ela está colocada na caixinha do DVD, lembrando um jogo pirata. Ponto negativo aí para a Sony Brasil. A coisa melhora um pouco no manual, bem traduzido e colorido. Espero que nos próximos lançamentos a Sony Brasil corriga essa falha da capa.

Bem, falando sobre o jogo em si, vamos começar pela parte importante, que é a parte gráfica. God of War III sempre carregou a responsabilidade de mostrar o real poder do PS3. Nesse quesito, realmente, há muito pouco a se reclamar, e muito a se admirar. Mesmo eu, que não dou a mínima para a qualidade gráfica de um jogo, me vi surpreendido. Tecnicamente falando, é o jogo mais perfeito que já joguei. Tanto os cenários quanto os inimigos são altamente detalhados, adornados com uma riqueza de detalhes de tirar o fôlego até do mais profissional dos assopradores de velinhas de aniversário. Taxa de quadros estável, animações suaves, iluminação perfeita, texturas em ótima resolução e variadas, enfim, um show. Tudo coroado pela impecável direção de arte, trazendo à vida cenários mais orgânicos e menos parecidos com cenários de videogame.

Claro que tem horas que nem tudo são flores. Por mais que Kratos despedace inimigos, o sangue desaparece após alguns segundos, e o proprio Kratos parece que se lava “magicamente”. Por exemplo, quando você enfrenta um ciclope, a chuva de sangue é tão intensa que Kratos fica literalmente vermelho de sangue, mas logo em seguida ele toma uma “ducha do além” e já está normal. Tudo bem, afinal,  ele é um cara que ficou cinzento devido ter passado as cinzas de sua família morta em todo o corpo, e essa cinzas não saem nem quando ele mergulha na água, mas não deixa de ser engraçado. A boa noitícia é que só encontrei um bug! Teve uma hora que estava quase no fim, enfrentando mais um chefão gigante e peçonhento, que deu esse “bug” e Kratos ficou suspenso no ar, congelado, me obrigando a acionar o reset do console.

Infelizmente, assim como nos anteriores, quando você liquida os inimigos eles desaparecem. Isso é algo que eu odeio. nos jogos Seria muito mais impactante se você enfrentasse um exército de inimigos e eles fossem formando uma montanha ao redor de você conforme são mortos. Serve como atenuante o fato de que isso não é um problema só desse jogo, 99% dos jogos atuais carregam essa maldição desde a era Atari.

As cenas em CG estão muito bem feitas, e se integram perfeitamente ao ritmo do jogo, durando somente o necessário para se contar a história. Ainda são distinguíveis das cenas feitas com o motor gráfico do jogo, mas não comprometem a percepção daquilo que se está vendo. As CG’s usam a própria engine do jogo, porém são mais detalhadas, e por isso são pré-gravadas e não em tempo real, e por isso nota-se a diferença.

Mas o maior destaque para os gráficos ficam reservados aos momentos em que Kratos lida com personagens gigantes, nas quais você é reduzido ao tamanho de uma formiga frente ao gigante em que você está interagindo. A escala é tão intensa que faz o Chronos de God of War II parecer o Link miniaturizado da aventura Minish Cap. É nesse momento é que evidenciamos o poder do PS3 e a competência do Santa Monica Studios, pois tudo rola bem suave e sem falhas, e ainda assim a jogabilidade se desenvolve de maneira perfeita.

Já que citei a jogabilidade, devo dizer que ela é uma das coisas que menos me atraem no universo de God of War. No que diz respeito aos combates, Kratos conta um arsenal bem variado, permitindo fazermos diferentes estratégias para lidar com os inimigos. Embora outra maldição que o jogo carrega é a da repetição exagerada dos mesmos inimigos, me diverti bolando novas maneiras de dar cabo deles. Algumas vezes não deu certo, mas é aí que a graça da experimentação entra, pois você pode usar itens ou ações que tiram proveito dos inimigos para que eles mesmo se ataquem. Durante o combate, raramente a tela se enche de inimigos, coisa que eu esperava que acontecesse, mas quando junta alguns e todos eles partem para cima de Kratos e fazem “montinho” é divertido ver Kratos mostrando sua força.

Isso nos leva aos momentos mais polêmicos do jogo, que é a violência das cenas em que Kratos arranca pedações, estripa até as vísceras e desmembra os adversários. Tem gente que achou muito violento até para os padrões da série, mas eu curti de boa, e as execuções quebram um pouco da mesmice que se instala quando você só elimina os inimigos usando os combos com as armas.

Uma das coisas de que não gosto na série é o fato de não ter uma câmera livre para usar. Teve um puzzle em que  se eu pudesse olhar um pouco para cima ia me economizar um bocado de tempo. Eu entendo o motivo dos produtores optarem pela câmera fixa, mas podiam usar as duas opçoes de câmera. Essa limitação não chegou a comprometer, pois os ângulos costumam favorecer o combate, a minha reclamação só se faz valer na hora de resolverum puzzle. Ainda bem que eles são simples, nada que chegue aos pés da série Zelda, por exemplo, mas cumprem bem seu papel de diversificar a jogabilidade.

Só uma coisa. Kratos carrega 4 armas diferentes e mais alguns itens, mas todos eles surgem do nada ao serem acionados, eu gostaria que eles ficassem presos ao cinto, é muito estranho quando por xexmplo, você vai usar a cabeça de Helios, parece que Kratos tira a cabeça do pobre coitado morto do meio das pernas! Imagine só você ficar andando por aí com uma cabeça de um cara morto no meio da pernas durante dias… Essa é outra maldição dos consoles antigos que torço para ser quebrada nos jogos atuais.

Ah, e o mini-game de sexo, dessa vez não é nada escondido, pois é parte do enredo. Só que na “hora H”, a câmera desvia para o lado, e tudo fica na base do para “meio entendedor, meio gemido basta”, não há nada explícito. Eu esperava mais de um jogo com classificação 18 anos e com abundância de seios à mostra. Faltou ousadia (e culhões) para o Santa Monica, que devia aprender como se faz essas cenas tomando a série Mass Effect por exemplo.

Na parte sonora e musical, não há nada do que reclamar. A trilha sonora orquestrada é poderosa, e empolga nos momentos mais amenos, levando você a imprimir inconscientemente um ritmo de jogo mais acelerado. Quem dera que todos os jogos tivssem uma trilha que combinasse bem como o jogo como em God of War III! Os sons de batalha e obejtos são bem comuns, mas não deixam o nível cair, são bem colocados e num volume agradável, pois tem muito jogo de hack n’ slash por aí que só ouve barulho de espadas brandindo contra as outras…

A dublagem merece aplausos em pé. Kratos impõe respeito só com sua voz. Mas é engraçado notar que o jogo todo ele não fala, ele grita, e como grita! Como ele consegue gritar tanto e não rouco não sei, mas tenho dó da atendente da padaria quando cedinho o Kratos chega para ela e urra “ME VÊ CINCO PÃEZINHOS, AGORA!!!” Por sinal, o dublador de Kratos é um cara boa pinta e bonachão, nem de longe lembra o guerreiro espartano! A dublagem conta com nomes de peso como Malcolm McDowell, Rip Torn e Kevin Sorbo (sim, o Hércules daquele seriado dos anos 90, que também atua como o herói Prometheus no jogo The Conduit).

Para finalizar, God of War ganhou mais um adepto. Eu, que não era um fã da franquia, vou acabar comprando o God of War Collection. Continuo achando Kratos um personagem sem graça, mas a qualidade da fraquia, e em especial desse terceiro episódio, é inegável.

God of War III é um jogo que promete e cumpre cerca de 8 horas de ação intensa, excelentes momentos de interação do personagem com cenário/inimigos, desafio na medida certa, fechando com chave de ouro e uma suprema qualidade técnica em todos os campos. Destaco também o excelente vídeo-documentário e os demais vídeos-bônus. Ao assistí-los, fica comprovado o alto valor de produção do título. Enfim, para quem não é fã, como eu, recomendo, e para quem é fã, é item obrigatório na prateleira.

O Fantasma de Esparta conseguiu sua vingança. Ainda bem!

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