Restart: uma análise imparcial (com opinião) – letra por letra, música por música!

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Com todo o alvoroço que essa banda ajudou a fazer, eu achei justo fazer uma análise imparcial do conteúdo que é hit na internet (direta ou diretamente, com vídeos virais que só existem por conta do “efeito colorido” como: “P#@% falta de sacanagem!”), sucesso total em shows lotados e faturamento para as gravadoras.

Assim sendo, o CD “Recomeçar” dessa banda, que é formada por adolescentes de até 18 anos, foi totalmente dissecado! Isso mesmo, ouvi e li, música por música (por mais que tenha doído os ouvidos e piorado uma gastrite latente).

Dito isso acima, você que é fã do grupo deve estar pensando: “lá vem mais um rockeiro qualquer, militante qualquer, preconceituoso, etc”. Eu te respondo e garanto que estou longe disso. O que não impede de dizer que é mesmo um som muito ruim, passo a passo, rima por rima, arranjo por arranjo – mesmo que a gente considere que é voltado para adolescentes (mais para pré-adolescentes, é verdade) e feita também por pessoas que, por serem jovens, não teriam muito mais o que contar, já que nem tiveram tempo de vivenciar coisas mais “profundas”.

Bom, após o continue lendo, vamos começar da música 01 até a música 10, com trechinho por trechino, fazendo parte disso.

A faixa de abertura é a enérgica “Recomeçar”. Com 3:16min, um formato bem definido de estrofe + estrofe + refrão (ponte). Que volta para mais um: estrofe + estrofe + refrão (ponte), finalizando com refrão e ponto.

Em “Recomeçar”, o autor fala de um relacionamento que terminou e que não vai recomeçar (?).

Tudo isso é construído em rimas consideradas pobres (poeticamente falando):

“Mas não espero ver você voltar
E dizer que podemos recomeçar (…)

E não vou mudar e nem tentar entender
O que aconteceu ou vai acontecer (…)

Em tudo que eu queria te dizer
Mas não tive coragem de falar”

Falando sobre “arranjos”: a música tem poucos acordes que se repetem, com guitarras distorcidas que só alternam a forma de tocar o acorde (uma mais aguda e outra mais grave, para dar um “peso”, contudo, ainda “leve”). A produção, é claro, é limpa e bem feita – com tudo bem comprimido, voz afinada, e tudo o que um garnde estúdio sabe fazer para adequar ao mercado. Infelizmente, não soma em nada – nem em letra, nem musicalmente.

restartVamos a música 02: “Vou Cantar”.

O tema é mais uma vez um relacionamente. Dessa vez, a história de um cara que viu uma certa mudança na vida, não vai deixar sua garota ir embora e vai cantar para ela. A construção é a mesma da música 01 e a letra considero no mesmo nível: rimando coisas no infinitivo e sempre o mais fácil possível para ssimilar, como você + esquecer, te dizer + te ter, você + viver…

O mais me chocou, contudo, foi que toda a música se restringe a 3 estrofes diferentes, incluindo o refrão, e que se repetem alternadamente até o fim. É praticamente uma aulda de como fazer um hit adolescente, sabe?

“Vou cantar até você ouvir
Aquele verso que eu fiz para te ver sorrir
E dizer, talvez seja você,
Que me completa e me faz querer viver

Sei que os dias passaram
E eu vejo que o nosso pra sempre acabou
E nada do que nos foi contado,
Os desejos e sonhos que a vida mudou”

Musicalmente… Bom, nenhuma surpresa e diferença que valha ressaltar.

Agora, a música 03 “Amanhecer no teu olhar”.

Começa com a voz logo na cara e depois tem aquela pausa básica para entrar os instrumentos.

“Como se agora não existisse mais ninguém
Sobre a maior falta que eu sinto de alguém
É incrível como você me deixou assim
Pedindo a Deus pra que isso nunca tenha fim”

E as estrofes são cantadas com as últimas frases repetidas, tendência consolidada desde o aparecimento e NX Zero, por exemplo.

O tema é mais uma vez um cara que fazer a menina feliz. Eles passaram por momentos ruins e agora so importa ser feliz. O título é digno de uma música sertaneja (que tem essa característica de “dor de cotovelo”): “amanhecer no teu olhar”…

A partir dessa terceira música começo a perceber que é uma perda de tempo analisar uma por uma… Espero me surpreender em algum momento porque, até agora, encontrei apenas mais rimas no infinitivo, senso comum e fáicl assimilação…

“Já não importa o que passou
ou se tudo a gente errou
Deixe eu te fazer feliz
Como eu sonhei, como você sempre quis

Noites acordado sem conseguir te esquecer
Textos rabiscados procurando entender
Palavras que o tempo não consegue destruir
Por toda vontade que eu só encontro em ti”

Então, passo para a música 04:  “Sobre eu e você”

Essa música que deveria se chamar “Recomeçar”. Trata de um relacionamente que passou por fases difíceis e que a garota deixou o cara por outro que agora a ameaça:

“Você passou batido e não quis nem me ver
Arrumou outro para tentar me esquecer
Todos os planos preferiu deixar pra trás

E amanhã pode ser tarde demais
Talvez você não seja mais capaz
De ver o que a gente passou
De ver o que a gente passou
De ver o que a gente passou”

Tudo acontece em 3:11min. Aliás, todas as músicas tem de 2:55 a 3:32min, então não vou mais ficar citando o tempo, certo?

E sobre o resultado final dessa música, os refrões são gritados calculados – intercalando momentos altos e baixos, até terinar a música. Os arranjos são meio que música de vídeo game, sabe? Tipo “midi” de tecladinho… Eu, se fosse o produtor, não assinaria algo do tipo com meu nome verdadeiro. O que quero dizer é que é complicado a gente entender que o público alvo é de adolescente mais novinhos e tudo te ue ser mastigado. Mas, isso só acarreta em que tudo sempre será igual sempre e ninguém vai evoluir, sabe?  A geração tem ouvir coisas que argumentem sobre a vida de outras formas – porque ser adolscente não é SÓ chorar e curitr namoricos… é se divertir, errar, querer aprender…

restartBom, voltando. Música 05: “Levo Comigo”.

Clipe estourado e principal música do disco – foi o single que mais “bombou”, digamos assim.

E eu quis escrever uma canção
Que pudesse te fazer sentir
Pra mostrar que o meu coração
Ele só bate por ti.

Como uma bela melodia pra dizer
O que eu não consigo explicar
Como uma bela melodia pra você ver
Tudo o que eu queria te falar.

E dizer que é você
Que pode me mudar
Que pode me salvar”

Tenho que adimitir que ela tem um apelo balada/romance bem forte. A voz no refrão gritado, terminado com um efeito que eu chamo de “voz de robô” é um clichê básico para se criar uma trilha que será muito escutada… Os arranjos se repetem a música toda: inclusive tem uma guitarra que toca a música INTEIRA de fundo!

Segue a linha estrofe + estrofe + refrão. Repete tudo e entra o que a gente chama de “ponte” – que é quando muda um pouco a ordem do acorde e quebra para netrar no refrão novamente, sabe?

“E eu vou te esperar aonde quer que eu vá
Aonde quer que eu vá
Te levo comigo”

Isso é clichê desde “I will be there”, sabe? E essa frase já foi gravada, regravada mil vezes…

Música 06: “Lembranças”.

Seta música e pela sexta vez a música começa com suas estrofes e seguido por um refrão e um momento em que se toca a introdução novamente. Em seguida, mais estrofe + estrofe + refrão e aí a ponte (que muda um pouco, pra “chamar” para o refrão novamente).

O tema é “com você que eu quero estar” e a letra segue o padrão de rimas. Ate agora, em todas as 6 músicas, rimas com a palavra “você” aparecem e a temática é sempre a mesma. Ou seja, são seis músicas, basicamente utilizando cerca de 40 palavras diferentes para construir o conteúdo… (40 é exagero! Umas 60, incluindo artigos e preposições!).

“São lembranças que o tempo não pode mudar
Foram promessas que a gente fez sem pensar
E no final é de você que eu vou lembrar

Se eu te dissesse que o mundo não pode parar
E mesmo longe é com você que eu quero estar
E no final é com você que eu quero estar”

Essas duas estrofes se repetem 6 vezes em apenas 3 min de música…

Música 07: “O Meu Melhor”

Se a essa altura minha ironia já está totalmente exposta, não me culpem!

“Quantas vezes sem você
Procurava encontrar um motivo,
Uma razão, que me fizesse levantar

Esconder as feridas que não vão curar
Como me sinto longe de você, pareço não estar
Perto do céu e das nuvens
Onde o sol reflete só você

Vem aqui pra me dizer
Que o meu melhor não é o melhor pra você
Se eu te disser que vai mudar
Que eu não sou nada sem você

“O Meu Melhor” acaba rapidinho com a repetição constante das estrofes acima e aquela boa e velha quebrada no ritmo, com uma monte que muda as frases. No mais, é só isso! Acredito que esse não seja o melhor que eles podem dar – quero acreditar nisso, eu acho!

Os arranjos continuam repetidos atrás, como se fosse uma abertura de desenho, sabe? (sem ofensas às boas aberturas). Dessa vez, em vez de uma guitarra por trás o tempo inteiro, é um tecladinho…

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E chegamos à música 08: “Ao teu lado”.

Advinhe o tema? Então…

“Quando eu acordar, quero enxergar teus olhos ou talvez
Sem pensar, deixar tudo, tudo, tudo pra depois

Chance de viver sem se arrepender mais
Tudo o que passou vou deixar pra trás, pois
É só com você que eu quero viver
Vou fazer valer, vou fazer valer

Já te disse que quero viver todos os meus sonhos junto com você?
Quando tudo isso acabar, ao teu lado eu quero estar”

Tem um “uo ô ô ô” para alterar a letra, mas é só. O tema é claro é o perdão de uma desilução amorosa… Essa é a pior do disco, se me permitem falar. TODAS as músicas começam e terminam igual… com o refrão cantado no final e finalizando de repente ou soando um acorde…

E a música 09: “Final Feliz”.

O autor parece comemora o bom resultado do namoro! Finalmente não é uma desilução, uma superação de uma dor de cotovelo. É uma letra besta, mas, feliz, daquelas de verão no litoral com uma paixão de 12 anos de idade, entende?

É por isso até que fiz o post, pra tentar achar esse lado positivo no movimento colorido… está difícil, mas, pode ser que cheguemos lá vivos!

“Escrevo essa canção mais uma vez pra te dizer
Aquilo tudo que meus olhos não conseguem esconder
Pois hoje sei que achei o que eu sempre quis
Só em você consigo ver o meu final feliz

E é com você que eu vou ficar
E eu só queria a chance de falar

Eu te amo e pra sempre com você eu quero estar
Viver em meus sonhos é te encontrar
Eu te amo e pra sempre com você eu vou estar
E aqui ou em qualquer lugar”

E enfim, a música 10 – a última do disco, com um nome super original (porque tá acabando ora!): “Bye Bye”.

Está última manda a garota ir embora: cansou dela e vai viver! Sempre fala de cartas (em 3 músicas), sempre tem você + ser + viver, enfim…

“Vou viver, com ou sem você
E aprender, a ser melhor assim
Pois tudo o que eu fazia nunca parecia o bastante pra você
Adeus vou te esquecer.
e eu disse bye bye
Adeus vou te esquecer.
eu disse bye bye.”

No final, sobe um tom e repete tudo de novo, terminando mais uma vez, repentinamente, tudo lá no alto, bem pra cima: “eu disse bye bye!”.

Conclusões: Alguns deves estar pensando agora: “que mané louco! Escutou o disco inteiro do Restart, leu as letras e tudo mais?!”.

Eu digo o seguinte: não falo sem saber do que estou falando – para o bem ou para o mal. Assim como você pode comentar sobre um filme que não viu, não pode sair por aí julgando uma banda, movimento social, cultural, etc., se não se aprofundou.

O que eu concluo então é que realmente eu lamento o fato de tais coisas estarem com tal notoriedade e fama. Esses são os novos formadores de opinião dessa geração. Pessoas que não têm o que dizer, preocupadas com a aparência e com a “pegação” acima do conheicmento, da crítica e da própria vida.

Não tentam ser diferentes, não tenta somar à sociedade – a não ser no próprio bolso.

Ounvindo e vendo isso, dá uma certa nostalgia de quando Sandy e junior eram sucesso com as regravações de Power Rangers ou “‘Vamo’ Pular”, entende?

Porque não tinha pretensão de mudar nada, nem de lançar moda: era música pra adolescente curitr nas festinhas e só.

Não entendo as meninas correndo, desde à época dos Beatles e não é agora que vou entender. Não me importa também se eles vestem de rosa, azul, vermelho, com cabelos e maquiagem pronta ou se, nas entrevistas que eu vi, SEMPRE pareciam programados, como garotos que gravaram para apresentar um trabalho de escola.

Me importa o que têm a dizer e como podem influenciar uma geração – aliás, a geração mais beijoqueira da história. Não sou puritano, longe disso, mas, acredito que as fases tenham de ser vividas…

restartBom, sobre o disco, tudo ali é obra de produtor – músicos gravaram aqueles instrumentos, afinal, eles mesmo disseram que não sabiam que o bumbo da bateria tem que “colar” no baixo… Então, não sou eu quem está falando que não sabem criar, compor e executar, entende?

Por fim, não recomendo e fico triste com essa geração perdida nas modinhas efêmeras de cada semana e mês. Não tem sustentabilidade, não causa ideal a não ser uma simples rebeldia e preocupação com aparência (eu tive 17 anos e não me maquiava, nem era automático – fala pra câmera na hora certa, manda o beijo na hora certa, enfim).

Eu acho que se instalou um caminho sem volta em todas as formas de arte: um “emburrecimento”, para facilitar o acesso e mastigar o máximo possível. Nisso incluo Restart e suas rimas “você”, Saga Crepúsculo (que não tem UMA descrição sequer de cenário, de ambientação, noção de tempo, suspense, supresa etc.) e tudo aquilo que não é feito e difundido por amor à arte – mas pelo reconhecimento massivo.

Leiam as letras, escutem as músicas e aí opinem – seja com seus amigos ou com “profissionais”, entende? Seja sobre o alternativo, sempre dito como intelectual e o “melhor” ou a moda mais meanstream – a sua opinião imparcial é que deve valer.

E essa é a minha!

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2 Comentários

  1. Olhe de outra forma. Se as letras não possuem significado aparente, então elas não extendem a mente analítica ; mas se elas são formas de expressão, então elas devem extender outra faculdade mental. Se elas foram feitas para serem decoradas e repetidas, elas não são extensões do sentido da abstração ou do sentido da audição, mas sim extensões do tato. Os ouvintes de Restart cantam suas músicas mais do que pensam-nas ou as escutam-nas ( em sentido diferente de “ouvem-nas” ): a “família restart” compõe-se de pintores em aquarelas audíveis, rústicas e previsíveis. Ora, se as músicas do Restart amputam outros modos de percepção a fim de potencializar o tato, não devemos nos surpreender quando você afirma estarmos diante da “geração mais beijoqueira da história”: pois o beijo nada mais é do que uma extensão do tato, um modo participativo de percepção no sentido háptico aristotélico reforçado na “De Anima” de Aquinas, tal qual o é essa música. Não a toa nós, habituados a reflexão e modos mais privados e não-participativos , chamamos os fãs de Restart de demasiado “sensíveis”, quiçá “homossexuais”: nós percebemos, mesmo que inconscientemente, a natureza de suas extensões.

    Suas roupas coloridas não se enquadram nas categorias modernas de vestimentas padrão ocidentais, e portanto evocam uma apreensão háptica e não simbólica. Não há palavras para as roupas da família Restart enquanto modelo-padrão: elas, assim como a sua música, recusam abstrações categóricas. Portanto, elas se definem como extensão da pele por serem individuais, em oposição a tradicional confinação do espaço háptico dos ternos e jeans: ela é uma exteriorização do toque e um convite a ele, tal qual a (falta de) vestimenta nos bailes funk.

    Ora, tal modo de percepção háptico estava presente nos spirituals e perdurou em certas correntes do blues rural ( “They’re Red Hot” de Robert Johnson / “Shake ‘Em on Down” de Bukka White ) ; o percebemos em Mr. Catra e Valeska; de fato, Mr. Catra já fora visto com NX Zero, o que comprova essa afinidade. O típico modo de expressão do fã de Restart, conforme visto em “Pela última vez”, o celular: háptico por natureza, vide “Understanding Media” de McLuhan. Joyce disse “Television kills telephony in brothers’ broil”, mas se refere à televisão de baixa definição, táctil, a qual definiu Woodstock, e não à televisão de alta definição, visual como o cinema. Joyce previu o surgimento dessa TV HD: “looking through at these accidents with the faroscope of television, (this nightlife instrument needs still some subtractional betterment in the readjustment of the more refrangible angles to the squeals of his hypothesis on the outer tin sides)”, e conforme ela surge o celular volta à hegemonia e se favorecem os modos de percepção que uma vez tentaram manter os spirituals frente a um behemoth tão não-participativo quanto a TV HD: a alfabetização, a aculturação da mente africana.

    O proibidão, o happy rock e as raves se somam ao seu repertório de tecnologias favorecidas, seu habitat natural – o celular e o messenger e o orkut – para evitar uma crise generalizada da semântica, uma desreferencialização e dissociação da palavra de seu referente e significado, a qual assolaria os jovens expostos a mídias menos participativas – as escolas, a TV HD, os jornais – caso elas continuassem a sobreviver como único modo válido de expressão. Sem Restart, temeriamos pelo caos e pelo fim do processo histórico da civilização ocidental antes do devido momento, 21/12/12 11:11 am universal time.

    Compreendo que conteste a falta de significado das letras; mas ela só está aí para que em outros lugares ele se preserve.

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