Deus Ex H.R: a vida é feita de escolhas, os games também! [Impressões] [PS3/X360/PC]

Escolhas, a vida é feita de muitas escolhas. Elas podem te levar a inúmeros lugares ou à parte alguma. Podem decidir o seu futuro e até mesmo o futuro de todos que o cercam. Essa é a lição que Deus Ex: Human Revolution tem a nos ensinar, ainda que com alguns aspectos deixando muito a desejar.

Evolução para os humanos, revolução para os terroristas

A era das próteses cibernéticas enfim chegou, mas essa revolução tecnológica não parece fazer bem ao mundo, em especial à triste e cinzenta cidade de Detroit. Nela as indústrias Sarif reinam como a empresa mais poderosa no assunto. Porém com a evolução também chega a revolução e ela infelizmente quer mais uma vez figurar ao lado das vontades de terroristas e mercenários dispostos a mudar a realidade a sua volta com tamanho poder em mãos.

Dito isso, conhecemos Adam Jensen, o chefe de segurança das Indústrias Sarif, que dá início à história junto a Megan, uma ex-namorada sua. Juntos eles vao participar de uma importante audiência na sede da empresa para discutir uma futura regulamentação da ainda recente tecnologia de aumentos, como são chamadas a adições de próteses robóticas de alta tecnologia projetadas para os humanos. Mas antes que a reunião comece, um ataque surpresa ocorre e Adam tentando salvar Megan acaba entre a vida e a morte, sendo salvo numa mesa de cirurgia pela mesma tecnologia com a qual trabalha. Com um grande número de baixas na empresa, o que inclui sua antiga namorada Megan, Adam repousa por seis meses até voltar a ativa em busca de respostas sobre quem foi o verdadeiro culpado pelo ataque à Sarif, mas o processo não será fácil e ele vai descobrir que o mundo à sua volta está mais podre do que ele imagina.

A primeira vista, mais um shooter com gráficos a desejar, porém…

Deus Ex: Human Revolution se passa antes dos outros dois games da série, então ainda que você não tenha jogado Deus EX e Invisible War vale a pena dar uma olhada no terceiro game da franquia. Human Revolution trata muito bem da ação, conspiração, histórias dentro de histórias e tantos outros mínimos detalhes que você dificilmente vê num game onde 90% do tempo estamos em cenários com visão em primeira pessoa e com uma arma na mão, no já conhecido aspecto de um game de shooter. Mas não se engane, encare ao menos uma missão ou corra atrás de informações com as pessoas certas e se possível encontre todos os buracos onde você puder entrar na cidade de Detroit e você verá que o game vai muito além da famosa troca de balas entre o mocinho e os bandidos.

Que comece a caça

Adam Jensen era um ser humano comum, assim como eu e você, mas após o ataque às Indústrias Sarif o protagonista passa por uma delicada cirurgia que lhe adiciona próteses robóticas para quase todo o seu corpo, tornando-se basicamente o novo Robocop do pedaço. Na teoria seria incrível se tornar um ser assim, super força, alta inteligência e quem sabe que outros upgrades um ser assim poderia receber. Talvez só o céu se impusesse como limite. Porém na vida real a situação não é bem assim. Adam acaba de perder uma das mulheres que significou muito em sua vida e apesar de andar pelas ruas de Detroit ser comum a visão de facções de homens armados com algum tipo de prótese proveniente da mais nova tecnologia, o game deixa a sua escolha como o seu Adam Jensen se sente a respeito desta situação.

Em vários momentos, especialmente no início do game, você é questionado diversas vezes sobre a sua nova aparência. Você passa pelos figurantes da empresa e pode colher a opinião de cada um. Pode ter certeza de que todos terão algo a dizer sobre o seu novo visual. Se você ignorar o contato com eles também não há problema, existem cutcenes cruciais para o entendimento da história onde você vai se deparar com esse tipo de situação, como por exemplo numa das primeiras conversas com Malik, a piloto da empresa que leva você às várias localidades do jogo onde Adam busca pistas sobre o ataque ou num diálogo dentro da central policial, onde Adam encontra um velho conhecido que se mostra surpreso e ao mesmo tempo triste, culpando-se pelo que aconteceu com o protagonista.

A maioria dos diálogos vai muito além de sentar e ouvir a história. Deus Ex sempre que possível força você a fazer escolhas que podem mudar os rumos da história mais a frente, bem como pode lhe abrir portas para prosseguir ou te deixar preso tendo que encontrar outro método para seguir em frente. Você tem não só o direito de questionar tudo o que ouve, como também concordar ou simplesmente bancar o revoltado e ser o mais estúpido possível.

Neste ponto Deus Ex trata com maestria o envolvimento dos personagens secundários com Adam. A única falha nessa inovação toda é o fato de que os personagens não possuem apelo suficiente em suas expressões para transparecer algo mais real, os gráficos também não ajudam e até mesmo é possível ver que muitos dos movimentos e gestos utilizados durantes os diálogos são reutilizados em outros personagens. Nada que estrague o brilho da trama e seu gameplay, mas poderiam ter caprichado bem mais nesse detalhe.

Deus Ex lembra você que a vida é feita de escolhas

Tanto a cidade de Detroit como as outras que você visitará tem um espaço realmente incrível para se explorar. Caso você se perca no meio das opções inicialmente antes de descobrir que temos o bom e velho mapa para ajudar, você pode se perder sem esforço pelas ruas da cidade. O game tem características de um open world, ainda que eu não o considere tanto assim. Porque a surpresa não está em poder fazer o que bem entender com os outros nas ruas bem ao estilo GTA e tampouco a vastidão das localidades, mas sim as diferentes passagens secretas que você pode encontrar explorando mais a fundo.

90% da trama de Deus Ex trata de infiltração e não estou falando de apenas correr para a cobertura mais próxima ou tentar entrar dentro de uma caixa para homenagear o Snake. Em algumas ocasiões também se faz necessário usarmos das habilidades de hacker de Adam, muitas vezes auxiliado por Pichard a distância. Nada que seja muito complicado, é mais como se fosse um mini-game daqueles bem intuitivos, feitos para qualquer um entender logo de cara. A exploração dos diferentes ambientes também guardam e-mails confidenciais, cartões eletrônicos e mais uma infinidade de coisas que você teoricamente não deveria xeretar.

A história também se divide em missões principais e as side quests. Fica a seu critério dar um andamento mais rápido à história ou salvar um fraco e oprimido sempre que possível. Você não é obrigado a cumprir nenhuma delas, mas sempre terá de fazer uma escolha que pode deixar alguém próximo ressentido, em dúvida ou mesmo a espera de uma mudança de opinião sua.

Dentro das missões principais as escolhas estão espalhadas por todos os lados. A começar pelos caminhos que você pode fazer até chegar no seu verdadeiro objetivo. Seguindo pela direita você pode encontrar um bom duto de ar e cortar caminho, seguindo pela esquerda você pode dar de cara com uma horda de guardas e ter mais trabalho e pelo centro você pode descobrir que há uma bela escada para seguir para o andar superior sem que ninguém o veja, o leque de equipamentos a sua disposição vem logo atrás. Armas temos muitas, mas é de bom grado economizar, pois a minução aqui realmente não dá em árvore. Você vai encontrar muita coisa útil pelo território inimigo, mas o que sustentará mais o seu inventário serão as armas deixadas pelos inimigos abatidos.

E é nessa hora que mais uma vez as aparências enganam, para quem achou que Deus Ex era só mais um shooter em primeira pessoa, melhor repensar o assunto. Você até pode adotar um estilo mais explosivo e sair derrubando quem você vir em sua frente, mas você terá pouco sucesso na empreitada até pegar as falhas da inteligência artificial do game, o que infelizmente nem é tão difícil assim. Porém ser discreto ainda é mais rentável e para isso o game alterna entre a visão de 1º pessoa para atacar e a visão de 3º pessoa para usar paredes, caixas ou colunas como cobertura. A visão em 3º pessoa também dá o ar da graça sempre que você resolve derrubar alguém no braço com belas cenas do Adam aplicando golpes que chegam a doer só de dar uma olhada. Só que tudo tem de ser muito discreto, ao derrubar um desavisado é de bom tom esconder o corpo o mais rápido possível, depois você saqueia os pertences do rapaz e segue em frente.

Ainda há a possibilidade de usar outros itens como bombas explosivas ou paralisantes, cerveja para recuperar as forças (Duke mandou lembranças) e até remédios para se manter em pé por mais tempo (isso não soou muito bem). Mas a graça da coisa toda está mesmo em evoluir o personagem com upgrades. Eles são numerosos e assim como o sistema interessante de evoluções visto em Borderlands, a visão em primeira pessoa em Deus Ex vai ficando cada mais animadora de se explorar com as novas habilidades adquiridas.

Infelizmente não é muito fácil conseguir pontos suficientes para o próximo upgrade, eles são quase escassos e para conseguir a maioria deles você deve insistir nos diálogos que geralmente lhe rendem não só o direito de evoluir o personagem como também são a parte mais importante para se obter as conquistas (ou troféus) do game.

Mais poder para levantar objetos pesados, mais rapidez para correr e pular mais alto, habilidades especiais como ficar invisível por alguns instantes e por ai vai. Tudo isso e muito mais lhe será útil na hora certa, mas como Jensen não é um Robocop overpower de nascença, é você quem fica encarregado de tratar da evolução do rapaz.

A primeira vista Deus Ex também pode soar para alguns como um game que deixou de lado a ação e se focou demais nos diálogos. Se você é um deles tenha calma, na vida real tudo tem a sua hora e aqui não é diferente. O primeiro embate com um terrorista pro exemplo, vai exigir que você convença-o  com suas idéias ao invés de partir para o ataque. Qual a conclusão certa? Ela simplesmente não existe, é só o começo do caminho que você mesmo escolheu. E assim como como alguns momentos pedem que você pare e faça escolhas, outros exigem total dedicação ao combate, só que em Deus Ex o buraco é literalmente mais embaixo, portanto pare (se assim for possível) e observe o local ao seu redor, muitas vezes você pode se achar sem saída contra um feroz inimigos tentando te estraçalhar a balas, mas assim como o mundo aberto do game te permite mais de um caminho e assim como as missões lhe permitem mais um modo de atuação, os combates mortais sempre te dão mais de uma opção para derrotar um chefão e você pode se surpreender com os detalhes que o seu desespero não farão você enxergar.

Finalizando

Deus EX: Human Revolution vai muito além do que só as aparências conseguem mostrar. Claro que para os fãs de longa data, todas as características citadas acima já devem ser bem mais do que conhecidas, mas a quem se viu em dúvida com o jogo só posso reforçar a indicação. antes ele não era o game mais esperado do ano para mim, mas hoje já o coloco como um dos melhores de 2011.

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5 Comentários

  1. Muito bom mesmo! 😀

    O jogo faz boas criticas a sociedade e a partir das escolhas feitas, se forem feitas segundo quem joga e nao aleatoriamente XD, também dão dicas sobre o que nós desejariamos do mundo! 🙂

  2. Excelente matéria. Gostei muito do Deus Ex:HR, acho que até o momento é a minha escolha para GOTY. O sistema de evolução do personagem é perfeito, cada escolha tem uma recompensa direta no gameplay, e as fases tem um excelente design capaz de atender cada tipo de jogo. Claro que também ajuda os belos gráficos (joguei no PC), assim como a excelente história.

  3. eu discordo da opinão da maioria das pessoas
    acho que Deus Ex: HR ta sendo injustamente glorificado. no quesito gráfico: é ruim pros padrões de hoje. a textura é mal feita, não tem variedade alguma (você pode até dizer que era pra ser assim mesmo, mas não…tudo só tem uma cor só, o lighting effect é porco), o gráfico das pessoas é ridííículamente ruim, aquele policial corrupto logo do começo do jogo.. pensei que eu tava de volta em racoon city com o Leon e a Claire la no psOne. nem em cutscene o jogo é bonito! e o pior de tudo, come o computador essa coisa! meu pc é bom, mas pra deixar tudo no max as loading screens ficaram graandes demais. requisitos demais pra pouca mercadoria.
    o sistema de combate… péssimo! tem que ser tudo no stealth mesmo porque atirar nos outros é uma péssima ideia! nem sei pra que tem arma no jogo. se quer me dar opção de não só ser stealth, pelo menos me da um arsenal bacana e que funcione direito, com umas mecânicas boas! deviam ter aprendido de splinter cell conviction 😀
    quando a gente fala com as pessoas… elas se mexem de um jeito esquisito, sério, é muuito estranho.
    eles tentaram um efeito Mass Effect nos diálogos e não funcionou nem de perto comparado com os games da Bioware. a história é horrível, o diálogo da pra rir nas situações que eram pra gente estar triste.
    e tem hacking demaaaaaais demais.
    o que eu gostei foram as augmentations do Jensen, principalmente cloaking, muito bacana!
    mas mesmo nas augs tem problema… só faz recharge de uma barrinha, o que te obriga a gastar ponto valioso naquele negócio de recuperar ela mais rápido…
    e o Jensen em sí é um personagem tosco 😀 a voice actor dele também não ajudou nisso eu diria.

    os GOTY desse ano tão por vir ainda! Batman, Battlefield 3, RAGE! esses sim haha

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