A Lenda | O que dizer de The Legend of Zelda: Breath of the Wild? (E3 2016)

30 anos.

É um bocado de tempo. Muitos que lerem isso talvez nem tenham tanto tempo de vida assim. Voltando trinta anos no tempo, vamos encontrar um mundo muito diferente do atual. Sobretudo em termos de tecnologia.

Era uma época onde os jogos eram desafiadores por serem limitados e repetitivos, obrigando o jogador a conhecer a fundo o jogo para se dar bem. Era necessário dominar os movimentos do personagem controlado, saber de cor e salteado a maneira como o inimigo se movia na telinha (televisores grandes eram um luxo) para poder eliminá-lo com eficiência e precisão.

Era um mundo perigoso lá dentro daqueles mundos de (poucos) pixels quadradões. E então em um certo mundo desses um homem velho de poucos pixels nos disse que lá fora da caverna onde ele estava era perigoso (mais ainda?!) para se estar sozinho. Nos deu uma espada.E assim começou uma lenda.

THE LEGEND OF ZELDA

Todos que se interessam por videogames sentem até hoje o impacto que Zelda provocou no modo como jogos de videogame são feitos. The Legend of Zelda foi um sopro de vida nova. Trinta anos depois, The Legend of Zelda: Breath of the Wild faz jus ao seu sub-título e mostra um sopro de vida revigorante.

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Desde Ocarina of Time, a série de jogos Zelda caminhava sob um mesmo formato. Afinal, Ocarina of Time é um dos jogos mais cultuados de todos os tempos, tornou-se referência e exemplo para maioria dos jogos que se seguiram depois de seu lançamento. Como superar um jogo tido pela maioria das pessoas como um jogo perfeito?

Nem tudo precisa ser superado. Basta apenas que evolua. Afinal, estamos falando de uma série de jogos onde cada um deles contém elementos únicos, e apesar da qualidades deles em si variar, todos os jogos da série são excelentes. É impossível apontar para um Zelda e dizer “esse jogo é ruim, não vale a pena jogá-lo”…

Como criar um novo Zelda tendo em mente tudo isso, com tamanha responsabilidade de entregar algo que faça justiça a esse legado, sem falhar com esse próprio legado? Como abraçar tantos elementos icônicos que são parte da mitologia de Zelda e combiná-los com as propostas que um novo jogo tem que oferecer? Existem fãs de Zelda que preferem o ambiente mais sombrio de Twilight Princess, outros o charme cartoon de Wind Waker, outros preferem um Link adulto, outros se identificam mais com o Link jovem, e por aí vai.

É um grande desafio desenvolver mais um capítulo dentro de uma série de jogos que nos últimos 30 anos notabilizou-se por apresentar jogos de alta qualidade, cujos reflexos são sentidos na maioria dos grandes jogos dos últimos tempos. Existe toda uma tradição que o legado que Zelda carrega. Conciliar essa tradição com expectativas por novidades é um fardo que poucos times de desenvolvimento seriam capazes de lidar.

O Team Zelda conseguiu e The Legend of Zelda: Breath of the Wild conseguiu ser uma das melhores coisas que foram mostrada nessa E3 2016. E como foi mostrada! Foram horas e horas de transmissão da demo levada à feira, e um dos maiores stands dedicados a um jogo que já se viu, com centenas de estações de jogo para que as pessoas pudessem testar em primeira mão como é esse novo Zelda. E as filas gigantescas são a maior prova do interesse pelo jogo, as pessoas chegavam de manhãzinha e passavam o dia inteiro na fila só pelo prazer de ter em mãos um gamepad para jogar. Não é à toa que Zelda foi o assunto de maior repercussão esse ano.

Como fã da série desde A Link to the Past, eu estou plenamente satisfeito com tudo o que vi até agora. Um Zelda que incorpora muitos dos elementos presentes nos jogos modernos (que olha só, se inspiraram em Zelda) trazendo muitas coisas novas na jogabilidade. Nunca houve tantos incrementos em um jogo da série assim, de uma vez só. Até coisas que num passado distante foram revolução em gameplay como o pulo automático, volta a ser uma ação controlada pelo jogador.

Esse Zelda vem para mudar muita coisa, o pulo é somente uma das inúmeras alterações na fórmula. Esse sorpo de vida nova veio de uma turma de jovens programadores que foram incorporados ao Time Zelda. Os novatos levaram muitos questionamentos e sugestões ao diretor Aonuma, e podemos ver que isso foi muito importante no desenvolvimento do jogo.

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O último Zelda lançado, A Link Between Worlds, já começou a quebrar velhas tradições, e concedeu muita liberdade na maneira que o jogador pode explorar o mundo. E se A Link Between Worlds foi inspirado por A Link to the Past, o novo Zelda procura retomar as raízes da série, bebendo diretamente do primeiro jogo da série. Inclusive o título do jogo em japonês usa a mesma tipografia do clássico do Famicom. Uma bela homenagem.

Falando em título, Breath of the Wild é interessante, pois o ambiente do jogo, a natureza, é um dos fatores que mais chama a atenção logo de cara. Nunca Hyrule foi tão gigantesca e diversificada, com fauna e flora, e sensações climáticas impressionantes. Link dessa vez pode até ser atingido por um raio se durante uma tempestade ficar empunhando a espada!

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O ambiente de jogo está repleto de pequenos detalhes como esse que ajudam na imersão do jogador. Tudo para passar a impressão de que estamos em um mundo vasto, assim como aconteceu com quem jogou o primeiro Zelda lá em meados da década de 80. Por sinal, dessa vez também vai ser possível encarar o chefão final logo no ínicio do jogo, o que vai ser muito interessante e desafiante. Outro jogo que fez isso e me marcou foi Chrono Trigger!

Muitas vezes nos jogos Zelda a exploração me manteve ocupado, Ocarina of Time foi o primeiro jogo com o qual eu simplesmente me contava em ficar vagando pelo mapa, curtindo aquele mundo. Isso foi algo que se entranhou em mim, e até hoje quando jogo por exemplo, The Witcher 3, ou um GTA, deixo de lado os objetivos e fico apenas querendo descobrir o que tem atrás daquela montanha, aonde aquela trilha vai dar, o que aquela caverna esconde em sua escuridão, aonde aquela estrada vai terminar.

Miyamoto sempre conta que a inspiração para criar Zelda vem de sua infância, de quando ele explorava lugares desconhecidos. Todo esse feeling está presente nos jogos de aventura modernos desde o primeiro Zelda, e é muito bom ver isso bem forte nessa nova aventura. Essa sensação de descoberta sem dúvida é um dos motivos que fazem Zelda ser tão adorado pelas pessoas. A curiosidade é uma das características humanas mais fascinantes.

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E cá estamos nós, curiosos com o que Breath of the Wild pode nos oferecer. Sua história, suas cavernas, seus desafios, uma porção de coisas passa agora pelas nossas cabeças. Quem é esse Link? Ele foi ressuscitado? Que Hyrule é essa? Como Ganon conquistou tamanho poder? Poucos jogos despertam tanto interesse nos jogadores quanto um Zelda, provocando esse impulso em desvendar cada pedacinho que a nova aventura pode oferecer.

Novas maneiras de interagir com o mundo, novos gadgets, são coisas que não podem faltar em um Zelda. Ter que vestir uma roupa apropriada para enfrentar os diferentes climas, cozinhar para poder comer e recuperar energia, entre outras coisas, ajudam a dar variedade e substancia a um jogo de exploração e aventura. Poder usar as armas dos inimigos derrotados, usar o ambiente ao redor nos combates, gosto muito de usar e experimentar coisas diferentes, e nesse novo Zelda isso vai ser mais interessante ainda.

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Mas para quem não tem ainda um Wii U, talvez agora seja a hora de pensar seriamente nisso. O console não obteve um êxito como seu antecessor, mas é inegável que já podemos apontar alguns clássicos que ele possui. Compensa correr atrás de um console usado, pagar mais baratinho, e experimentar jogos diferentes e de alta qualidade. Eu pessoalmente gostaria de que o Wii U tivesse tido um maior sucesso, mas nunca passou pela minha cabeça o arrependimento de tê-lo comprado. Ao mesmo tempo em que o console possui lacunas em certos tipos de jogos, ele preenche lacunas que não se encontra fora dele. Com a retrocompatibilidade do Wii e de outros consoles, dá para montar uma gameteca bem interessante.

The Legend of Zelda: Breath of the Wild vai fechar o ciclo do Wii U de maneira espetacular, pelo que tenho visto de maneira superior a Skyward Sword fez pelo Wii, e vai ser um belo pontapé inicial para quem se interessar pelo vindouro NX.

Playlist com todos os vídeos de The Legend of Zelda: Breath of the Wild nesta E3 2016!

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3 Comentários

  1. Zelda sempre será uma marca no meu coração: “A Link to the Past”, na minha infância; “Ocarina of Time”, na adolescência e “Skyward Sword” na minha vida adulta. Link é um “conector” de várias passagem na minha vida.

    E aí vem uma nova jornada – e com muita coisa nova. Acho que você acertou em cheio, Mauri, ao dizer que não há necessidade de ultrapassar certos marcos históricos. E aposto fortemente que não teremos um novo “Ocarina of Time” justamente por sua envergadura na história: ele não esta aí para ser superado, admirado seria o mais certo. Respeitado, reverenciado… E uma das formas de respeito é a evolução. 30 anos cabem muita história, cada uma com sua especificidade.

    Já aprendemos a gostar de um Link mais expressivo em Wind Waker, depois ganhamos um tom mais escuro com Twlight Princess. Estou ansioso por esses novos ares com Breath of the Wild. Pena que tenho um Wii e comprar um Wii U talvez seria mais para jogar os exclusivos do que usar da retrocompatibilidade. Mas, depois do que vi na conferência (e de ler sua opinião), estou repensando e poderia ter os dois em meu domicílio.

    Obrigado pelo texto, Mauri…
    Obrigado pela história, Zelda…

  2. Sensacional!

    Simplesmente fiquei de boquiaberto com tanta novidade sobre o novo Zelda. Ansioso para jogar! Espero que saia uma demo. lol

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