Rare Replay | 30 games e uma merecida história a ser contada!
No próximo dia 12, agora de novembro mesmo, o Xbox One irá finalmente liberar seus sistema de retrocompatibilidade e com isso diversos jogos do Xbox 360 passarão a estar disponíveis no console, entre alguns destes títulos, várias produções da Rare.
Quem vem do 360 e já os tem poderá baixar sem qualquer problema, e quem não teve a oportunidade de experimentar na geração passada games como Kameo ou Viva Piñata finalmente o poderá fazê-lo, desde que os adquira pela página da Xbox Store (diretamente pela loja do Xbox One no console isso ainda não será possível).
E é aqui que entra Rare Replay! Coletânea lançada em agosto deste ano, contendo 30 games do estúdio Rare e não somente 30 games quaisquer, mas 30 games que contam uma história que há muito merecia ser contada.
Claro que você pode dizer que é uma história incompleta, pois nós não encontramos os games na qual a Rare desenvolveu sobre o guarda-chuva da Nintendo, como Donkey Kong Country ou Star Fox Adventures, porém se tem algo que Rare Replay conta muito bem é que a Rare é um estúdio que merece ser lembrada por muitos mais méritos do que apenas aqueles dos games na qual o estúdio produziu exclusivamente para as plataformas da Nintendo.
Teria sido épico se a Microsoft tivesse feito um acordo com a Nintendo para que a mesma liberasse tais títulos para a coletânea? Claro que teria, porém o fato deles não estarem, também não prejudica tanto quanto você possa achar que sim. Ah e antes que você diga que é loucura pensar nessa possibilidade, lembre-se que na geração passada a Microsoft autorizou que uma das franquias da Rare fosse lançada em uma plataforma Nintendo. Viva Piñata chegou a sair em uma versão pocket para o Nintendo DS. Nada é realmente impossível no mundo dos negócios, apenas este é um caso que não aconteceu. Paciência e bola pra frente.
Uma história e uma Rare escondida no tempo!
Uma das coisas que mais me chamou a atenção em Rare Replay foi a apresentação geral do título. A coleção mescla um pouco de game e documentário, na qual toda ou boa parte da essência, do jeito e da filosofia da Rare é exposta de uma forma que jamais havia sido mostrado aos fãs e a comunidade que segue suas produções.
O game apresenta um sistema onde você completa desafios na quais tickets são liberados e com isso vídeos contando a história de grandes games da Rare e outras curiosidade são destravados.
E não são vídeos mal produzidos. É justamente o contrário. Eles possuem todo uma qualidade que documentários como Indie Game – O Filme, Atari – Game Over e Video Games – O Filme tiveram nestes últimos anos. Alias se você ainda não viu algum desses documentários, por favor os veja! Todos podem ser vistos no Netflix.
Os documentários trazem comentários dos próprios criadores de franquias icônicas que estão na coletânea, explicando como chegaram ao conceito dos games, qual a intenção do estúdio na época em que foram criados e curiosidades de bastidores jamais revelados.
É incrível saber que Battletoads foi criado em 1991 por puro merchandising, para que Rare pudesse criar a maior quantidade de produtos possíveis com os personagens, e que eles foram inspirados nas Tartarugas Ninjas, na qual o desenho animado na TV era um grande sucesso na época. Alias Battletoads também teve um desenho animado, que não é tão conhecido aqui no Brasil. E fica claro que de forma alguma a Rare esperava que o game se tornasse um game cult como é nos dias de hoje. A história ainda continua com a sequência nos arcades na qual os produtores contam que na época como eles não podiam ser violentos demais em um console Nintendo foi no arcade que tiveram a chance de extrapolar. Sem falar que ainda fica bem claro o desejo que a empresa tem de criar um novo Battletoads.
Outras grandes histórias que posso dar de exemplo foi a criação de Kazooie em Banjo, na qual os produtores queriam um pulo duplo que fosse algo mais prático do que os saltos do Mario em Super Mario 64. E a posição da Nintendo quando Conker’s Bad Fur Day estava em produção? Está tudo na coleção! Falar da Nintendo não é um tabu, muitos dos títulos da coleção foram originalmente lançados na Nintendo, então os produtores precisavam falar sobre curiosidade da época.
Inclusive a história da conexão de Banjo-Kazzoie com Banjo-Tooie e o porque de não ter funcionando como originalmente deveria ter sido é bem curiosa, pois os produtores contam que queriam utilizar um bug que o próprio Nintendo 64 tinha, mas que a Nintendo os alertou que isso poderia não ser real para todos os consoles, o que talvez fosse algo que tenha sido consertado na produção dos consoles na época.
E isso é só parte da quantidade de histórias e curiosidades que existem em Rare Replay. Fora que tudo isso é aberto aos poucos, enquanto o jogador vai conhecendo a jogando os games da coleção. Inclusive há toda uma sessão de games jamais lançados que é incrível e triste ao mesmo tempo. Kameo 2 teria sido fantástico.
Você passa a ver a Rare diferente após ver sua história em Rare Replay. Há toda essa ideia de que a empresa não é mais aquilo que foi no passado ou que a Microsoft há estragou. Não há muito disso nos documentários que vi até aqui, porém eu apenas acho que foi uma fase ruim. Quem acompanha a Rare agora nas redes sociais e em seu canal oficial no You Tube percebe que a empresa parece que está se esforçando para voltar as suas origens, em ter ideias malucas e procurar resgatar novamente aquele diferencial que ela sempre teve.
Os games e a missão de conhecer todos!
Como uma coletânea de games pura talvez Rare Replay não seja assim tão interessante ou atraente. É o conjunto da obra (games + história) que a torna memorável, entretanto há títulos ali que se até hoje você não os jogou, estes por si só já valem a aquisição de toda a coleção.
No meu caso, meu interesse veio por talvez dois ou três títulos apenas. Eu queria muito jogar novamente Battletoads, e em um formato remasterizado, porém mantendo as origens clássicas. E foi uma grata surpresa encontrar a versão arcade da franquia na qual nunca tinha jogado.
Conker é outro título que sempre ouvi pessoas comentando e nunca joguei. Ele saiu nos momentos finais do Nintendo 64 e nessa época eu já não tinha mais o console – já havia migrado para o PlayStation. Ele chegou a sair com pequenas modificações no Xbox original, mas aí está um console que nunca cheguei a ter e o Xbox 360 tinha ele na biblioteca de originais, mas nunca o achei por um preço justo. Esta é a primeira vez que posso ter um contato com o título, ainda que agora, visualmente ele dê aquelas sinais de um game realmente antigo, tal qual Mario ou Banjo-Kazooie também pareçam.
Claro que algumas outras coisas são mais do que bem vindas. Por exemplo, adora o fato de que o primeiro Viva Piñata está incluso na coleção. Ele foi, se não estou enganado, o primeiro título 100% localizado com dublagem em português a sair no começo da vida do Xbox 360. Hoje em dia é normal os games chegarem dublados por aqui, mas na época do Viva Piñata isso era muito incrível. A minha esposa sempre adorou a série, mas especificamente o primeiro que é dublado. O segundo game da série, Trouble Paradise, na qual eu acho muito mais legal, ela já não gosta por ele nem sequer ter legendas em nosso idioma. E eu tive ambos os games no Xbox 360 e os vendi (apesar de que Viva Piñata 2 ter pego novamente na Games With Gold), então é uma oportunidade de rejogar não apenas para matar a saudade, mas até para apresentar ao meu filho de 3 anos. E pra mim isso é muito bacana.
Banjo! É óbvio que todos os games da série Banjo-Kazzoie não poderiam ficar de fora dessa coletânea. E não estão! Os dois games da série do Nintendo 64 e também o da geração passada, o polêmico Banjo-Kazooie Nuts & Bolts, que apesar das duras críticas que ele recebe até hoje, eu o ainda acho-o um bom game. Não é o Banjo que todos esperávamos ou que merecíamos, mas ainda é um Banjo-Kazzoie, como vários elementos e humor que a série conseguiu. E posso contar um segredo? Eu comecei a jogar Nuts & Bolts no Xbox One através dessa coleção e não é que achei o jogo ainda melhor do que quando o joguei no Xbox 360? Talvez seja algo de nostalgia, talvez hoje eu o entenda melhor, ou talvez seja porque eu sei as muitas loucuras que criei e experimentei na primeira vez que joguei o título. E sim, eu acho que a Rare deveria fazer um novo Banjo-Kazooie, e até mesmo se fosse um Nuts & Bolts 2, eu o compraria!
Bem, não tem como falar título por título aqui. Eu ainda quero sim fazer alguns diários de jogos de alguns dos games de Rare Replay. Futuramente, após passado essa fase turbulenta de lançamentos de final de ano, quero me dedicar com mais calma nessa coleção.
Mais alguns detalhes…
Alias um feature curioso que Rare Replay possui diz a respeito a alguns dos games mais antigos da linha do tempo do estúdio. Muitos deles são apenas para você ver como a era dos poucos bits não era tão interessante quanto a gente se lembra, entretanto são nestes games que a Rare criou a opção de rebobinar o gameplay. Assim sempre que você morrer, você pode voltar alguns segundos e consertar seu erro. Isso é útil pra caramba em Battletoads, já que só assim eu consegui passar a fase das motinhos. Sim! Depois de adulto, barbado, com trocentos jogos no curriculum, eu ainda não consigo acertar o timing de Battletoads! E os produtores riem desse absurdo que fizeram no documentário sobre o game! Hahaha
Vale também dizer que os games mais antigos não enquadram a tela inteira, mas apenas parte delas. O que não é ruim e nem compromete a experiência. Tente jogar com o filtro de TV de tubo e perceba o quão diferente estes games eram na época onde as TVs também tinham poucos pixels. É mais pela curiosidade, pois não dá para jogar por muito tempo assim.
No fim, Rare Replay é um baú de surpresas. É um título com uma história que merecia ter sido contada há muito tempo e que bom que a Microsoft finalmente reconheceu isso. Traz os principais games próprios da Rare que todo mundo merecia conhecer e algumas joias há muito esquecidas no tempo, como Battletoads e Conker’s. Deixando assim até mesmo a possibilidade de que qualquer uma destas séries possam em um futuro, talvez distante, talvez não, voltar à ativa. Nada parece ser impossível após essa viagem pelo tempo que a Rare Replay proporciona.
E me agrada ainda mais saber que a Microsoft foi justa, cobrando um valor razoável, abaixo da média de seus lançamentos, para um acervo tão incrível de games. Aqui no Brasil já dá para encontrar o título entre 69 reais a 89 reais. Na Xbox Store a versão digital ainda está custando 99 reais. Mas quer apostar comigo que esse será uma das ofertas de fim de ano do console? E se for, eu recomendo fortemente que o compre!
Cabe apenas uma única crítica. Uma pena que todos os vídeos e documentários que tanto elogiei ao longo de toda essa resenha não tenha a opção de legendas em português. Não sei porque cargas d’água a Microsoft Brasil optou por não localizar o título. Que pelo menos os vídeos tivessem sido legendados. Afinal de contas seria impossível legendar e dublar 30 games antigos que a Rare desenvolveu em 30 anos de estúdio, mas o material novo, feito especialmente para os menus e extras de Rare Replay poderiam, e deveriam estar acessíveis em nosso idioma. E que pena que não estão!
Não tira o mérito e brilho da coleção, mas é algo chato e que incomoda um pouco, especialmente pelo fato de ser um fã da Rare e querer que a sua história chegue a todos, não importando se você sabe ou não inglês. Pelo menos a legenda em inglês tem, o que ajuda um pouco já que a Rare é um estúdio britânico e o sotaque de lá é um pouco mais carregado e as vezes difícil de entender do que os inglês dos Estados Unidos.
De qualquer forma, Rare Replay é uma bela coleção, com uma bela história e de quebra, com alguns games muito legais e icônicos. Vale pelo charme, pela beleza e pelo futuro da Rare. Que venham mais 30 anos de games tão incríveis!
Abertura musical!
Grandes games da Rare finalmente reunidados em um só lugar!
Toda a apresentação visual de Rare Replay é incrível
Vídeos documentários presentes no título por si só já valem a aquisição pelos fãs
Há games que nunca foram relançados ou resgatados
O sistema de tickets te instiga a jogar um pouco de tudo
Por motivos óbvios você vai sentir falta de alguns games Rare/Nintendo
Lamentável os vídeos de documentários não terem opção de legendas em Pt-Br
Preço da coleção a torna bem acessível
Uma coletânea única, com uma história e tanto! Algumas faltem algumas peças, mas nesse momento, elas não importam.
Essa coleção é um presentão pra quem é fã de longa data da empresa. E por um preço bacana. Assim que eu pegar um XONE, vai ser um dos primeiros games que comprarei!
Gostei da ideia dos documentários, eles deram um diferencial que eu gosto bastante. Uma pena que por mais que relembrem a Rare, as pessoas que faziam ela de verdade já foram embora então a empresa hoje é só um nome.
Eu tinha essa impressão também Atos, mas após ver os documentários da coletânea e de ver que muitos que trabalharam nos clássicos da empresa ainda estão lá, mudei um pouco esse meu pensamento.